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terça-feira, 21 de novembro de 2017

"Não precisamos que vida corra mal aos outros para que corra bem a nós"

O ministro da Economia defendeu que o crescimento do turismo português não depende da continuação da instabilidade no norte África e considerou que uma pacificação de países como a Tunísia será boa para o sul da Europa.

"Não precisamos que vida corra mal aos outros para que corra bem a nós"

© Lusa

Notícias ao Minuto

HÁ 10 HORAS POR LUSA

Esta posição foi assumida pro Manuel Caldeira Cabral, depois de questionado se uma progressiva estabilização política do Magreb, caso especial da Tunísia, não contribuirá a prazo para travar o ritmo de crescimento do turismo português.

"No turismo não precisamos que a vida corra mal aos outros para que corra bem a Portugal. A Tunísia, obviamente, será um concorrente, mas será um concorrente muito bem-vindo", advogou o ministro da Economia.

De acordo com a tese de Manuel Caldeira Cabral, a estabilização do Mediterrâneo "será sempre um fator globalmente bom para a Europa".

"Portugal tem possuído um crescimento notável no turismo, que muitos diziam inicialmente que tinha a ver com a instabilidade em outras paragens. Depois, no entanto, Portugal ainda continuou a reforçar essa tendência de subida", sustentou o titular da pasta da Economia.

Na perspetiva de Manuel Caldeira Cabral, apesar de a Tunísia ser um concorrente em alguns segmentos de turismo, as taxas de crescimento mais elevadas em Portugal registam-se principalmente em regiões como o centro, o norte, o Alentejo e os Açores.

"Nestas regiões, o turismo cresce não por causa de haver instabilidade em outras zonas do mundo", defendeu.

Para o ministro da Economia, há ainda "muito espaço para se crescer no turismo em Portugal".

"Se a Tunísia voltar a crescer no turismo, certamente isso será muito positivo para esse país. Mas a estabilidade e a segurança no Mediterrâneo é muito importante para o sul da Europa", insistiu o membro do Governo.

O ministro da Economia defendeu ainda que no domínio do turismo a competitividade de Portugal neste setor "dá cartas".

"Por isso é que temos vários países que pretendem cooperar com Portugal em áreas como a formação, tendo em vista aprender com o nosso país", acrescentou.

A dança do glifosato e o KGB

por Ana Moreno

Os bons olhos com que a comissão europeia vê a Monsanto, levaram-na, em Junho de 2016, a propor o prolongamento da licença de utilização do glifosato por quinze anos, o prazo máximo permitido pelo direito comunitário; perante massivos protestos e um posicionamento nem pró nem contra do conjunto dos estados-membros, a CE acabou por adiar a decisão por um período de 18 meses, que terminará a 15 de Dezembro próximo. Nem a proposta seguinte da CE, de prolongar a licença por dez anos, nem a mais recente, por cinco anos, reuniram suficiente apoio dos estados-membros - a decisão voltou recentemente a ficar empancada na reunião de peritos do Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal e foi de novo adiada, agora para 27 de Novembro. Será então apresentada ao comité de recurso, uma instância destinada a apoiar a tomada de decisões “em casos sensíveis e problemáticos”. Ler mais deste artigo

Dentro do euro não há dinheiro

por estatuadesal

(Jorge Bateira, in Facebok, 21/11/2017)

euros
Comecei o dia a ler as queixas de muitos reformados e pensionistas numa discussão a propósito das negociações com os professores e suas implicações orçamentais. Ter-se-á aberto a caixa de Pandora. De impulso, publiquei este comentário que aqui reproduzo:

Caros amigos, por muito que vos custe, a atitude política da imensa maioria dos atingidos pela austeridade da troika é inconsistente. Na altura, engoliram a propaganda de que "a culpa foi nossa por termos gasto acima das nossas possibilidades". Agora, engoliram a propaganda do "virámos a página da austeridade". Como economista e professor de economia política internacional, há anos que tenho investido muito do meu tempo a desmontar estas afirmações que manipulam a opinião pública.

Há vídeos e textos no blogue Ladrões de Bicicletas e na minha página Facebook e da Democracia Solidária - associação política, de que sou presidente, a explicar com clareza que o Governo não pode dar tudo a todos porque está dentro do euro.

