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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Saboroso uma Ova!

por Cristina Miranda

Às vezes pergunto-me se isto já não é patológico. Quem no seu perfeito juízo diria que 2017 foi um ano saboroso depois do país ter vivido duas das maiores tragédias com fogos de que há memória com mais de 110 mortos, mais de 300 feridos, mais outras tantas centenas com traumas psicológicos, com mais de 500 casas ardidas, mais de 50 empresas reduzidas a cinzas, mais de 500 mil hectares de floresta que desapareceram? Ninguém! Mas Costa, que logo a seguir a Pedrógão foi tranquilamente gozar suas ricas férias, consegue pronunciar isto com um largo sorriso nos lábios enquanto se refugiava em Bruxelas dos estilhaços da bomba recente da Raríssimas, que atingia em cheio seus membros do governo. Isto é normal?

Não. Não é normal um suposto líder democrático, num país democrático agir como pequeno ditador frio e insensível focado só na propaganda do partido e endeusamento do seu líder. Mais anormal ainda é ter uma série de idiotas úteis como o Galamba a limpar a cara e mãos sujas a toda a hora, com a distorção da realidade e achincalhamento pessoal a quem ouse pôr em causa o líder. Uma espécie de polícia do Governo que persegue ferozmente os opositores. Das duas uma: ou o líder endoidou ou estamos numa república comunista. Factos.

Se há sabor a atribuir ao ano que finda, é o sabor amargo a morte de gente inocente por incúria do Estado, encurralados e incinerados em fogos, encurralados em  hospitais com legionella. É o sabor a austeridade severa bem patente na carga de impostos indirectos suportados em 3 orçamentos de Estado que encurralou todos os contribuintes. É o sabor amargo da dívida pública galopante que encurrala o futuro e promete dias ainda mais difíceis e terríveis aos cidadãos e empresas. É o sabor indigesto de não vermos os responsáveis da CGD sentarem-se no banco dos réus porque mataram o inquérito. É o sabor nojento da gozação com nossa cara da palhaçada com Tancos e Infarmed. Sim, uma riqueza de sabores amargos que nos revolta sempre que Costa sorri para as câmaras.

A máquina da propaganda soviete do Costa jamais conseguirá, com as agências de rating a tirar o país do lixo psicológico (sim porque o lixo continua todo debaixo do tapete) , com um Centeno que vai para presidente dum grupo que ninguém quer (Centeno ganhou por desistência dos concorrentes) pago pelos contribuintes portugueses, com uma economia que flui sem qualquer interferência do governo apenas pela conjuntura externa favorável, com uma saída do défice excessivo só com o esforço de 0,8% (com vendas de F-16 e perdões fiscais)  graças à redução fantástica de 8% do anterior executivo, fazer ESQUECER que este governo ABANDONOU à sua sorte  uma região inteira só porque não dá votos.

Porque haverá sempre cidadãos, como eu, empenhados em lembrar que um governo não são um grupo de pessoas privilegiadas, que empregam todos os amigos e familiares e depois se pavoneiam de um lado para o outro à conta do erário público para aparecer nas televisões a sorrir e mandar umas bitolas, enquanto fazem umas visitas precárias aos infortunados dos fogos,  fazendo de conta que tratam dos interesses nacionais, enquanto a sociedade civil se desunha para acudir no imediato a toda uma região que volvidos 6 meses CONTINUA praticamente sem as casas, sem abrigos e comida para os animais, sem apoio psicológico.  Por falar nisso onde está a ajuda a Penedo, concelho de Tondela, totalmente ignorada, SEM UM ÚNICO APOIO DO ESTADO nem fundo solidário para ajuda às vítimas dos fogos? É só um caso...

A verdade é que não fosse essa sociedade civil cheia de anónimos altruístas, animais e pessoas já teriam sucumbido à espera dos donativos e indemnizações mínimas de 71 000€ por entregar.

Um ano saboroso? Uma ova!! Haja vergonha na cara!!

