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domingo, 17 de dezembro de 2017

Benefícios do Reserve (resveratrol) - Jeunesse

"Investimento da Frontier precisa ser esclarecido em Moçambique"

MOÇAMBIQUE

Interroga-se porque um empresário da envergadura de Erik Prince quer investir nas moçambicanas Ematum, MAM e ProIndicus – já conhecidas pelas dívidas ocultas. Será que este investimento é a salvação?

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Embarcações da Ematum em Maputo (Foto de Arquivo)

Em Moçambique, a Ematum, uma das empresas envolvidas nas chamadas dívidas ocultas, anunciou a entrada de um novo investidor. Trata-se da Frontier Services Group, cujo dono tem um histórico empresarial considerado duvidoso.

Por exemplo, Erik Prince teve a sua empresa de segurança Blackwater envolvida na morte de 18 pessoas a quando da guerra no Iraque. Esta mesma empresa prestou serviços ao Governo dos Estados Unidos avaliados em cerca de 2 mil milhões de dólares.

Para o analista moçambicano Jaime Macuane, a natureza deste investimento do empresário norte-americano ainda precisa ser esclarecida. Da mesma forma, Macuane lembra que as empresas públicas ainda devem explicar com mais clareza o destino dos empréstimos contraídos ilegalmente entre 2013 e 2014.

Confira a íntegra da entrevista:

DW África: A entrada da Frontier na Ematum, MAM e ProIndicus seria a salvação das companhias moçambicanas?

Jaime Macuane (JM): Depende do quê que se quer salvar, porque existem questões que não foram respondidas nesse tempo todo, por exemplo – o que é uma demonstração de qual é o potencial da existência deles [dos dados das empresas]. Nunca vi estes números. Isso é uma coisa que mais tarde já foi arrolada. Uma parte foi para gastos com a defesa. Então, ainda tenho dúvidas do modelo de negócio existente aí, o quê que de facto estavam à espera de rentabilizar, e qual é a magnitude de empréstimo que é de facto realista do ponto de vista de investimento para se ter o retorno. Então, tenho dúvidas a esta altura se isto muda algo ou não.

Erik Prince Flash-Galerie

Erik Prince: empresário quer investir nas polémicas empresas públicas de Moçambique

DW África: Erik Prince tem um passado empresarial duvidoso. Foi dono de uma empresa de segurança, a Blackwater Security, que esteve envolvida na morte de 18 iraquianos há alguns anos. Este seria o perfil ideal para o investidor para empresas públicas, ainda por cima empresas polémicas à partida?

JM: É legítimo que um Estado como Moçambique, não só por uma questão de manter a sua soberania e integridade territorial, tenha segurança marítima. Mas torna-se também importante que assim o faça neste momento, quando aumentam os riscos pelo facto de ter muitas riquezas. Isso explica.

Blackwater Academy

Centro de treinamento da Blackwater, nos Estados Unidos (Foto de Arquivo/2006)

Agora, o que não ficou claro nesta operação, infelizmente, é que, ao invés de se discutir isso, houve uma espécie de "diabolização" quando se pôs este assunto, pelos menos por parte daqueles que arquitetaram esta ideia supostamente patriótica de defesa da soberania. Estamos a mudar o modelo de organização da nossa defesa. Por exemplo, empresas já passam a fazer parte disto. Este é que é o ponto que, para mim, é fundamental. Essa entrada [da Frontier] mantém este modelo e adia uma discussão de soberania fundamental, que faz sentido que a gente confie às empresas a defesa de parte do nosso território. Repare que há países que fazem isto. Portanto, não é nada novo. A questão é que, se nós estamos a adotar esta forma, será que esta ideia se discutiu nos fóruns próprios, e está a ser feito em respeito à Constituição, além, claro, do que foi feito às dívidas ocultas. Para mim há uma questão de princípio.

"Investimento da Frontier precisa ser esclarecido em Moçambique"

DW África: O que há nessas três polémicas empresas em Moçambique para que o empresário como Erik Prince se interesse em investir. Ele já prestou serviço, por exemplo, para o Governo norte-americano. Moçambique tem um mercado assim, tão atrativo, para uma pessoa desta envergadura?

JM: Moçambique é muito mais atrativo, sem dúvida. Primeiro, pela posição estratégica. Muito mais do que estar a olhar para as riquezas do próprio país, é preciso ter-se em conta que é uma rota comercial importante. Mas, temos também a questão da segurança marítima voltada para os grandes investimentos que vão ser feitos. São dezenas de bilhões de dólares. Sem dúvida que temos aqui um mercado promissor. Principalmente numa região propensa a alguma atuação de piratas. Naturalmente que para alguém que tem experiência na área este é um negócio muita atrativo.

