Translate

terça-feira, 21 de novembro de 2017

20.11.1975 – Quando um governo fez greve

Enre as brumas da memória

Posted: 20 Nov 2017 07:58 AM PST

Há 40 anos, os jornais anunciavam que, na madrugada de 20 de Novembro de 1975, a Presidência do Conselho de Ministros tinha emitido um comunicado onde explicava que o VI Governo Provisório decidira «suspender o exercício da sua actividade» até estarem garantidas condições para o exercício da mesma. O próprio primeiro-ministro confirmou-o, algumas horas mais tarde.

Na tarde do mesmo dia, teve lugar uma grande manifestação em Belém, com muitos milhares de participantes, convocada pelas Comissões de Trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa e apoiada pela Intersindical, PCP e FUR. Foi pedida a nomeação de um governo «verdadeiramente revolucionário» e gritou-se, repetidamente, «Suspensão é demissão!»

Para além da recordação da efeméride note-se o seguinte: a manifestação foi convocada para o próprio dia, não para semanas mais tarde, e repito que contou com a participação de milhares de pessoas. Num tempo em que não existiam telemóveis, nem internet, foi a rádio, o passa-palavra, telefonemas para empresas e para amigos, que serviram de arautos para a mobilização. E esta funcionou, sem hesitações. Estávamos em período revolucionário (mais exactamente, a escassos dias do fim do mesmo) e havia esperança e espírito de luta – inesquecíveis.
P.S. – Uma recordação anedótica: quando acabou a concentração em Belém, já bastante tarde, estávamos absolutamente esfomeados e nada havia para comer nas imediações. Desesperados, tentámos o restaurante de um hotel e a resposta foi negativa: estavam cheio de retornados e já nada restava. Entre dentes, um colega meu «rosnou»: «A fome é tanta que até um retornado marchava!»
Cinco dias mais tarde… the end.

"Não precisamos que vida corra mal aos outros para que corra bem a nós"

O ministro da Economia defendeu que o crescimento do turismo português não depende da continuação da instabilidade no norte África e considerou que uma pacificação de países como a Tunísia será boa para o sul da Europa.

"Não precisamos que vida corra mal aos outros para que corra bem a nós"

© Lusa

Notícias ao Minuto

HÁ 10 HORAS POR LUSA

Esta posição foi assumida pro Manuel Caldeira Cabral, depois de questionado se uma progressiva estabilização política do Magreb, caso especial da Tunísia, não contribuirá a prazo para travar o ritmo de crescimento do turismo português.

"No turismo não precisamos que a vida corra mal aos outros para que corra bem a Portugal. A Tunísia, obviamente, será um concorrente, mas será um concorrente muito bem-vindo", advogou o ministro da Economia.

De acordo com a tese de Manuel Caldeira Cabral, a estabilização do Mediterrâneo "será sempre um fator globalmente bom para a Europa".

"Portugal tem possuído um crescimento notável no turismo, que muitos diziam inicialmente que tinha a ver com a instabilidade em outras paragens. Depois, no entanto, Portugal ainda continuou a reforçar essa tendência de subida", sustentou o titular da pasta da Economia.

Na perspetiva de Manuel Caldeira Cabral, apesar de a Tunísia ser um concorrente em alguns segmentos de turismo, as taxas de crescimento mais elevadas em Portugal registam-se principalmente em regiões como o centro, o norte, o Alentejo e os Açores.

"Nestas regiões, o turismo cresce não por causa de haver instabilidade em outras zonas do mundo", defendeu.

Para o ministro da Economia, há ainda "muito espaço para se crescer no turismo em Portugal".

"Se a Tunísia voltar a crescer no turismo, certamente isso será muito positivo para esse país. Mas a estabilidade e a segurança no Mediterrâneo é muito importante para o sul da Europa", insistiu o membro do Governo.

O ministro da Economia defendeu ainda que no domínio do turismo a competitividade de Portugal neste setor "dá cartas".

"Por isso é que temos vários países que pretendem cooperar com Portugal em áreas como a formação, tendo em vista aprender com o nosso país", acrescentou.

A dança do glifosato e o KGB

por Ana Moreno

Os bons olhos com que a comissão europeia vê a Monsanto, levaram-na, em Junho de 2016, a propor o prolongamento da licença de utilização do glifosato por quinze anos, o prazo máximo permitido pelo direito comunitário; perante massivos protestos e um posicionamento nem pró nem contra do conjunto dos estados-membros, a CE acabou por adiar a decisão por um período de 18 meses, que terminará a 15 de Dezembro próximo. Nem a proposta seguinte da CE, de prolongar a licença por dez anos, nem a mais recente, por cinco anos, reuniram suficiente apoio dos estados-membros - a decisão voltou recentemente a ficar empancada na reunião de peritos do Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal e foi de novo adiada, agora para 27 de Novembro. Será então apresentada ao comité de recurso, uma instância destinada a apoiar a tomada de decisões “em casos sensíveis e problemáticos”. Ler mais deste artigo

Dentro do euro não há dinheiro

por estatuadesal

(Jorge Bateira, in Facebok, 21/11/2017)

euros
Comecei o dia a ler as queixas de muitos reformados e pensionistas numa discussão a propósito das negociações com os professores e suas implicações orçamentais. Ter-se-á aberto a caixa de Pandora. De impulso, publiquei este comentário que aqui reproduzo:

Caros amigos, por muito que vos custe, a atitude política da imensa maioria dos atingidos pela austeridade da troika é inconsistente. Na altura, engoliram a propaganda de que "a culpa foi nossa por termos gasto acima das nossas possibilidades". Agora, engoliram a propaganda do "virámos a página da austeridade". Como economista e professor de economia política internacional, há anos que tenho investido muito do meu tempo a desmontar estas afirmações que manipulam a opinião pública.