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Ladrões de Bicicletas


Pecados pouco originais

Posted: 18 Dec 2017 01:47 AM PST

Desde a passada 2ª feira, desde a conferência de imprensa da equipa política do Ministério do Trabalho sobre o caso Raríssimas, que o ministro Vieira da Silva ficou sob os holofotes.
O facto de ter sido vice-presidente da assembleia geral de 2013 a 2015 que aprovou as contas da instituição, colocou-o numa posição de fragilidade.
Apesar de ter afirmado que, antes de 2015, assumiu "a responsabilidade na instituição, em cargo não executivo, com um sentido de intervenção cívica"; apesar de ter dito que, entre 2013 e 2015 nunca tivera "nenhuma denúncia ou indicação ou facto que me tivesse colocado a mais pequena dúvida"; apesar de ter repetido que, enquanto ministro, nunca tomou conhecimento de factos ou denúncias, e que as denúncias feitas tinham sido endereçadas e tratadas pelo Instituto da Segurança Social que já desencadeara uma inspecção a 31/7/2017, que foi acelerada quando o caso se tornou público; apesar de tudo isso, a demora na inspecção iniciada e sem resultados aparentes, sem que o denunciante - o tesoureiro - tivesse sido ouvido (diz a TVI), deixou - a julgar pelas perguntas feitas pelos jornalistas - a sensação não explicada nem clarificada pelos jornalistas de favorecimento, conivência ou apenas de extremo incómodo a ponto de lhe perguntarem se manteria "condições para ser ministro".
Claro que o ataque da direita a Vieira da Silva não é inocente: cavalga a onda e fere um elemento chave do Governo que é a cara da política social do Governo que está a desfazer a do governo anterior, tão cara à direita (Leia-se o post anterior de Nuno Serra). Até o presidente da República participa, mesmo quando reage dizendo que é prematuro suscitar a questão.
Mas o ministro está sob os holofotes sob nenhuma acusação em concreto. E tudo em geral. A razão nunca é dita, mas está subliminarmente traçada. Quem aceita um cargo social numa instituição onde espera não passar muito tempo, a ponto de não estar a par do que lá se passa, empresta a sua foto para qualquer coisa. Pode ser benignamente para mostrar o interesse político em geral por causas difíceis, mas a sua imagem pode ser usada para abrir "portas", mesmo que o dono da imagem não se aperceba disso - por inocência? - ou não queira saber se isso aconteceu ou espoera que a natureza das "portas" seja a melhor. Ou seja, é potencialmente culpado mesmo que não o seja.
Acontece que Vieira da Silva não está nem esteve só nesse pecado, que é aliás, um pecado muito pouco original. Mais de metade do Parlamento detém cargos sociais em diversos tipos de entidades. Não é por acaso que o PSD, por exemplo, tenha escolhido uma deputada para criticar publicamente Vieira da Silva, que não ocupa qualquer cargo social em instituições (Clara Marques Mendes). Já o CDS é mais difícil porque quase todos têm e dão mostras de estar um pouco arredados do processo de intenções.