  • Bürgerkrieg in Mosambik 1987 (picture-alliance/Paul O'Driscoll/Impact Photos)

    MOÇAMBIQUE: GUERRA CIVIL COM PAUSAS DE PAZ

    O começo da guerra civil

    A guerra entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO começou em 1977, isso cerca de dois anos após a proclamação da independência do país. A RENAMO contestava a governação da FRELIMO e queria democracia. Este movimento tinha o apoio da ex-Rodésia e da África do Sul, dois vizinhos de Moçambique. A guerra matou milhões de moçambicanos e quase paralisou a economia do país.

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Frequentíssimas

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Há aqueles momentos em que ouvimos a defesa da superioridade da iniciativa privada e eu logo fico a procurar perceber se  em causa estão iniciativas com financiamento privado ou público. Nada contra o primeiro caso, aliás, tudo a favor. Já no segundo, vamos lá com calma, pois, como gosta a direita de lançar ao ar, são os meus impostos que estão em causa.

Há uma enorme área de negócio, que é como quem diz, ganha-pão, que tem por fonte de financiamento o Estado. Por exemplo, segundo os dados apresentados por Carlos Jalali no programa Bloco Central desta semana, na TSF, estes "privados" encostados ao Estado são frequentíssimos:

Número de IPSS:
1987:  cerca de 1500 IPSS
2010: mais de 4000 IPSS

Financiamento estatal para acordos de cooperação,  só para a área social
1995: cerca de 200 milhões de euros
Recentemente: mais de 1200 milhões de euros

A estes valores ainda se somam os da saúde e da educação. Estamos a falar de muito dinheiro.

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Posted: 16 Dec 2017 06:51 PM PST

Sinceramente, não compreendo como é que se pode andar por aí a saudar as decisões das agências de notação, mesmo que seja por oportunismo. O movimento recente de melhoria da notação da República dá jeito, eu bem sei. Note-se, no entanto, que quem não tem memória e quem aceita as estruturas financeiras por reformar, até pode ganhar alguma coisa no curto prazo, mas perde também sempre qualquer coisa no curto prazo e tudo no médio e no longo.
Note-se que estamos a falar de instituições que tiveram responsabilidades pela crise financeira, iniciada em 2007-2008, validando todo o lixo financeiro que a ganância sem trelas regulatórias relevantes conseguiu inventar até aí. Esta crise tramsmutou-se na zona euro em crise da dívida que não era, e que continua a não ser, soberana, dado que está denominada em moeda estrangeira. Neste caso, as agências validaram toda a especulação contra os elos periféricos mais fracos.
Enfim, é importante relembrar o movimento de opinião e de contestação que por cá se gerou em torno da acção destas instituições, cujo poder é, em larga medida, efeito do lugar que os poderes públicos lhes atribuem. Entretanto, nada mudou, note-se, porque a UE está feita para aprofundar e não para mudar a lógica neoliberal. É claro que para Estados monetariamente soberanos os danos que estes oligopólios norte-americanos podem inflingir são menores. Na realidade, estas anti-democráticas agências dançam ao ritmo do pós-democrático BCE, o soberano da zona. Os povos dos Estados, claro, não são tidos nem achados.
É por estas e por muitas outras que falar de uma próxima crise financeira não é nada descabelado. Afinal de contas é uma previsão que assenta num padrão recorrente desde que a liberalização financeira se generalizou nos anos oitenta.

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por j. manuel cordeiro

Sinceramente, não compreeendo como é que se pode andar por aí a saudar as decisões das agências de notação, mesmo que seja por oportunismo. O movimento recente de melhoria da notação da República dá jeito, eu bem sei. Note-se, no entanto,  que quem não tem memória e quem aceita as estruturas financeiras por reformar, até pode ganhar alguma coisa no curto prazo, mas perde também sempre qualquer coisa no curto prazo e tudo no médio e no longo.
Note-se que estamos a falar de instituições que tiveram responsabilidades pela crise financeira, iniciada em 2007-2008, validando todo o lixo financeiro que a ganância sem trelas regulatórias relevantes conseguiu inventar até aí. Esta crise tramsmutou-se na zona euro em crise da dívida que não era, e que continua a não ser, soberana, dado que está denominada em moeda estrangeira. Neste caso, as agências validaram toda a especulação contra os elos periféricos mais fracos.
Os ventos nos últimos 3 anos têm-nos sido favoráveis. Juros baixos, melhorias de notação financeira e melhoria dos indicadores que a UE tem usado para nos apertar. Mas olhemos para nós mesmos e constate-se que o país continua essencialmente igual. Não houve transformação alguma que justifique a mudança, sendo o actual estado das coisas circunstancial.
Bom, mudou num aspecto, mas para nos fragilizar mais. O trabalho passou a ser mais precário e a malha do Estado está quebrada, mergulhada num mar de falta de meios, à mistura com ineficiência e desorganização. Mas estas agências  dizem que agora estamos melhor. Não estamos. Apenas vivemos um desafogo, graças ao garrote menos apertado. Dão-nos melhor nota depois da destruição causada pelo sector financeiro, esse mesmo no qual essas agências de notação validaram todo o lixo como se se tratasse de ouro.
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