Translate

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Rogério Alves: "Fiquei absolutamente perplexo com a escolha de Elina Fraga"

Entrevista DN/TSF ao advogado Rogério Alves

Vamos começar pela questão de fundo que o país voltou a discutir: a justiça precisa de uma reforma, ou isto é um chavão já gasto?

É um chavão e é uma verdade. E porque é que é um chavão? As pessoas dizem: o país precisa de uma reforma da Justiça. Está bem, mas uma reforma em que sentido e para fazer o quê? Qual é a reforma da justiça em que o Dr. Rui Rio está a pensar para convidar a Dra. Elina Fraga ou outra pessoa qualquer? Eu digo muitas vezes, até aos meus alunos, que em Portugal temos de abandonar um discurso conceitual. Por exemplo: "Aquele senhor é muito alto", não. É melhor dizer "aquele senhor tem 1,90 metros". Para um dinamarquês será normal, para mim poderá ser alto ou baixo. Ora, primeiro temos de definir a coisa e depois qualificamos a coisa: Em Portugal qualifica-se a coisa sem a definir. Estamos sempre a falar daquilo de que não sabemos estar a falar.

Definindo a coisa, quais são as duas ou três prioridades que deviam ser assumidas numa reforma deste tipo?

Em primeiro lugar, não haveria propriamente uma reforma para a justiça toda. Há desafios dentro da justiça que merecem tratamento especial. Vou falar num de que toda a gente gosta muito, até do ponto de vista mediático: os chamados megaprocessos. O sistema processual de investigação e de julgamento não estava preparado para analisar, por exemplo, a atividade de um banco nos últimos dez anos, e os milhões e milhões de documentos que essa atividade produz. Portanto, acho que a justiça tem de pensar em objetivos específicos para programas específicos. Em segundo lugar, o grande desafio é simplificar. Temos de simplificar e já algumas coisas foram feitas: a introdução do Citius, o envio de peças em sistema informatizado, que agora alastrou a parte do processo penal. Depois, temos de caminhar no sentido do princípio da oportunidade: temos de selecionar dentro de condutas que nos parecem ser criminosas aquelas que são efetivamente mais graves e mais lesivas. Fazer uma reforma da justiça é pensar nisto a sério. Vamos manter o princípio de que o Ministério Público investiga tudo a toda a gente ou vamos selecionar as coisas mais graves e, se for assim, por que critério? Depois, temos de fomentar a prevenção dos litígios através de uma consulta jurídica eficaz. O que é que quero dizer com isto? As pessoas assinam, na sua vida, inúmeros documentos cujo teor ou não leem ou lendo não percebem (apólices de seguros, questões relativas à compra e venda de imóveis, contratos de trabalho...). A consulta jurídica previne o conflito. Nós temos de prevenir o conflito através do ataque aos fatores críticos de conflituosidade.

Mas quando fala em consulta jurídica quer dizer o quê?

As pessoas recorrerem ao advogado.

E quem não tem dinheiro para pagar essa consulta jurídica? O Estado devia patrocinar esse tipo de serviços?

Claro que sim. O Estado em Portugal investe pouco na justiça. Não quero entrar em chavões, mas investe pouco comparativamente com outros investimentos que faz. O apoio judiciário a quem não tem possibilidades de recorrer a advogados por questões de preço devia ser fomentado pelo Estado. Mas há uma reforma da justiça que me mete medo que é a que tem sido feita nos últimos 20, 30 anos. Nós atribuímos sobretudo a um fator as causas do atraso da justiça: os recursos e as chamadas manobras dilatórias que os advogados fazem para os processos andarem sempre com rodas quadradas. Esta é a acusação permanente. Ora, eu farei em março 31 anos de advocacia, o que é realmente uma marca já com algum relevo, e desde que comecei a exercer advocacia que os cortes nas possibilidades de recorrer têm sido sistemáticos. Esse universo de recursos foi desbastado de uma maneira brutal. Se a doença da justiça estivesse nos recursos, a justiça estaria sã que nem um pero, pois os recursos já foram quase todos cortados. A segunda medida que se tem tomado é aumentar as custas judiciais. Esse aumento é uma maneira de as pessoas não recorrerem ao tribunal. Eu tenho um litígio que vale cinco, dez mil euros, quanto é que me poderá custar ir para tribunal para fazer valer aquilo que eu acho que é o meu direito? Honorários de advogado, taxas... não vou. Ótimo. Aí há menos gente a ir ao tribunal.

É desses dois aspetos que tem medo?