A partir da página do parlamento, é pois possível verificar que as listas de entidades em que os deputados participam - sabe-se lá com que controlo sobre as suas contas - são das mais variadas. E de diferentes graus de cumplicidade. Vão desde empresas privadas (algumas relacionadas com sectores importantes, como águas, construção ou financeiro), passando por IPSS e Misercórdias, Fundações, clubes de futebol ou de outras modalidades, associações profissionais, locais, culturais. Para uma vistoria mais completa, queira inspeccionar-se a lista seguinte:
PSD
Álvaro Batista
Amadeu Albergaria
António Costa da Silva
António Leitão Amaro
António Lima Costa
António Topa
Bruno Vitorino
Carla Barros
Carlos Neves
António Carlos Peixoto
Catarina da Silva
Critóvão Crespo
Cristóvão Norte
Duarte Marques
Duarte Pacheco
Emídio Guerreiro
Emília Moreira dos Santos
Fátima Ferreira
Feliciano Duarte
Fernando Jesus
Fernando Macedo
Firmino Pereira
Inês Lopes Domingos
Isaura Pedro
Joel Sá
Jorge Oliveira 
José Matos Corrreia
José Manuel Matos Rosa
José Lopes Silvano
Laura Monteiro Magalhães
Luís Campos Ferreira
Luís Manuel Leite Ramos
Luís Montenegro
Fernando SoaresVales
Manuel Frexes
Margarida Sousa Lopes
Margarida Simões Lopes
Mercês Soares
Maria Luís Albuquerque
Manuel Pereira Tender
Maurício Marques
Nilza Mouzinho de Sena
Nuno Carvalho Serra
Pedro do Ó Ramos
Pedro Pimpão
Pedro Pinto
Pedro Roque Oliveira
Ricardo Baptista Leite
Rui Mendes Riso
Sandra Pereira
Teresa Leal Coelho
Ulisses Pereira
CDS
Álvaro Castelo Branco
Ana Rita Duarte Bessa
Cecília Meireles
António Anacoreta Correia
Filipe Lobo D'Ávila
Helder Amaral
João Almeida
João Rebelo
Patrícia Mattamouros
Paulo Rios de Oliveira
Pedro Mota Soares
Sara Madruga da Costa
Sérgio Azevedo
Teresa Caeiro
Vânia Barros
PS
António Gameiro
Ascenso Simões
Pedro Bacelar de Vasconcelos
Carla Tavares
Catarina Silva
Constança Urbano de Sousa
Diogo Rodrigues
Edite Estrela
Fernando Anastácio
Francisco Rocha
Gabriela Canavilhas
Hortense Martins
Hugo Carvalho
Hugo Santos Costa
Idália Serrão
Joana Ferreira Lima
João Azevedo e Castro
João Gouveia
João Izidoro Marques
João Correia
João Soares
João Silva Torres
Joaquim Almeida Barreto
José Carpinteira
José Miguel Medeiros
José Duarte Cruz
Lara Martinho
Luís Graça Nunes
Luís Testa
Luís Vilhena
Maria Antónia Almeida Santos
Maria da Luz Gameiro
Marisabel Moutela
Norberto Lopes
Paulo Cesar Oliveira
Paulo Trigo Pereira
Pedro Simões Alves
Pedro Coimbra
Ricardo Bexiga
Ricardo Leão
Santinho Pacheco
Sofia Araújo
Susana Lamas
Tiago Barbosa Ribeiro
Vitalino Canas
PCP
Ana Mesquita
Bruno Dias
João Ramos
Paula Barbosa
Paulo Sá
BE
Catarina Martins
Jorge Costa
Jorge Falcato
José Manuel Pureza
José Medeiros
José Soeiro
José Carvalho de Ascensão

