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terça-feira, 27 de março de 2018

Que países expulsaram e os que não expulsaram diplomatas russos

RÚSSIA

HÁ 13 MINUTOS

Desde que o Reino Unido acusou a Rússia de matar um espião em Inglaterra, 125 diplomatas russos já foram expulsos de mais de 20 países. Como Portugal, que os vai manter, só há mais sete países da UE.

Getty Images

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Mais de 20 governos seguiram o exemplo do Reino Unido e expulsaram diplomatas russos colocados nos respetivos países. As represálias diplomáticas foram tomadas depois de o governo britânico ter acusado a Rússia de ter orquestrado o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e a filha Yulia em Salisbury, em Inglaterra. O Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos e Moscovo respondeu dando ordem de saída a outros 23 diplomatas britânicos. Desde então, só os Estados Unidos mandaram para casa 60 diplomatas russos.

As notícias mais recentes dão conta da expulsão de sete diplomatas russos a serviço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO): a decisão foi anunciada esta terça-feira pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, e noticiada pela AFP. Além disso, o líder da NATO anunciou que a acreditação a três diplomatas foi recusada e que a missão russa junto da organização será reduzida de 30 para apenas 20 elementos. Esta é a forma que a NATO arranjou de “enviar uma mensagem muito clara à Rússia de que as ações têm consequências”.

Dentro da União Europeia, o primeiro-ministro da República Checa anunciou em conferência de imprensa que ia expulsar três diplomatas russos e Martin Stropnicky, ministro dos Negócios Estrangeiros, escreveu no Twitter que esses diplomatas eram “persona non grata” no país. A Dinamarca juntou-se à onda de expulsões: “Ficamos ombro a ombro com o Reino Unido e dizemos claramente ‘não’ à Rússia num tempo em que a Rússia também está a ameaçar os valores ocidentais”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Anders Samuelsen.

Outros estados europeus seguiram os passos britânicos. A Alemanha justificou a expulsão de quatro diplomatas russos com “a apertada coordenação com a União Europeia e com os aliados da NATO”: por lá, os diplomatas têm sete dias para sair do país, um prazo que foi comunicado à embaixada russa na Alemanha. França está “solidária” com o Reino Unido e pediu a mais quatro diplomatas que saíssem de território francês porque “o ataque levantou uma séria ameaça para a nossa segurança coletiva”.

Estas também foram as justificações dadas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria, de Itália e da Lituânia. O primeiro-ministro da Holanda utilizou a página de Facebook para “condenar a utilização de armas químicas, que é inaceitável” e a Polónia disse que o ataque que vitimou o espião russo (que se encontra em estado crítico) “ameaça todo o território da União Europeia e todos os cidadãos da NATO porque pode acontecer em qualquer lugar”. Aqui ao lado, os espanhóis expulsaram dois diplomatas: “Desde o início que consideramos o ataque do agente nervoso em Salisbury um desenvolvimento extremamente sério que representa uma ameaça significativa à nossa segurança coletiva e ao direito internacional”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros no Twitter.

Por cá, o ministério dos Negócios Estrangeiros avançou que Portugal não vai expulsar os diplomatas russos que residem no país: “Portugal acredita que a concertação no quadro da União Europeia é o instrumento mais eficaz para responder à gravidade da situação presente”, pode ler-se na nota oficial.

Fora da União Europeia, a reação tem sido semelhante. Os Estados Unidos deram ordem de saída a 60 diplomatas russos identificados pela Casa Branca como agentes secretos e aproveitou para encerrar o consulado da Rússia em Seattle: de acordo com o governo de Trump, 48 deles trabalhavam nessa representação e outros 12 eram funcionários das Nações Unidos em Nova Iorque. Esta decisão é a mais feroz das tomadas até agora pelo presidente norte-americano contra os russos.

Os Estados Unidos foram o país que mais diplomatas russos expulsaram até agora. A seguir vem a Ucrânia, que tem vivido momentos de hostilidade com a Rússia, que já resultaram na anexação da Crimeia: o presidente Petro Poroshenko anunciou a expulsão de 13 diplomatas porque “a Rússia reconfirmou uma vez mais a sua atitude esquiva para com a soberania dos estados independentes e o valor da vida humana”.

