Translate

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A Ideologia do Ódio

por Cristina Miranda

Era imperioso voltar a este tema. Sobretudo depois das reacções de algumas senhoras ao meu texto sobre assédio sexual. A discussão instalou-se no seio de algumas leitoras que de repente atacam como se houvesse discordância sobre o essencial. Mas há dúvida que TODAS as mulheres do Mundo abominam a violência e o abuso sexual sobre as mesmas? Pelo visto, sim. E a razão é muito simples: a ideologia do ódio já chegou também aqui.

O marxismo cultural é das ideologias mais perigosas que existem pela forma como se infiltra nas sociedades sem que as pessoas alvo se dêem conta. Fracturam, segregam e criam caos com recurso ao radicalismo extremista, para criar um novo Mundo facilmente dominável e dependente. É assim com os movimentos LGBT, com a questão islâmica, com as minorias  e agora as feministas. Como se estas questões não pudessem ser resolvidas com discursos moderados e sensatos apelando à aceitação e integração sem ódios. O problema é que do lado dos radicais não há espaço para o meio termo. Para o equilíbrio. Ou é tudo ou nada. Propositadamente. E é aqui que surgem as crispações.

Quando me insurjo contra as feministas extremistas não é porque aceito o assédio sexual. Abomino o assédio em todas as suas formas, sobre todas as pessoas, sejam mulheres, homens, idosos, crianças, deficientes, mendigos ou gays. É sim, porque abomino a ligeireza de rotular tudo como assédio. Porque o assédio é uma forma criminosa de subjugação, já contemplado na nossa legislação, a que ninguém pode ficar indiferente. Mas, cuidado! Passar de uma sociedade de homem machista que oprime e desrespeita mulheres para uma sociedade feminista machista que persegue agora os homens, não é evoluir. É inverter papeis de domínio.

Não quero que no futuro meu filho seja vítima desta loucura e vê-lo um dia ser preso porque tentou seduzir naturalmente alguém. As fronteiras entre o galanteio e o assédio estão de tal forma ténues que o simples olhar para uma rapariga bonita que passa na rua já é condenado. Foi exactamente isso que eu vi no programa da SIC, "E se Fosse Consigo", em que uma miúda contabilizava de forma negativa todos os homensque a observavam à sua passagem como se isso fosse algo de terrível. Mas agora o que é belo não pode ter reacção? O que andamos nós a ensinar à nova geração? A odiar? Por outro lado, que reacção teriam as senhoras se um homem desfilasse na passadeira vermelha de Hollywood com uma vestimenta que pusesse seu sexo à mostra tal como algumas atrizes? Achariam ou não, provocatório? E se todas olhassem para ele, seria assédio? E levanta logo uma outra questão muito pertinente: e se for uma mulher a olhar para outra mulher bonita à sua passagem, é assédio? A ambiguidade desta questão levanta problemas sérios porque apesar de eu ser mulher nada me garante que outra fêmea homossexual não se sinta violada pelos meus olhos. E é esta questão interpretativa do que é ou não assédio, que convém travar antes que se torne lei.

Outra questão que não suporto ouvir é que as mulheres não violam, não agridem, nem são protagonistas de assédio sexual. É falso. Elas não só fazem isto tudo como usam o assédio para atingir fins, sejam económicos, sejam profissionais. E nisto são peritas.  Sejamos honestos. Dizem essas feministas para se justificarem que, a existirem, estas  mulheres são em número reduzido. Falso outra vez. O que a vida me mostrou é que, não há queixas de assédio sexual por parte dos homens porque eles simplesmente não o vêem como crime. Aceitam e gostam. Não entram nunca por uma esquadra adentro para se queixarem do assédio (e elas sabem disso). Daí o silêncio das estatísticas.