O Estado e o escrutínio do Terceiro Setor

Posted: 17 Dec 2017 05:16 PM PST

1. A direita que hoje tenta circunscrever o caso da Raríssimas a uma questão de «falhas do Estado» é a mesma direita que, nos anos do «ajustamento», reforçou significativamente o financiamento do Terceiro Setor, quando ao mesmo tempo cortava a eito nas prestações sociais e nos serviços públicos de proteção social. Isto é, a mesma direita que desqualificou e degradou as respostas (como sucedeu na substituição do RSI pelas cantinas sociais), que diminuiu os mecanismos de regulação (dispensando por exemplo a validação de contas por um ROC) e que reduziu a capacidade inspetiva do Estado (com os cortes, por exemplo, nos recursos humanos do Instituto de Segurança Social). Ou seja, a direita que quer que o Estado não perturbe a «autonomia» e não se intrometa nas lógicas de funcionamento próprias das IPSS (com o argumento de que estão mais próximas dos problemas e que sabem e fazem melhor) é a mesma direita que quer que o Estado as financie e esteja sempre pronto para assumir responsabilidades se as coisas correrem mal.
2. Sucede porém que se há domínio de atividade das IPSS e demais organizações do Terceiro Setor em que encontramos, apesar de tudo, um quadro de regras claro e patamares mais elevados de transparência e de escrutínio é, justamente, na esfera dos contratos que se estabelecem entre o Estado e estas entidades, tendo em vista a implementação, no terreno, de medidas de ação social. Com efeito, ao contrário do que tende a suceder com outros mecanismos de financiamento (como os donativos individuais ou de entidades coletivas), a atribuição de apoios públicos às organizações do Terceiro Setor é feita a partir de critérios de elegibilidade e de fixação de montantes de referência por utente que se aplicam a todas as entidades, anulando por conseguinte as margens de discricionariedade e possibilitando a verificação de casos de favorecimento injustificado, para além de serem deste modo criadas, à partida, condições adequadas para acompanhar a atividade e avaliar o resultado e impacto dos apoios concedidos.
3. Face aos problemas estruturais e entorses endémicos associados ao Terceiro Setor em Portugal (veja-se a este propósito o retrato muito claro traçado por Pedro Adão e Silva num programa televisivo da semana passada), e nunca sendo demais sublinhar que se trata de um universo de organizações muito heterogéneo - composto por entidades com práticas a todos os títulos exemplares e por outras em que se pode dizer impera a fraude instituída - percebe-se a tentação para encarar casos como o da Raríssimas como sendo «absolutamente excecionais» no que à gestão privada diz respeito e para, no resto, atirar de imediato e levianamente as responsabilidades para cima do Estado, que tem no nosso país as costas muito largas.
4. Compreende-se que casos como o da Raríssimas, entre outros, belisquem a imagem de um incensado Terceiro Setor, sobre o qual recai frequentemente, por diversas e válidas razões, uma certa ideia de benevolência, despojamento, altruísmo e generosidade. Mas se se quer que os problemas estruturais de muitas destas organizações se resolvam e as suas práticas melhorem substancialmente, superando uma espécie de pré-modernidade que as carateriza, não basta apontar o dedo ao Estado e a «falhas na regulação». De facto, se há aspetos a melhorar em termos de escrutínio público, na esfera da contratualização com estas entidades (reforçando por exemplo os princípios de equidade no acesso e fomentado a generalização de modelos de intervenção mais emancipatórios), o essencial estará por fazer na esfera da gestão privada destas organizações (incrementando por exemplo os níveis de democraticidade, transparência e participação). Isto é, na esfera da dita «sociedade civil».
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domingo, 17 de dezembro de 2017

Entre as brumas da memória


Creches para a Autoeuropa?

Posted: 17 Dec 2017 12:11 PM PST

Autoeuropa. Governo dá luz verde a creches para destravar diálogo.

«“O governo assumirá as suas responsabilidades e há algumas dimensões que poderão ser concretizadas com um envolvimento mais forte, sobretudo no que toca à criação e reforço de equipamentos sociais de apoio à família e que responda a um novo quadro horário de funcionamento da empresa, com mais creches e creches com horário diferenciado, por exemplo. O governo irá empenhar-se, desde já, na promoção desse tipo de equipamentos”, anunciou Vieira da Silva.»

Há aqui qualquer coisa que não bate certo: existe um problema laboral numa empresa como a Autoeuropa e é o governo que se propõe intervir proporcionando creches com horários especiais? E fará o mesmo para quem trabalha por turnos sete dias por semana, como, só para citar um exemplo, os enfermeiros e outros profissionais da área da saúde? Ou para empregados de hipermercados?

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Dica (683)

Posted: 17 Dec 2017 10:22 AM PST

Entrevista a Naomi Klein: Ao ataque contra Trump.
«Numa entrevista a propósito do seu mais recente livro, No Is Not Enough (Não Basta Dizer Não, em tradução livre), Naomi Klein explica como a marca “Donald Trump” é o último sonho capitalista e um perfeito exemplo de exploração da crise em benefício da elite.»
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Catalunha, a quatro dias de eleições

Posted: 17 Dec 2017 07:30 AM PST

ERC mantiene su ventaja sobre C's y Puigdemont retrocede.

Já não é permitido divulgar, em Espanha, sondagens relativas às eleições de dia 21, mas continuam a sê-lo feito em Andorra, como é habitual.

