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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O Norte seria ainda mais pobre se não beneficiasse de uma capital como Lisboa?

por CGP

Em termos genéricos, há duas formas principais de acumular poder e concentrar riqueza: pela criação de valor ou pela sua captura. Esta é uma confusão que muitos populistas gostam de fazer quando se trata de avaliar a concentração de riqueza em indivíduos. A concentração de riqueza num qualquer cleptocrata africano não tem o mesmo significado que a concentração de riqueza em Bill Gates ou Belmiro de Azevedo. Até se pode discordar de ambas, mas a verdade é que Bill Gates acumulou riqueza criando algo que fez o mundo melhor e tornou a vida de milhões de pessoas mais fácil. Já um ditador africano fê-lo pela captura de riqueza aos que a iam criando. Mesmo discordando das duas, qualquer pessoa razoável admitirá que os efeitos nos outros de cada uma destas formas de acumulação é bastante diferente. Num dos casos, todos os outros ficaram a ganhar com aquele processo de acumulação de riqueza. No outro, ficaram todos a perder, excepto quem a capturou.

Com as cidades não é muito diferente. A concentração de poder económico numa cidade pode ser favorável a todo o envolvente. Existem economias de aglomeração evidentes, especialmente dentro da mesma indústria. A concentração do sector financeiro em cidades como Nova Iorque e Londres, mesmo criando desigualdades regionais, favorece o resto dos países em que essas cidades estão envolvidas. O mesmo com os clusters tecnológicos de São Francisco ou o cluster de serviços do Dubai. No entanto, a centralização do poder também traz riscos: a de ter todas as decisões tomadas pelo mesmo círculo social, dando incentivos à captura de riqueza em vez da sua criação. Quando os poderes político, financeiro e empresarial estão tão próximos que se confundem, há um evidente incentivo a direccionar energias para a captura de riqueza em vez da sua criação.

Chegados aqui, resta a questão: a centralização de poder e riqueza em Lisboa tem sido favorável ou desfavorável ao país? Houve economias de aglomeração que, mesmo criando desigualdes regionais, favoreceram o país como um todo? Ou, pelo contrário, a centralização contribuiu para um cenário de captura de poder por um grupo social fechado que condena as outras regiões, e o país como um todo, ao empobrecimento. Podíamos discutir esta questão horas a fio, mas há uma forma mais fácil de a entender que é pensar que teria acontecido se Norte e Centro tivessem vivido como país independente (ou seja, sem "beneficiar" das economias de escala de Lisboa). Parece-me evidente que o Reino Unido sem as eficiência criadas por Londres seria bastante mais pobre. O resto dos EUA também beneficia com a centralização dos serviços financeiros em Nova Iorque e da economia digital em Silicon Valley. E as regiões norte e centro? Será que beneficiaram com a concentração em Lisboa.

No meu texto anterior, referi que, se fossem um país independente, as regiões Norte e Centro seriam um dos mais pobres da UE*, atrás de muitas das economias mais pobres dos países de Leste. Quem defende que a centralização em Lisboa beneficia o resto do país, está basicamente a dizer que, sem centralização, Norte e Centro seriam ainda mais pobres do que são hoje. Seriam ainda mais pobres do que países que atravessaram décadas de comunismo. Isso é pouco credível. Tão menos credível quanto ali ao lado há uma região em tudo igual, a Galiza, e cujo PIB per capita é cerca de 21% superior.

galizanorte

A Galiza e as regiões a norte de Lisboa partilham culturas e posições geográficas semelhantes. A diferença principal: a Galiza tem uma autonomia alargada dentro de Espanha, o Norte e Centro de Portugal não.

*Nesse texto usei os dados do PIB per capita por região constantes na Wikipedia. Esses números entretanto foram alterados na fonte original, fazendo com que Norte e Centro, como país independente fossem o 5º e não o 2º país mais pobre da UE28. Os dados do post anterior continuam disponíveis aqui e os dados corrigidos aqui.

Capas e contracapas (II)

Ladrões de Bicicletas


Capas e contracapas (II)

Posted: 29 Nov 2017 05:12 PM PST

Como transformar um aumento salarial numa redução? Ou melhor, o que fazer para que um acréscimo efetivo de salário possa parecer, aos olhos da opinião pública, uma perda de rendimentos? Por momentos, parece ter sido esse o desafio a que se dedicaram alguns meios de comunicação social, em mais um momento de «capas e contracapas». Desta vez, o mote foi a restituição do subsídio de férias e de Natal e a consequente eliminação dos duodécimos (ou seja, a repartição destes subsídios pelos 12 meses do ano, em vez do correspondente pagamento de 14 salários).

