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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

"Espanha atrasou adesão de Portugal à CEE"

Felipe González liderou o governo de Espanha entre 1982 e 1996

  |  REUTERS

O antigo presidente do governo de Madrid Felipe González afirmou hoje que foram os espanhóis que impediram durante anos a adesão de Portugal à então CEE.

Felipe González falava na cerimónia de inauguração da Sala Mário Soares no Parlamento Europeu, em Bruxelas, tendo afirmado que "Portugal tinha acabado o seu processo de negociação" e estava preparado para entrar graças ao trabalho de "um grande europeísta", como Mário Soares. Porém, "Portugal atrasou-se por culpa de Espanha" disse, lembrando que "Espanha punha mais problemas e atrasava o processo, enquanto Portugal esperava desnecessariamente". Mas, em Bruxelas diziam "vão entrar os dois países ibéricos juntos". E entraram, em 1986.

González considerou também que a Europa em que Soares acreditava ainda está por construir, pois "a economia financiada da globalização tem um problema de sustentabilidade, se não corrige a desigualdade na repartição das receitas".

O homem que chefiou o governo de Madrid entre 1982 e 1996 considera que a Europa vive hoje um momento de acalmia, tendo em conta alguma da recuperação da economia, mas entende que é preciso refletir sobre o que diria Soares, sobre o momento atual.

"Os que nos sentimos próximos do que significa e significou esta sala Mário Soares não podemos considerar superada a crise, até que as feridas de desigualdade, que esta crise deixou na Europa e no mundo não estejam saradas de maneira justa, de acordo com o espírito europeu", disse.

A cerimónia contou com a presença dos filhos de Mário Soares e a do primeiro-ministro, António Costa, que destacou o papel de Soares na construção de uma Europa democrática, considerando-se merecedor da distinção de ter o nome perpetuado, na casa da democracia, entre o de outros históricos da Europa.

"Com esta homenagem que aqui prestamos hoje, o nome de Mário Soares junta-se merecidamente no Parlamento Europeu, aos nomes de outros europeus ilustres como [Konrad] Adenauer, Altiero Spinelli, Willy Brandt, Simone Weil, de alguns dos quais ele foi pessoalmente amigo", recordou António Costa.

Bruxelas

Paulo Morais revela destino dos 3 mil milhões do BES

Paulo Morais revela destino dos 3 mil milhões do BES

● Portugal Glorioso  ● 21:50


Uma das principais causas da derrocada do BES Portugal resulta de um enorme desvio de capitais para Angola, da ordem dos três mil milhões euros. E qual foi o destino desse dinheiro? Evaporou-se? O antigo presidente do BES Angola disse que não sabia onde estava o dinheiro o que é, no mínimo estranho, porque nos bancos há papeis, há registos. Mas então, para onde é que foi esse dinheiro? Foi, essencialmente, para a elite do MPLA:dirigentes políticos angolanos, numa lista interminável encabeçada por um crédito de 800 milhões de dólares autorizado a Marta dos Santos, irmã do presidente.
Tudo empréstimos sem garantia.
Os membros do comité central do MPLA receberam empréstimos sem garantia, aproximadamente, da ordem dos 10 milhões de dólares cada um. O mais curioso, é que há um General a quem pedem o dinheiro de volta, ele tem o descaramento de dizer: "eu pensei que isto era oferecido". E de facto, é oferecido porque não há garantias. Foi tudo aos milhões! Foi um fartar, vilanagem!
Mas há algo ainda mais dramático que é: parte das compras que as elites angolanas fizeram em Portugal foram feitas, não com dinheiro que vinha de Angola, mas com dinheiro dos depositantes do BES. Isto é completamente imoral para quem foi depositante do BES: saber que, aqui bem perto em Aveiras de Cima, há uma propriedade dos filhos de Eduardo dos Santos que foi comprada, não com dinheiro do petróleo angolano, mas com dinheiro dos depositantes do BES.

