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sábado, 7 de abril de 2018

Centeno: Governo “não promete mais do que aquilo que a perna pode avançar”

Rita Atalaia

  • 6 Abril 2018

O ministro das Finanças diz que "toda a política económica e orçamental é de um grande realismo". E que vai no sentido "de não prometer mais do que aquilo que a perna pode avançar".

Governo prepara corte no défice deste ano para 0,7%

O Governo prepara-se para rever em alta o crescimento económico para 2,3%. Uma projeção “conservadora”, realçou Mário Centeno no final da reunião da concertação social, onde garantiu que toda a estratégia económica e orçamental adotada pelo Governo de António Costa é de um “grande realismo” e cautela, no sentido de não apresentar medidas que não são depois cumpridas.

“A economia vai crescer mais do que a média da Zona Euro. Temos projeções muito positivas para esta evolução”, afirma Mário Centeno depois de estar reunido com os parceiros sociais, salientando, contudo que estas estimativas “são conservadoras”. Ou seja, explica o ministro das Finanças, são “equilibradas e realistas face aquilo que é possível existir também no contexto orçamental”.

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"É sabido que a estratégia que este Governo definiu para toda a política económica e orçamental é de um grande realismo e de não prometer mais do que aquilo que a perna pode avançar.”

Mário Centeno

Ministro das Finanças

“É sabido que a estratégia que este Governo definiu para toda a política económica e orçamental é de um grande realismo e de não prometer mais do que aquilo que a perna pode avançar”, acrescenta ainda Centeno. Para o ministro, este orçamento é equilibrado por “acompanhar o crescimento económico e por trazer boas notícias do ponto de vista daquilo que é a trajetória de equilíbrio das contas pública”.

Governo sem data para concluir descongelamento de carreiras

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Além disso, está “em implementação o descongelamento salarial na administração pública e há uma projeção de reforço muito substancial das componentes de despesa que são essenciais ao bom funcionamento da administração pública e valorização das carreiras”.

O Governo prepara-se para rever em baixa a meta do défice para este ano, apesar de prever mais crescimento económico do que em outubro quando entregou no Parlamento o Orçamento do Estado para 2018. Como avançou o ECO, os cálculos preliminares do Executivo apontam agora para um défice de 0,7% e um crescimento do PIB de 2,3%. Estes objetivos fazem parte da versão preliminar do Programa de Estabilidade que será enviado à Assembleia da República a 13 de abril, no qual o Governo aponta também para um défice de quase zero em 2019.

Trajetória de redução da dívida é para continuar

“Vamos manter a trajetória de redução da dívida que estava prevista no Programa de Estabilidade”, afirma ainda Mário Centeno no final da reunião com os parceiros sociais. O ministro das Finanças explica que isto acontecerá através de dois mecanismos, nomeadamente da existência de saldos primários positivos. “Atingiu 3% em 2017 e é a principal fonte de redução do rácio da dívida no PIB. Isto vai manter-se ao longo do horizonte do Programa de Estabilidade. É crucial para as sustentabilidade das contas públicas.”

Além disso, o “crescimento da economia e a redução da taxa média de juro que a administração pública paga pela dívida vão manter-se nos próximos anos. É um contributo adicional para a redução do rácio da dívida no PIB”, remata o ministro das Finanças.

Ronaldo tem 23 anos de idade biológica e em Espanha explicam

Logótipo de Adeptos de Bancada 

Adeptos de Bancada

Elson Correia há 1 dia

Ex-dirigente do MAI condenado a 7 anos de prisão

© Fornecido por Adeptos de Bancada

A rádio espanhola Cadena Cope com alguns dados físicos e exibicionais de Cristiano Ronaldo após o jogo com a Juventus e chegou a uma conclusão. O craque português tem 33 anos apenas no cartão de cidadão, mas em termosbiológicos tem menos 10 anos, ou seja, 23 anos.
A percentagem de gordura corporal do internacional português situa-se nos sete por cento, quando os valores normais rondam os 10 ou 11 por cento.
Ronaldo também consegue saltar um metro quando se encontra estático, atestando a já conhecida capacidade de elevação acima do normal. Frente à Juve, o pé de Ronaldo atingiu os 2,40 metros aquando do remate de bicicleta.