O truque é simples: ignora-se que os subsídios de férias e de Natal voltam a ser pagos em dois meses do ano (guardando-se essa informação, na melhor das hipóteses, para o miolo do texto) e diz-se que o valor mensal do salário vai diminuir. Depois basta fazer a festa toda nas «gordas» da notícia: ora dizendo que o «salário no privado desce em janeiro», ora assinalando que os «trabalhadores passam a receber menos ao final do mês» ou que os salários vão encolher. A ponto de se poder ocultar um real dos rendimento, como aquele que terá lugar em 2018, em resultado do aumento, por exemplo, do salário mínimo (em pelo menos 23€, caso se mantenha o valor proposto pelo Governo, de 580€ por mês).

Trata-se, além do mais, de um acerto que não se repete. Ou seja, a aparente redução do salário, em termos mensais, deixará de se verificar no próximo ano, quando já não for necessário converter duodécimos em subsídios pagos de uma só vez. Aliás, foi justamente para obter o efeito inverso (a aparência de manutenção dos rendimentos num contexto de cortes efetivos nos salários e nas pensões), que o anterior Governo diluiu os subsídios de férias e de Natal pelos 12 meses do ano. Uma farsa que chega ao fim, com o OE de 2018.

A IRMÃ DO BELMIRO

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 29/11/2017)

morte

Soube que a irmã mais velha de Belmiro de Azevedo morreu esta quarta feira no Instituto de Oncologia do Porto, vítima de doença prolongada. Ninguém falou dela…

Nos poucos momentos que vejo TV, por exemplo ainda há pouco à hora do jantar, correndo os canais, só via individualidades comentarem os grandes méritos de Belmiro, que não contesto que alguns tenha, mas da sua irmã nem uma palavra. Desconheço se os tinha ou não mas, para Mulher, de certeza que os tinha.

A morte é a mais solitária e conclusiva das coisas da vida e, perante ela, somos todos iguais. Porque, perante ela, ao recordarem-se méritos e percursos de vida, deixamos de o ser, inapelavelmente deixamos de o ser. Assim como que a vida fosse uma coisa etérea que se desvanece no seu fim e, lembrando apenas alguns, faça com que a própria vida se torne mais pequena.

Da esposa de Belmiro, por exemplo, alguém alguma vez disse uma palavra? Se por detrás de um grande homem, como se diz, está sempre uma grande Mulher, que seria do Belmiro sem ela? E sem a sua Irmã e Família, já agora? Na morte tudo se relativiza e qualquer elogio fúnebre é circunstancial porque, quer queiramos quer não, de repente tudo se desvanece e dos chamados de importantes restará uma estátua ou nome de rua, mas só enquanto o tempo, esse terrível ofuscador da memória, não tratar de os mudar.

A Irmã do Belmiro ficará incógnita e sem estátua ou nome de rua. Mas eu não sei, e nunca saberei, quem foi mais importante, ou melhor, quem realizou melhor a sua vida, enquanto passageiro num determinado tempo do infinito, que é o que nós somos.

E nessa passagem ínfima pelo tempo nascemos como nascemos e somos destinatários de uma missão: continuar a Vida, neste caso na Terra, para que o futuro seja assegurado pela continuidade das gentes. Gentes que, nesse ligeiro entretanto, cumprem o seu papel essencial: o de assegurar essa continuidade.

Neste contexto a Mulher claramente que tem um soberano papel mas, como se diz, dela não reza a História, salvo pequenas excepções. A História fala de conquistadores, por exemplo. Mas o que são ou foram os conquistadores? Conquistaram o quê? Ocuparam pela força terras de outros, muitas vezes matando indiscriminadamente milhões de seres seus donos, foi o que foi! Usurparam foi o que foi! Em nome de quê? Do poder do mais forte. São os que na História pelos seus grandes feitos na mesma aparecem em letras douradas. Por tenebrosos feitos…

A História fala também dos descobridores. Mas que descobriram eles? O que não sabiam que existia! Mas que existia e, não sendo terras virgem, inóspitas ou desertas, eram ocupadas por Gente! Gente que das Mulheres saiu…Gente que nelas vivia, delas vivia e delas tratava…E tratava da sua continuidade!