Questões mais ou menos triviais


Questões mais ou menos triviais

Posted: 01 Feb 2018 01:00 AM PST

A nova suspeita de que há decisões judiciais que são comprada e vendidas é potencialmente a enésima ilustração de uma velha ideia bem actual, mas talvez trivial, de economia moral, segundo a qual para que haja uma esfera mercantil em que os preços moldam os comportamentos é absolutamente necessário que haja esferas onde os preços o não fazem, sendo recusados.
O que talvez seja menos trivial é a ideia, da tradição crítica da economia moral, enquanto área que cruza história, economia ou filosofia políticas, segunda a qual a esfera mercantil pode em certas circunstâncias políticas, típicas por exemplo da época histórica neoliberal onde o dinheiro é incensado, corroer os valores, as instituições e as práticas não-mercantis, tornando tudo tudo mais indecente e disfuncional: dos perigos da hegemonia da mentalidade de mercado, denunciados por Karl Polanyi nos anos quarenta aos riscos dos mercados em expansão não conhecerem limites morais, denunciados mais recentemente por Michael Sandel.
De resto, as sociedades mais desiguais, onde o poder do dinheiro está mais concentrado, têm uma maior propensão para corromper indivíduos e instituições, para fazer desaparecer uma necessária separação de esferas. Complementando um historiador desta tradição, em livro acabado de sair, o problema da desigualdade económica não pode ser apenas visto pelo prisma mais ou menos utilitarista da distribuição de rendimentos de baixo para cima ou de cima para baixo entre indivíduos que cuidam do seu interesse próprio definido de forma estreita. Também tem de ser colocado no contexto dos seus efeitos numa comunidade, nos hábitos, e logo no carácter, favorecidos. Nada é neutro no capitalismo.

O código saiu pela culatra

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Sérgio Barreto Costa

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Logo na sequência de abertura do filme Os Salteadores da Arca Perdida, Indiana Jones, depois de recuperar o ídolo de ouro das mãos do guia que o traíra, é perseguido por uma gigante bola de pedra da qual tem de fugir a toda a velocidade por forma a não ser implacavelmente esmagado. Havendo algum fundo de verdade nas abordagens psicanalíticas de Freud, Jung e outros, e eu julgo que há, é extremamente provável que, ultimamente, o ministro das finanças Mário Centeno ande a acordar a meio da noite, ensopado em suor, depois de ser assombrado por pesadelos que o colocam nessa correria febril à frente do monólito redondo, desempenhando o papel que, na fita, era de Harrison Ford.

Ser esmagado por uma bola, mesmo que de futebol, como é o caso que tem enchido as páginas dos jornais, não é um fenómeno raro no nosso país. Ainda há pouco tempo, por causa de uns jogos da Selecção Nacional no Campeonato da Europa, três secretários de Estado foram obrigados a arrumar a secretária e a mudar de vida, levando o Governo a, posteriormente, aprovar um código de conduta ligeiramente pueril e beatinho que proíbe os seus membros de aceitarem qualquer oferta de valor superior a 150 euros. Mas agora que Centeno, a estrela da companhia, teve a infeliz ideia de pedir uns bilhetes para ir ver o Benfica, o moralismo deixou de ser conveniente e de todo o lado surgem as mais divertidas interpretações do referido código.

De todas essas interpretações, a minha preferida, de longe, é a “teoria do não está à venda”. Como o ministro solicitou lugares na tribuna presidencial, que não são comercializados nas bilheteiras, dizem ser impossível fazer o enquadramento do limite dos 150 euros. Ficamos assim a saber que se a Gulbenkian oferecer ao secretário de Estado da Cultura um daqueles pósteres dos cães a jogar bilhar encaixilhado numa moldura bonita, este está tramado; no entanto, se no lugar dos simpáticos canídeos a Fundação lhe der um dos Amadeo de Souza-Cardoso da colecção, já não há qualquer problema, uma vez que as telas do famoso modernista não estão disponíveis no mercado.

Miguel Sousa Tavares, defendendo Mário Centeno no seu comentário televisivo, afirmou que, por causa deste tipo de exigências, qualquer dia ninguém quer governar Portugal. Não podia estar mais de acordo com o comentador. É uma observação tremendamente perspicaz e basta analisar o que se passou nas últimas legislativas para a confirmar. Neste país, o desapego ao poder é já tão grande, que foi preciso ir pedir encarecidamente ao 2º partido mais votado nas eleições que fizesse o sacrifício de assumir as funções executivas, sob pena de ficarmos para sempre numa situação de sede vacante. Felizmente para todos, António Costa, num bonito acto de abnegação, sacrificou a confortável reforma antecipada que o esperava, e acolheu as súplicas em prol da felicidade da nação. Assim sendo, é de toda a justiça que não o incomodemos muito com os aborrecidos diplomas legais que ele próprio elaborou.

SÁTIRA POLÍTICA DE REGRESSO AO DESFILE DO “REI DO CARNAVAL DE OVAR”

Rubrica Reportagem | Fevereiro 1, 2018  |  Sem comentários

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O tradicional desfile da chegada do casal de Reis do Carnaval de Ovar que no domingo (dia 28) mobilizou muitas centenas dos foliões que integram os grupos carnavalescos, passar eles e escolas de samba, foi marcado por muita sátira política, como um regresso inevitável no atual quadro de polémicas nacionais em que Ovar tem estado no centro das atenções.