Marcelo veta lei que permite engenheiros assinarem projetos de arquitetura

7/4/2018, 10:392.711

Presidente da República argumenta que lei vai tornar definitivo um regime transitório "deturpando o consenso" alcançado em 2015 nas negociações da lei. É o sétimo veto usado por Marcelo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que o regime que vetou regressa ao que vigorava antes do 25 abril

TIAGO PETINGA/LUSA

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou a lei que permitia os engenheiros civis assinarem projetos de arquitetura, anunciou este sábado na página oficial da Presidência da República.

Segundo o comunicado, Marcelo devolveu a lei aprovada a 3 de abril à Assembleia da República argumentando que a esta lei aprovada significa um retrocesso ao regime jurídico que vigirava antes do 25 de abril.

O diploma ora aprovado pela AR, sem que se conheça facto novo que o justifique, vem transformar em definitivo o referido regime transitório, aprovado em 2009 depois de uma negociação entre todas as partes envolvidas, e estendido em 2015, assim deturpando o largo consenso então obtido e constituindo um retrocesso em relação àquela negociação, alterando fundamentalmente uma transição no tempo para uma permanência da exceção, voltando de alguma forma ao regime jurídico anterior ao 25 de abril”, lê-se no comunicado.

O Decreto da Assembleia da República n.º 196/XIII, de 3 de abril de 2018, veio alterar a Lei n.º 31/2009, de 3 de julho, que aprovou um regime jurídico estabelecendo a qualificação profissional exigível aos técnicos responsáveis pela elaboração e subscrição de projetos, pela fiscalização de obra e pela direção de obra, revogando legislação nomeadamente de 1973 e estabelecendo um regime transitório de 5 anos para certos técnicos. Pela Lei n.º 40/2015, de 1 de junho, foi permitido aos referidos técnicos prosseguirem a sua atividade transitoriamente por mais 3 anos, recorda Marcelo à Assembleia da República.

Pelo que o Presidente da República decidiu devolver o diploma sem promulgação.

É a sétima vez que Marcelo veta uma lei

O Presidente da República usou o veto pela sétima vez, desde que é Presidente da República, em 2016, para “chumbar” a lei que repõe a possibilidade de civis poderem assinar projetos de arquitetura.

A lei foi aprovada em 16 de março no parlamento, com os votos do PSD, PCP, PEV e PAN, a abstenção do PS e CDS e os votos contra do BE, 42 deputados socialistas, incluindo do presidente da Assembleia, Ferro Rodrigues, e sete do CDS, incluindo a líder do partido, Assunção Cristas.

Antes, em janeiro, o Chefe do Estado usara o veto – poder de devolver sem promulgação – pela sexta vez para “chumbar” as alterações à lei do financiamento dos partidos políticos, aprovadas em dezembro de 2017 pelo PS, PSD, PCP, BE, mas com o voto contra do CDS-PP e PAN.

Marcelo Rebelo de Sousa justificou a decisão “com base na ausência de fundamentação publicamente escrutinável quanto à mudança introduzida no modo de financiamento dos partidos políticos”.

Marcelo usou o veto pela primeira vez em junho de 2016, ao fim de quase três meses de mandato, devolvendo à Assembleia da Republica o diploma sobre gestação de substituição para que a lei fosse “melhorada” e incluísse as “condições importantes” defendidas pelo Conselho de Ética.

Na altura, justificou a decisão com o argumento de que faltava na lei “afirmar de forma mais clara o interesse superior da criança ou a necessidade de informação cabal a todos os interessados ou permitir, a quem vai ter a responsabilidade de funcionar como maternidade de substituição, que possa repensar até ao momento do parto quanto ao seu consentimento”.

Mais de um ano depois, em 26 de julho, e após a introdução de alterações ao diploma inicial, o Presidente da República promulgou a nova lei sobre a gestação de substituição.

Em 25 de julho de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a devolver um diploma à Assembleia da República, desta vez o decreto que alterava os estatutos da Sociedade de Transportes Públicos do Porto (STCP) e da Metro do Porto, por “vedar, taxativamente, qualquer participação de entidades privadas”.

