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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Ladrões de Bicicletas


A globalização não é um dado da Natureza

Posted: 25 Jan 2018 04:31 PM PST

Há quem julgue que o capital produtivo não tem pátria e que muda de país com muita facilidade ao menor sinal de que o governo vai diminuir a desigualdade na distribuição do rendimento. Mas não é assim. Os estudos de Ha-Joon-Chang documentam que alguns países infractores das regras do Consenso de Washington, as que definiram os contornos da globalização económica e financeira a partir dos anos 80, conseguiram desenvolver-se. Pelo contrário, os que foram "ajudados" pelo FMI e pelo Banco Mundial e tiveram que se submeter à cartilha neoliberal, tiveram taxas de crescimento muitíssimo inferiores às do período de 1960-80.

Bravo, Centeno?

Posted: 25 Jan 2018 07:00 AM PST

A primeira reunião do chamado Eurogrupo, dirigirida pelo chamado Presidente, Mário Centeno, foi resumida por uma imprensa extasiada através da replicação do comentário de Moscovici: “bravo, Centeno”;  seguem-se golos, Ronaldo, etc.
Os centenistas lá tentam dar alguma substância à propaganda. Rui Tavares, por exemplo, alardeia o facto de Centeno ter anunciado que estão abertas as negociações para um alívio da dívida grega. Lendo a última declaração do chamado Eurogrupo sobre a Grécia constatamos referências vagas a “medidas de alívio da dívida, se necessário”, mas só depois da conclusão formal do programa punitivo da troika. A pressão é a mesma de sempre. E o governo grego lá vai obedecendo.
E lendo a penúltima declaração sobre a Grécia, na anterior presidência, “a das mulheres e dos copos”, do chamado Eurogrupo, constatamos que a referência vaga a “medidas de alívio da dívida” já lá estava. Não há grande novidade, portanto, apenas o efeito da passagem do tempo depois do esmagamento, em 2015, do que podia ter sido novo.
Já agora, lembro o que escrevi aqui sobre este tema, em resposta a Tavares, em Maio de 2016:
E depois há o alívio da dívida grega, agora prometido lá para 2018, numa discussão envolvendo apenas os credores, com o governo grego a assistir: o que não pode ser pago, não será pago, claro, e até já sabemos isso de anterior reestruturação grega [a de 2012, lembram-se?]. Mas as condições da próxima reestruturação serão igualmente definidas pelos credores, nos seus tempos e nos seus interesses, o que é muito diferente de uma reestruturação liderada pelo devedor, que exigiria rupturas com esta ordem monetária europeia, facto hoje conhecido. A dívida é um instrumento para impor conformidade com esta ordem monetária pós-democrática. O governo grego conformou-se. Isto parece ser também razoavelmente factual.
Agora, pode acrescentar-se o seguinte: é também preciso que mude o pessoal euro-liberal que toca o sininho para que a ordem continue na mesma.

Coisas da ciência*

Eduardo Louro

  • 26.01.18

Resultado de imagem para cromossoma y

Não foi notícia de abertura de telejornais, nem capa de jornal. Mas foi notícia, num destes últimos dias, mesmo que possa ter passado despercebida à grande maioria das pessoas.

O título dificilmente poderia ser mais bombástico, ao dizer que “os homens vão acabar”. Logo a seguir, um subtítulo mais esclarecedor: “o sexo masculino tem os dias contados”.

Ninguém resistiria a isto. Tinha mesmo de se ler tudo. Falava de um estudo de investigadores da Universidade de Kent, no Reino Unido. Novo, novinho em folha, que conclui que está a ocorrer de forma notória uma crescente falta do cromossoma y. Que, como se sabe, é o que contém a genética masculina.

Não ficavam dúvidas a estes cientistas: se o cromossoma está a desaparecer, e se é dele que se fazem homens, os homens vão desaparecer. Até aqui, percebia-se. Não se percebia bem era como é que, desaparecendo os homens, não desapareceriam também as mulheres.

Era preciso chegar mesmo ao fim da notícia. No fim, bem no fim, lá estava a explicação que faltava: o estudo revelava que é um processo que vai demorar 4 milhões e meio de anos!

Notável!

Estes cientistas são fantásticos, as conclusões a que são capazes de chegar. Daqui a 4 milhões e meio de anos, não há mais cromossomas y. Por isso é que eles nem se preocuparam com as mulheres. Nem com ninguém que os possa desmentir!

Têm cada uma, estes cientistas…

Deviam ter sido homens de vestido curto e saltos altos, isso é que era

por vitorcunha

O Financial Times, talvez para não ficar fora do grande comboio da indignação do momento, decidiu infiltrar duas jovens particularmente parvas, como que dotadas de uma inocência que nem Julieta aos 13 anos conseguiria ter, num evento londrino que pode ser descrito, na sua forma mais sucinta e precisa, como boys will be boys. Pois, parece que o Financial Times descobriu agora, assim como aquela parte do mundo que acha que os outros são parvos, que homens tendem a sentirem-se atraídos e são atrevidos com mulheres bonitas com vestidos curtos e saltos altos. O choque, o horror, o que diria a nossa avó§?!

