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sábado, 9 de dezembro de 2017

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Dijsselbloem sai em defesa de Maria Luís Albuquerque

ECONOMIA

07.12.2017 às 13h.


REUTERS

O elogio do ainda presidente do Eurogrupo à antiga ministra das Finanças surgiu esta manhã, em Bruxelas, em resposta a uma questão colocada pelo eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira

Alexandre Costa
ALEXANDRE COSTA
Jeroen Dijsselbloem elogiou o trabalho desenvolvido por Maria Luís Albuquerque no anterior Governo, afirmando que “foi uma grande ministra das Finanças, também muito respeitada no Eurogrupo”.
As palavras do ainda presidente do Eurogrupo foram proferidas esta manhã, no comité dos Assuntos Económicos e Monetários, em Bruxelas, em resposta às questões colocadas pelo eurodeputado do PS, Pedro Silva Pereira, que frisara que “ainda há um ano discutíamos sanções” a Portugal “porque o anterior Governo tinha agravado o défice estrutural”.
Na resposta, Dijsselbloem atirou ao antigo ministro no Governo liderado por José Sócrates: “Fez um comentário sobre o anterior Governo de Portugal. Como presidente do Eurogrupo, trabalhei em grande proximidade com o anterior Governo e tenho de lhe dar o devido crédito, pois levou a cabo um trabalho difícil para fazer Portugal sair da crise”. Referiu que a crítica de Pedro Silva Pereira ao trabalho do anterior Executivo “não é justa”, salientando que Maria Luís Albuquerque, com quem trabalhou de perto, foi “muito boa ministra” e figura “muito respeitada no "Eurogrupo”.
Comentando a atual situação, afirmou que “hoje a economia da zona euro está em boa forma. O que começou como uma recuperação muito frágil em 2013, com muitas dúvidas e riscos, transformou-se agora numa sólida fase de expansão”.
Questionado sobre o facto de estar a terminar as suas funções, o ex-ministro das Finanças holandês gracejou que espera não ter de vir a fazer “uso do regime europeu de benefícios do desemprego”.

Jerusalém: mais uma vez, Trump é a consequência

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 07/12/2017) 

Daniel

Daniel Oliveira

A transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém não se limita a deixar o mundo islâmico irado. Dizer as coisas assim é virar o mundo de pernas para ar, fazendo parecer que há um grupo de muçulmanos hipersensíveis. Ao reconhecer Jerusalém como capital israelita, coisa que nenhum Estado do mundo ainda tinha feito, reconhece-se a anexação de toda da parte oriental e retira-se aos palestinianos o direito à mesma pretensão. Esta pretensão dos dois Estados não é um pormenor para qualquer solução pacifica, por mais improvável que ela seja.

Qualquer negociação para este conflito tem cinco temas essenciais: as fronteiras dos dois Estados, sendo as de 1967 a base inicial da negociação; os colonatos, que ou têm de ser desmantelados, já que se encontram em território que em nenhum caso é israelita, ou implicam permuta de terras; os refugiados, que ou têm o direito de retorno das terras de onde foram expulsos ou poderão ser compensados; a segurança, que para não ficar nas mãos dos israelitas tem de corresponder a um controlo das alas mais radicais pelos próprios palestinianos; e o estatuto de Jerusalém, que ambos os Estados reclamam como sua capital e cuja ocupação da parte oriental pelos israelitas é ilegal. Qualquer negociação séria e sustentável passa pelo equilíbrio entre estas várias questões. Se se fecha uma, torna-se mais difícil encontrar solução para as restantes.

Esta é a primeira razão pela qual o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel mata qualquer solução para este conflito: porque é umas das peças fundamentais para a negociação entre os dois Estados. E mesmo que o resultado dessa negociação viesse a permitir este reconhecimento, os moldes teriam de ser negociados ao mais ínfimo pormenor, tendo em conta a importância que aquela cidade tem para várias religiões, conseguindo garantias sólidas de acesso de todos a locais sagrados. Só o total analfabetismo histórico e político de Donald Trump permite que desconheça o vespeiro em que acabou de dar uma paulada. Pelo menos desde 1929 que pequenos acontecimentos naquela cidade, sobretudo relacionados com o acesso a espaços sagrados, chegam para iniciar conflitos que duram anos.

Como podem os EUA querer ser árbitro de uma negociação quando são eles mesmos a declarar unilateralmente o seu resultado? Não podem. Mas, para ser honesto, já não podiam. É importante recordar que a decisão de fazer a transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém já foi tomada em 1995 e tem força de lei. Apenas se dá ao poder executivo a possibilidade de, a cada seis meses, adiar a decisão. É o que têm feito, sucessivamente, exibindo a absoluta hipocrisia da posição dos EUA neste conflito, já que eles próprios reconhecem a irresponsabilidade das suas decisões.

Tenho-o escrito várias vezes e repito: os EUA são os principais responsáveis pela crise do Médio Oriente. Ao tornar o debate sobre Israel num tabu interno – ao pé da fúria que cai sobre quem se atreva a criticar Israel o famoso “politicamente correto” é uma brincadeira de crianças –, a proteção política, militar e financeira dada àquele Estado tem sido incondicional.