E ocuparam, como sempre fizeram, fazendo dos donos e nativos dessas terras seus escravos…Porquê? Porque era gente inferior e sem as suas culturas…Esses são os donos da História, os que descobriram, conquistaram e submeteram para glória de um qualquer poder, abusivo e iníquo poder.

A História desenvolveu-se como se desenvolveu e aqueles que realmente descobriram e inovaram, os cientistas por exemplo, nunca foram donos das suas descobertas: foram sempre os seus poderosos amos. Os que descobriram os iões, o nuclear, as fusões, e tanta coisa mais, vendo nisso um progresso para a sua Humanidade e para seu bem, viram essas mesmas descobertas confiscadas para usos militares que, qual roda da vida, se viriam a virar contra eles próprios no uso de armamentos para o seu próprio fim…Como os milhares de trabalhadores que fazem de pessoas como Belmiro e outros conquistadores pessoas poderosas, desses poderes nunca viram qualquer homenagem nem tributo.

Belmiro! O que fez Belmiro? Fez o que tantos e tantos outros ao longo dos tempos fizeram: criaram poder! Mas só se conquista poder ocupando! Tomando! Ganhando! Trocando! A vida evolui e foi evoluindo ao longo dos tempos independentemente dos seus actores. Esses nascem, vivem e morrem como todos os outros. A sua vida é efémera como a de todos. Não fosse ele seria outro. O que resta é apenas um simples pormenor: foi decente? Foi justo? Foi boa pessoa? Contribuiu com o seu crescente aumento de poder para mais justiça e compromisso e dele evoluir da História? Ou apenas enriqueceu os seus?

Mas a Irmã que, ao que parece, faleceu no mesmo dia! Nisso tornaram-se iguais! Terá sido também assim importante? Não parece, pelo menos pelas aparências. Mas de certeza que o foi, como na grande generalidade é qualquer Mulher!

Mas dela não reza a História como, fatalmente, dentro de um mísero tempo, do Belmiro não rezará.

É da vida, é da História. Mas dela, a Mulher, é e sempre será o começo e o fim de tudo!

PS: A primeira e única vez que vi Belmiro de Azevedo foi no Hospital da Boavista esperando fazer um exame nuclear (estou a falar de 2011), tal como a minha falecida esposa. Sentado numa cadeira esperando tal como nós…

Durou mais seis meses, apesar de todo o seu poder…

Belmiro, o holandês

por estatuadesal

(Dieter Dillinger, in Facebook, 29/11/2017)

belmiro

Morreu o grande empresário "holandês" Belmiro de Azevedo, acionista mais ou menos maioritário das seguintes empresas holandesas:
Sonaecom BV
Soflorin BV
Sonvecap BP
Sopnae Investments BV
Sonatel BV.

Este grande FDP não pagava impostos na Pátria enquanto era ele mesmo um gigantesco imposto entre a agricultura portuguesa que destruiu e os consumidores e trabalhadores das filiais portuguesas das empresas do grupo Sonae como o Continente sediadas na Holanda e, provavelmente, ainda noutros países.

O "holandês" Belmiro Azevedo que era muito menos português que eu, apesar do meu nome, foi um dos grandes responsáveis pela destruição da agricultura portuguesa porque importava quase todos os produtos alimentares que vendia à excepção de alguns vegetais como alfaces, couves, tomates e poucas frutas como uvas e peras por serem muito perecíveis e estragarem-se no camiões TIR ou contentores. O gajo mandava vir o feijão branco do Peru e da Argentina, etc.

Também ajudou a destruir a indústria nacional de bicicletas e de certos eletrodomésticos porque pagava tão mal e tinha uma posição tão MONOPOLISTA que as respetivas fábricas acabaram todas falidas. Algumas recuperam agora graças à exportação.

O PATIFE até mandava imprimir em Espanha os milhões de folhetos com que ajudava a sujar as ruas da PÁTRIA e em que cada produtor referido  num artigo publicitado pagava mais do dobro do custo de pequeno espaço. O GAJO ganhava milhões com a sujidade que lançava nos patamares e caixas de correio dos nossos prédios e que acabavam depois na rua.