Dois meses depois, em 30 de setembro de 2016, o Presidente usou pela terceira vez o poder de veto, ‘chumbando’ pela primeira vez um decreto do Governo: o diploma que obrigava os bancos a informar a Autoridade Tributária sobre as contas bancárias de residentes em território nacional com saldo superior a 50 mil euros.

Marcelo Rebelo de Sousa justificou o veto ao decreto do Governo sobre acesso da Autoridade Tributária a informação bancária com a consideração de que era de uma “inoportunidade política” evidente, num momento de “sensível consolidação” do sistema bancário.

O quarto veto do Presidente da República aconteceu já este ano, em 14 de março, e novamente a um decreto do executivo socialista liderado por António Costa. O chefe de Estado vetou o novo Estatuto dos Militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), considerando que a possibilidade de promoção ao posto de brigadeiro-general podia “criar problemas graves” à GNR e às Forças Armadas.

Marcelo Rebelo de Sousa utilizou em 9 de agosto pela quinta vez a ferramenta constitucional do veto, devolvendo à Assembleia da República o diploma que introduzia alterações ao decreto sobre a transferência da Carris para a Câmara de Lisboa, considerando abusivo que se proíba qualquer concessão futura da empresa.

De acordo com a Constituição, no caso de vetos a diplomas do parlamento, se a Assembleia da República decidir não alterar um diploma que tenha sido devolvido e confirmar o voto por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (116 parlamentares), o Presidente da República deverá promulgá-lo no prazo de oito dias a contar da sua receção.

BE elogia veto de Marcelo

O Bloco de Esquerda (BE) espera que “a boa decisão” do veto do Presidente da República seja aproveitada, no parlamento, para corrigir uma “má lei” que repõe a possibilidade de engenheiros civis poderem assinar projetos de arquitetura.

Em declarações à Lusa, o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, remeteu para os partidos que propuseram a lei — PSD e PAN — a responsabilidade de encontrarem uma solução para a lei, que agora será devolvida por Marcelo Rebelo de Sousa para nova apreciação.

“Este veto possibilita que se aprofundem soluções na Assembleia da República, novamente. Achamos que é uma boa decisão que deve agora ter como consequência uma boa ação dos trabalhos na assembleia”, disse o deputado do BE, que votou contra a lei.

O objetivo, segundo Pedro Filipe Soares, deve ser “uma lei que não coloque em causa o ordenamento jurídico atual, por um lado, em que está bem definida a atuação das ordens dos Engenheiros e dos Arquitetos e, por outro, contemple os direitos que estão em cima da mesa”.

Para o líder bloquista, após a devolução da lei ao parlamento, deve reabrir-se “o processo na especialidade da lei para fazer um processo para se chegar a um desfecho final” positivo.

O Presidente da República vetou hoje a lei que repõe a possibilidade de engenheiros civis poderem assinar projetos de arquitetura.

Marcelo Rebelo de Sousa alega, na mensagem colocada no “site” da Presidência da República, que a lei deturpa o “largo consenso” criado por uma lei de 2009, que admitia um período de transição de cinco anos para que esses técnicos assinassem projetos, tornando o “regime transitório” em definitivo, “sem que se conheça facto novo que o justifique”.

A lei foi aprovada em 16 de março no parlamento, com os votos do PSD, PCP, PEV e PAN, a abstenção do PS e CDS e os votos contra do BE, 42 deputados socialistas, incluindo do presidente da Assembleia, Ferro Rodrigues, e sete do CDS, incluindo a líder do partido, Assunção Cristas.

No texto colocado no “site”, o Presidente lembra que a lei aprovada pela Assembleia revoga “legislação nomeadamente de 1973 e estabelecendo um regime de transitório de cinco anos para certos técnicos”, até 2015, altura em que esse prazo foi estendido mais três anos, até 2018.

Para o Presidente, não se justifica alterar “uma transição no tempo para uma permanência da exceção, nascida antes do 25 de abril”.