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Como no Carnaval ninguém leva a mal e logo a seguir à encenação carnavalesca do Axu-Mal com “As sete maravilhas”, em que se propunha concorrer com “o nosso pão com chouriço”. O desafio do Axu-Mal, com muita farinha pelo ar, não foi suficiente para esbater a sátira das piadas coletivas sobre as polémicas públicas que a comunicação social tem investigado e divulgado a propósito do autarca ovarense.

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José Lopes

(texto e fotos)

Na piada “Rio (em) Grande” do grupo carnavalesco Vampiros, a abordagem do tema era bastante claro. “Nas autárquicas fui master / Ganhar foi canja / Quero lá saber do Caster / Agora navego no Rio Laranja” e outro acrescentava, “Neste Rio Grande de dueto / A malta não se safa mal / Nas coisas de Ovar já nem me meto / Só cá vim para o Carnaval”. Nesta encenação dos Vampiros destacava-se um personagem de Rui Rio e Salvador Malheiro com vasta comitiva, seguidos por personagens de pescadores exibindo “Rua dos Pescadores” e “cartão militante”, com referencias a, “Esta Banda está a evoluir / E já se transporta em Carrinha / Na hora de Agir / Lixou-se o homem da raspadinha”.

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O mesmo tema foi desenvolvido carnavalescamente pelo grupo Marroquinos com o titulo “À Boleia de lá para cá, de cá para lá!”, dizendo, “Eu não sei ler nem escrever / Só vim aqui pra passear / Vou lá acima meter o dedo / E uns euritos amealhar”. Nos elementos desta piada desfilava ainda, transportes “mealheiro” com bandeirinhas laranja, concluindo, “Anda tudo muito calmo / Mas está na hora de Agir / Se esta m…. der pró torto / Vamos é vê-los a fugir!”.

Já os Xáxas optaram pelas “Cabras Sapadoras”, com pastores e bombeiros que reclamavam, “Vejam só com atenção / Tamanho despudor / Trocar o Bombeiro Voluntário / Por um animal Sapador”.

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No desfile intercalado pelas sambistas e baterias das respetivas escolas de samba, os grupos carnavalescos que vêm assegurando a preservação das piadas coletivas nesta mostra popular do Carnaval de Ovar, animavam o público com vários outros temas, incluindo os locais, como os Hippes que este ano assinalam os seus 50 anos e apresentaram a piada “As 7 merdabilhas vareiras”, através da qual premiavam as “7 merdabilhas do nosso território de emoções”, como, o estado atual do Cine-Teatro “revestido” a chapa ou a “Reserva urbana de pombas”.

Carnavalescamente bem conseguida esteve a prestação dos Pinguins, com “Descubra as Diferenças”, em que satirizaram o país de contrastes, entre a qualidade de vida proporcionada a reformados nacionais e estrangeiros, fazendo-se acompanhar por uma urna com a mensagem “vai para fora cá dentro”. Assim com a marca da folia que este grupo carnavalesco veterano já habituou o Carnaval de Ovar, encenaram, “Reformados estrangeiros / Com qualidade de vida / Já para os portugueses / A coisa tá meia f…..”. Foi uma autêntica representação teatral assumida pelos Pinguins, em personagens de turistas estrangeiros cheios de vida e os idosos portugueses com as mais diversas dificuldades de um resto de vida com qualidade.

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Para encerrar este desfile com toda a sua sátira politica e local, os Reis do Carnaval de Ovar, Sua Alteza – O Rei D. João “O Afetuoso” e Sua Alteza – A Rainha D. Ângela “A Raríssima”, faziam-se transportar numa carroça puxados por dois cavalos, que os deixou na Praça da República em que eram aguardados pelos foliões e pelos autarcas que os receberam e entregaram a “chave” da cidade para o reinado do Carnaval de Ovar. Um momento em que é sempre aguardado o discurso do Rei que sintetiza várias das inquietações dos foliões.

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O trono deste reinado do Carnaval de Ovar tem como monarcas um casal de foliões, que representam justamente as gerações de foliões dos anos 50 e 60, como são o caso, do João Carlos Santos, o carismático elemento dos Pinguins, João Cachimbó, o Rei Momo D. João “O Afetuoso” e Ângela Liz, a Rainha D. Ângela “A Raríssima” que chegou a desfilar nos Ratos Mickey, Condores, Zuzucas e nas passerelles Palhacinhas.

Classificações das Piadas Coletivas

1.º Pinguins – Descubra as Diferenças

2.º Hippies – As sete merdabilhas vareiras

3.º (ex aequo) Marroquinos – À Boleia, de lá para cá, de cá para lá

3.º (ex aequo) Zuzucas – SuperNando

5.º Vampiros – Rio (em) Grande

6.º Garimpeiros – A nova Heroína

7.º Condores

8.º Catitas

9.º Xáxas – Cabras Sapadores