Se não querem que o Estado social e o país morram de morte lenta, então (para serem consistentes) têm de reconhecer que dentro do euro não há vida decente. Tornar-nos-emos uma periferia do "espaço vital alemão", empobrecida, envelhecida, decadente, tal como boa parte do interior do nosso país. Portanto, se querem contestar a política orçamental dos Governos (os anteriores e este) e fazer manifestações, sejam consequentes: manifestem-se pela recuperação da soberania nacional.

Um governo com moeda soberana tem dinheiro para pagar as despesas correntes e o investimento público que estimularão a economia e a criação de emprego. E, então, haverá orçamento para uma reforma justa das carreiras da função pública.

Tomem nota: primeiro o Estado gasta e gera défice -> depois, a economia cresce e gera emprego (o Estado também pode ter programas sociais de emprego) -> a seguir, as receitas do Estado aumentam e os subsídios sociais de desemprego, e outros, baixam => orçamento reequilibrado.

Conclusão: sim, há dinheiro, mas só depois de sairmos do euro e travarmos a fuga do dinheiro dos ricos para os paraísos fiscais (Luxemburgo à cabeça). Agora não fiquem na lamúria querendo ter sol na eira e chuva no nabal.

O ódio que uma informação de qualidade suscita!

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 21/11/2017)

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Será crível que, daqui a uns bons anos, quando os historiadores se debruçarem sobre a História das esquerdas europeias nestes últimos anos, convirjam na conclusão de terem ascendido às respetivas lideranças alguns políticos avessos à matriz marxista - que lhes deveria estar no âmago! -, e deixado tentar por projetos espúrios de gerirem a organização capitalista da economia com maior competência que os habituais figurões das direitas. Se as análises forem objetivas constatarão que todas essas vocações conotadas com a esdrúxula «Terceira Via» terão reduzido drasticamente a influência dessas esquerdas junto dos respetivos eleitorados e contribuído ativamente para prolongadas governações das direitas mais conservadoras.

Porventura - e se a realidade evoluir como desejamos! - enaltecerão a exceção a partir da qual se terá então infletido o rumo das sociedades europeias e ela terá por nome a governação de António Costa à frente de uma maioria parlamentar virada determinadamente à esquerda. E como, pelos seus resultados, terá constituído exemplo paradigmático para que outros, igualmente afoitos, ousassem replicá-lo nos respetivos países.

Se o meu otimismo ganhar substancia poderemos encontrar a formulação de uma viragem histórica através da qual as sociedades europeias poderão ter recuperado o capital de esperança, que já foi o seu, quando prometiam um futuro mais justo e esperançoso aos respetivos povos.

Vem isto a propósito da polémica atualmente em curso em França e que tem tido por protagonista um dos mais pérfidos espécimes daquela «escola de pensamento» criada por Anthony Giddens, Bill Putnam e Mark Lyon e depois implementada por Tony Blair, Felipe Gonzalez, François Mitterrand ou Andreas Papandreou. Manuel Valls, pois é dele que se trata, não se contentou em quase destruir o Partido Socialista francês, como agora aposta na liquidação da agência noticiosa Mediapart, que é uma das poucas alternativas informativas em território gaulês a emancipar-se da tutela ideológica dos grandes grupos económicos. É que, ao contrário do «L«Obs», que manchou todo o passado da publicação outrora dirigida por Jean Daniel ao promover a candidatura de Emmanuel Macron à presidência ou do «Libé», caído nas mãos da sinistra Altice, a proposta informativa do site informativo de Edwy Pinel é uma das poucas garantias de se acederem a conteúdos noticiosos fiáveis. Algo que assusta e faz Valls agir como agente terrorista.

Vale pois ler atentamente um texto publicado na semana transata pelo diretor da Mediapart, que reivindica a importância da sua publicação na conjuntura atual e do qual se propõe a tradução do seguinte extrato:

“A democracia não se cinge ao direito de votar. Uma democracia que a tal se limitasse - o direito de escolher os seus dirigentes - pode produzir uma tirania doce em que o povo designa por intermediação os seus donos antes de retomar a costumada servidão. Porque, se for mantido na cegueira pelas propagandas partidárias e ideológicas dominantes com mentiras dos poderes estatais ou dos poderes económicas, o eleitor pode votar, sem o adivinhar, no seu pior inimigo ou na pior infelicidade que o possa esperar.