Um recado mal recebido, uma indireta nas entrelinhas, uma reunião adiada: os bastidores da crise do Sporting

7/4/2018, 10:30254

Os problemas entre jogadores e Bruno de Carvalho não surgiram em Madrid mas foi a partir daí que ganharam outro peso. Em 24 horas houve um sismo em Alvalade; antes os abalos já andavam a ser sentidos.

MIGUEL A. LOPES/EPA

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Pediram-me para fazer alterações e estou nessa disposição, de ir menos ao Facebook, mas vão ter de mobilizar-se naquilo que é a militância e vou explicar o que é isso no seu essencial. E isto é fundamental, fundamental, para que se perceba que se ultrapassaram barreiras. Ponto 1: a partir de hoje, não comprem nenhum jornal desportivo nem aquele outro que vocês sabem. Ponto 2: não vejam nenhum canal português de televisão a não ser a Sporting TV. No dia em que fizermos isto, vão começar a olhar e a respeitar o Sporting de outra forma (…) Ponto 3: que todos, mas todos os comentadores afetos ao Sporting abandonem de imediato os programas e que mais nenhum sportinguista aceite porque não podemos estar ao lado daquela gente. Chega de programas que é só difamar e caluniar”.

Bruno de Carvalho no discurso final da última Assembleia Geral do Sporting no Pavilhão João Rocha, em fevereiro.

Ouvindo-se a intervenção em direto do presidente leonino no programa Liga d’Ouro nesta quinta-feira, na CMTV, percebe-se que a mensagem teve o seu contexto mas já terá passado de validade. Ainda assim, vamos imaginar que um sócio ou adepto verde e branco continuava comprometido com esse pedido e ligava na noite de sexta-feira a TV no canal dos leões para assistir ao “Sporting Grande Jornal”. O que ficava a saber? Que Bruno de Carvalho foi à Procuradoria-Geral da República para discutir os principais temas da atualidade do futebol português, que os comandados de Jorge Jesus perderam em Madrid por 2-0 com o Atlético, que os juniores vão defrontar a U. Leiria, que haverá uma série de jogos importante nas modalidades este fim de semana, sobretudo a receção do hóquei em patins à Oliveirense para a Liga Europeia. De tudo o resto, nem uma palavra. E entre esse tudo o resto estão críticas de Bruno de Carvalho a atletas, a reação de grande parte dos jogadores às palavras do presidente e a suspensão dos 19 elementos que partilharam essa mensagem. Tudo em menos de 24 horas, numa “guerra” que teve início muito antes.

Segundo foram explicando ao Observador, a relação entre o plantel principal de futebol e Bruno de Carvalho sempre teve os seus momentos melhores ou piores. Da mesma forma que os jogadores reconheciam ao seu presidente uma enorme vontade de fazer tudo para colocar o Sporting de novo no trilho dos grandes triunfos, também não gostavam de algumas das intervenções que ia tendo através da sua página oficial do Facebook, que muitas vezes (ou quase todas) chegava ao conhecimento através de terceiros e não in loco, no balneário. Até porque alguns, nomeadamente os capitães Rui Patrício e William Carvalho, estavam no plantel quando o número 1 verde e branco teve o maior ataque cerrado ao grupo desde que é presidente, em novembro de 2014, após uma derrota em Guimarães por 3-0. Ao mesmo tempo, as “feridas” da exaltada intervenção do líder leonino no balneário em Chaves, em janeiro de 2017, após uma derrota na Taça de Portugal (e do atual plantel muitos estavam nessa partida), voltaram a abrir. Em termos recentes, convém recuar até ao triunfo com o Rio Ave para se perceber tudo o resto.

Aí, a 18 de março, o Sporting teve no plano global uma das melhores exibições da temporada, com uma primeira parte de luxo onde conseguiu apenas um golo mas atingiu uma dinâmica ofensiva como há muito não se via. Isto após uma sequência apertada de jogos (desde o início do ano, com Taça da Liga, Taça de Portugal e Liga Europa que a equipa estava a jogar sempre a meio da semana) que, apesar das derrotas no Estoril, no Dragão e com o Viktoria Plzen na Rep. Checa, não impediu o conjunto de Alvalade de manter aspirações em aberto nas três provas onde estava inserido (entretanto tinha ganho a Taça da Liga ao V. Setúbal, na final realizada em Braga).