Há vídeos e textos no blogue Ladrões de Bicicletas e na minha página Facebook e da Democracia Solidária - associação política, de que sou presidente, a explicar com clareza que o Governo não pode dar tudo a todos porque está dentro do euro.

Se não querem que o Estado social e o país morram de morte lenta, então (para serem consistentes) têm de reconhecer que dentro do euro não há vida decente. Tornar-nos-emos uma periferia do "espaço vital alemão", empobrecida, envelhecida, decadente, tal como boa parte do interior do nosso país. Portanto, se querem contestar a política orçamental dos Governos (os anteriores e este) e fazer manifestações, sejam consequentes: manifestem-se pela recuperação da soberania nacional.

Um governo com moeda soberana tem dinheiro para pagar as despesas correntes e o investimento público que estimularão a economia e a criação de emprego. E, então, haverá orçamento para uma reforma justa das carreiras da função pública.

Tomem nota: primeiro o Estado gasta e gera défice -> depois, a economia cresce e gera emprego (o Estado também pode ter programas sociais de emprego) -> a seguir, as receitas do Estado aumentam e os subsídios sociais de desemprego, e outros, baixam => orçamento reequilibrado.

Conclusão: sim, há dinheiro, mas só depois de sairmos do euro e travarmos a fuga do dinheiro dos ricos para os paraísos fiscais (Luxemburgo à cabeça). Agora não fiquem na lamúria querendo ter sol na eira e chuva no nabal.

O ódio que uma informação de qualidade suscita!

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 21/11/2017)

jornais1

Será crível que, daqui a uns bons anos, quando os historiadores se debruçarem sobre a História das esquerdas europeias nestes últimos anos, convirjam na conclusão de terem ascendido às respetivas lideranças alguns políticos avessos à matriz marxista - que lhes deveria estar no âmago! -, e deixado tentar por projetos espúrios de gerirem a organização capitalista da economia com maior competência que os habituais figurões das direitas. Se as análises forem objetivas constatarão que todas essas vocações conotadas com a esdrúxula «Terceira Via» terão reduzido drasticamente a influência dessas esquerdas junto dos respetivos eleitorados e contribuído ativamente para prolongadas governações das direitas mais conservadoras.

Porventura - e se a realidade evoluir como desejamos! - enaltecerão a exceção a partir da qual se terá então infletido o rumo das sociedades europeias e ela terá por nome a governação de António Costa à frente de uma maioria parlamentar virada determinadamente à esquerda. E como, pelos seus resultados, terá constituído exemplo paradigmático para que outros, igualmente afoitos, ousassem replicá-lo nos respetivos países.

Se o meu otimismo ganhar substancia poderemos encontrar a formulação de uma viragem histórica através da qual as sociedades europeias poderão ter recuperado o capital de esperança, que já foi o seu, quando prometiam um futuro mais justo e esperançoso aos respetivos povos.

Vem isto a propósito da polémica atualmente em curso em França e que tem tido por protagonista um dos mais pérfidos espécimes daquela «escola de pensamento» criada por Anthony Giddens, Bill Putnam e Mark Lyon e depois implementada por Tony Blair, Felipe Gonzalez, François Mitterrand ou Andreas Papandreou. Manuel Valls, pois é dele que se trata, não se contentou em quase destruir o Partido Socialista francês, como agora aposta na liquidação da agência noticiosa Mediapart, que é uma das poucas alternativas informativas em território gaulês a emancipar-se da tutela ideológica dos grandes grupos económicos. É que, ao contrário do «L«Obs», que manchou todo o passado da publicação outrora dirigida por Jean Daniel ao promover a candidatura de Emmanuel Macron à presidência ou do «Libé», caído nas mãos da sinistra Altice, a proposta informativa do site informativo de Edwy Pinel é uma das poucas garantias de se acederem a conteúdos noticiosos fiáveis. Algo que assusta e faz Valls agir como agente terrorista.

Vale pois ler atentamente um texto publicado na semana transata pelo diretor da Mediapart, que reivindica a importância da sua publicação na conjuntura atual e do qual se propõe a tradução do seguinte extrato:

“A democracia não se cinge ao direito de votar. Uma democracia que a tal se limitasse - o direito de escolher os seus dirigentes - pode produzir uma tirania doce em que o povo designa por intermediação os seus donos antes de retomar a costumada servidão. Porque, se for mantido na cegueira pelas propagandas partidárias e ideológicas dominantes com mentiras dos poderes estatais ou dos poderes económicas, o eleitor pode votar, sem o adivinhar, no seu pior inimigo ou na pior infelicidade que o possa esperar.

Significa isto que uma verdadeira democracia pressupõe o respeito por um direito fundamental: o de saber. Este direito é o de ser informado livremente, seriamente, rigorosamente. Saber tudo quanto caiba no interesse público ou seja tudo quanto é feito em nome do povo soberano, tudo o que influencia o seu quotidiano, tudo o que os interesses privados que gangrenam o interesse público pretendem esconder, tudo o que procuram escamotear os aparelhos partidários que apenas ambicionam o poder pelo poder, ou seja tudo o que nos der, enquanto cidadãos, a liberdade de escolher na maior autonomia das nossas decisões.”

Uma das dificuldades que a atual governação está a conhecer tem a ver com a desinformação da maioria dos órgãos de comunicação social, quase exclusivamente orientados para hostilizarem, continua e ativamente, tudo quanto está a colidir com os interesses de quem deles possui a propriedade. Por isso nos faz tanta falta uma Mediapart em Portugal, porque gente da estirpe de Valls é o que mais abunda no nosso ambiente político-partidário … e «informativo».