A Austrália, à semelhança da Alemanha, também deu sete dias aos dois diplomatas russos para saírem do país. E o Canadá mandou embora quatro diplomatas que serão “agentes secretos ou indivíduos que utilizaram o seu estatuto diplomático para ameaçar a segurança do Canadá ou interferir na nossa democracia”. Chrystia Freeland, ministra dos Negócios Estrangeiros, afirmou ainda que “o ataque com o agente nervoso representa uma clara ameaça à ordem internacional baseada em regras e às regras que foram estabelecidas pela comunidade internacional para garantir que as armas químicas nunca mais destruiriam vidas humanas”.

Entretanto, outros países estão com Portugal e decidiram não expulsar qualquer diplomata russo colocado nos seus territórios. Na Áustria, o chanceler Sebastian Kurz e a ministra dos Negócios Estrangeiros Karin Kneissl anunciaram que não iam seguir os exemplos da maioria dos países europeus: “Não tomaremos medidas nacionais. De fato, queremos manter os canais de comunicação para a Rússia abertos. A Áustria é um país neutro e vê-se como um construtor de pontes entre o Oriente e o Ocidente”, anunciou o governo na segunda-feira.

O Chipre decidiu o mesmo: Prodromos Prodromou, porta-voz do governo, veio dizer que o país “não está entre os 14 que vão tomar as mesmas medidas” de expulsar diplomatas russos do país. O Chipre — cujo sistema bancário depende muito de clientes russos —  “não está em posição de tomar medidas contra outros países que também são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Luxemburgo, também conhecido como praça financeira internacional, decidiu não expulsar os poucos diplomatas que tem no território: “Quanto ao Luxemburgo, temos um número muito limitado de diplomatas russos e, apesar de todos os nossos esforços, não pudemos provar que nenhum deles era espião ou pessoas que trabalhavam contra os interesses do país”, disse o primeiro-ministro do país numa entrevista.

Malta protege-se com um argumento semelhante: o porta-voz do governo avançou que o número de diplomatas malteses em Moscovo é “muito pequeno” e que decidir expulsar era o mesmo que “terminar efetivamente as relações diplomáticas” com a Rússia. E a Bulgária segue-lhe o exemplo e argumenta que precisa de manter a neutralidade porque tem muitos negócios com o país liderado por Putín.

À semelhança da tomada de posição de Portugal, a Eslovénia também decidiu não expulsar diplomatas russos “em conformidade com a posição tomada pelo Conselho Europeu, que é quem deve determinar o que realmente aconteceu”. E a Nova Zelândia também confirmou que não expulsaria diplomatas russos porque não tem nenhuns que sejam perigosos para a segurança nacional.

Há dois países que ainda não tomaram decisões. “Neste momento, a Grécia não anunciou, nem tomou nenhuma decisão sobre a expulsão de diplomatas russos. A liderança do país está em uma situação difícil. Quaisquer medidas poderiam levar a agravamento das relações com a Rússia”, justifica Atenas. E a Eslováquia também se esquivou à tomada de decisões: “O desenvolvimento da situação, bem como a resposta da Rússia aos apelos que lhe são dirigidos pelos países da União Europeia, influenciarão os próximos passos que estamos preparados para considerar neste caso”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco.

Facebook desvalorizou 13,5% (73 mil milhões dólares) nas últimas duas semanas

27 mar 2018 06:52

MadreMedia / Lusa

Facebook arrisca multa milionária devido a papel nas eleições norte-americanas

O fundador da Facebook, Mark Zuckerberg, pode querer apagar os últimos 10 dias da sua linha do tempo, bem como da do público em geral, depois de ver a empresa perder 13,5% da capitalização bolsista.

Facebook desvalorizou 13,5% (73 mil milhões dólares) nas últimas duas semanas

Em pouco mais de uma semana, a Facebook passou de uma das empresas mais apetitosas do mercado bolsista para uma das quais os investidores querem fugir.

A acentuada desvalorização bolsista resultou das alegações relativas à obtenção indevida de informação pessoal de milhões de utilizadores da Facebook por uma forma de consultoria política, a Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha eleitoral de Donald Trump.

Na segunda-feira, a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos EUA informou que abriu um inquérito às políticas de privacidade da empresa das redes sociais, enquanto deputados nos EUA e Reino Unido exigem respostas e querem abrir inquéritos.

Na sessão bolsista de segunda-feira, a Facebook chegou a cair 6,5%, mas acabou com um ligeiro ganho, aproveitando a maré de recuperação generalizada, depois das forte perdas na semana passada.