“Quanto ao jogo, feliz pela exibição, plena de atitude e compromisso. Um dia importante dedicado aos pais (com os jogadores a entrarem com os filhos) e ao enorme Peyroteo (pontapé de saída pelo seu filho, camisolas e inauguração da Tribuna Peyroteo). Que melhor forma de fazer estas duas homenagens do que ganhar e proporcionar um sorriso e uma alegria a todos os que vivem este clube”, escreveu Bruno de Carvalho no seu Facebook após um dia com jogos importantes de várias modalidades em Alvalade. Ainda assim, deixou um reparo no final dessa publicação: “Mas hoje também era o início de uma ação de solidariedade que os jogadores decidiram ignorar”.

A ação dizia respeito a uma campanha que iria arrancar por parte da Fundação Sporting, com o apelo para que os sócios e adeptos fizessem reverter 0,5% do seu IRS para ajudar a instituição, e a rampa de lançamento seria colocar os jogadores titulares a fazer o gesto simbólico de um coração na fotografia de equipa que antecede o início do jogo. A seguir a esse triunfo com os vila-condenses, haveria paragem para compromissos das seleções nacionais, mas os elementos do grupo foram falando entre si (também sobre as palavras que tinham sido dirigidas ao ex-capitão de equipa Adrien), discordando da crítica porque teria havido, isso sim, uma falha de comunicação. O assunto chegou a ser ventilado por alguma imprensa; Bruno de Carvalho falou em invenção e manipulação, mas nem por isso deixou de enviar uma indireta para o interior do plantel (e que, duas semanas antes, contextualiza bem o que se passou).

“Mas é notícia que um plantel pudesse estar irritado com um presidente cuja missão é liderar o clube que lhes paga e exigir deles sempre o máximo, a vitória ou que cumpram as regras ou ordens? Mas agora estamos naquela teoria ridícula de que não se pode dar uma palmada ou um puxão de orelhas num filho, pois afeta o seu ‘desenvolvimento emocional’? Fora de questão! Isso é a teoria dos pais que têm medo de educar. Se, perante isto, os filhos amuarem, em vez de um problema ficam com dois. O primeiro é aprenderem de vez as regras, e o segundo (quando amuam) é terem de o deixar de estar… Em casa mandam os pais, nos clubes mandam os presidentes (legitimados pelos associados). Deixem lá de tentar arranjar confusões! Aqui no Sporting é tudo muito claro quanto às pirâmides e regras. Como diria o meu tio-avô: ‘O povo é sereno. É só fumaça!’. Para ser notícia a sério, teria de ser: ‘Presidente irritado com o plantel…’. Isso sim, era um problema a sério e poderia ser notícia!”, escreveu no Facebook.

Os dias seguintes foram marcados por uma série de críticas e ataques ao rival Benfica, sobretudo ao homólogo Luís Filipe Vieira, e ao Sp. Braga, próximo adversário dos leões no Campeonato, a propósito da dívida ainda por liquidar (e do valor em si) da transferência de Battaglia para Alvalade, entre outros. Chegávamos a 31 de março e ao momento da verdade: o encontro da Pedreira iria responder se o Sporting iria lutar até ao fim pelo Campeonato ou se ficaria de forma quase irremediável afastado da corrida ao título. Apesar da boa exibição na primeira parte de um encontro que marcou o regresso de Bruno de Carvalho ao banco de suplentes, os leões acabaram por perder quando já estavam reduzidos a dez unidades, com um golo de Raúl Silva aos 87′. No fim, a cara do presidente verde e branco dizia tudo: um objetivo, ou o grande objetivo, transformara-se numa espécie de miragem.

“Não é tempo de levantar a cabeça, é tempo de a baixar! Baixar e olhar bem para o símbolo que trazemos no peito. E depois termos todos a capacidade de refletir se somos dignos de o usar. Isto desde dirigentes, aos atletas, aos treinadores e aos adeptos/sócios. O povo diz que as desculpas não se pedem, mas evitam-se. Pois eu tenho de pedir desculpa aos quase 2.000 adeptos/sócios que vieram a Braga apoiar a equipa. E tenho de pedir desculpa aos 3.5 milhões de sportinguistas que, mais uma vez, sentem tristeza e desalento quando mereciam tanto ser felizes”, resumiu num post no seu Facebook após o encontro, em declarações que tiveram grande eco na imprensa.

