Translate

sábado, 3 de março de 2018

Estradas cortadas, derrocadas e voos cancelados. Os efeitos do mau tempo em Portugal

METEOROLOGIA

3/3/2018, 17:32

O trânsito na Estrada Marginal e no túnel da avenida Infante Dom Henrique está cortado. A chuva provocou uma derrocada na Amadora. Na Madeira, 58 voos foram cancelados, afetando 8 mil passageiros.

O mau tempo na Madeira levou ao cancelamento de 10 voos

HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Autores
  • Rita Porto

  • Agência Lusa
Mais sobre

Os efeitos do mau tempo fazem-se sentir um pouco por todo o país, com voos cancelados, derrocadas, acidentes e estradas cortadas. Todos os distritos de Portugal continental estão sob aviso amarelo devido à chuva, neve, vento e agitação marítima.

A Estrada Marginal voltou este sábado a ser encerrada ao trânsito, em Oeiras, às 15h20, devido à agitação marítima, disse à agência Lusa fonte da Câmara Municipal. O mesmo troço foi interditado na sexta-feira à tarde, entre Paço D’Arcos e o Alto da Boa Viagem (sentido Cascais-Lisboa) e reaberto cerca das 17h20. Contudo, o trânsito no sentido Lisboa-Cascais continua aberto.

A Marginal tem sofrido cortes temporários desde quarta-feira, devido à agitação marítima.

Menor ferido em acidente na avenida Infante Dom Henrique

O trânsito está cortado no túnel da avenida Infante Dom Henrique, em Lisboa, devido a cinco acidentes distintos ocorridos entre as 14h30 e as 14h50, disse este sábado à agência Lusa fonte da PSP.

Um menor sofreu ferimentos considerados ligeiros e foi transportado para o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, segundo a mesma fonte.

O trânsito está a ser desviado para a praça José Queiroz.

Desabamento de terras na Amadora

A chuva provocou ainda um desabamento de terras na Amadora. O incidente ocorreu por volta das 13h30, numa zona residencial, mas não provocou sem provocar feridos ou danos materiais, disse à Lusa fonte da PSP.

A derrocada levou ao corte de trânsito na rua Dr. João Corte Real, não havendo previsão de reabertura no momento. No local estão os serviços de Proteção Civil.

Madeira: 58 voos cancelados, 8 mil passageiros afetados

58 voos foram cancelados no Aeroporto Internacional da Madeira devido ao vento forte no arquipélago. Uma situação que afetou cerca de oito mil passageiros.

Os 58 voos cancelados, entre chegadas e partidas, eram oriundos ou tinham como destino várias cidades da Europa. Durante o dia de hoje houve também cinco voos com destino à ilha da Madeira que divergiram para os aeroportos de Lisboa, Porto e Porto Santo.

O aeroporto da Madeira não está, no entanto, encerrado, mas apenas condicionado, havendo neste momento aviões que se deslocam para a região, disse à agência Lusa fonte aeroportuária. Centenas de pessoas encontram-se concentradas no Aeroporto Internacional da Madeira à espera de voo e muitos passageiros tiveram de remarcar a viagem para outro dia.

As informações dos serviços de meteorologia indicam, por outro lado, que o vento deverá abrandar a partir das 19h00, o que poderá permitir algum escoamento de passageiros. O arquipélago da Madeira continua a ser afetado pelo mau tempo, embora tenha diminuído significativamente de intensidade, tendo as autoridades emitido um aviso por causa do vento e da agitação marítima até domingo.

O Nacional da Madeira, que vinha a Lisboa defrontar o Real Massamá, ficou retido. O jogo da 27.ª jornada da II Liga, que estava marcado para as 11h15 de domingo, foi reagendado para 21 de março às 15h.

IPMA: Chuva vai manter-se até ao fim da próxima semana

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a chuva vai manter-se em Portugal continental pelo menos até ao final da próxima semana, e o vento vai continuar forte, mas com tendência para diminuir.

Todos os distritos de Portugal continental estão sob aviso amarelo, prevendo-se que a chuva, neve, vento e agitação marítima se estendam de norte para sul ao longo do dia, disse fonte da Proteção Civil.