Mas não são os únicos neste silêncio. Em tempos fui perseguida até ao limite por uma mulher a quem me neguei dar atenção depois de uma entrevista de trabalho. Seguiram-se ameaças constantes, mensagens e telefonemas  a qualquer hora do dia e noite. Acabou por desistir. Mas ainda hoje guardo tudo no tlm por precaução. Noutro episódio, num vestiário de uma loja de roupa, fui descaradamente tocada pela modista que me apertava o vestido. Nunca mais lá voltei. Dizer-se que  o assédio é uma mera questão masculina é redutor. Desde a libertação LGBT somos todos alvos. E elas, também agem de forma patológica sobre as vítimas. E nós mulheres também nos calamos sobre o assédio feminino.

As mulheres tardam em perceber que o fenómeno do assédio sexual masculino só se combate na educação de berço. Que são ELAS que têm o poder como mães de mudar esta realidade e que se temos os homens que temos é precisamente devido à educação que receberam ou não receberam da parte delas.

Porque todo o menino que aprende a respeitar, amar e proteger as meninas, com o exemplo dos pais em casa, não se torna num predador sexual.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Na Guerra do Ultramar - Olivença, Moçambique. 1968 (Lupilichi, nome actual)

Rio dos Bons Sinais

terça-feira, 19 de julho de 2011

Podia ter corrido mal, muito mal. 5 sobreviventes!

Do-27. Esta história passa-se num avião como este

Para o final da minha comissão em Moçambique (entre 1967 e 1968) e durante 3 meses, fui incumbido da missão de obter imagens sensíveis, por fotografia aérea, com equipamento específico, de modo a um planeamento mais eficaz e cirurgico de determinadas operações da Força Aérea.
Voava um pequeno avião monomotor, um DO-27 matrícula 3497, auxiliado por um cabo especialista em fotografia aérea. Tinha como equipamento uma máquina fotográfica para fotografia vertical fixada ao avião, uma outra máquina fotográfica manual e uma guia de marcha que na rubrica destino tinha isto escrito: “Confidencial”.
E o Norte de Moçambique era todo nosso… do Lago Niassa ao Oceano Índico, do paralelo de Nampula/Nacala ao Rio Rovuma! Uma bela e vasta área para destinos confidenciais, num pequeno monomotor...

A minha zona de actuação: todo o Norte de Moçambique...

E as missões eram tão confidenciais que se o único motor daquele pequeno avião DO-27 falhasse ninguém, evidentemente, sabia onde me ir procurar…
Por causa destas minhas novas e secretas funções eu tinha que executar os voos sem o escrutínio de qualquer outra Unidade militar que não fosse o Comando Operacional da Força Aérea em Nampula. Como os Comandantes das Unidades não tinham nem podiam ter conhecimento das minhas movimentações, eu aterrava e descolava de qualquer Unidade sem que ninguém percebesse o que me levava ali.
Nas Bases operacionais nunca tive problemas. Mas o Comandante de Nacala não achava nada correcto este meu procedimento e mandou-me prender, sim, prender, por 3 vezes.
Porque eu aterrava e descolava de Nacala sem dar cavaco a ninguém, obedecendo evidentemente às ordens superiores que tinha.
Na 3ª e última vez as ordens eram para voltar a Nampula o mais rápido possível depois de entregar o DO, fosse lá como fosse. Eu que me desenrascasse.
Após a aterragem e com o avião ainda a caminho do Hangar ouvi um avião Nord Atlas a pedir rolagem para descolar para Nampula.
Pela rádio pedi boleia ao Comandante, estacionei o DO na Placa e saí a correr de um avião para o outro. Estive em Nacala 30 metros de corrida… O Comandante da Base se tivesse aviões de caça tinha-nos abatido. E lá me mandou prender pela terceira e última vez…
Estas participações chegavam ao Estado-maior e eram enviadas para o cesto do lixo, sem nenhum comentário ou resposta ao autor dos autos...
Mas as coisas não eram sempre assim tão divertidas.
Num dia de Julho de 1968, como resultado de um RVIS (Reconhecimento visual feito num avião com armamento para utilizar caso o piloto achasse pertinente) um piloto do AB6, Nova Freixo, a voar T6, descobriu junto à fronteiro Norte no rio Rovuma não uma simples palhota mas aquilo que lhe pareceu ser um quartel inteiro!
No cumprimento da sua missão, bombardeia o objectivo. Mas sofre forte reacção antiaérea. Sem consequências graves.
Dias depois na ONU, naquela grande sala que 3 anos depois visitei armado em turista, “aqui discute-se a independência das Portuguese Colonies" disse a guia ao grupo, a Tanzânia queixa-se de ter sido atacada por Portugal na margem do rio Rovuma, a Nor-nordeste de Olivença, Província do Niassa.
E quando se prepara um linchamento ao piloto em causa, aparece um relatório da Pide sobre o sucedido.
Aquilo, o tal aquartelamento, nas margens do rio Rovuma, tinha sido palco, naquele mesmo dia, do II Congresso da Frelimo, com a presença do Eduardo Mondlane e com os jornalistas suecos levados a julgarem que estavam no interior de Moçambique!
Facto deveras extraordinário!