Conquistada a Taça da Liga, sobrou a resignação de perceber que a conquista do Campeonato tinha ficado mais longe. Demasiado longe. Mas havia ainda mais duas provas em disputa, os quartos da Liga Europa e as meias da Taça de Portugal. E a esperança que os leões pudessem regressar a uma final europeia, a sua terceira em termos históricos. Impedido de viajar a Madrid (esteve em contacto com o líder dos colchoneros para explicar de viva voz o porquê da ausência, por estar prestes a ser pai), Bruno de Carvalho defendeu Jorge Jesus no seu Facebook e numa entrevista à agência EFE, ao mesmo tempo que pediu o “dobro” à equipa antes da viagem para manter as aspirações de passagem às meias intactas. Essa conversa no balneário foi descrita como uma conversa normal de um presidente com um plantel que tinha o mesmo objetivo. Era ali que estava o “ouro” para o que faltava da temporada, mas a derrota por 2-0, não sendo decisiva, pedia uma noite de quase milagre em Alvalade para seguir em frente.

“O que queria ter visto: uma equipa concentrada, com atitude e compromisso, defensivamente irrepreensível e com faro de golo. De 11 superarem-se e tornarem-se 22. O que vi: uma equipa com atitude mas com uma defesa que não esteve concentrada. Coates e Mathieu a fazerem o que os avançados do Atlético não conseguiam. E o 2-0 a surgir sem nada terem feito para isso, a não ser (e não é pouco) marcarem. Gelson, aos 32 minutos, isolado frente a Oblak, em vez de ‘fuzilar’ para a esquerda, tenta colocar em jeito, mas sem força, para o lado direito perdendo um golo que já quase se gritava. De 11, em vez de 22 como queria, fomos 9, muitas vezes, e isso paga-se caro… Fábio e BasDost “não quiseram jogar” em Alvalade, com faltas para amarelo que nunca poderiam ter feito (…) Agora, em vez de podermos resolver mais fácil em Alvalade, resta-nos sonhar com a reviravolta. É possível? É! Era necessário este resultado de hoje? Não! Viver um jogo de longe custa muito mais, mas ver erros grosseiros de jogadores internacionais e experientes ainda acrescenta mais ao sofrimento”, publicou no seu Facebook após o final do jogo. Para os jogadores, que souberam entre a zona mista do Wanda Metropolitano e o hotel, foi uma espécie de gota de água.

A comitiva verde e branca chegou a Lisboa pouco depois das 10h30, tendo seguido de imediato para o estádio José Alvalade, onde os titulares fariam banhos e massagens e os restantes um treino normal. Os jogadores com mais peso no balneário esperavam encontrar Bruno de Carvalho por ali, como já tinham pedido na véspera, mas o presidente dos leões encontrava-se num encontro na Procuradoria-Geral da República. A ideia de fazer uma espécie de comunicado conjunto que seria partilhado por todos os jogadores começou a ser ponderada nesse lapso de tempo em que o grupo estava no balneário à espera de novidades sobre quando poderia haver esse encontro. Alguns jornais foram informando que a “rebelião” tinha feito com que os jogadores recusassem treinar; o clube, em comunicado colocado no site oficial, desmentiu essa informação. Ao Observador, explicaram algo que fica no meio termo: o grupo admitiu que nada faria enquanto Bruno de Carvalho não tivesse uma conversa sobre o assunto, mas foi o próprio Jorge Jesus, que estava a servir de mediador do conflito, que “mudou” o trabalho que estava preparado.