Relativamente à agitação marítima, o comandante do Serviço Nacional de Bombeiros e da Proteção Civil disse que, apesar de longe de atingir os picos recentes dos 10/12 metros, vai continuar forte em toda a orla costeira (oeste e sul), com a ondulação de sudoeste de quatro a cinco metros, embora, pontualmente, possa ser bastante superior.

Entre as brumas da memória


Posted: 03 Mar 2018 01:54 PM PST

.

O’Neill e Amália

Posted: 03 Mar 2018 10:45 AM PST

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
Alexandre O'Neill

.

Dica (727)

Posted: 03 Mar 2018 07:40 AM PST

Silicon Valley’s Origin Story (Jacob Silverman)
«The generational shift that made tech companies a cultural and political force.»
.

O combate civilizacional pelos livros e pela leitura

Posted: 03 Mar 2018 03:03 AM PST

José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«Estas últimas semanas passei pelos restos de um mundo que foi o meu, mas que está a acabar. A Livraria Leitura no Porto acabou. Era seu frequentador desde os tempos em que era Divulgação e tinha a loja da esquina da Rua de Ceuta e a outra que depois foi dos Livros do Brasil e o seu livreiro era Fernando Fernandes, juntamente com o editor José Carvalho Branco. Não era difícil perceber, nos últimos anos, a sua agonia para quem, como eu, já viu muitas livrarias moribundas. O stock começa a não ser renovado, as estantes têm quase sempre os mesmos livros, as novidades começam a ser sempre as mesmas de todas as livrarias, até que começam também a desaparecer. Não há dinheiro para diversificar as encomendas ou as compras e isso na Leitura era uma ruptura com a prática de Fernando Fernandes de encomendar sempre dois exemplares dos livros que os professores da Universidade do Porto mandavam vir, um para eles e outro para a livraria. Deixou há muitos anos de haver a Galeria de Arte. Pouco a pouco fechou a secção de livros artísticos, desapareceram muitos livros estrangeiros e sobravam os chamados “monos”, mesmo assim aqueles em que ainda ia descobrindo livros para comprar. Havia uns restos de filosofia, alguns livros de história, e para os professores uma boa secção de pedagogia. As montras pareciam sempre iguais e os esforços dos empregados, e dos clientes fiéis que ficaram até ao fim, não chegavam para dar vida ao espaço. Quem queria apresentar novos livros rumava para outros locais menos fúnebres. E, mesmo no anúncio da sua morte, alguns dos artigos jornalísticos publicados eram tão estereotipados e pobres, que era fácil perceber que havia uma ruptura da memória do papel da Leitura no Porto, desde os tempos da resistência, nessa rua emblemática onde havia tertúlias no Café Ceuta dos oposicionistas do Porto, onde vários destacados membros da oposição à ditadura viviam ou tinham os seus escritórios profissionais. Foi na Leitura (e na Divulgação) que vi muitas exposições, recordo-me de uma de Tapiés, escrevi textos para alguns dos catálogos, conheci Francisco Sá Carneiro e vi pela única vez Aquilino Ribeiro.

Primeiro, chegou um cabeleireiro ocupando a parte “histórica” da livraria e ficou apenas a nova parte na Rua José Falcão, para onde antes se passava por uma espécie de túnel com livros por todo o lado. Nada tenho contra os cabeleireiros, mas aquele ficou-me atravessado, sem culpa nenhuma. E depois veio o estrangeirismo na moda “Leitura Books &Living”, depois veio a doença terminal, e depois veio a Morte.

Nesta mesma semana, fui pela última vez à Pó dos Livros em Lisboa. Consegui a proeza de entrar, ver com algum tempo tudo o que lá havia e não conseguir encontrar nada para comprar. Este para mim é sempre o sinal. Mesmo no mercado dos livros na Estação da Gare do Oriente consigo comprar dezenas de livros de cada vez, fruto de uma outra realidade do mundo dos livros: a caótica e paupérrima distribuição, que deixa dezenas de títulos de pequenas editoras por distribuir e lá, junto dos comboios, estão como “monos” invendáveis. Comprei, na última vez, livros sobre o PREC, sobre Maria Archer, sobre a história fabril de Portugal, sobre história cultural da música popular portuguesa, etc., etc. O mesmo me acontece com os livros dessa empresa que não é uma editora, mas dá o nome de Chiado aos livros que lhes pagam para publicar. O que acontece é que há coisas muito más, mas há também alguns ensaios e estudos muito interessantes. Como de costume não se encontram nas livrarias e só nestes mercados e na Feira do Livro.