Local do ataque

Na fotografia mais abaixo poderão ver como o desenho da fronteira Norte de Moçambique naquele local não coincide exactamente com o serpentear pronunciado do rio Rovuma. O tal "quartel" ficava a Sul do rio, aparentemente já em Moçambique. Mas a fronteira é ainda um pouco mais para Sul...
O Estado-maior da nossa Força Aérea organiza então uma grande operação para a eliminação de tão grandioso objectivo.
Comanda a operação o malogrado Capitão Mantovani. Um homem afável, respeitado por todos pelas suas qualidades de carácter e humanas. Este muito estimado piloto veio a ser abatido na Guiné, na comissão seguinte, por um míssil russo Strela.
E era vê-los a entrar (4 ou 6 T-6) ao passe de tiro contra o "quartel" e as antiaéreas a contra atacar. Uma guerra como deve ser… de que eu não fiz parte porque andava naquelas secretas funções de “espionagem”.
Felizmente não houve baixas.
Agora vamos lá a ver como aquilo ficou… pensamento de um iluminado.
Sou chamado à ZAC (Zona do Ar Condicionado, vulgo Estado-maior) em Nampula e encarregue de ir lá fotografar tudo. Eles queriam ver tudo. Nunca percebi porquê. Mas a minha função não era fazer perguntas mas sim executar…
As fotografias com a câmara vertical montada no DO, tinham que ser feitas a 3000 pés de altitude e a 90kts de velocidade, fora-me ensinado no início.
Dada a complexidade da situação criada, a queixa da ONU, o Congresso da Frelimo, a dimensão das instalações, fui acompanhado do mais alto especialista em fotografia aérea na altura. Um Tenente que tinha sido abatido num Dacota (DC-3) pouco tempo antes na zona de Mueda.
E lá vamos os três, o tenente, o cabo e eu, guia de marcha com destino "Confidencial", no DO-27, a caminho de Vila Cabral, com destino a Olivença, onde eu nunca tinha ido.
Ali fomos recebidos pelo Alferes Oliveira, Comandante do destacamento e pelo médico, a quem contámos ao que íamos.
O médico tinha uma história interessante: estava um belo dia a fazer um estágio de Medicina em Nova Iorque, ou por ali, quando foi chamado para a Guerra.
E em 48 horas foi recambiado de Times Square para Olivença!
Apesar de saber que as duas últimas operações sobre aquele nosso objectivo tinham sido presenteadas com forte reacção antiaérea, o comandante de Olivença pediu-me para o levar no voo que iriamos fazer ao final do dia seguinte. Por mais que lhe explicasse que iria correr riscos desnecessários, não o consegui demover.
O pior foi depois o médico que também quis ir...
-Ó senhor doutor! 5 pessoas num DO mais o peso da máquina vertical e a falta de espaço, não dá… De todo!
Abreviando, no dia seguinte, 4 de Setembro de 1968, depois de um belo jantar na companhia daqueles simpáticos desterrados em Olivença, uma noite naturalmente mal dormida e um grande mata-bicho (pequeno almoço à moçambicana) lá descolo com a minha tripulação mais os dois inconscientes epegajosos “observadores”…
A pista era grande embora parecesse mais um trilho do Dakar, ao longo de árvores altas.
Não conhecia o local mas pelo briefing que me foi feito em Nampula, não devia ser difícil. Rumo ligeiramente a Nordeste à procura do grande rio que faz fronteira com a Tanzânia, num local onde ele é bastante largo e com algumas curvas.