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Não há raças, só há cidadãos?

Posted: 17 Dec 2017 03:21 AM PST

«Reconhecendo a existência de cidadãos portugueses negativamente discriminados em função da visibilidade somática (e.g. a cor da pele, a textura dos cabelos), os peritos do Comité para a Eliminação da Discriminação Racial (CERD) da ONU recomenda(ra)m ao Estado português a necessidade de reconhecer a existência de uma minoria racial e de estabelecer políticas específicas contra aquela ilegítima discriminação.

Porém, argumenta-se que a existência de uma minoria racial acompanhada de políticas públicas específicas para minimizar a discriminação configura uma solução racista para o problema da discriminação racial. Com efeito, se a ciência já provou a inexistência de raças, invocar uma minoria racial faz subsistir na esfera pública e na legislação política uma categoria intrinsecamente discriminatória, a de raça, cujo impacto político devastador é testemunhado por inúmeros factos históricos (e.g. escravatura, trabalho forçado, apartheid e Holocausto).

Neste contexto, se não há raças e se há cidadãos (ou organizações) que defendem a existência de uma minoria racial que carece de protecção pública contra o tratamento discriminatório de que são alvo, então aquela defesa prova mais o racismo de quem a propõe do que a hetero-discriminação. Doravante, os verdadeiros fautores da discriminação racial são todos aqueles que denunciam um tratamento baseado numa realidade que não existe e atribuem a falsos obstáculos exteriores (a hetero-discriminação) a incapacidade interior de prossecução dos seus fins. Nesta perspectiva, as barreiras raciais e racistas no acesso à educação, aos serviços públicos e ao emprego são exclusivamente interiores e, por serem autoignoradas, são erroneamente atribuídas a uma entidade imaginária. Assim, a violência policial pune comportamentos intrinsecamente desviantes e a recusa em participar na sociedade é resultado de uma deliberada e desafiante vontade de auto-exclusão. Em última instância, a reivindicação de uma minoria racial resulta do processo de vitimização do grupo minoritário, incapaz de reconhecer que a discriminação de que reputa ser alvo é uma consequência (natural e social) da sua menoridade.

Conquanto fosse desejável que a denúncia da vitimização fosse acompanhada pela da torcionarização, i.e. do esclarecimento da diferença social e política na perspectiva das qualidades intrínsecas (naturais ou sociais) do grupo de cidadãos discriminados, a ideia de que a constituição de uma minoria racial é uma ideia racista parece-nos precipitada.

O argumento de que a ciência já provou não haver raças e, por isso, não há nenhuma justificação para as mencionar parece minimizar a origem política da discriminação racial. Com efeito, não é por a ciência negar a existência de raças que as crenças racistas e as instituições nelas inspiradas desapareceram. Essas crenças constituíram-se e mantiveram-se sem legitimação científica e transformaram-se em leis públicas. Por exemplo, a prova científica da inexistência de raças não impediu 60.000 polacos de marcharem numa Europa branca. Não evitou, também, a integração da diferença racial nas constituições, como nos casos extremos do apartheid na África do Sul, da segregação racial nos EUA ou do nazismo na Alemanha, e na legislação parlamentar, governamental e judicial noutros países.

Por isso, é conveniente evitar confundir o preconceito racial com as leis públicas (uma coisa é o preconceito racial dos 60.000 polacos, outra completamente diferente é a transformação desse preconceito nas leis políticas da Polónia). É também importante distinguir a refutação científica da existência de raças, doravante entendida como uma ficção absurda, do tratamento político de um grupo particular em função de leis públicas resultante dessa ficção. Até porque essa indistinção é politicamente perigosa. Por um lado, poderíamos inferir que se a ciência provasse existirem raças, então legitimar-se-ia o uso do conceito e justificar-se-ia a discriminação racial. Inversamente, deduziríamos que a condição de igual cidadão pressupõe uma igualdade física. Por outro, poderíamos supor que uma vez que não há raças, não há qualquer justificação para combater o tratamento discriminatório através do uso do conceito.