O panorama de muitas livrarias que ainda sobrevivem é igualmente paupérrimo. O espaço que têm para expor os livros — uma aspecto fundamental de uma livraria — está cheio da mesma tralha de papel pintado que às centenas de títulos se publicam por mês. Quase não há livros estrangeiros, a não ser as mesmas traduções de Pessoa e Saramago para os turistas, com o pretexto de que agora “toda a gente manda vir os livros pela Amazon”. Isto é apenas uma parte da verdade, mas, de novo, ignora-se o papel dos livros expostos para uma espécie de “browsing” físico que nada substitui. Quem compra livros escolhe muitas vezes pela possibilidade de encontrar livros que não conhecia, ou mesmo quando os conhecia por ter a possibilidade de os folhear. Por exemplo, a Fnac e outras livrarias colocaram nas estantes a edição original do livro controverso sobre a Casa Branca de Trump de Michael Wolff. Não tinha a intenção de o comprar, porque pensava que os extractos publicados me chegavam e acabei por o fazer perante o livro físico. O desprezo pelo objecto real em detrimento de um hipotético objecto virtual é cada vez mais acentuado e é suicidário nos livros e nas livrarias. O mercado pode ser mais pequeno, mas é certamente constituído por gente com mais recursos.

E depois há um lado negro pouco conhecido que passa pela manipulação dos “tops”, pelas relações preferenciais entre editores e jornalistas da área da cultura da televisão, rádio e jornais, que promovem apenas alguns livros e alguns autores, há o amiguismo de grupos intelectuais ou das cortes de A e B e C que se autopromovem mutuamente, colocando-se na moda, ou estando presentes nos sítios certos e nos momentos certos, há muitas formas de pequena corrupção nos meios culturais que a ideia da intangibilidade de tudo o que é da cultura impede de ser escrutinado como devia.

Que algumas livrarias estão a morrer é verdade, mas não são todas as livrarias, que o mercado caminha para haver ou grandes livrarias como a Fnac ou livrarias de culto como a Letra Livre é verdade, que o mundo das grandes cidades como Lisboa e Porto, dominado pelos efeitos imobiliários do boom turístico, é hostil ao mercado livreiro, tudo isto é verdade. Mas também é verdade que a edição de livros é muito má, que traduções, edições, revisões, grafismo são pouco cuidados e que os professores que iam encomendar livros à Leitura hoje não compram livros, nem na Amazon — como os estudantes não os lêem. O deserto livreiro que são as universidades estende-se à sua volta onde só os ingénuos pensam que sobrevivem livrarias, quando o que está a dar são casas de fotocópias.

Não há nada pior do que dar uma explicação errada para o que se está a passar, quando essa explicação é uma justificação derrotista de aceitação de fim de um mundo melhor a favor de um mundo pior. É que, meus amigos, às vezes as coisas andam para trás.

Repetem-se quanto à morte das livrarias os mesmos lugares-comuns sobre o arcaísmo dos livros face às novas plataformas digitais, às mudanças de hábitos de leitura geracionais, etc,. etc. Considero que quase tudo isto é, para usar um eufemismo americano, que é substituído nas televisões por um apito, bullshit. Estas “explicações” destinam-se a encobrir muita incompetência, muitos erros de gestão, muito facilitismo, muito ir atrás de modas, muitas afirmações que podem ser virais, mas que não são verificadas; e, pior que tudo, escondem um problema maior, que é o da leitura, não no mundo digital que para estas matérias eu não sei o que é, mas o da ascensão de novas e agressivas formas de ignorância, aquilo a que tenho chamado a “nova ignorância”, que ganharam valor corrente na sociedade dos dias de hoje e que a ajudam a caracterizar. E do mesmo modo que é suposto combater o autoritarismo, a violência, o sexismo, o populismo, e mais uma longa série de “ismos”, é preciso combater essa degradação daquilo que era um valor civilizacional (sim, há valores civilizacionais...) que era caminhar do fim do analfabetismo para uma qualificação da leitura como modo de dominar melhor o mundo e a vida de cada um.