Têm sido as duas posologias do costume. Creio que era Eça de Queirós que dizia: "O governo só tem duas coisas para fazer: pede um empréstimo e lança o imposto." Aqui, na justiça, é aumentar as custas e cortar os recursos: não resolveu problema nenhum, nenhum. Depois, é não fazer como fez, por exemplo, o conselho geral da Ordem dos Advogados no tempo da Dra. Elina Fraga, que, quando o governo procurou fazer a reformatação do mapa judiciário, abordou a questão como se fosse em 1950 ou em 1970 quando percorrer 20 quilómetros para ir a um tribunal era uma coisa horrível. O que é que tem de se fazer? Tem de se diminuir efetivamente as idas ao tribunal e as pessoas têm de ser pouco oneradas com deslocações ao tribunal. Como? Através da utilização de meios eletrónicos ou de sistemas de proximidade que evitem que as pessoas tenham de ir ao tribunal. Hoje começa a ser frequente que se ouçam testemunhas através de Skype. Alguém se opõe? Os puristas dizem logo: "Ah, mas por Skype nós não sabemos onde é que ele está, pode estar alguém à frente dele a fazer de ponto para que ele diga isto ou aquilo". Esses riscos podem existir, mas para isso estão lá o Ministério Público, o juiz, os advogados, em contraditório, para tentar sanar esses males. Há uma coisa que tenho absolutamente como segura: a reforma da justiça não se faz basicamente nas leis, faz-se nos comportamentos. É necessária a tendência para simplificar, para descomplicar, porque antigamente tudo era muito solenizado, havia um rol de testemunhas: eram convocadas 20 pessoas às 9.30 para a Boa-Hora. Eu perguntava porquê e respondiam-me: "Ó sôtor, imagine que faltavam cinco, se nós escalonássemos isto pelas horas, as cinco primeiras não vinham e ficávamos uma hora sem fazer nada!" Tem-se verificado que agilizar e combinar com as partes, com os seus advogados, trocar a ordem das testemunhas, trazer as que estão mais perto, ligar-lhes por telemóvel, porque agora já podem, está a funcionar. É assim que nos abrimos à modernidade e que funcionamos à século XXI. Portanto, se for isto a reforma da justiça, muito bem, mas eu tenho de aguardar para saber que reforma é essa. Estou de acordo que não se pode judicializar a política e politizar a justiça, estou de acordo com isso.

E tem acontecido isso ou não?

Muito, muito. Atualmente, vivemos numa espécie de arguidocracia, pois a grande distinção entre os cidadãos portugueses é se é arguido ou se não é arguido. Se é arguido, já está inutilizado para qualquer função acima de terceiro ou quarto secretário. Se não é arguido tem, enfim, um certo certificado de bom comportamento. Ora, a posição de arguido é uma coisa processual. Se eu for ali à PSP dizer que os meus entrevistadores ameaçaram que me batiam se eu não dissesse determinada coisa também podem ser constituídos arguidos. Agora vamos lá rever se podem continuar nos vossos cargos tendo sido constituídos arguidos com base na minha queixa, que não se sabe se é verdade. Não pode ser assim. Mas há uma coisa que é o reverso desta. Aí, a comunicação social - que às vezes também causa bastante dano - tem um papel essencial nesta matéria, que é as pessoas serem interpeladas sobre os factos. A mim não me interessa tanto se um presidente de câmara sobre quem há uma suspeita é arguido ou não; interessa-me avaliar, até politicamente, o que é que ele fez, porque é que ele fez. Então, ele, como homem político, deve responder. Eu, como cidadão, quero saber. Por isso é que digo muitas vezes que as investigações feitas pela comunicação social são lícitas. A comunicação social pode interessar-se por um caso pelo qual os tribunais não venham a interessar-se porque há uma dimensão cívica, política, do comportamento das pessoas, que pode ser escrutinada independentemente da sua coreografia processual.

Voltando à questão da reforma da justiça ou à necessidade dessa reforma: quando Rui Rio escolhe Elina Fraga como sua vice-presidente, isso dá-lhe, a si, uma ideia sobre que tipo de políticas ou de reformas é que Rui Rio está a preparar? Isto é um sinal político, em seu entender?

É um sinal político e é um sinal substantivo. Devo dizer que tenho toda a consideração pelas pessoas em causa e a minha opinião é estritamente institucional. Fiquei absolutamente perplexo com a escolha da Dra. Elina Fraga, não pela pessoa em si, mas porque sempre criticou a política de justiça do governo do PSD. Portanto, se a Dra. Elina Fraga sempre criticou - às vezes de forma ácida - as políticas de justiça do governo do PSD, ficamos a saber é que a tal reforma da justiça, que ainda não foi revelada, não será aquela que foi dirigida no governo do Dr. Passos Coelho.

Em segundo lugar, porque havia uma crítica dura a muitos aspetos da política de justiça, como se chegou ao ponto (numa atitude que critiquei e que é um exemplo nocivo e daninho da judicialização da política) de participar criminalmente contra membros do governo que encetaram uma alteração do mapa judiciário. Aliás, nem sequer sabemos o que aconteceu a essa queixa...

Portanto, [Elina Fraga] não só foi uma crítica acérrima face a um governo do PSD como atingiu algumas epifanias, em alguns momentos épicos e até inéditos de ataque a esse governo. Confesso que, como cidadão, fico um pouco confuso com essas coisas. Só por isso, lá está, já não me preocupo - como parece preocupar toda a gente - se a Dra. Elina Fraga é arguida nisto ou arguida naquilo, aí voltamos atrás, à arguidocracia em que vivemos.

Mas se ela chegasse a ministra da Justiça num futuro governo do PSD seria preocupante para si?