Zona do objectivo, a Norte da Fronteira

-É ali! Só pode ser ali.

Reconheci imediatamente o meu objectivo, ainda a cinco minutos de voo.
E lá estão os aquartelamentos, que avistei de bem longe. Fiz uma volta a 90º para a direita para Este, a Sul do rio, afastado umas 2 a 3 milhas e segui em frente.
Para despistar. Achava eu.
Deve ter sido nesse momento que eles foram para as antiaéreas…
Umas 5 milhas depois fiz uma volta á esquerda, de 180º. Voltei assim para trás. Exactamente em direcção ao objectivo. A 3000 pés de altitude e a 90 kts, seguindo exactamente o procedimento recomendado.
Apontado ao pôr-do-sol que olhava para mim e abanava a cabeça como quem critica uma traquinice a uma criança:
- Gabriel, Gabriel…
O Tenente ao meu lado seguia atentamente a manobra para que fossem rigorosamente cumpridos os necessários parâmetros técnicos de funcionamento da máquina fotográfica fixada ao avião de modo a que se captassem com precisão as fiadas de mapeamento fotográfico daquele tão importante objectivo.
E eu tinha que apresentar aquelas provas do cumprimento do objectivo fixado.
Nessa altura eu era dos poucos pilotos que voava de capacete e cintos de peito no DO-27. Resquícios da disciplina da Esquadra 51 dos F-86…
No momento exacto e com a anuência do Tenente especializado ao meu lado, fiz sinal ao meu fiel companheiro cabo para accionar a máquina fotográfica vertical e começámos então a colher as imagens.
À medida que o "quartel" lá em baixo ia desaparecendo debaixo do nariz do avião, o silêncio entre nós foi-se tornando bastante pesado. Todos queríamos continuar a ouvir aquele silêncio por mais um minuto ou dois, pelo menos. Mas…
Trás!
O tenente da fotografia, que ia ao meu lado, desata aos gritos:
-Já comemos! Já comemos! Já comemos!
Não esqueçam que este camarada tinha sido abatido pouco tempo antes num Dacota em Mueda exactamente numa sessão de fotografia aérea.
Eu bem ouvi o que pouco depois me pareceu ser o embate de um projéctil com um muito ligeiro estremecimento do avião, mas estava concentrado na manobra e tentei acalmá-lo, mantendo o avião em linha de voo, o mais estável possível e disse-lhe:
-Já comemos o quê?!
Nesse mesmo instante comecei a ouvir, apesar do uso do capacete e dos 3000 pés de altitude sobre o terreno, um forte “bang” contínuo e ritmado.
Bang! Bang! Bang! Bang!

-Pica! Pica! Pica! Gritava o tenente.
Meto a manete do motor a fundo, volto à esquerda para Sul, desço só ligeiramente para aumentar a velocidade e inicio então manobras de diversão com voltas à esquerda e á direita.
Pareceu-me que se picasse o avião, não alteraria grandemente a minha qualidade de alvo privilegiado.
4 ou 5 apertados “S”s depois, os “bang!” deixaram finalmente de se ouvir…
A tensão a bordo era enooorme...
Como estariam os meus “destemidos” companheiros lá atrás?
Quando me volto pela direita vejo o pobre Cabo Especialista completamente manietado pelo médico, fortemente abraçado a ele, refugiado entre os seus braços, ambos de pé e sem fala, o cabo a tentar equilibrar-se, agarrado ao que podia. O Alferes Oliveira parecia tranquilo, sentado, à espera que o médico e o cabo se desenvencilhassem mutuamente…
Depois de tudo acalmar pedi ao cabo que levantasse a lona do fundo do avião e no meio do escuro da fuselagem conseguimos ver vários buracos lá no fundo da fuselagem, junto à cauda do avião, por onde entrava a luz exterior…
E lá fomos para Olivença, dever cumprido, sem feridos, a não ser a carcaça do nosso DO um tanto ou quanto esburacada.
Já no chão, encontrámos um projéctil de grosso calibre - 20mm – firmemente encastrado, exactamente no topo da asa direita. Os outros, os dos buracos, perdemo-los…