Os EUA permitem, apoiam e por vezes até incentivam a violação constante de leis internacionais e regras básicas de relações com outros Estados. Israel transformou-se num Estado inimputável, que ocupa território, expropria terras e casas, expulsa pessoas, constrói colonatos em terra que não é sua e cerca povoações com muros, sabendo sempre que nada lhe acontecerá. Foi essa sensação de inimputabilidade que o levou a ultrapassar todos os limites até qualquer solução razoável ser impossível. A partir daqui, a crescente radicalização dos dois lados tornou-se inevitável.

É falsa a ideia de que Donald Trump está a agir ao arrepio da política norte-americana para o Médio Oriente. Não é preciso outra prova: Trump limitou-se a aplicar uma decisão que era adiada de seis em seis meses. O apoio incondicional a todas as invasões, ocupações, expropriações e crimes não nasceu com Trump. É filho do tabu que foi imposto à sociedade norte-americana (e europeia, mas com menor eficácia), em que qualquer debate sério sobre Israel se transforma numa acusação de antissemitismo, insultando, antes de tudo, a própria memória do povo judeu. O que Trump está a fazer, talvez por ser mais ignorante do que os seus antecessores ou por ser um sociopata sem qualquer preocupação pelas repercussões dos seus atos, é levar a sério a retórica dominante na política norte-americana. Ele não é a exceção, é a consequência. Exceção tentaram ser, sem qualquer sucesso, Jimmy Carter e Barack Obama. Um continuou ao longo da vida, o outro desistiu à primeira resistência.

As Carpideiras

por estatuadesal

(Jorge Cordeiro, in Blog Foicebook, 04/12/2017)

carpideiras

Costuma dizer-se que a dor é sempre maior ali onde mais se faz sentir. Aos que, perante a proverbial sabedoria popular, franzem o sobrolho, seja por distanciamento elitista ou dúvida fundada sobre a cientificidade do dito, cá temos a reacção ao Orçamento do Estado agora aprovado a comprovar o que, mais ou menos empiricamente, se foi dando por verdade adquirida. É vê-los a chorar, ainda que com manifesto exagero, e logo se percebe onde a coisa dói.

Não fosse a tradição, antiga de milénios, cair em esquecimento e aí está reavivado o coro de carpideiras. Reconheça-se que nos tempos que correm com assinaláveis diferenças: de profissão feminina ganhou como se vê, à conta da evolução emancipatória, o concurso dos dois sexos; passou a não se circunscrever ao lamento de defunto alheio até porque os de hoje o que choram mesmo são interesses próprios; tendo razões para se lamuriar já não o fazem a troco de ninharias com que há séculos atrás se exercia o pranto, mas sim pela expectativa de mais palpáveis e generosos benefícios.

Observe-se entretanto o seguinte – o lamento ao morto e ao moribundo que outrora fez modo de vida, não encontra hoje correspondência directa neste carpir que por aí anda, desde logo porque infelizmente a política de direita não está nem tão morta ou moribunda quanto o tom do pranto levaria a supor.


Habituados a que o rio corra sempre para o mesmo lado não se conformam com o mais leve sinal de inversão daquele curso que, enchendo os bolsos a uns poucos, depauperam a massa imensa dos que trabalham e vivem no País. Será por isso que desde há uns tempos, com picos maiores ou menores de angustiante sobressalto, é o que se vê: um desfilar dos que “ai, Jesus!”, ou que “agora é que é o diabo”, num não se sabe quanto de encomendadas desgraças face àquele documento orçamental.

Saudosos do tempo recente em que o País se resumia a uma feira de pilhagem de rendimentos e direitos, insurgem-se agora com o que alegam de «supermercado orçamental», um balcão de «satisfação de clientelas orçamentais», «um voltar atrás» aos tempos do «viver acima das possibilidades». Esquecidos do que à má fé retiraram o que aos reformados, trabalhadores e povo pertencia esbracejam agora contra esse ignóbil cerceamento do «direito de escolha». Veja-se a «choradeira» do grande patronato e respectivos apêndices sobre a devolução do direito ao subsídio de Natal: os que o anularam, violando o Código do Trabalho, para disfarçar o corte nos salários e reformas na expectativa de assim poderem reduzir a exigência de melhores salários e liquidar, com o passar do tempo, essa conquista dos trabalhadores, esgrimem agora o direito de escolha que sucessivamente negaram e que quando foi a cortar, dele não se lembraram.

Esquecidos do arbítrio fiscal com que ao mesmo tempo que bafejavam o grande capital, protegiam lucros e lavavam dividendos, carregavam os trabalhadores e os reformados com uma sufocante carga fiscal, por aí vagueiam indignados com o aumento da derrama estadual sobre os mega lucros comovidos com a «falta de estabilidade fiscal» que daí decorreria. Fraca e selectiva memória esta que só agora invoca o que antes nunca lhes ocorreu. Indiferentes que são às dificuldades que criaram a milhões de portugueses e à degradação das suas condições de vida invocam agora, ao menor sinal de devolução e reposição de direitos, salários e rendimentos, a “sustentabilidade das contas públicas” essa vaca sagrada sempre pronta a ser ordenhada quando se quer regressar a um passado recente de intensificação da exploração, empobrecimento e insustentabilidade económica e social na vida dos trabalhadores e do povo. Empenhados que estavam em conseguir que com a liquidação de direitos e corte nos salários na Administração Pública alcançassem o nivelamento por baixo dos direitos de todos os outros trabalhadores, derretem-se agora em pranto face à devolução do que foi retirado aos primeiros, temerosos que a todos os outros seja consagrado o que lhes é devido.