A desvalorização bolsista sofrida pela Facebook, em termos monetários, é de 73 mil milhões de dólares (59 mil milhões de euros).

Este valor corresponde ao que a empresa tinha em 2012, no ano em que entrou na bolsa.

Depois de um primeiro ano com altos e baixos, nos últimos quatro anos e meio tem gozado de um enorme sucesso.

Antes da recente queda, a valorização bolsista da Facebook excedia os 500 mil milhões de dólares, o que a tornava a quinta empresa mais valiosa dos EUA. Agora, caiu para o sexto lugar, atrás da Berkshire Hathaway, a holding de Warren Buffet.

Mas o escândalo sobre a forma como a Facebook lida com a informação dos seus utilizadores ocorreu depois de a empresa ter sido criticada por ter sido uma conduta de notícias falsas e propaganda produzida por agentes russos, com vista à perturbação das eleições presidenciais norte-americanas em 2016.

A empresa veio a admitir estes problemas, tal como prometeu fazer melhor depois do último escândalo.

Mas a Facebook está a enfrentar um novo tipo de crise, com utilizadores irados que podem apagar as suas contas, anunciantes que podem reduzir a publicidade e governos que a podem punir ou regulá-la de uma forma como nunca foi.

A ação está a cotar ao seu preço mais baixo desde julho e já caiu 17,1% desde que estabeleceu um valor recorde em 01 de fevereiro.

Juízes de gatilho fácil

  por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Expresso Diário, 27/03/2018) 

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Não é de hoje, mas talvez nos tempos de caos político que vamos vivendo se torne mais flagrante e mais ameaçador. Em Espanha e no Brasil os juízes, ou alguns juízes, decidiram tornar-se o centro de uma nova república dos profetas, albergada pela monarquia que com eles se vai absolutizando.

Os juízes do Supremo espanhol responderam a uma acusação contra os governantes catalães determinando a sua prisão preventiva, sem direito a fiança e sem julgamento marcado, a pretexto de “sedição”, um crime que desconhecemos no Portugal democrático, mas que tem raízes na ditadura franquista. Manipularam depois os prazos e as formas da acusação, abdicando do mandado internacional contra Puigdemont quando presumiam que as autoridades belgas o rejeitariam, mas relançando-o quando os serviços secretos acompanhavam uma visita à Finlândia que poderia vir a permitir a sua detenção noutro país. O dedo do rei está por todo o lado (para perturbação de Rajoy, que assim pode perder mais uma vez a oportunidade de aprovar o Orçamento para 2018, ainda bloqueado pelos nacionalistas bascos) e estes juízes tornaram-se o braço executivo do Palácio.

Do mesmo modo, os juízes desencadeiam uma ordem de prisão contra o deputado que poderia ser eleito presidente do governo catalão, nas vésperas da sua investidura. No tempo e na forma, o tribunal atuou como um grupo incendiário, não hesitando perante a opção de reverter o resultado das eleições. É isso que define a república dos profetas, os que estão acima da lei, tudo aliás ao serviço dos Bourbons e do seu sonho de uma Espanha que, como no tempo de Franco, esmaga as suas nacionalidades.

No Brasil foi mais fácil. Alguns juízes mobilizaram o engenho de uma lei que permite que quem dirige a investigação seja o mesmo que determine a sentença na primeira instância. Sérgio Moro encarregou-se desse modo do ataque contra Lula. A segunda instância agravou a pena e, esta semana, recusou os recursos. Entretanto, o Supremo Tribunal já tinha determinado que a prisão se torna efetiva com as decisões da Relação e, se reconfirmar essa doutrina, Lula entrará na prisão na próxima semana. Os juízes são neste caso o braço político dos partidos do golpe constitucional que, depois de derrubada a presidente eleita, os levou ao poder, mas sem um candidato presidencial viável para as eleições deste ano – e por isso precisam de afastar o candidato com maior apoio popular.

As repúblicas dos profetas são uma das formas de autoritarismo dos nossos tempos. Na verdade, são uma dispensa da democracia, ou porque ela elege governantes independentistas (como em Espanha, apesar do percurso dos nacionalistas de direita, próximos dos governos de Madrid), ou porque pode eleger governantes que são distintos da elite tradicional (como no Brasil, apesar dos esforços dos governos Lula de manterem os privilégios dessa elite). Assim, o que é criminalizado nem é a alternativa, é somente o menor laivo de diferença. Catalão, pobre, trabalhador, não tem lugar. Pode votar, desde que o voto confirme a elite e a tradição. Se errar, então é punido. A república dos juízes-profetas é a nova violência social do nosso tempo.