Não é preocupante, mas não creio que conseguisse encontrar grande consenso, grande acordo e grande aprovação naquilo que me parecem ser as medidas que preconizaria. Aquilo que ela preconizou ao longo destes anos não me parece muito promissor. Pareceu-me ter havido, naquilo que conheci, resistência a mudanças relevantes a nível dos códigos, quer do Processo Penal quer do Processo Civil, às vezes com alguns erros. Eu também discordei muito de algumas coisas que foram feitas pela Dra. Paula Teixeira da Cruz, mas há um caminho de modernização e de simplificação que tem de ser encetado e vi sempre a ordem a reagir um pouco mal a esses caminhos. Agora, há uma coisa que é verdade: a estrutura de distribuição dos tribunais tem de se adaptar à localização das populações, ao aumento das acessibilidades, à desnecessidade crescente de as pessoas se deslocarem ao tribunal. O caminho é claramente aquele. De qualquer modo, gosto de ser mais objetivo do que subjetivo: se houver um programa de governo do PSD com o qual eu concorde, e isso significará, do meu ponto de vista, alguma alteração às premissas que eram essenciais no mandato da Dra. Elina Fraga enquanto bastonária da ordem, estarei de coração completamente aberto para o apreciar. Eu, mais do que quem promova, quem proponha ou quem implemente, gosto de ver o que se promove, o que se propõe e o que se implementa, para criticar isso e não as pessoas que o façam.

Independentemente de vir ou não a ser constituída arguida, Elina Fraga é visada numa auditoria às contas da Ordem dos Advogados que aponta para uma falta de procedimentos de controlo de orçamento e gestão de tesouraria. Quando o senhor lá estava já era assim que os procedimentos funcionavam naquela ordem?

[Risos] Posso dizer que quando fui bastonário procurávamos cumprir rigorosamente todos os procedimentos, o que não quer dizer que a Dra. Elina Fraga não os tenha cumprido. Atenção. Eu conheço o relatório, não só sei da sua existência como o conheço.

E as conclusões surpreenderam-no?

Vou ser franco: gosto pouco de espetáculo, não gosto muito de produzir soundbites e não gosto de crucificar ninguém injustamente. Aliás, nem sequer justamente gosto. Todavia, relativamente a essa auditoria gostaria de dizer três ou quatro coisas. Em primeiro lugar, se é verdade que a Dra. Elina Fraga e os elementos que compunham o conselho geral, e que possam de alguma forma ser visados pela auditoria, não foram ouvidos, não concordo. Acho que uma auditoria deste tipo deverá ter no seu processo de preparação a audiência dos potenciais visados. Se isso não aconteceu, salvo melhor informação, a Dra. Elina Fraga terá razão. Dito isto, em vez de estarmos uma vez mais a dizer "eu ainda não sou arguido, soube disto pelos jornais, não fui ouvido" e visto que há determinados aspetos que já estão no espaço público - por exemplo, contratações efetuadas a colegas que faziam parte dos próprios corpos da ordem -, acho que isso podia ser esclarecido. São procedimentos de escolha de prestadores de serviços - penso que será disso que estamos a falar - e desconheço em absoluto se houve violação das suas regras. O que sabemos é que houve escolhas, e em vez de estarmos sempre a olhar para as regras podemos olhar para as escolhas e dizer: "Bom, fiz uma escolha política." Às vezes, as pessoas têm de fazer escolhas políticas. Posso escolher A, B ou C.

Elina Fraga devia esclarecer isso?

Claro.

Como explica o facto de não o ter feito?

Creio que é já um pouco uma cedência a este tal diálogo conceitual e daninho que temos. Em Portugal, não falamos como falam os políticos, por exemplo, dos países anglo-saxónicos. As pessoas perguntam: "O senhor tenciona ir amanhã ao Porto?", e eles dizem: "Não. Amanhã não vou ao Porto, mas vou depois de amanhã." Se nós perguntarmos, a pessoa responde: "Eu já estava à espera de que me fizesse essa pergunta. Não pense que me surpreendeu com essa pergunta, o tipo de perguntas é sempre igual, mas os portugueses sabem que respondo e não posso ser acusado de fugir às repostas." Só que nunca mais diz se foi ao Porto ou não. Quando entramos neste diálogo em órbita dos problemas, não vamos ao essencial das questões.

O segredo de justiça é uma coisa patética em determinados momentos

A justiça devia preocupar-se mais com a forma como comunica com os cidadãos?

Seguramente.

Para mim, é muitas vezes difícil decifrar não o teor das decisões mas a forma como elas são comunicadas e podem ser lidas pelo cidadão comum.

Não tenho a mais pequena dúvida e, na minha opinião, era fácil explicar. Não quer dizer que as pessoas concordassem. Vamos lá ver, são duas coisas distintas, podem perceber o meu ponto de vista e não concordar com ele, mas o que é pior é nem sequer perceberem o meu ponto de vista. Embora em Portugal às vezes também não percebamos o que os outros dizem e concordamos e discordamos na mesma; por cá opina-se a torto e a direito sobre tudo e mais alguma coisa. Estamos a melhorar um bocadinho, mas ainda temos a tal linguagem cifrada. Temos rituais da justiça que têm de ser banidos, alguns são rituais meramente de coreografia, outros são mesmo de substância. O aparato das buscas, o aparato mediático que envolve a intrusão na vida de pessoas, a figura ridícula, patética e antipedagógica que faz a defesa cínica do segredo de justiça quando toda a gente está a ver tudo em todo o lado.