Como nada disto tem ponta por onde se pegue e é mais demonstrativo da terrível falência da “tão necessária” educação sexual escolar, deixo-vos uma imagem tipo das que ninguém se incomoda que circule, que isto de usar a beleza feminina já foi chão que deu uvas e agora dá é delação e humilhação pública.

Hot-Cristiano-Ronaldo-Pictures


§ É melhor não se perguntar à avó, a resposta “tivesse eu o corpinho que tinha em 1940” poderá chocar com os soluços juvenis do mundo contemporâneo.

Maquinista de comboio da CP engana-se na estação e faz marcha-atrás

Maquinista de comboio da CP engana-se na estação e faz marcha-atrás

JORNAL I

25/01/2018 13:52

Comboio devia ter parado em Ovar para deixar vários passageiros que tinham pago pela viagem.

O maquinista de um comboio intercidades da CP – Comboios de Portugal  - estava a fazer uma viagem de Lisboa para Braga, esta quinta-feira de manhã, quando se apercebeu que se tinha enganado na paragem, e realizou uma manobra, no mínimo insólita, mas também perigosa.

O comboio devia ter parado em Ovar,  mas acabou por se esquecer dessa paragem e seguiu caminho. No entanto, os passageiros que deviam ter saído nessa estação ficaram confusos, até que se aperceberam que o comboio estava a fazer marcha-atrás, numa manobra que durou cerca de três minutos.

Os acordos para a (in)Justiça


por estatuadesal

(Joseph Praetorius, in Facebook, 26/01/2018)
prae2Joseph Praetorius
Estive a ver o documento divulgado pela ASJP dos “acordos para o sistema de justiça” concluídos entre a ordem dos advogados (!) a coisa dos agentes de execução, o sindicato dos funcionários judiciais e o dos juízes, mais a gente do Ventinhas.
É inenarrável, aquilo.
É a Economia concebida pelo sucateiro, a Justiça pelo polícia, a execução pelo cobrador e o apoio judiciário pelo funcionário asilar.
É também, evidentemente, uma reivindicação de meios, meios e meios, sem que ninguém reivindique a presença de algumas cabeças capazes de raciocinar, de alguma boa vontade capaz de operar, de alguma normalidade capaz de eficácia.
Propõem, por exemplo, a caça à sociedade comercial infirme para lhe precipitarem a insolvência, a perseguição (penal) do administrador que aposte na recuperação, o levantamento informativo, policial e geral do património do devedor.
Isto numa terra onde se nasce devedor, onde o devedor é animalizado, onde o crédito substitui usurariamente o pagamento devido ao trabalho, como uma exploração mais - que fabrica devedores - e onde o desempregado é alvo de medidas de segurança como a apresentação periódica, só exigível aos presumidos delinquentes (a presunção de inocência é figura de retórica), para além, evidentemente, de ser, como devedor, livremente saqueável em execução e atirável para o estatuto de insolvente a qualquer momento…
Fiquei sem dúvidas quanto ao facto indesmentível da grosseria do sistema ser estritamente imputável à gente grosseira que nele se aboletou e em roda livre opera, constituindo um perigo gravíssimo para a população de quem está completamente dissociada e à qual nenhum amor a vincula.
É a vacuidade moral na sua mais aterradora expressão. Mas a vacuidade moral caracteriza o lumpen. De tais cabeçorras e tais guantes só sai e só pode sair a desgraça. É o fim da colmeia dos funcionalismos. Desaparecida a abelha mestra, algumas obreiras alteraram a alimentação e o abdómen chegando em alguns casos a pôr ovos. Mas desses ovos só saem os estéreis zangãos.
A assinatura daquilo por Guilherme Figueiredo em nome da Ordem dos Advogados, sem que aos advogados tenha sido dada qualquer hipótese de qualquer discussão, deixa-me sem fala.
As pessoas normais não estão a fazer nada entre tal gente.
O apelo a tais fenómenos para que produzissem tal coisa, vindo de Marcello II, traduz obviamente a incapacidade radical do inteiro leque partidário para dirigir, conceber, exigir ou decretar qualquer solução.
O Direito foi expulso do sistema e não tem porta-vozes audíveis.
O silêncio da esquerda e da direita diante de tal coisa, significa, evidentemente, que não há esquerda nem direita operantes.
Meus caros amigos, lamento informar-vos que só resta a ruptura radical em nome do Direito. Isto é, resta a Revolução e a sua direcção será revelada pela crise, que aqui nenhuma estrutura existe, nem há alguém que se conheça capaz de assumir tal tarefa.
Vão-se habituando à ideia. É o que há de mais certo.