Significa isto que uma verdadeira democracia pressupõe o respeito por um direito fundamental: o de saber. Este direito é o de ser informado livremente, seriamente, rigorosamente. Saber tudo quanto caiba no interesse público ou seja tudo quanto é feito em nome do povo soberano, tudo o que influencia o seu quotidiano, tudo o que os interesses privados que gangrenam o interesse público pretendem esconder, tudo o que procuram escamotear os aparelhos partidários que apenas ambicionam o poder pelo poder, ou seja tudo o que nos der, enquanto cidadãos, a liberdade de escolher na maior autonomia das nossas decisões.”

Uma das dificuldades que a atual governação está a conhecer tem a ver com a desinformação da maioria dos órgãos de comunicação social, quase exclusivamente orientados para hostilizarem, continua e ativamente, tudo quanto está a colidir com os interesses de quem deles possui a propriedade. Por isso nos faz tanta falta uma Mediapart em Portugal, porque gente da estirpe de Valls é o que mais abunda no nosso ambiente político-partidário … e «informativo».

El Mundo: Portugal passou da “humilhação” do resgate à “recuperação” da economia graças a Centeno

El Mundo: Portugal passou da “humilhação” do resgate à “recuperação” da economia graças a Centeno

Leonor Mateus Ferreira

Ontem 12:00

"De uma personagem questionada pelas autoridades financeiras, Centeno tornou-se querido tanto de Washington como de Bruxelas", referiu o jornal espanhol, apontando o ministro das Finanças português como um dos favoritos para a presidência do Eurogrupo em 2018.

Cristina Bernardo

O jornal El Mundo vê o ministro das Finanças, Mário Centeno, como um dos mais fortes candidatos à liderança do Eurogrupo. Numa altura em que a zona euro está a preparar a saída de Jeroen Dijsselbloem da presidência do grupo informal de ministros das Finanças, o português é uma possibilidade para o cargo, para o qual as candidaturas estão abertas até ao final do mês.

“Pouco mais de seis anos depois de se encontrar à beira da bancarrota e de ter pedido um humilhante resgate de 26.300 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal recuperou a estabilidade económica e caminha para saldar as dívidas pendentes com a instituição internacional”, escreve a publicação espanhola.

Segundo o El Mundo, a estabilidade económica deve-se em parte ao trabalho do “Ronaldo do Ecofin”, como Wolfgang Schäuble chamou a Centeno, e especialmente à política de reembolsos antecipados ao FMI.

“Os pagamento antecipados converteram-se numa espécie de política financeira não oficial do Governo de Costa, que visa cumprir os compromissos financeiros do país no exterior”, escreveu o jornal. “Os responsáveis pelas Finanças defendem a prática por considerarem que o país tem de aproveitar o cenário económico atual para reduzir a dívida de forma gradual e sustentável”.

Na semana passada, o ministério das Finanças anunciou um novo reembolso antecipado de 2.780 milhões de euros ao FMI, que fez com que o valor liquidado subisse para 76% da dívida à instituição. Assim, o Executivo de António Costa já pagou este ano 9.102 milhões de euros da dívida com os juros mais caros que Portugal tem, o que tem permitido reduzir os custos de gestão.

“Os reembolsos antecipados não só servem para livrar o Estado de parte dos interesses associados, mas também ajudam a tranquilizar as instituições internacionais e as agências de rating que inicialmente desconfiavam do ministro das Finanças, Mário Centeno”, sublinha o El Mundo, lembrando que uma das razões para a desconfiança das instituições internacionais foi a decisão de repor parcialmente os cortes nos salários da função pública.

“De uma personagem questionada pelas autoridades financeiras, Centeno tornou-se querido tanto de Washington como de Bruxelas”, referiu ainda. “Atualmente, Centeno está a emergir como favorito para a presidência do Eurogrupo, substituindo o holandês Jeröen Dijelbloem em 2018”.