Como se coaduna essa tão má comunicação, no sentido em que a maioria de nós tem dificuldade em entendê-la, com tanta precisão na violação do segredo de justiça?

Um módulo a incorporar na reforma da justiça seria a comunicação da justiça com o cidadão. Temos de voltar aos valores constitucionais e um deles é que a justiça é administrada em nome do povo, por isso é que em alguns países a regra é o julgamento ser feito por jurados, porque acham que as pessoas comuns percebem tanto da matéria de facto - não da matéria de direito - como um magistrado. Eu não iria tão longe, mas estamos a falar da comunicação. Para que a justiça seja legitimada aos olhos do povo, o povo - que é composto por pessoas das mais diferentes profissões que estão fora da área judiciária - tem de perceber a justiça. Aí está um módulo interessante na reforma da justiça: comunicação, compreensão. Porque a compreensão não é uma coisa meramente teórica, é as pessoas saberem com o que podem contar, saberem qual é a razão de ser de determinadas orientações, saberem para onde é que a jurisprudência se inclina, porquê, quais são os valores que queremos preservar. Quanto ao segredo de justiça, é uma coisa absolutamente patética em determinados momentos. Note-se que a violação do segredo de justiça é um crime. Nós assistimos muitas vezes a crimes aos quais ninguém liga e isso é a pior coisa que há na reforma do Código de Processo Penal de 2007, que foi feita quando eu era bastonário e na qual me empenhei bastante, o segredo de justiça deixou de ser a regra e passou a ser exceção. Por isso é que costumava dizer, e ainda digo, que se passou da idade das trevas para a idade da luz com a reforma de 2007. O segredo de justiça não faz falta na generalidade dos processos, não faz falta para nada.

Devia ser abolido ou não?

Não. Devia ser mantido em duas circunstâncias fundamentais. Quando fosse essencial para preservar a integridade das investigações: toda a gente compreende que há determinado tipo de processos em que a investigação precisa do segredo de justiça para poder funcionar com eficácia - durante um período em que seja de facto necessário, lá está o juiz para calibrar os vários interesses em presença, não se pode ficar 50 anos a investigar em segredo de justiça. A outra razão é para proteger o bom nome das pessoas envolvidas e não é só dos arguidos. É para proteger a intimidade das pessoas. Por exemplo, se alguém apresenta uma participação no Ministério Público, na polícia, por uma violação, por um crime sexual, não deve ver o seu nome espalhado por todo o lado, e aí obviamente que faz todo o sentido o segredo de justiça. Só que infelizmente não só se usa como abusa do segredo de justiça. Aliás há uma cláusula verdadeiramente espantosa na lei [essa tem de ir na reforma da justiça] que diz que pode haver uma prorrogação da duração do segredo de justiça por três meses, a primeira, e uma segunda por tempo indeterminado, é uma coisa absurda. Portanto, o segredo de justiça é como um fato, as pessoas vestem-se à medida da ocasião. O segredo de justiça é feito à medida das necessidades de cada processo em concreto e só existe na medida dessas necessidades. Em Portugal confunde-se muito o assunto com o processo. As pessoas acham que não podem falar de mais nada porque está em segredo de justiça. "Eu não posso dizer isto porque está em segredo de justiça, não posso dizer aquilo porque está em segredo de justiça." Não. As pessoas podem falar sobre o assunto, não podem é mencionar aspetos específicos do processo que mereçam estar em segredo. Estes temas são cruciais e são os grandes desafios do século XXI na área da cidadania. Nós devíamos dizer: "Meu Deus, se este processo está em segredo de justiça, então estas coisas não deveriam ter sido divulgadas e quem as divulgou devia ser punido."

Uma das críticas feitas ao Ministério Público e à Procuradoria-Geral da República tem precisamente que ver com a quebra do segredo de justiça com alguma regularidade. Quem elogia, e ultimamente têm-se ouvido muitas críticas e elogios à atual procuradora, diz que nunca como agora a justiça temeu tão pouco, porque há políticos a serem julgados, há banqueiros a serem investigados, há até juízes e um ex-procurador. Que avaliação é que faz do mandato de Joana Marques Vidal e acha que o Ministério Público ganhou muito nos últimos anos com a liderança dela?

Faço uma avaliação muito positiva. Acho que a Dra. Joana Marques Vidal tem feito um excelente trabalho. Não conheço assim em detalhe, mas em linguagem bíblica diz-se que as árvores se conhecem pelos frutos e eu acho que a Dra. Joana Marques Vidal tem tido discrição, tem tido presença quando é necessário, tem tido eficiência; ganhou um carisma junto da magistratura do Ministério Público e portanto tem nota claramente positiva.

Devia continuar?

Não vejo porque não. Essa discussão não devia ser uma discussão jurídica, se o mandato pode ser renovado, se não pode ser renovado, isso a mim interessa-me relativamente pouco, quer dizer, se a lei impedir que o mandato seja renovado não se pode violar a lei. Mas, na minha opinião, não vejo nenhuma razão, embora saiba qual é o argumento que se coloca, que é o da concentração, da perpetuação no poder, etc., para a Dra. Joana Marques Vidal não continuar. Agora atenção, acho é que o Ministério Público não deve fazer exibição pública dos processos que estão em segredo de justiça, isso é uma coisa completamente diferente. Eu percebo que às vezes ajuda a quem quer acusar que seja dito muito intensamente na comunicação social que os maus são mesmo maus, para que não haja dúvida que são mesmo maus e que essa coisa de serem presumidos inocentes é uma retórica muito engraçada, inventada por ótimos pensadores, mas, na prática, temos de ver é o seu carácter, que é amplamente publicitado ao longo de semanas, de meses, de anos, com violação do segredo de justiça. Com isso é que eu não concordo. Agora, a Dra. Joana Marques Vidal tem o meu apreço porque tem feito um ótimo trabalho.