O problema não é substituir os livros por um ecrã de um telefone inteligente ou de um tablet — o problema é o mito perigoso de que a “leitura”, mesmo numa forma diferente, está a emigrar de um meio para outro, porque não está. O que se está é a ler diferente, pior e menos, como se está a “saber” demasiado lixo — meia dúzia de performances rudimentares com as novas tecnologias — e pouco saber. A morte das livrarias é um aspecto desse soçobrar no lixo, mas infelizmente estão demasiado acompanhadas pela morte de muitas outras coisas, do valor do conhecimento, do silêncio, do tempo lento, da leitura, da verdade factual, e da usura da democracia.»

DISCURSO DO CATEDRÁTICO A HAVER (em quadrinhas de mal dizer, para cantar à esquina)

por estatuadesal

(Por José Gabriel, 03/03/2018)

passos_catedra

I
Com todo este saber
(Isto é axiomático)
Quando for grande vou ser
Um professor catedrático.

Não sou de grande ciência
Mas sou muito carismático
Vou ser, tenham paciência,
Um professor catedrático

Graças a vistosa finta
Com um drible burocrático
Vou ser, e com grande pinta,
Um professor catedrático.

Não tenho modos de mestre
Sou mais para o autocrático
Mas vou, ao jeito rupestre,
Ser professor catedrático.

A gestão da Tecnoforma
De um modo automático
Só por si, já me transforma
Em professor catedrático.

                    II
E esta minha voz sonora?
E este meu jeito enfático?
E a minha arte canora?
Sou ou não sou catedrático?

E o meu pendor dogmático?
E o meu pin emblemático?
E o meu talento empático?
E o meu dom democrático?

E o meu quadro idiossincrático?
E o fôlego psicossomático?
E o olhar electrostático?
E o sorriso simpático?

III
Não serei um bom gramático
- Sou até muito assintático –
Resolvo de modo prático
Metendo um ano sabático

Queixo-me de reumático
E de um problema hepático
P’ra não falar no ciático
E no síndroma prostático

As escolas são como selvas
Para quem tem dotes escassos
Bem me vai dizendo o Relvas:
“Vai mas é estudar, ó Passos!”

Não gostaram do meu esquema?
(Eu sou um tipo esquemático)
É vosso, esse problema.
Por mim, vou ser catedrático

Como Sobrinho terá desfalcado o BESA em quase 500 milhões de euros

BESA

3/3/2018, 12:23374

Investigação em que participa o "Expresso" mostra que o empresário terá enviado para (pelo menos) três empresas angolanas a que estaria, na realidade, ligado. Vários movimentos eram em dinheiro vivo.

Autor

edgarcaetano

Mais sobre

O antigo presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA), Álvaro Sobrinho, terá desfalcado o banco num equivalente a pelo menos 433 milhões de dólares (350 milhões de euros), através de um esquema de empréstimos a empresas de quem não se conheciam sócios — e que, suspeitam as autoridades, estariam ligadas ao próprio Sobrinho. Juntando a esse valor os 182 milhões de dólares (que, segundo noticiou o Expresso em junho), Sobrinho recebeu das offshores Grunberg e Pineview (e, também, em nome próprio), ascendem a cerca de 500 milhões de euros os fundos que o empresário angolano terá desviado do BESA naqueles anos.

Estes são os principais números que nascem de uma investigação em que participa o jornal Expresso, com o consórcio EIC (European Investigative Collaborations), a partir de uma fuga de informação com documentos e e-mails que chegaram às mãos da revista alemã Der Spiegel.

Os documentos explicam em detalhe como Sobrinho terá beneficiado de uma rede de empresas a quem foram feitos empréstimos volumosos, dinheiro que flui para fora do BESA (que tinha no BES o seu maior acionista). No total, no que se conclui a partir da documentação, o BESA terá emprestado 1,6 mil milhões de dólares a cinco empresas-fantasma, a quem ninguém conhece donos e sobre as quais Sobrinho não deu explicações à gestão que lhe sucedeu, liderada por Rui Guerra.