Nota final – O Observador, esplêndido exemplo de liberdade artística, escolheu ser o coito da extravagância. Só posso elogiar o seu diretor por isso. Portugal precisa de intriga a ferver, de conspirações penumbrosas e de cronistas assanhados. Em prol dessa virtude, vale a pena destacar um homem que é um monumento a si próprio e que, maçado pelo “barulho selectivo e sonso em volta da sua morte (de Marielle Franco)” e registando com enfado que “o homicídio da dona Marielle provocou rebuliço”, lembra que “a cada ano, mais de 60 mil pessoas são por lá mortas a tiro ou métodos alternativos” e indigna-se portanto pela atenção à morte da “dona Marielle”. Não chega a ser inimputável, é só o senhor Alberto Gonçalves, ele mesmo.

RTP - O Essencial

O Essencial

26 Março, 2018

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Christopher Marques
Jornalista
Christopher Marques

Bem-vindo

Vive-se uma terça-feira de protestos em Portugal. Guardas prisionais, polícias, militares, agentes culturais e funcionários do SEF protestam hoje em diferentes locais da capital. Lá fora, as atenções continuam viradas para o caso Skripal,a Catalunha, o Facebook e para um misterioso comboio que chegou a Pequim.


Terça-feira de protestos

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Dia de luta em Portugal. Os funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deram início a uma greve de três dias que pode afetar as fronteiras. Na Ajuda, os produtores artísticos lutam contra a precariedade no setor. Em São Bento, o protesto é dos guardas prisionais. Em Belém, polícias e militares entregaram um ofício para que o chefe de Estado medeie o diálogo com o Executivo. O Presidente não estava em Belém, tendo regressado de madrugada de uma visita à missão portuguesa na República Centro Africana.


Caixa, uma parte da fatura de 17 mil milhões

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Ao contrário do que pretendia o Governo, a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos fez derrapar o défice de 0,9 para três por cento. É o impacto nas contas públicas da injeção de capital de 3,9 mil milhões de euros feita no banco agora liderado por Paulo Macedo. Na última década, a banca já custou mais de 17 mil milhões de euros aos contribuintes portugueses. Da esquerda à direita, mas por motivos diferentes, os partidos deixam críticas ao Executivo.


Caso Skripal. Portugal fora da resposta unida

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Mais de 20 países ocidentais decidiram expulsar diplomatas russos. Só os Estados Unidos anunciaram que vão expulsar 60 diplomatas e funcionários de Moscovo. É a resposta concertada ao envenenamento de um ex-espião russo em território britânico, pelo qual Londres responsabiliza Moscovo. Portugal fica de fora da resposta, limitando-se a tomar “boa nota” e a defender concertação a nível europeu. Os partidos abordam o caso com reservas.


Aumento máximo no preço dos Correios

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Os preços cobrados pelos CTT vão sofrer um agravamento médio de 4,5 por cento. É o aumento máximo permitido. A empresa garante que a atualização está de acordo com os critérios definidos pela Anacom, o regulador do setor das comunicações. Os novos valores entram em vigor no próximo dia 2 de abril.


9.176 vítimas

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No primeiro trimestre de 2018 foram denunciados às autoridades mais de meia centena de casos de abuso sexual de crianças e jovens. Os números foram revelados pela Rede Quére da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima à Antena 1. Ao todo, no ano passado, a APAV atendeu 40.928 pessoas, tendo sido abertos mais de 12 mil processos referentes a 9.176 vítimas.


Kim Jong-Un e o comboio mistério

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Reforço policial, trânsito cortado e a chegada de um comboio especial com um “alto funcionário-norte coreano”. As pistas que chegam de Pequim alimentam o rumor de que o próprio Kim Jong-Un esteve em território chinês esta terça-feira para discutir as relações entre os dois países asiáticos. O Governo chinês não confirma. A imprensa japonesa avança que o comboio já abandonou a capital.


Protestos agravam-se com detenção de Puigdemont

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A justiça alemã decidiu manter Carles Puigdemont detido enquanto decide sobre a eventual extradição do político catalão para Espanha. Na Catalunha, os protestos agravam-se com estradas cortadas, nomeadamente a autoestrada que liga a região à fronteira francesa. Da ONU chegam boas notícias para a causa independentista: o Comité de Direitos Humanos aceitou analisar a queixa contra violação de direitos políticos apresentada por Puigdemont.


