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segunda-feira, 5 de março de 2018

Entre as brumas da memória


Novas atracções para turistas

Posted: 05 Mar 2018 11:43 AM PST

Cascatas na Mouraria, em Lisboa.
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O presidente e as suas congratulações

Posted: 05 Mar 2018 09:19 AM PST

O presidente da República congratula-se com a «solução de Governo na Alemanha com o potencial para contribuir para que a Europa ultrapasse a encruzilhada em que se encontra». Não percebo o que tem a ver com o que se passa na Alemanha (ou obviamente que percebo…), mas tudo bem.

Voltarei mais tarde à página da presidência para saber o que tem a dizer sobre o resultado das eleições em Itália.

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Triste Itália

Posted: 05 Mar 2018 06:01 AM PST

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Universidade pública versus universidade privada

Posted: 05 Mar 2018 03:24 AM PST

«A educação é seguramente a maior fonte de capital humano de um país e é, por isso, um dos principais motores de crescimento e desenvolvimento económico. Independentemente do “fornecedor/formador”, público ou privado, é um bem público no sentido em que é não-rival (o mesmo conhecimento pode ser usado por diversas pessoas ao mesmo tempo) e não-exclusivo (é impossível impedir que alguém utilize conhecimento transmitido).

Há sempre uma grande discussão em torno da questão da adequação da rede de ensino superior às necessidades do país. Mas não é esse o principal objectivo desta crónica, que passa sobretudo pela análise das principais diferenças entre o ensino universitário público e o ensino universitário privado. Neste processo, atendo particularmente a valores médios (qualidade média dos estudantes, dos professores e das instituições) e aos conteúdos programáticos leccionados nos diversos ciclos de estudos.

Claramente, em termos médios, os estudantes da universidade pública são melhores e mais comprometidos com o desejo de saber. Foram melhores estudantes no ensino secundário, escolheram em primeiro lugar os cursos, logo os melhores cursos, e apresentam-se, portanto, mais motivados; em suma, são mais profissionais. E porque escolhem eles cursos na universidade pública, mesmo sabendo que, sendo melhores e estando dispostos a estudar mais, provavelmente, terminarão o ensino superior com média inferior à de colegas do ensino universitário privado? A resposta é obvia, porque a universidade pública é incomparavelmente melhor! Não creio, pois, como muitas vezes se diz, que o ensino universitário público seja apenas para as supostas “elites”, penso sim que é, em primeiro lugar, para os melhores.

Para além de ter, em média, os melhores alunos, a universidade pública tem também, em média, os melhores professores. Professores que não se limitam a reproduzir conhecimento estandardizado, muitas vezes ultrapassado, obsoleto, mas que se actualizam, que investigam, que geram novo conhecimento, que debatem e partilham novas descobertas com os pares situados em locais distintos do seu, seja por brio profissional, seja porque a progressão na carreira assim o exige, ou seja ainda porque são estimulados pela qualidade média dos estudantes. Para quem dúvida de mim deixo apenas a seguinte questão: porque será que os professores do ensino universitário público não estão dispostos a mudar para o ensino universitário privado e o contrário acontece?

Se a entrada de novo conhecimento procede maioritariamente da universidade pública por professores comprometidos com a investigação e com o ensino a estudantes exigentes de conhecimento, os conteúdos programáticos estão, nestas instituições, por natureza em permanente actualização e interrogação. Como o mercado reconhece, é efectivamente a universidade pública que fornece as competências que os alunos necessitam numa economia moderna.

Neste contexto, face à posição registada, é evidente que a universidade privada tende a desvalorizar os rankings existentes, com a lógica de que as métricas utilizadas – usualmente baseadas na qualidade da investigação e na empregabilidade – não fazem sentido. Mas então que métricas farão sentido?!

Não é a investigação a fonte do novo conhecimento? Claro que é! Há quem chegue ao ponto de afirmar que a obsessão pelas publicações em revistas científicas internacionais, indexadas, como medida de investigação, leva a que os professores deixem de se preocupar com a qualidade na transmissão do conhecimento e se isolem. Mas como se pode transmitir novo conhecimento se não houver envolvimento com a investigação? Tenho para mim que é impossível entender certos mecanismos, que conduzem a resultados, sem pelo menos haver algum envolvimento com a investigação. E, também ao contrário do que é dito, a investigação em vez de isolar em cativeiro ou em regime de clausura possibilita a interacção à escala mundial. Neste contexto, esse tipo de afirmações sugerem-me o desconforto de quem as profere como a obrigatoriedade de investigar, seja por incapacidade, seja porque, de facto, dá imenso trabalho sem remuneração visível. Tenho para mim, portanto, que a um professor universitário deveria ser exigida a obrigação de, permanentemente, estar envolvido na investigação, como forma de gerar e entender o novo conhecimento, e de expandir a sua visão, pois só assim será capaz de transmitir correctamente esse conhecimento e de interagir com os pares situados noutros locais.