Não está no meu horizonte ser presidente do Sporting

Saindo da justiça, sente-se o D. Sebastião do Sporting?

Não, não me sinto. Sou um adepto normal, apenas sou um adepto conhecido do Sporting porque já era muito conhecido como advogado e como bastonário da ordem quando exerci funções como presidente da mesa da Assembleia Geral do Sporting e da SAD do Sporting. Portanto, não sou D. Sebastião. O Sporting não está em processo eleitoral. Tem de serenar, acalmar e concentrar-se nos seus grandes objetivos: ganhar as competições futebolísticas (nas outras modalidades está a sair-se muitíssimo bem). Ganhar, especialmente o campeonato - passar este Rubicão -, seria espetacular e a família sportinguista merece isso. Aliás, eu costumo dizer, a brincar, que seria o grande consenso nacional: os sportinguistas ficariam felicíssimos, os benfiquistas ficariam contentes porque o FC Porto não tinha ganho e os do FC Porto ficavam contentes porque o Benfica não tinha ganho.

Identifica-se com o presidente do Sporting?

Há muitas coisas com as quais eu não concordo.

O que se passou na última Assembleia Geral envergonha-o enquanto sportinguista?

[Risos] Vocês são um perigo. Não, não me envergonha. Apenas não concordo. Não concordo que as assembleias gerais se transformem em pelourinho para atacar sportinguistas nem com julgamentos feitos na SportingTV a partir de listas de muito mau gosto. Mas a questão não é esta. Há os fenómenos e há os epifenómenos. Aquilo que acho que muitos sportinguistas pensam é que o atual presidente do Sporting, do ponto de vista objetivo, fez coisas muito boas para o clube. E, se calhar, algumas das suas características ajudaram a lograr alguns objetivos. O clube precisava de uma pequena terapia de choque. Eu critiquei a forma como foram propostas ações contra os antigos dirigentes do Sporting, numa auditoria em que também não foram ouvidos. Discordei do facto de ter sido proposta uma ação contra o Dr. José Eduardo Bettencourt, mas congratulei-me porque foi retirada, acho que foi um ótimo passo em frente. E o que é que eu como adepto do Sporting tenho procurado dizer apesar desses epifenómenos (que até me envolveram)? Para mim, essas coisas nascem e morrem. O que fica é a consideração do essencial. Estamos a três anos das eleições, não estamos em processo eleitoral. Eu não sou candidato a coisa nenhuma.

Nem agora nem daqui a três anos?

Meu caro, daqui a três anos sei lá o que estarei a fazer. Posso ser advogado, reformado, presidente da câmara...

Faz parte do seu sonho ser presidente do Sporting?

Não, não faz. Aliás essa questão já se colocou quando terminaram os mandatos do Dr. Filipe Soares Franco e do Dr. José Eduardo Bettencourt: é sempre um desassossego quando abre um processo eleitoral. O que desejo é que esteja lá sempre uma ótima equipa diretiva para eu, como adepto, ver o Sporting ganhar. Gostava de deixar isto claro, porque não está mesmo no meu horizonte. As pessoas que me acompanham sabem que não está. Portanto não vale a pena argumentar com uma inexistência.

"Nem que Cristo desça à Terra"?

[Risos] Porque é que havemos de fazer compromissos a 10 anos ou 20 anos ou a três anos? Perguntam-me assim: "Então não quer ir para a política?" Sei lá. Então não diziam também que eu podia ser candidato a presidente da Câmara de Lisboa?

Consta até que foi convidado.

Até consta, veja bem, mas não me viu concorrer. Eu estou muito seguro do meu trilho da advocacia, gosto muito do que faço. É uma vantagem.