O Alferes Oliveira mostra alguns buracos na fuselagem do DO-27

Reabastecimento antes da partida de Olivença

Nunca mais vi ninguém desta “equipa” a não ser o meu camarada cabo especialista que me aturou até ao fim desta minha tarefa com o DO da fotografia. Felizmente foram só 3 meses ao todo. Mas que me pareceram uma eternidade.
Mas trinta anos depois...
No Clube Naval de Olhão, numa mesa com alguns amigos e outros ilustres desconhecidos da Cidade da Restauração que me acolhe desde essa altura, um dos que não conhecia olha para mim e pergunta-me:
-Ouça lá, nós não nos conhecemos?
Ideia nenhuma…
Depois de alguns momentos as nossas caras eram-nos de algum modo familiares. É daqui, é dali, de onde será?
-Você esteve aqui, ali?
E de repente caímos nos braços um do outro!
O Alferes Oliveira, Comandante do destacamento de Olivença, estava ali! Á minha frente no Clube Naval de Olhão! Distinto Médico Veterinário em Faro. Trinta anos depois!
Foi simplesmente emocionante…
Levei anos a lamentar-me por não ter nenhum documento do sucedido. Ainda por cima com tanta máquina fotográfica no avião.
O Alferes Oliveira tinha tirado uma série de fotografias depois da aterragem, a apontar para os buracos na fuselagem, agora sorridente, fotografias que hoje fazem parte das minhas fotos de exposição permanente, na minha secretária.
Hoje em dia Olivença chama-se Lupilichi.
É uma vila na província do Niassa a Noroeste de Moçambique.
Fica aproximadamente a 25 km a sul da Tanzânia.
Nesta área existem reservas de ouro que em 1955 se pensa que 13 toneladas de depósitos de aluvião de pepitas foram ilegalmente exploradas pelo Zaire, Tanzânia e Quénia.
Já depois de ter publicado esta história li no livro " Os Anos da Guerra Colonial" dos Coronéis Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, pág 459/460, que o II Congresso da Frelimo se realizou realmente, entre os dias 20 e 25 de Julho de 1968, mas…
Em Matchedje, a cerca de 50km a Este do local dos acontecimentos bélicos desta história.

O II Congresso realizou-se em Matchedje, a seta castanha à direita e não no círculo ao centro da imagem, onde tiveram lugar as operações com os nossos aviões

De acordo com Joaquim Chissano, num discurso em Quelimane feito a 11 de Novembro de 2006 durante a cerimónia de homenagem aos heróis da luta de libertação que antecedeu o início do IX Congresso da Frelimo, "o II Congresso constitui a fonte de inspiração até à actualidade, sendo por isso que o considero um marco importante e ponto de reflexão para as gerações vindouras".

Mesa da presidência do II Congresso da Frelimo em Matchedje, Julho de 1968.


Monumento aos heróis, em Matchedje.

Monumento aos heróis, em Matchedje, pormenor.

*3 fotografias publicada no livro " Os Anos da Guerra Colonial"

Se calhar… o “nosso” Congresso da Frelimo era afinal um posto avançado do Exército da Tanzânia.
Não demos cabo do Congresso mas pelo menos demos um aviso a quem ajudava abertamente o nosso inimigo de então.
Coisas das guerras e de espiões...