Quanto à empregabilidade, pergunto: não é um indicador da adequação da oferta formativa às necessidades do mercado? Creio que é o melhor indicador. Tal como uma empresa que produz para stock vai à falência, também uma instituição de ensino superior que “produza” desempregados deverá redimensionar-se, no limite falir.

É comum ouvir-se que muitos dos diplomados pelo ensino superior privado nas últimas décadas ocupam hoje lugares de destaque em empresas e organizações, e em muitas áreas da sociedade. É verdade! Sobretudo na administração pública que, cegamente, atende exclusivamente às médias de curso e assim ajuda quem optou por um percurso de menor exigência e o concluiu com médias superiores às do ensino público até porque foi também favorecido pelos professores, que deram um jeitinho e lhes subiram as médias. Efectivamente, a percepção existente é que, comparando as escolas públicas com as privadas, em média, estas últimas tendem a beneficiar quem as frequenta. Há quem diga até que, na universidade privada, professores exigentes acabam dispensados. Seja como for, a verdade é que ainda assim há muitos mais diplomados pelo ensino superior público que, devido ao muito mérito, ocupam lugares de destaque na sociedade portuguesa e em instituições internacionais.

E como se justifica o preconceito existente por parte dos melhores estudantes, dos pais e até do próprio mercado de trabalho sobre a formação dos estudantes oriundos da universidade privada? Existem, naturalmente, excelentes estudantes, professores e instituições na universidade privada, mas, em termos médios, a percepção existente aponta para um enorme gap qualitativo face à universidade pública.

A universidade é, e deve continuar a ser, um espaço de investigação, de criação de conhecimento, de transmissão desse conhecimento novo, de dinâmicas de intervenção, de partilha, como acontece na generalidade da universidade pública e não um local de formação que lembra o ensino secundário, nem um negócio!»

Óscar Afonso

Golpe da CIA levou à ascensão dos aiatolás no Irão

Por que o Irão não pode ter um governo laico e democrático? Muitos americanos se fazem essa pergunta quando pensam naquele velho adversário dos EUA no Oriente Médio – principalmente quando veem imagens de manifestantes pedindo mais liberdade nas ruas das cidades iranianas

Foi o senador Bernie Sanders – logo ele –, que, em cadeia nacional, lembrou aos americanos as consequências catastróficas do golpe, em um debate com Hillary Clinton, durante a campanha das primárias do Partido Democrata para a presidência dos EUA, em fevereiro de 2016:

Mossadegh, em 1953. Ninguém sabe quem foi Mossadegh. Era o primeiro-ministro democraticamente eleito do Irã. Ele foi derrubado por britânicos e americanos porque ameaçava os interesses do setor de petróleo da Grã-Bretanha. O resultado disso foi que o xá, um terrível ditador, assumiu o governo. E o resultado disso foi a Revolução Iraniana, que deixou o país como está até hoje. Consequências indesejadas.”

O que Sander chamada de “consequências indesejadas” a CIA chama de blowback, um conceito que, em português, poode ser traduzido como “efeito bumerangue” ou “tiro pela culatra”.

Como explico no terceiro episódio da minha série de seis curtas-metragens sobre o tema, a CIA criou o termo blowback para se referir aos resultados da Operação Ajax – o codinome dado pela agência ao golpe contra Mossadegh. “Todo agente da CIA envolvido nesse tipo de operação deve sempre ter em mente a possibilidade de blowback contra os EUA. Nenhum outro tipo de operação é tão explosivo quanto esse”, alerta um relatório de crítica interna da CIA sobre a queda de Mossadegh.

Mas nem por isso o governo americano abandonou a prática nas décadas seguintes. Os EUA continuaram orquestrando golpes de Estado, assassinando líderes estrangeiros, derrubando governos democraticamente eleitos e invadindo nações soberanas. Mesmo hoje em dia, os linhas-duras militaristas do governo Trump querem uma mudança de regime em Teerã. De novo. Será que eles não aprenderam a lição? Uma tentativa de derrubar o regime iraniano pode ter consequências catastróficas. Nas palavras de Michael Morell, antigo vice-diretor da CIA: “A probabilidade de êxito é pequena, mas a de blowback é enorme.”