A Realidade da Insegurança - Um estudo de Artur Victoria

Artur Victoria

ENVIADO POR

Artur Victoria

De acordo com a CEPAL, se aumentar os preços sustentados, haverá um aumento da pobreza, de 68,5 milhões para 84,2 milhões de pessoas.Contra este efeito, e dado que é as origens são diversas, transnacionais, duradouras essencialmente estruturais, desde há muito insistindo que os mecanismos para sua abordagem apontam para uma maior integração horizontal, multilateralismo e cosmopolitismo.Como podemos ver, os números são muito óbvios para não considerá-los e tirar as conclusões respectivas. Devemos notar que essas populações em risco aumentam sua qualidade de vida, deterioração e as expectativas de sobrevivência. No entanto,ultrapassam as perdas humanas na guerra global do terrorismo, que tem sido o foco d a política global pelos EUA.e que arrastou muitos países e desencadeado por fluxos de caixa exorbitantes, conforme verificado nos casos do Iraque e Afeganistão,além de não ter resultados de sucesso exigidos. Claramente, enfrentamos uma realidade dicotômica que enfrentamos uma ameaça que é ocupada com os padrões clássicos e sob o paradigma do realismo e os riscos de impor uma nova taxa drasticamente em nossa vida normal, mas contra a qual assumimos ainda não concordamos com uma mudança de paradigma global.Como chegou ao consenso sobre a mudança conceitual que ajudou a distinguir a segurança da defesa, acho que também está passando por um processo silencioso de diferenciação entre a defesa e o conflito militar e seu instrumento fundamental é as forças armadas.Os ministérios da defesa não são mais os ministérios da guerra, para se tornarem links no aparelho governamental que devem explicar a administração de missões maiores,diversas e complexas, de acordo com os interesses do Estado em contextos internacionais e nacionais mais exigentes.Nesse sentido, a defesa, como um político e como um conjunto de recursos, responde a duas dimensões: em primeiro lugar, atender à demanda decorrente da segurança na área da soberania do Estado como um fator específico, vinculado à política externa, à integridade territorial e às ameaças externas.Além disso, está ativamente vinculado e coordenado com as políticas de desenvolvimento doestado, que, para fins das forças armadas, estão em suas missões laterais.Existe a possibilidade de riscos descontrolados ou colapsados ​​que possam ter impactos na defesa, tanto no apoio formal ao desenvolvimento como em termos de uso da força, pelo que isso pode gerar conflitos.Explicitamente deixado fora das dimensões da defesa quaisquer tarefas relacionadas à segurança interna, enquanto o princípio de que o uso da força militar nunca deve ser usado contra as mesmas pessoas que faz sentido como um instrumento do estado. Qualquer consideração para promover o seu uso vai contra o estado democrático ou faz parte do jogo de fraturas políticas da república. Fatores aos quais devemos adicionar a ausência ou fraqueza ineficiência regulatória, doutrina, logística para o uso da força no campo criminal. As tarefas associadas ao desenvolvimento não devem ser amplas, terminando

inútil para as instituições dedicadas à defesa. A abordagem deve atender a alguns requisitos: o primeiro deve ser realizado em áreas e / ou territórios onde há demandas explícitas e peremptórias e onde o estado não pode cobrir os recursos Isso deve ser natural. É que as instituições militares não "substituem" as agências e

políticas públicas específicas, como principais responsáveis ​​pelo atendimento dessas demandas. O segundo requisito é que as contribuições são feitas em tarefas onde podem implantar "Recursos eficientes, tanto materiais como humanos.

Há contribuições reconhecidas nas áreas de implantação rápida de recursos humanos, suporte logístico, transporte, comunicações e administração. A contribuição para o desenvolvimento não é apenas uma missão paliativa, mas requer resultados bem-sucedidos.Sempre aparecerá como um desafio contínuo para estabelecer os limites para abordar essas missões. Aqui, o princípio deve prevalecer agindo no pedido de motorista político em subsídio específico e órgãos permanentes do estado.A defesa deve fortalecer seu olhar apontando para integração, cooperação e  desenvolvimento de recursos duplos eficientes. Para este último compreender o privilégio das áreas institucionais com operação dupla, de modo a usar a lógica das demandas de segurança multidimensional e integral para enfrentar ameaças e riscos.As tarefas de segurança e uso de instrumentos e agências disponíveis para o estado devem ser orientadas para a consecução de objetivos relacionados aos países em desenvolvimento.Portanto, nessa direção a rede entre desenvolvimento, segurança e defesa

adquire cada vez mais uma conotação positiva. Assumindo que o desenvolvimento é um "estado a atingir" que permite a realização dos objetivos de qualidade de vida das pessoas em um ambiente de comunhão com o meio ambiente, as políticas de segurança devem visar a prevenção (a ocorrência e impacto de ameaças e riscos), atender (requisitos e necessidades) e (em bens e públicos e privados, locais e globais). Resulta de que ponto de interação corresponde a uma política e burocracia específicas como defesa e seus instrumentos.Na medida em que as políticas de segurança são mais multidimensionais e integradas, as oportunidades reais reduzirão o círculo vicioso de ameaças e riscos que produzem e deixam um pequeno espaço de ação, o que resulta no uso da força e degradação humana e ambiental.Interpretar e permitir uma particular conceptualização de instituições de segurança e de os seres podem ser feitos da perspectiva dos pontos fortes e oportunidades em vez de fracos e ameaças que isso irá gerar uma grande prioridade de desafio.

Junto com o declínio dos tempos históricos que se caracterizaram pela vida cotidiana da  constante investida de crenças ideológicas, baseadas em um equilíbrio de terror da extinção humana por perigo nuclear, estabeleceu uma progressão do monopólio cultural e social, econômico e baseado no pensamento um enxergamento único implacável através da ausência absoluta e total de preocupações, o que nos deixa diariamente consequências tão devastadoras que nos levam a considerar um novo desafio global, desta vez para níveis de risco civilizadores.Mais uma vez, a humanidade está ameaçada, desta vez pela produção de outros interesses globais que fizeram da sociedade industrial e do crescimento econômico do ícone do novo fetiche dominante.O projeto da modernidade, o personificado nos ideais da liberdade, da igualdade e da fraternidade, foi desafiado por um entusiasmado desejo de progresso sem fim, relatado pelo ultra-racionalismo. É hora de voltar ao caminho de um projeto moderno que coloca o centro do humano, esse singular genérico, um e todos ao mesmo tempo, a humanidade indivisível, a humanidade sem fronteiras para o desenvolvimento, que coloca as qualidades centrais e sem defeitos.Neste contexto, exorta a mudar a discussão de segurança. Certas categorias e não contabilize esses novos cenários, estes novos preocupações, essas novas respostas.