ÚLTIMA - 4 EDIFICIOS DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS CONFISCADOS NO DUBAI

Este é o segundo caso nos EMIRADOS ÁRABES UNIDOS do Presidente Angolano, depois de as autoridades locais terem confiscado os 4 edifícios arranhas-cêus no Dubai, desta vez é um HOTEL DE 5 ESTRELAS EM ABU DHABI.

Estes 4 edifícios foram construídos no Dubai e são propriedade de Eduardo dos Santos, fazem parte deles: escritórios, lojas e apartamentos em aluguer.

Foto: BBC

Neste momento estão encerrados porque o sheikh Mohammed o príncipe do Dubai, não aceitou que um presidente tenha um investimento desses na sua terra, segundo ele assim estaria a fazer pacto com os corruptos que desgraçam os seus povos, só é permitido no Dubai comprar um apartamento de t3 ou alugar uma mansão por 5 anos no máximo.

Este Hotel confiscado foi construído em nome da Empresária de 27 anos sobrinha do Chefe da casa militar da República de Angola. Como existe um processo top secreto de investigação dos Homens de Negócios Africanos no Médio Oriente em conexão com o F.B.I, esta empresária cai no sistema.

Foram feitas investigações nos dossiers da firma proprietária do Hotel consta os nomes de J.E. Santos como sendo um accionista com 75%, 15% H.V. Kopelipa e 10% a sobrinha do Kopelipa amante do J.E.Santos; dai as actividades do Hotel foram encerradas.

O ARCO DA GOVERNAÇÃO

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 22/01/2018)

arco_gov

Um dos conceitos mais absurdos da democracia portuguesa, para além do irritante “bloco central” que chega a incluir os extremistas do CDS, é o de arco da governação. Por "arco da governação" deve entender-se os partidos que podem participar no governo. Isto é, quase 20% dos portugueses devem ser ignorados porque votam em partidos que alguém que não se sabe quem considera que esses partidos devem estar excluídos do poder.

Seria interessante tentar perceber, por exemplo, porque razão o BE é considerado de extrema-esquerda e mesmo à esquerda do PCP, enquanto o CDS é tratado quase como um partido do centro. Nenhuma posição do BE é mais extremista do que as defendidas pelo CDS, em quase todas as matérias, incluindo os famosos temas fraturantes as posições do BE e do CDS são praticamente simétricas. Um é sempre pelos valores da Santa Madre Igreja e o outro não, uns defendem sempre os trabalhadores no pressuposto de que estes estão bem quando os patrões estiverem ainda melhor, o outro defende o contrário.

Em relação ao PCP a direita pode usar o seu programa como argumento, poderão, por exemplo, dizer que o PCP defende a ditadura do proletariado. Mas a verdade é que essa ditadura está para Jerónimo de Sousa como o Céu está para a Assunção Cristas, os dois defendem os seus paraísos ainda que nenhum dos dois acredite neles. De resto, o atual governo provou que o BE e o PCP conseguem ser tão “responsáveis” como qualquer outro partido, aliás, se recordarmos o OE e a desvalorização do escudo no tempo de Cavaco Silva era o PSD que devia estar fora do “arco da governação”.

Nunca um governo foi tão rigoroso como o atual e tirando os momentos de orgia da austeridade de Passos Coelho e Paulo Portas, poderíamos dizer que nunca um governo foi voluntariamente tão austero quanto o atual. Nunca um governo adotou a austeridade como política orçamental, conseguindo de forma continuada défices orçamentais ainda mais reduzidos do que os previstos.

Não se entende tanta necessidade de consensos para algumas decisões, como se apenas alguns partidos, os do famoso “arco da governação” contassem. Aliás, quando a direita governa, como diria a Cristas quando o governo é das direitas ninguém sente grande falta de consensos ou, como sucedeu com Passos Coelho, o consenso era entendido como uma mera concordância por parte de Seguro em relação às decisões do governo.