Sobrinho terá ligações a pelo menos três das cinco empresas (Vaningo, Cross Fund, Saimo, Govest e Socidesa). Houve transferências e depósitos em numerário (dinheiro vivo na ordem de dezenas de milhões de dólares) para empresas em que o beneficiário real era Álvaro Sobrinho e a família direta. O DCIAP e o Ministério Público suíço estão a investigar este caso de burla qualificada, abuso de confiança e branqueamento de capitais. A documentação inclui vários e-mails trocados entre Álvaro Sobrinho e o cunhado, Manuel Afonso-Dias, que lhe geria a fortuna privada, onde fica claro que Álvaro Sobrinho fez os levantamentos suspeitos e transferências/depósitos para as empresas suspeitas.

Em várias ocasiões, nesses e-mails, Manuel Afonso-Dias aparece a queixar-se do “caos” contabilístico que era gerado por estes movimentos. Perante a preocupação do cunhado quanto ao que se chamavam de “suprimentos”, Álvaro Sobrinho disse-lhe, por exemplo, que “no banco não tens de dizer nada. Se, por acaso, te perguntarem, só tens de dizer que são dívidas entre empresas”.

Ocean Private, Anjog e Marina Baía eram os nomes das três empresas que receberam um total de 433 milhões de dólares vindos do BESA, pela mão de Sobrinho. Estes recursos permitiram a Álvaro Sobrinho ir além do que era a sua remuneração normal, no BESA, e acumular uma fortuna que lhe permitiu, por exemplo, comprar os jornais Sol e i (através de uma offshore), e tornar-se acionista da SAD do Sporting com quase 30% do capital (segundo dados de dezembro de 2016 da CMVM).

Na Comissão Parlamentar de Inquérito, Álvaro Sobrinho garantiu que era “impossível” que se tenha dado crédito (no BESA) a empresas ligadas a si — e considerou “absurdo” falar-se em levantamentos e depósitos de várias centenas de milhões de dólares em dinheiro vivo.

Alemanha e França ponderam medidas comuns para combater protecionismo dos EUA

ECONOMIA

3/3/2018, 13:13

Angela Merkel pretende criar um imposto comercial comum a França como reação ao protecionismo dos EUA. Trump anunciou a imposição de taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio.

CARSTEN KOALL/EPA

Autor
  • Agência Lusa
Mais sobre

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou este sábado a vontade de “tornar realidade” um imposto comercial comum a França como “reação” ao protecionismo imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

Em Washington, Trump anunciou a imposição de taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio, devendo o aumento dos preços prejudicar as indústrias que usam este produto, como fabricantes de automóveis e aviões ou fornecedores de materiais de construção.

Trump anunciou que vai impor uma taxa alfandegária de 25% a partir da próxima semana sobre aço importado e 10% sobre o alumínio, importações estas que, disse, são uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

Hoje, na sua tradicional mensagem semanal em vídeo, Merkel referiu que, após a reforma fiscal de Trump, o Governo alemão está a seguir com atenção o impacto da medida na competitividade das pequenas e médias empresas alemãs.

“Isso significa que, se pensarmos em como vamos desenvolver uma base comum para os impostos sobre as empresas na França e na Alemanha, então também teremos em conta as realidades que temos atualmente nos Estados Unidos”, disse Merkel, indicando esperar por resultados nesse sentido até ao fim deste ano.

A Alemanha e a França já tinham dado conta do interesse em avançar juntos nalgumas questões, como na harmonização do imposto sobre as empresas, uma das apostas contidas na agenda reformista do Presidente francês, Emmanuel Macron.

Também como forma de pressão, o coordenador para a Cooperação Transatlântica do Governo alemão, Jurgen Hardt, indicou hoje que irá seguir, em breve, para Washington, onde irá analisar com as autoridades norte-americanas a situação criada com a decisão de Trump.

Num comunicado, o coordenador explicou ser necessário, mais do que nunca, um diálogo de cooperação entre a Alemanha e os Estados Unidos, “com respostas comuns e soluções”, apesar das diferentes opiniões sobre as políticas comerciais.