Marxistas de ontem, marxistas de hoje

Ladrões de Bicicletas


Posted: 24 Feb 2018 06:11 PM PST

Espero que a influência política da crónica de Rui Tavares, apostado em mobilizar o pobre Marx para a sua perdida causa europeísta, esteja ao nível da seriedade intelectual da pergunta que colocou na sexta-feira, tanto mais que se trata de um historiador: acreditaria Marx nos marxistas de hoje?
Tudo por causa da forma como os marxistas actuais, nomeadamente os comunistas portugueses, que parecem ser o alvo por mencionar, abordam a questão nacional, ao mesmo tempo que assinalam os duzentos anos do nascimento de Marx.
Tavares limita-se basicamente a repetir uma série de magníficos slogans conhecidos do Manifesto do Partido Comunista, escrito por Marx e Engels há 170 anos, e depois elabora uma narrativa que passa por cima de tudo o que de mais importante ocorreu na história do marxismo e da questão nacional.
Comecemos então por abrir e ler esse brilhante e aberto texto que é o Manifesto, indo para lá do slogan e parando em quatro momentos onde a questão nacional surge, baralhando as certezas algo a-históricas de Tavares.
Em primeiro lugar, note-se no que diz Engels no prefácio à edição polaca: “A restauração de uma Polónia forte e independente, porém, é uma causa que não diz respeito só aos Polacos — diz-nos respeito a todos. Uma colaboração internacional sincera das nações europeias só é possível se cada uma destas nações for, em sua casa, perfeitamente autónoma.”
Em segundo lugar, é verdade que “os operários não têm pátria”. Mas logo a seguir Marx e Engels esclarecem: “Não se lhes pode tirar o que não têm. Na medida em que o proletariado tem primeiro de conquistar para si a dominação política, de se elevar a classe nacional, de se constituir a si próprio como nação, ele próprio é ainda nacional, mas de modo nenhum no sentido da burguesia.”
Em terceiro lugar, afirmam o seguinte: “Pela forma, embora não pelo conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia começa por ser uma luta nacional. O proletariado de cada um dos países tem naturalmente de começar por resolver os problemas com a sua própria burguesia.”
Em quarto lugar, quando enlencam dez medidas gerais para os “países mais avançados”, não deixam de sublinhar previamente que “estas medidas serão naturalmente diversas consoante os diversos países”, valorizando a especificidade e diversidade da escala nacional também no conteúdo. Já agora, entre essas medidas estava a “centralização do crédito nas mãos do Estado, através de um banco nacional com capital de Estado e monopólio exclusivo.”

Seja como for, qualquer discussão sobre esta matéria tem de partir, julgo eu, da constatação feita pelo insuspeito Michel Lowy (trotsquista), que talvez seja, dados os seus trabalhos, um dos que melhor conhece a história da relação do marxismo com a questão nacional: “Marx não ofereceu uma teoria sistemática da questão nacional, uma definição precisa do conceito de nação, nem uma estratégia política para o proletariado nesta área”. No mesmo texto, denuncia logo de entrada o economicismo e o livre-cambismo, tão evidentes quanto equivocados historicamente, presentes em certas passagens do Manifesto, sobre as bases materiais para o desaparecimento das nações, de resto eventualmente em tensão com outras passagens já aqui assinaladas.
Não se pode pedir tudo a Marx e a Engels, até porque o mais importante está lá, bem para lá das conclusões: um método de análise do modo de produção capitalista, sofisticado e aberto a análises históricas concretas de formações sociais concretas, com um intuito transformador.
Não é aliás por acaso que a questão nacional ocuparia na teoria e na prática as melhores mentes da Segunda e Terceira Internacionais, até dada a sua resiliência. De alguma forma, creio que a chave, em termos de história da economia política, está na teoria do novo imperialismo, política externa do capital financeiro oriundo dos países mais poderosos do sistema internacional. Diga-se que este é um tema que Rui Tavares nunca aborda, reduzindo o imperialismo a uma sobrevivência conservadora de antigo regime, o que é típico sobretudo das abordagens conservadoras ao assunto, diga-se, e tem implicações, por exemplo, na identificação das origens da Primeira Guerra Mundial.
As abordagens marxistas ao imperialismo permitiram uma articulação entre uma actualização de economia política internacional, enfatizando os processos de concentração e centralização do capital e os seus efeitos externos numa economia mundial brutalmente hierarquizada, uma mais clara ideia sobre a importância política das nações oprimidas, da sua autodeterminação e das formas institucionais variadas de que esta se podia revestir, para além de permitir uma fidelidade renovada ao ideal internacionalista da solidariedade com as classes exploradas e os povos oprimidos (esta última categoria passa a ser muito importante).
Não é aliás por acaso que um dos primeiros decretos do poder soviético - o da paz, o que apela ao fim de uma guerra tão fratricida quanto produto das rivalidades imperialistas (França, Grã-Bretanha e Alemanha são destacadas, naturalmente) - articula a questão da classe com um grande enfoque na questão nacional, na autodeterminação das nações (creio que é a palavra mais vezes repetida neste documento), ponto caro, por exemplo, a Lenine.
A Internacional Comunista, sobretudo depois da viragem para as frentes populares nos anos trinta, haveria de destacar a importância da liderança nacional, mas já antes tinha feito da luta contra o imperialismo e o colonialismo uma das suas bandeiras. A questão nacional era aliás também um ponto caro a um leninista chamado Gramsci, por exemplo, o da formação da vontade geral nacional e popular. Para lá da Europa, os movimentos anti-coloniais de inspiração marxista e teorias marxistas como a da dependência fariam o resto, também em matéria de defesa de uma certa ideia de desconexão económica num contexto de tarefas novas de desenvolvimento.
Sim, o marxismo, como qualquer tradição viva e plural, evoluiu e mudou muito desde Marx. Hoje, sem cair nos extremos da teoria da dependência, temos de defender a capacidade dos países para decidirem soberanamente as conexões e as desconexões, económicas e outras, internacionais que melhor servem os interesses dos seus povos.
Entretanto, em Portugal, uma certa tradição marxista teve no século XX em Álvaro Cunhal o seu principal cultor. Se atentarmos no melhor trabalho que conheço sobre esta história em Portugal, Comunismo e Nacionalismo em Portugal, da autoria do historiador José Neves, constatamos o investimento intelectual, cultural e político colectivo que foi feito, nas mais duras condições, para imaginar uma outra nação, em oposição à nação do fascismo. As posições do PCP sobre a questão nacional vêm de longe. E é preciso dizer que os comunistas têm acertado mais do que outros quando analisam a economia política da integração europeia e os seus efeitos. Talvez isto se deva a uma certa fidelidade a uma certa tradição marxista, de resto tão fiel e infiel a Marx como qualquer outra.