Com o colega Santos contribuiu para a desertificação do interior da PÁTRIA e, como tal, para os grandes incêndios.

Belmiro e Santos são responsáveis pela baixa natalidade portuguesa por pagarem salários que tornam impossível a um casal trabalhador ter filhos e viver, mesmo que os dois cônjuges tenham que trabalhar,  ou então terão que ser os avós a ajudar a criá-lo.

Graças a um pequeno grupo de capitalistas, entre os quais está o bem morto à frente, a PÁTRIA perdeu nestes últimos quarenta e tal anos cerca de cinco milhões de PORTUIGUESES, que foram os não nascidos mais os que imigraram. Isto, apesar do aumento da esperança de vida que manteve mais de 2 milhões de portugueses em vida para além dos 70 anos de idade, mas que nada devem aos FDP como o Belmiro e o Santos.

VIVA PORTUGAl, MORTE AOS TRAIDORES QUE PAGAM OS SEUS IMPOSTOS NA HOLANDA, LUXEMBURGO, etc.

Belmiro viveste para roubar e impedir o desenvolvimento da PÁTRIA de todos os Portugueses menos de ti. Foste um TRAIDOR.

Um grande ABRAÇO aos deputados COMUNISTAS que votaram na AR contra o voto de pesar pela morte do CANALHA.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

VIVER NA DÚVIDA

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 28/11/2017)

catroga1

Quer se queira, quer não se queira, sempre que há uma decisão política em que esteja em causa o interesse de uma das grandes irmãs do mundo empresarial português e essa decisão vá de encontro a esses interesses coloca-se a dúvida. A nossa classe política não se pode fazer ingénua, há uma grande promiscuidade entre interesses económicos de um lado e partidos políticos e Estado do outro. Daí que mesmo que um partido decida sem que tenha sido alvo de qualquer influência, se ouça um clamor e que comentadores mais ou menos surfistas, como o Sousa Tavares, apareçam a apanhar a onda.

No  vídeo Catroga explica como justifica o que os chineses lhe pagam, abraça-se ao primeiro-ministro, oferece favores, propõe-se como intermediário de negócios, insiste e volta a insistir, enquanto se vê um primeiro-ministro que não sabe como se livrar deste estranho e inesperado emplastro".

No caso da EDP a pouca vergonha deixou de ter limites, desde logo com a colocação do pensionista Catroga, o senhor dos pintelhos, como presidente da empresa, pouco tempo depois de negociar o memorando com a Troika em nome do PSD. Aliás, a pouca vergonha foi tanta que até a Maria Luís Albuquerque achou que a EDP dia dar uma ajuda à família e colocou lá o seu marido, um rapaz que ficou famoso por andar a ameaçar quem criticasse a esposa.

Com o argumento de que os políticos não podem ficar desempregados depois de deixarem os cargos políticos ou de que quem trabalha para determinados grupos empresariais não pode perder direitos políticos, o país assiste a um verdadeiro carrocel entre as melhores famílias do Estado, classe política e altos dirigentes da Administração Pública e as grandes empresas de setores cuja rentabilidade depende dos favores estatais.

Como sucedeu com a cara metade da Maria Luís Albuquerque este oportunismo não envolve apenas os ex-membros dos governos, nos bancos são empregados muitos filhos da nata da Administração pública e da classe política, nos conselhos de administração dos bancos, como se viu, por exemplo, no BES; aparecem nomes de primas, esposas, filhas e até namoradas de personalidades com grande peso político.

Entre empregos, cargos simbólicos mas bem remunerados, altos cargos executivos, estamos falando de milhares de lugares por onde passam as relações de favor entre Estado e empresas. É uma cultura que vem do outro tempo, quando se entrava para o Estado depois da inscrição da Legião Portuguesa ou de juras de fidelidade ao regime e quando nas administrações de grupos como a CUF pontuavam personalidades gradas do regime. Desde então que a lógica da promiscuidade é a mesma.

É por isso que somos obrigados a viver em permanente desconfiança em relação ao Estado, aos políticos e à democracia, porque enquanto se discutem dez ou vinte euros de ordenado mínimo, arranjam-se empregos em que nem se discute o ordenado. É por isso que no debate de ontem sobre a questão da EDP, para além da Mariana Mortágua apenas apareceram deputados desconhecidos a falar. Imaginem se a intervenção da EDP tivesse ficado a cargo da muda Maria Luís.