Bruxelas exige respostas de Zuckerberg

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A Comissão Europeia pede respostas ao Facebook “nas próximas duas semanas” sobre as questões suscitadas pelo caso Cambridge Analytica. O executivo comunitário quer apurar se os dados pessoais de cidadãos europeus foram afetados. O Presidente do Parlamento Europeu também convidou Zuckerberg a prestar esclarecimentos perante os eurodeputados. O líder do Facebook foi já intimado a ir ao Parlamento britânico mas anunciou que enviará outro responsável da rede social.


Um, dois, três

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Desde 2014 que Portugal não perdia por tanto. Confrontada ao teste holandês, a seleção nacional caiu ainda na primeira parte face aos golos de Depay, Babbel e Van Dijk. Na página de desporto da RTP, Mário Aleixo constata que a pior derrota da era Fernando Santos é também a mais pesada desde que Portugal perdeu no Mundial 2014 frente à Alemanha.


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Para lá dos casinos há um oásis com alma portuguesa que se esconde em Macau. Um casal norte-americano de reformados criou na antiga colónia lusa aquele que a CNN diz ser o melhor lounge de vinho português de toda a Ásia.Jacky e David Higgins identificaram uma lacuna e aproveitaram o seu conhecimento no néctar português para abrir negócio. Têm centenas de vinhos. Garantem que alguns são únicos no mundo.


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A cultura em submarinos

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Mariana Mortágua

Hoje às 00:00

Por ano, o Estado gasta com a manutenção de dois submarinos de utilidade duvidosa mais de metade do que investe nos concursos de apoio à criação artística. O setor está zangado, e tem todas as razões para isso. Do Governo de PSD/CDS pouca gente esperava mais que o pior, e foi isso que foi entregue, com a liquidação do Ministério e de uma parte do já magro orçamento da cultura. Mas o Governo de António Costa criou expectativas, fez juras de apoio às artes, fez regressar o Ministério e, em jeito de golpe final, chamou Miguel Honrado - um homem do setor - para secretário de Estado da Cultura.

Depois de um longo processo de consulta, e de quase dois anos de espera para abertura dos concursos no âmbito do "Novo modelo de apoio às artes", Honrado conseguiu, como resultado, "um momento sofrido para o setor artístico". Há, apesar de tudo, uma diferença, afirma, é que os atrasos de seis meses do anterior Governo foram agora reduzidos para quatro. Como se a precariedade não fosse cumulativa, e o objetivo do novo modelo não fosse precisamente acabar com os atrasos. Para centenas de companhias estes atrasos significam programar sem saber se serão financiadas; significa não renovar contratos e manter trabalhadores em suspenso; significa endividarem-se (muitas vezes a título pessoal) para poder continuar a ter um horizonte de criação.

Mas a falha não é apenas procedimental. O novo modelo tem perversões, nomeadamente quando coloca estruturas públicas, como os teatros municipais, a concorrer aos mesmos financiamentos que companhias independentes. Acima de tudo, e independentemente de qualquer outra consideração, as verbas são comprovadamente insuficientes para um setor que há anos vive no fio na navalha. Só uma parte dos resultados concursais é conhecida, e já se sabe que o trabalho de estruturas artísticas incontornáveis está comprometido por falta de financiamento. O júri da DGArtes é claro: a verba não chega para os mínimos.

A esse propósito, disse Miguel Honrado que o Governo continua apostado "na correção dessa trajetória", mas que tem que "lidar com os constrangimentos macroeconómicos". Um dia depois, Mário Centeno apresenta um défice de 0,9% em 2017. Ou seja, 1000 milhões abaixo da última previsão (no Orçamento para 2018), se usarmos os dados do PIB de 2017.

O ator Nuno Lopes disse o que era preciso ao receber o prémio Sophia: "A cultura é uma responsabilidade do Estado", tanto quanto a educação, a saúde ou a segurança, acrescento eu. Não queiramos acordar um dia num país pequenino que não se consegue pensar ou imaginar fora do seu próprio obscurantismo.

Ainda há tempo, e as exigências são tão simples quanto justas: corrigir as lacunas deste concurso, mudar as regras dos próximos e reforçar as verbas do próximo ano.

* DEPUTADA DO BE