Todavia, se tivéssemos que supor uma indiferença física para justificar direitos iguais de cidadania, teríamos dificuldade em apresentar argumentos para, por exemplo, justificar a atribuição jurídico-política dos mesmos direitos aos homens e às mulheres. Todavia, e salvaguardadas as diferenças entre a discriminação de género e a de raça, a atribuição igualitária de direitos correspondentes ao ideal da igual cidadania não exige a anulação daquela diferença. Com efeito, mesmo, e sobretudo, percepcionando esteticamente as diferenças naturais, estas são enquadradas pelo legislador pela, por exemplo, ideia ético-política da pessoa livre e igual, vista como um fim-em-si-mesma. Aquele legislador vê as diferenças naturais e a igualdade ético-política, i.e. não precisa de supor nenhuma indiferença natural para atribuir iguais direitos e deveres. Neste contexto político, não faria sentido falar da necessidade de reconhecimento de uma minoria racial em Portugal. Por exemplo, segundo o artigo 13.º da Constituição portuguesa, os afrodescendentes devem ser tratados de acordo com o princípio ético-político do igual cidadão.

Todavia, do ponto de vista social e político (legislativo, executivo e judicial), o carácter ilusório ou fictício da raça não impede a discriminação real de um grupo de cidadãos na base da percepção estética do seu aspecto corporal dissociada da condição de igual cidadão. De facto, se dúvidas houvesse acerca da diferença entre o que deveria ser e o que é, bastaria apreciar a fotografia com os consultores da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR). Não ignoramos que a fotografia foi tirada em Março de 2016 e, por circunstâncias pessoais e institucionais, a composição foi alterada. Todavia, admitindo que a raça é uma fantasia e o Estado português é a organização política que representa todos os cidadãos portugueses, independentemente das diferenças arbitrárias do ponto de vista político (e.g. religiosas, sexuais, étnicas, raciais), não deixa de ser surpreendente a homogeneidade da visibilidade somática daqueles consultores num organismo do Estado cuja missão é combater a discriminação racial. Com efeito, se o combate contra a discriminação racial não tem raça — qualquer cidadão que se coloque na perspectiva da pessoa livre e igual repudia a discriminação racial, como, aliás, todas as outras discriminações (e.g. étnica, de género, de orientação sexual, de classe) —, uma coisa é esse combate nas instituições públicas ser travado por todos os cidadãos, independentemente da sua condição natural, outra completamente diferente é a exclusão nesse combate dos cidadãos que a Comissão diz ter como missão proteger. Por isso, a homogeneidade da visibilidade somática dos consultores da CICDR, organismo com a função de proteger os afrodescendentes da discriminação racial, não desmente a existência de uma minoria racial, i.e., de um grupo de pessoas impedidas de usufruir da condição de igual cidadão em função da apreciação estética da sua visibilidade somática.

Ora, se a evidência científica sobre a inexistência de raças proibisse qualquer menção à raça, essa “proibição” não apenas ocultaria o hiato existente entre a evidência científica da inexistência de raças e os preconceitos raciais institucionalizados, mas também impediria todos os excluídos na base desse critério de identificarem a fonte da sua exclusão. Neste caso, a ideia de que é inaceitável falar de raça(s) transformar-se-ia num meio perverso de intensificar tanto a sua exclusão política, como de sonegar o direito a reivindicar ser tratado como cidadão igual.»

Regina Queiroz

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A INVEJA

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 16/12/2017)
marcelo_in

A inveja, vulgo dor de cotovelo ou dor de corno, é uma doença tão nacional quanto a dos pezinhos e ao contrário da gripe que tem a sua época e a respetiva vacina, para esta epidemia não há nem épocas nem medidas preventivas. E quando se esperava pela chegada da gripe, com os velhinhos já todos vacinados, eis que somos atingidos por mais uma das nossas típicas pandemias de dor de corno.