E aí está essa palavra de novo. Blowback. Mais um tiro pela culatra. Mas será que tem alguém prestando atenção nesse governo?

Por Mehdi Hasan  (The Intercept Brasil) | Texto original em português do Brasil

‘Stock’ de sardinha mais do que duplicou entre 2016 e 2017

PESCA

HÁ 2 HORAS

O stock de sardinha na costa portuguesa mais do que duplicou, para 120 mil toneladas, em 2017. A pesca de sardinha está proibida desde outubro.

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Autor
  • Agência Lusa

O ‘stock’ de sardinha na costa portuguesa, cuja pesca está proibida desde outubro, mais do que duplicou para 120 mil toneladas em 2017, segundo os resultados do cruzeiro científico divulgados esta segunda-feira pela associação da pesca do Cerco.

Os resultados do cruzeiro científico realizado em dezembro pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontam para 120 mil toneladas de sardinha entre Caminha e o Cabo Espichel, um acréscimo de 110% face à biomassa que tinha sido avaliada em dezembro de 2016″ (57 mil toneladas), refere em comunicado a Associação das Organizações de Produtores da Pesca (ANOP) do Cerco.

Os dados foram divulgados na reunião de quarta-feira da Comissão de Acompanhamento da Sardinha, no Ministério do Mar.

Para a associação do setor, os resultados são “globalmente muito positivos” e “vêm ao encontro das medidas de gestão do ‘stock’ nos últimos quatro anos”, com reduções anuais de capturas abaixo das 15 mil toneladas, quando entre 2000 e 2010 eram superiores a 60 mil toneladas.

A ANOP Cerco acredita que os dados da evolução do ‘stock’ de sardinha a recolher pela investigação programada para abril “irão ser ainda mais positivos”, tendo em conta a paragem da pesca que se iniciou em outubro e que se estende até ao final de abril.

Se a evolução do ‘stock’ se confirmar em abril, a ANOP Cerco defende que a quota de pesca a propor para 2018 – 14.600 toneladas – deverá sofrer uma “ligeira melhoria”, uma vez que foi calculada em função das 146 mil toneladas de biomassa avaliadas para Portugal e Espanha.

No final de janeiro, a ministra do Mar alertou para o risco de a sardinha ficar sujeita a uma quota comunitária, caso Portugal e Espanha não façam uma gestão rigorosa dos volumes de captura da espécie. A pesca da sardinha está proibida desde outubro e vigora até abril, período durante o qual o Ministério do Mar paga aos pescadores para não trabalharem.

Um parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), divulgado a 20 de outubro do ano passado, concluiu que a pesca da sardinha deveria ser proibida este ano, em Portugal e Espanha, face à redução acentuada do ‘stock’ na última década, que caiu de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016.

Já há dois anos, em 2016, o mesmo organismo científico recomendou uma paragem completa da pesca da sardinha em Portugal, durante um período mínimo de 15 anos, para que o ‘stock’ de sardinha regressasse a níveis considerados aceitáveis.

Guterres nomeia Michael Bloomberg enviado especial para as alterações climáticas

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

HÁ 18 MINUTOS

O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou o antigo presidente da Câmara de Nova Iorque e empresário Michael Bloomberg como seu representante especial para as alterações climáticas.

ETIENNE LAURENT / POOL/EPA

Autor
  • Agência Lusa

    O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou o antigo presidente da Câmara de Nova Iorque e empresário Michael Bloomberg como seu representante especial para as alterações climáticas.

Guterres adiantou que Bloomberg vai apoiar uma cimeira da ONU sobre o Clima, prevista para 2019, que pretende mobilizar uma ação ainda mais ambiciosa para aplicar o Acordo de Paris, alcançado no final de 2015, que visa a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Ativista desde há muito da causa da energia limpa, Bloomberg tinha sido apontado como enviado especial da ONU para as cidades e as alterações climáticas pelo antecessor de Guterres, Ban Ki-moon, em janeiro de 2014.

Em julho, Guterres afirmou que Bloomberg está “convencido” que os EUA vão concretizar os seus compromissos de Paris, apesar do atual Presidente, Donald Trump, ter decidido retirar o país do Acordo.

Bloomberg tem apelado aos líderes mundiais para que não sigam o exemplo de Trump nas alterações climáticas e declarado o seu empenho em ajudar a aplicar o Acordo de Paris.