Muita coisa foi falada no balneário enquanto se fazia esse compasso de espera. Por exemplo, a hipótese de poder fazer greve aos treinos sem que isso beliscasse a participação nos jogos. Ou o tal comunicado conjunto. Bruno de Carvalho, ao ser alertado para o que se estava a passar, ficou furioso e se, numa primeira instância, havia a garantia de que falaria com os jogadores durante o fim de semana antes da receção ao P. Ferreira, acabou por endurecer a posição, dizendo que o plantel tinha de respeitar as ordens do presidente e do técnico e que a tal reunião nunca seria antes do encontro deste domingo em Alvalade. Os jogadores ficaram ainda mais revoltados e, quando saíram do estádio, por volta das 13 horas, já pensavam no texto que seria partilhado por todos nas redes sociais. Jorge Jesus tentou demover essa intenção junto dos capitães, sem sucesso; Bruno de Carvalho também falou com um dos capitães, com igual resultado. Contava-se apenas o tempo para que fosse lançada a “bomba”.

Com a ajuda de terceiros, por forma a que ficasse também acautelada a garantia de que não quebravam qualquer linha do regulamento interno, o texto ficou pronto e começou por ser partilhado por 14 jogadores, entre os quais os capitães Rui Patrício, William Carvalho e Coates, a que se juntaram Piccini, Gelson Martins, Battaglia, Fredy Montero, Acuña, Bruno Fernandes, Daniel Podence (que, ao contrário dos companheiros, decidiu colocar o símbolo do Sporting a negro na publicação), Bruno César, João Palhinha, Rúben Ribeiro e Bryan Ruíz. “Não podemos pensar apenas no ‘Eu’, mas sim no ‘Nós’” e “A nossa integridade e o nosso compromisso são sagrados!” são algumas das frases que anunciam o grande objetivo da missiva. “Espelhamos neste texto o nosso desagrado, por vir a público as declarações do nosso presidente, após o jogo de ontem, no qual obtivemos um resultado que não queríamos”, destacaram, acrescentando: “Apontar o dedo para culpabilizar o desempenho dos atletas publicamente, quando a união de um grupo se rege pelo esforço conjunto, seja qual for a situação que estejamos a passar, todos os assuntos resolvem-se dentro do grupo”. Para Bruno de Carvalho, foi também a gota de água.

A decisão a ter caso o texto saísse mesmo para a esfera pública já estava tomada pelo presidente, mas a verdade é que o líder verde e branco nunca acreditou que o plantel tomasse mesmo essa posição de força. Assim, e num post colocado apenas no perfil para amigos do Facebook, anunciou que todos os que tinham subscrito a mensagem iriam ser suspensos de imediato. “Meninos amuados, então vamos resolver… No Sporting não se vive na República das Bananas. Todos os atletas que escreveram o que em baixo descrevo estão imediatamente suspensos, tendo de enfrentar a disciplina do clube”, escreveu. “Já estou farto de atitudes de miúdos mimados que não respeitam nada nem ninguém, como por exemplo os adeptos relativos aos quais já ouvi comentários do mais baixo possível. Estas crianças mimadas julgam que vão longe, mas desta vez a minha paciência esgotou-se para quem acha que está acima do clube e de qualquer crítica. Começam com ‘Somos Sporting’ e que não existe um ‘Eu’ mas um ‘Nós’, sendo que isso não passa de uma mera fantasia pois na realidade não o são. São profissionais rotativos e o que lhes interessa não é o ‘Eu’ ou o ‘Nós’. Só lhes interessa o ‘Eles’”, acrescentou. O terramoto tinha o seu epicentro.

Mais tarde, outros cinco jogadores subscreveram também o texto (Doumbia, Fábio Coentrão, Ristovski, Rafael Leão e Wendel), o que dava apenas, na teoria, sete jogadores disponíveis para Jorge Jesus no domingo: Salin, André Pinto, Mathieu, Lumor, Petrovic, Misic e Bas Dost. No entanto, segundo soube o Observador, estava “adulterado”: o avançado holandês, por exemplo, que não tem particular atividade nas redes sociais, surge como um dos jogadores que não partilhou a mensagem mas é dos mais indignados com o que se está a passar (até por ter sido um dos elementos citados por Bruno de Carvalho no Facebook após a derrota em Madrid) e fará ver isso mesmo este sábado, na altura do primeiro treino (que será o penúltimo antes do jogo com o P. Ferreira, o que se junta outro na manhã de domingo apenas de desentorpecimento muscular e trabalho de lances de estratégia) depois da polémica. Ao mesmo tempo, o jornal Record avança que Rúben Ribeiro e Doumbia retiraram entretanto a mensagem. Wendel também se juntou ao lote.