Como não podia deixar de ser, o presidente de todos nós incarna como poucos as qualidades e males nacionais. Quando se antecipava ao Centeno e ao próprio INE, divulgando previsões de crescimento muito acima do inicialmente esperado, não promovia excesso de perspetivas, nem mesmo era um grande otimista. Agora, que o crescimento económico já não parece ser estimulado pelos beijinhos e abraços presidenciais Marcelo é um pessimista.

Isto de ter um ministro com mais prestígio internacional do que o conseguido com a fotografia do abraço à velhinha publicada na Time é uma chatice. Ter um ministro a quem se leu as mensagens privadas e agora não poder voltar a fazê-lo, porque a Europa morreria à gargalhada se soubesse que o Lobo Xavier foi mostrar os SMS da senhora Merkel ao seu amigo Marcelo é uma chatice. O melhor é usar os incêndios para meter o Costa e o Centeno na linha.

Outra bela manifestação da dor de corno nacional foi terem descoberto que em Portugal um vestido de luxo custa 200 euros, algo que deve estar a intrigar as grandes casas de moda de Paris; como é que uma senhora portuguesa que tratam por doutora, se veste com uns trapos de 200 euros e vai pavonear-se ao lado da Letícia. Então a Kate Middleton veste vestidos de “luxo” da Zara e a pindérica que vendia jornais numa avenida secundária de Lisboa é que se veste com luxo, mais barato do que camarão de aquacultura vendido no Pingo Doce?

Não pode ser, ainda por cima tem o desplante de empregar o marido e o filho pagando-lhe essa barbaridade corrupta de 1000 euros brutos. Há mesmo que acabar com a vaidade da senhora, tirar-lhe o Dr, o BMW e os vestidos de 200 € e meter no lugar dela alguém de boas famílias, mais ao estilo da senhora do Banco alimentar, educadinha e temente a Deus, sem a mania de andar de braço dado com governantes na praia de Copacabana.

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Líder parlamentar do PSD anuncia apoio à candidatura de Santana Lopes

POLÍTICA

17.12.2017 às 8:45

Hugo Soares, líder parlamentar do PSD

MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

Hugo Soares declarou o seu voto no ex-primeiro-ministro, sublinhando que o faz com “muita convicção e muita determinação

Lusa

LUSA

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, anunciou no sábado que apoia a candidatura de Pedro Santana Lopes à presidência do partido, sublinhando que se trata de uma escolha a pensar sobretudo no país.

“É pelo país que apoiarei e votarei em Pedro Santana Lopes”, disse Hugo Soares, num encontro daquele candidato com militantes em Braga, no sábado à noite.

Hugo Soares, que é natural de Braga e preside à Concelhia local do PSD, lembrou que Santana Lopes, entre os vários cargos que já exerceu, “foi primeiro-ministro de Portugal e foi um excelente primeiro-ministro de Portugal”.

“Tinha um bom Governo e tinha, sobretudo, as políticas certas, estava a fazer aquilo que o país precisava que se fizesse”, referiu.

O líder parlamentar do PSD disse ter “a certeza absoluta” que Santana Lopes vai ganhar as eleições legislativas de 2019 e voltar a ser “um grande primeiro-ministro”.

“E vai ser um grande primeiro-ministro porque tem a preparação, tem o caráter e a personalidade que a liderança exige, tem a proximidade e a humanidade de que o cargo carece e tem, sobretudo, a alma de um partido todo que quer ganhar as eleições legislativas em 2019. E, por isso, eu não tenho dúvidas nenhumas de que em 2019 Pedro Santana Lopes voltará a ser primeiro-ministro de Portugal, desta vez com os votos dos portugueses, e isso faz muita diferença também”, acrescentou.

O PSD escolherá o seu próximo presidente a 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.

Pedro Santana Lopes e o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio são, até ao momento, os candidatos a suceder a Pedro Passos Coelho.

Para Hugo Soares, ganhe quem ganhar, “o PSD fica bem servido”.

“Fica mesmo. Qualquer um deles é melhor do que o doutor António Costa”, enfatizou, para vincar que o PSD “está bem e recomenda-se”.

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