Não faz qualquer sentido falar em consensos, algo que é uma originalidade da política portuguesa e de que só se fala quando a direita não governa, não admirando que seja agora um Presidente de direita a erguer a bandeira dos consensos. O que o país precisa é de bons governos e devem ser os governos a governar pensando em todos os portugueses e não apenas nos interesses de que se sentem representantes.

Com o fim do "arco da governação" acabou a regras não escrita dos consensos para decisões em que a Constituição não exige qualquer maioria qualificada.

Entre as brumas da memória


Dica (701)

Posted: 22 Jan 2018 12:54 PM PST

The High Cost of Denying Class War (Yanis Varoufakis)

«The rise of populism on both sides of the Atlantic is being investigated psychoanalytically, culturally, anthropologically, aesthetically, and of course in terms of identity politics. The only angle left unexplored is the one that holds the key to understanding what is going on: the unceasing class war waged against the poor since the late 1970s.»

.

If you live in America

Posted: 22 Jan 2018 08:53 AM PST

.

Afinal, vivemos no paraíso e não sabíamos

Posted: 22 Jan 2018 05:54 AM PST

Portugal, los nórdicos del sur de Europa.

É ler o texto e agradecer o exagero aos deuses galegos.
.

22.01.1961 – O dia em que o Santa Maria foi assaltado por «piratas»

Posted: 22 Jan 2018 03:05 AM PST

Em 22 de Janeiro de 1961, algures no mar das Caraíbas, 12 portugueses e 11 espanhóis, comandados por Henrique Galvão, assaltaram um navio em que viajavam cerca de 1.000 pessoas, entre passageiros e tripulantes, e protagonizaram aquela que foi, muito provavelmente, a mais espectacular das acções contra a ditadura de Salazar.

Mesmo sem atingirem os objectivos definidos – chegar a Luanda, dominar Angola e aí instalar um governo provisório que acabasse por derrubar as ditaduras na península ibérica – conseguiram chamar a atenção do mundo inteiro que noticiou, com estrondo, a primeira captura de um navio por razões políticas, no século XX. (Em Portugal, julgo que as primeiras notícias só foram publicadas no dia 24!)

Os aliados da NATO não reagiram como Salazar pretendia ao acto de «pirataria» e só cinco dias mais tarde é que a esquadra naval americana localizou o navio. Depois de várias peripécias e negociações, o Santa Maria chegou ao Recife em 2 de Fevereiro e os revolucionários receberam asilo político.

Volto à questão da repercussão internacional, que foi muito grande, porque a vivi pessoalmente. Estudava então em Lovaina, na Bélgica, e acordaram-me às primeiras horas da manhã para me dizerem que um navio português tinha sido assaltado por piratas, em pleno alto mar. Entre a perplexidade generalizada e o gozo («ces portugais!…»), os poucos portugueses que então lá estudávamos passámos horas colados a roufenhos aparelhos de rádio, sem conseguirmos perceber, durante parte do dia, o que estava concretamente em jogo, já que não eram identificados os piratas nem explicados os motivos da aparatosa aventura. Quando, já bem tarde, foi referido o nome de Henrique Galvão, e descrito o carácter político dos factos, respirámos fundo e pudemos finalmente dar explicações aos nossos colegas das mais variadas nacionalidades. Houve festa e brindou-se à queda da ditadura em Portugal – para nós iminente a partir daquele momento, sem qualquer espaço para dúvidas...

A ditadura não caiu mas levou um abanão. O assalto ao Santa Maria foi o pontapé de saída de um annus horribilis para Salazar, ano que iria terminar com a anexação de Goa, Damão e Diu. (Pelo meio, em Fevereiro, começou a guerra colonial...)

Vivemos hoje numa outra galáxia, tudo isto parece quixotesco e irreal? Mas não foi.: Henrique Galvão, Camilo Mortágua e companheiros foram «os nossos heróis» daquele início da década de 60.

A ler: O desvio do Santa Maria e o princípio da Guerra do Ultramar.