Saudosos do “arco de governação” como solução única e condição segura para perpetuarem em toda a sua extensão a política que foi imposta ao País nas quatro últimas décadas lá vão, recheados de ansiedade, chorando pela ausência de “reformas de fundo e acordos de regime” que assegurem a perfeita estabilidade à promoção da política de direita, ao tranquilo trajecto de acumulação monopolista e à transferência para mãos externas dos recursos e poderes de decisão nacionais.

Habituados que estavam, com a arrogância e o cinismo que lhes eram reconhecidos, a pendurarem-se na receita da Troika e na rendilhada justificação da alegada “bancarrota” para olearem o assalto aos trabalhadores e ao País aí os vemos indignados com o que chamam de «cardápio da reversão austeritária». Resistamos ao ruído lamuriante que por aí se ouve e contribuamos para que as carpideiras dos interesses dominantes venham mesmo a ter razões ponderosas para se fazerem ouvir.

O cisne feio

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 07/12/2017)

quadros

João Quadros

Mário Centeno é o novo presidente do Eurogrupo. Está confirmado, o tempo anda tão avariado que tivemos um primeiro de Abril em Dezembro.

O ministro das Finanças mais perigoso da Europa do euro, apoiado pelas forçadas danadas de esquerda, temido pela sua loucura, no que diz respeito à austeridade, fica a mandar no Eurogrupo. O euro está nas mãos da geringonça! O Eurogrupo, finalmente, rendeu-se aos copos e às mulheres. - Não podes vencê-los, junta-te a eles - terá pensado Merkel depois de uma garrafa de Gatão.

Também pode estar a acontecer o contrário. O Eurogrupo, vendo que uma das ovelhas negras do Sul estava a ficar lãzuda, com ideias diferentes do que a UE defende, decidiu trazê-la para a frente do rebanho para a arrebanhar. Isto pode ser perigoso. Parece-me essencial que Mário Centeno entre visivelmente bêbedo na primeira reunião a 13 de Janeiro para marcar logo a nossa posição.

O nosso ministro das Finanças tem de mostrar aos seus colegas que era ele que fazia festas em Harvard quando todos tentavam dormir. Que foi ele que desligou o quadro eléctrico só para um dia não terem aulas, que enfiava rãs nas calças dos colegas e que era conhecido por ter sempre erva escondida nos calhamaços de Economia. Se Centeno começa a relaxar, passa de ter ar de tresloucado para ter ar de totó. A linha é muita fina e convém não dar muita confiança àquela gente pardacenta do Eurogrupo.

Convém lembrar que o nosso ministro das Finanças chamou míope ao Eurogrupo. É assim mesmo, esse é o caminho. Agora que já é o chefe, devia dizer: - O Eurogrupo é uma caixa-de-óculos. Um bocadinho de "bullying" para verem quem manda e para perceberem ao que vamos.

Acho que tudo isto começou com a saída de Portugal dos défices excessivos. Pessoalmente, nunca me senti bem por estar fora do procedimento por défices excessivos. Acho que não cumprir o défice dava-nos mais estilo. Ser marrões e bons alunos é muito pouco sexy. Não cumprir o défice é de quem anda de moto sem capacete e faz cavalinhos e usa blusão de cabedal. O ar de que não respeita certas regras dá outra pinta.

Centeno tem de levar a ribaldaria para o Eurogrupo ou eles tomam conta dele com as suas ideias chatas. Tenho receio de que deixem de vir tantos turistas para Portugal, se começa a constar que nós somos do género dos alemães. Quando é para ir viajar, escolho sempre os países com praia e défices excessivos. Presumo que deve ser onde há mais ribaldaria e menos gente chata.

Força, camarada Centeno!


TOP-5

Patinhos lindos

1. Trump informou Autoridade Palestiniana que Embaixada dos EUA vai para Jerusalém - Vai construir uma Trump Tower só para isso.

2. Centeno eleito presidente do Eurogrupo - Neste momento, Passos Coelho deve estar a pensar: "Não fosse o golpe de Estado na Assembleia, a esta hora, era a Maria Luís quem presidia ao Eurogrupo, e o Bruno Maçães estava no lugar do Hugh Hefner."

3. Juízes da decisão polémica sobre violência doméstica alvo de processo disciplinar - Espero, no mínimo, um pau com pregos no lombo.

4. Assaltou gasolineira e cabeleireiro com pistola de plástico em Aveiro - Faz lembrar Tancos.

5. Trump diz que vai reconhecer Jerusalém como capital de Israel e causa tensão no Médio Oriente - Acho que a solução poderia ser levar a capital de Israel para o Porto.