Trump esclarece que dar armas aos professores "depende dos Estados"

EUA

Donald Trump

Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O presidente norte-americano, Donald Trump, esclareceu que a intenção de dar armas aos professores para prevenir mais incidentes em escolas "depende dos Estados".

EX-ALUNO DE 19 ANOS MATA 17 PESSOAS EM ESCOLA NA FLORIDA

Depois do tiroteio numa escola secundária do estado da Florida, a 14 de fevereiro, do qual resultaram 17 mortos, Donald Trump manifestou intenção de dar armas aos professores para prevenir mais incidentes em estabelecimentos de ensino.

Na altura, o governante disse que a medida abrangeria docentes com "treino especial" e "solucionaria o problema instantaneamente".

Este sábado, numa publicação na rede social Twitter, Donald Trump escreveu que a decisão ficaria ao critério de cada um dos Estados.

"Educadores armados (e pessoas de confiança que trabalham nas escolas) gostam dos nossos estudantes e vão protege-los. Pessoas muito espertas. Devem ser adeptos de armas e ter treino anual. Devem receber um bónus anual. Não haverá mais tiroteios - um dissuasor grande e muito barato. Depende dos Estados", escreveu Donald Trump.

Contactada pela agência de notícias Associated Press, a Casa Branca não comentou o "tweet" do presidente.

Donald J. Trump

@realDonaldTrump

Armed Educators (and trusted people who work within a school) love our students and will protect them. Very smart people. Must be firearms adept & have annual training. Should get yearly bonus. Shootings will not happen again - a big & very inexpensive deterrent. Up to States.


A 14 de fevereiro, Nikolas Cruz, de 19 anos, matou a tiro 17 pessoas numa escola em Parkland, na Florida, naquele que foi o décimo oitavo incidente com armas de fogo em escolas ou locais próximos de estabelecimentos de ensino nos Estados Unidos desde o início do ano.

DCIAP contesta absolvição de Pinto da Costa

SOCIEDADE

24 de fevereiro 2018

O DCIAP recorreu da absolvição de Pinto da Costa, Antero Henrique e dos membros da empresa de segurança acusados de associação criminosa. O recurso só foi parcialmente admitido, mas o MP não desiste. Para os magistrados, os crimes da Operação Fénix, também conhecida por caso das ‘Máfias da Noite’, estão provados e a sentença tem de ser reformulada, devendo o presidente do FCP ser condenado.

Helder Santos

Joana Marques Alves

O pedido de absolvição de Pinto da Costa e Antero Henrique por parte do representante do Ministério Público (MP) de Guimarães no julgamento da Operação Fénix, no verão do ano passado, não agradou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Que interpôs recurso junto do Tribunal da Relação de Guimarães, da sentença do tribunal de primeira instância daquela cidade que absolveu Pinto da Costa. O Tribunal da Relação de Guimarães admitiu apenas parcialmente o recurso interposto pelos procuradores do MP junto do DCIAP, que não só reclamam da decisão do tribunal, como contrariam as conclusões do próprio representante do MP no julgamento.

Agora, e como confirmou a Procuradoria-Geral da República ao SOL, o MP vai recorrer para o presidente do Tribunal da Relação de Guimarães da parte do recurso que não foi admitida.