A Universidade que temos

PEDRO PASSOS COELHO

Alexandre Homem CristoSeguir

5/3/2018, 0:04902

A contratação de Passos Coelho pelo ISCSP nunca poderia ser bem-recebida num sistema universitário alheio ao mérito e alimentado por compadrios – e, portanto, precário para uns e generoso para outros.

Quem tivesse aterrado há cinco dias em Portugal, e ouvisse as críticas à contratação de Passos Coelho para dar aulas no ISCSP da Universidade de Lisboa (UL), poderia convencer-se que, por cá, se leva muito a sério a qualidade no recrutamento das universidades, assim como o rigor na atribuição de graus académicos. E se se convencesse disso estaria obviamente equivocado.

Poder-se-ia entrar no debate e explicar que ter ex-políticos de relevo a dar aulas numa universidade é uma prática comum no contexto internacional. Ou até esclarecer a ignorância de quem não sabe que o estatuto de catedrático-convidado, que Passos Coelho terá no ISCSP, não equivale a professor catedrático em termos de carreira académica. Mas o ponto não está nesta argumentação. A questão que realmente importa tem raízes mais profundas: a contratação de Passos Coelho nunca poderia ser bem-recebida num sistema universitário alheio ao mérito, alimentado por compadrios e redes de influência. Isto é, um sistema que aclama a endogamia – e que é, portanto, arbitrariamente precário para uns e generoso para outros.

Os dados da endogamia universitária falam por si. Na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC), todos os docentes de carreira fizeram o seu doutoramento nessa mesma faculdade. Não é arredondamento, é mesmo 100%. Em 53 professores, não há um único que se tenha formado numa outra instituição de ensino – basicamente, há os “da casa” e quem vem de fora fica à porta. Mas há muitos mais exemplos. Ainda em Coimbra, a universidade portuguesa com níveis mais elevados de endogamia, a Faculdade de Medicina tem uma taxa de 97%. Na de Medicina da Universidade do Porto (UP), a taxa de endogamia é só ligeiramente inferior: 93%. E na Faculdade de Letras da UP, a taxa mantém-se nuns elevados 83%. O que quase parece pouco se se comparar com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL), que tem 96% dos seus 165 docentes de carreira doutorados nessa mesma instituição. De resto, na UL, nada de particularmente diferente: a Faculdade de Medicina tem uma taxa de endogamia de 85% e a Faculdade de Direito quase iguala a marca de Coimbra: em 103 professores, apenas um se formou numa outra instituição, resultando numa taxa de endogamia de 99%.

Todos estes casos são sintomas da endogamia persistente no sistema universitário português: comunidades académicas fechadas sobre si mesmas, viciadas em favorecimentos internos, alheias a ideias novas e oriundas do exterior, e forçosamente menos integradas nas redes internacionais. Olhando para o cenário global das universidades portuguesas da rede pública, 70% dos docentes de carreira formaram-se na instituição onde agora dão aulas. É um valor altíssimo e preocupante. E é só a ponta do icebergue.

Os dados aqui mencionados, retirados de um relatório da Direcção Geral das Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), não contabilizam os professores convidados e similares – que, ao não serem de carreira, dispensam concurso de acesso, dando origem a (ainda mais) situações de endogamia. É, aliás, essa a conclusão de um estudo sobre o tema, publicado pelo Conselho Nacional de Educação: a legislação “continua a permitir que as instituições recorram à carreira informal dos professores convidados, a qual reforça o recrutamento endogâmico”, para beneficiar os seus protegidos em futuros concursos de vinculação à carreira.

O que quer dizer tudo isto? Que o caminho mais certo para a obtenção de um lugar numa faculdade é a vassalagem académica, tendo as lideranças das faculdades um poder tremendo sobre a carreira (e a vida) dos docentes. Que são estas as regras do jogo, que muitos lamentam mas cumprem porque disso depende a sua progressão profissional. E que quem entrar vindo de fora, por mérito próprio ou melhores contactos, será visto com inveja e tratado como ameaça.

Sim, há um problema nas escolhas que as universidades fazem na contratação dos seus docentes. Mas não, esse problema não está no perfil de experiência e qualificações de Passos Coelho para leccionar Administração Pública no ISCSP – já agora, a unidade da UL com mais baixa taxa de endogamia (59%). O problema está num sistema universitário erigido sobre pequenas teias de influência, lealdades, invejas e redes de poder. Discuta-se isso, que o resto é só ruído.