Depois da reação crítica dos jogadores às suas palavras, Bruno de Carvalho foi contactando Jorge Jesus (que mostrou sempre solidariedade institucional com a decisão tomada) e André Geraldes, team manager da equipa principal. Ao mesmo tempo, foi trocando mensagens e chamadas com outras pessoas ligadas ao universo Sporting, tentando fazer ver que não poderia deixar sem resposta aquilo que considerou ser uma rebelião sem sentido. Da parte dos jogadores, que estão a ser liderados pelos três capitães, a preocupação passa por fazer tudo by the book enquanto o problema não se resolve, para que o clube nada tenha a apontar em caso de (maior) extremar de posições. Já à noite, alguns atletas terão recebido por email notificações do Sporting, alegando terem faltado ao respeito ao presidente do clube. Ainda assim, uma nota de culpa apenas tem validade quando entregue em mão.

A imprensa desportiva avançou este sábado que Fábio Coentrão poderia já ter sido dispensado, no seguimento de uma troca de mensagens mais acalorada com Bruno de Carvalho. O presidente leonino não gostou de perceber que o lateral era um dos principais jogadores contestatários, por considerar que fez um enorme esforço para poder trazê-lo para Alvalade na presente temporada e, em paralelo, promover um contexto que permitisse uma melhor aceitação por parte dos adeptos verde e brancos depois da promessa de que em Portugal só jogaria no Benfica; já o jogador defendeu que deu sempre tudo pelos leões, mesmo em situações onde estava fisicamente limitado. A conversa existiu mas o Observador confirmou que não houve qualquer dispensa.

Esta manhã, o Observador soube que existe ainda a hipótese de um volte face ao longo do dia, que pudesse permitir a Jorge Jesus contar com todos os elementos do plantel principal para o encontro com o P. Ferreira. No entanto, e em paralelo, a possibilidade de voltar a haver uma sã convivência entre plantel e presidente, depois do atual extremar de posições, é um cenário tido por fontes ligadas aos dois lados como “impossível”. Ao longo do dia, muitas mais novidades irão surgir, mas haverá sempre um antes e depois de 6 de abril de 2018 no Sporting. Com uma particularidade: as opções de Luís Martins e Tiago Fernandes nos jogos da equipa B e dos juniores irão mostrar se existem ou não poupanças para o encontro do conjunto principal. Em paralelo, Jorge Jesus tem uma conferência de imprensa marcada para Alvalade às 15 horas, seguindo-se o treino mais tarde na Academia, em Alcochete.

Um exemplo de infantilidade adulta

Novo artigo em Aventar


por j. manuel cordeiro

Mesmo não sendo seguidor da bola, não me têm passado despercebidas algumas reacções de Bruno Carvalho, tais como aquela encenação sobre estar a mandar fumo pelo nariz, a explicação do terceiro olho e, agora, a relação com a sua principal equipa de futebol e a suspensão do seu plantel (que termo futebolístico de fina ironia).

Nos dois primeiros exemplos, estamos perante alguém que fez e disse coisas que a seguir negou com explicações infantis. No presente assunto que enche os "noticiários" (e agora, o Aventar também), Carvalho confirma o seu lado inseguro, de quem não sabe receber uma crítica. Algo que já sabíamos graças, por exemplo, ao ultimato eleitoral que lançou numa das recentes assembleias de sócios.

Dizem que há uma criança dentro de cada adulto. No caso de Bruno Carvalho, há a criancice que alberga um adulto dentro de si. A forma de lidar com a derrota da sua equipa e, depois, a reacção alienada como enfrentou as críticas, denota a enorme infantilidade que marca a sua personagem, sendo, ainda, um claro exemplo do que não se fazer em termos gestão de um grupo. Basta ler a literatura de referência sobre liderança e motivação. Mas, possivelmente, é aí, na leitura, que reside o problema.