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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Um país em Guerra e Paz

Opinião

Miguel Guedes

Hoje às 00:13

  • O carácter épico de uma obra dificilmente dispensa a grandeza dos vários volumes. É necessário apregoar o percurso, fazer distância para o fim da linha, permanecer. A liderança de Rui Rio no PSD pode parecer uma prova de obstáculos que dificilmente verá a meta com olhos de triunfo, consciência agravada por um percurso sinuoso traçado pelos próprios parceiros de partido, mais interessados numa prova de estafetas. Passa o testemunho. Paz. A tarde de hoje, que fechará politicamente na formalização do acordo do PSD com o Governo sobre descentralização e sobre o quadro comunitário de fundos estruturais "Portugal 2030", prova que Rio entra a pés juntos sobre o determinismo histórico e o fatalismo do épico de Tolstói e tenta escrever um pequeno romance com o inimigo.

O livre arbítrio de Rui Rio favorece a aproximação de adversários. Guerra. Pedro Santana Lopes anuncia-se traído e, internamente, o período de tréguas chega ao fim. A forma como o líder do PSD não procurou evitar a ruptura, negando os nomes escolhidos por Santana Lopes para o Conselho Estratégico Nacional e para as Relações Internacionais no partido, diz bem sobre o seu sentido de arrumação: antes quebrar já que torcer depois, pacto para que te quero. Se no Congresso, há dois meses, todos os caminhos iam dar a uma romaria de solidariedade que desembocaria na proporcionalidade e representatividade das correntes internas do partido no Governo-sombra, dois meses volvidos e a guerrilha interna no PSD estará acesa enquanto Luís Montenegro não desatar a apagar os sinais de fogo para depois indicar o caminho. Exige-se a tal criatividade de Deleuze para escrever história, aquela onde não se hipoteque a liberdade perante o fatalismo determinista. Quem quer fazer amigos no PSD?

Aparentemente, António Costa. Enquanto se entretém a medir forças com os seus parceiros de coligação parlamentar, descontando quatro décimas ao compromisso reclamado pelo BE para a meta do défice, António Costa abraça Rui Rio como um homem de Estado e faz prova de vida à Direita. A ideia de ressuscitar o bloco central de 83-85, de tão má memória para o PS pela forma como desintegrou a sua base social de apoio e permitiu a ascensão da Direita acoplada a partidos pseudo-renovadores, pode servir como "ghost-writer" de uma traição anunciada mas nunca será argumento onde se leia "arte da guerra" como uma obra que o país possa premiar. Enquanto independentistas catalães contam a "Grândola" para Marcelo Rebelo de Sousa nas Cortes Reais em Madrid, PS e PSD assinam o acordo para uma maior descentralização de competências para as autarquias, acenando o doce-cenoura da descentralização a um país que tem a regionalização como seu desígnio constitucional. "Que já não sabia a idade", diz a canção. Este sim, um épico nacional.

MÚSICO E JURISTA

O autor escreve segundo a antiga ortografia

Jornais do Dia

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‘Cadáver’ decapitado engana autoridades
Presidente do Brasil na Ásia em maio, sem visita a Timor-Leste

Capa do Público

Público  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
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Nem sequer correr atrás do prejuízo
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Cartas ao director
Um desenho sobre poluição no mar deu à costa na praia do Mindelo
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i  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
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Capa do Expresso

Expresso  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
O Starbucks vai fechar 8000 lojas uma tarde inteira. Motivo: ensinar os empregados que discriminação racial é mau
Reembolsos de viagens: Carlos César não se demite e insiste que teve procedimento “eticamente irrepreensível”
Aécio Neves constituído arguido na Operação Lava Jato
PS, “corresponsável”, aprova contas da Câmara do Porto mas defende redução da carga fiscal
Os amigos de infância que recebem benefícios económicos astronómicos sem que os seus negócios o justifiquem

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Jornal Económico  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Crowdfunding vai ser legislado e a ProEmpresa passa a premiar as três melhores plataformas de angariação
AFIP reúne-se com grupos parlamentares para discutir lei do Crowdfunding
TAP recebeu o seu primeiro A320neo
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Treinar: receber ou não receber, eis a questão
O jogo viciado do acesso ao Ensino Superior

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Cristas: CDS quer crescer para ajudar a mudar leis eleitorais
Mário Centeno: "O Orçamento de 2019 depende menos de mim do que imaginam"
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CGD tem sete ofertas não vinculativas em Espanha
Centeno: "As poupanças de hoje é que vão permitir pagar pensões no futuro"
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Diário de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Divulgação de vídeos de interrogatórios: crime sem castigo
Ângelo Correia: "Centeno deve condicionar Costa como Gaspar fazia com Passos"
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Acabou o acordo de paz no PSD entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio
Marcelo contorna 'grandolada' independentista catalã
Ministério Público abre inquérito a divulgação de vídeos dos interrogatórios
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Jornal de Notícias  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
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Expresso Economia  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Absolvido agente da PSP acusado de atingir quatro jovens em perseguição em Oeiras
Ferro sai em defesa dos deputados que recebem por viagens que não pagaram
Secretário-geral da AR pede análise ao caso das viagens revelado pelo Expresso
“Primeiro Portugal, depois o partido, depois nós próprios”: Rio disponível para todos os acordos estruturais que sejam necessários
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O Jogo  | CAPA E PRINCIPAIS NOTÍCIAS
Cinco jovens começam hoje a ser julgados em Loures por agressões a três polícias
Venezuela: FMI prevê queda de 15% do Produto Interno Bruto em 2018
Estudo sobre valor económico-social do património arquitetónico é apresentado em Lisboa
Costa e Rio formalizam acordos sobre descentralização e fundos europeus
PR/Espanha: Marcelo termina hoje visita de Estado com o rei Felipe VI em Salamanca
Políticas económicas e sociais em foco no debate quinzenal com o primeiro-ministro no parlamento
Mais de 600 eventos celebram hoje o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

terça-feira, 17 de abril de 2018

Entre as brumas da memória


Quem fala assim não é gaga

Posted: 17 Apr 2018 01:23 PM PDT

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Marcelo: uma grandolada catalã

Posted: 17 Apr 2018 08:24 AM PDT

Hoje, em Madrid (minuto 47).
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Ninguém quer saber da Síria

Posted: 17 Apr 2018 05:46 AM PDT

«Repudiar este ataque não é em nada sinónimo de apoiar a política de Assad ou de não querer derrotar o terrorismo na região. Repudiar e condenar este ataque tem a mesma importância que repudiar e condenar o uso de armas químicas ou os sucessivos ataques contra o povo sírio. Nesta história, não há lideranças boas e más. São todas más. (…)

É preciso ter coragem e força de condenar este ataque, a mesma força e coragem que alguns têm tido para condenar a acção de Bashar Al Assad e da Rússia. O único lado que há para defender é mesmo o do povo sírio. O mundo está a ser comandado por loucos. Se aceitarmos fazer-lhes companhia, somos cúmplices.»


Marisa Matias
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Mais um passo no caminho de tornar “uniãoeuropês” um país soberano e democrático

Posted: 17 Apr 2018 02:34 AM PDT

«A proposta de Centeno, com argumentos tecnocráticos de uniformização e normalização – "alinhavam-se assim os ciclos políticos" –, de mudar a data das eleições legislativas para as realizar no mesmo dia das europeias, é inaceitável se os portugueses ainda quiserem ter um País independente e uma política democrática.

A proposta foi recebida com bastante indiferença e foi apenas discutida do ponto de vista instrumental da antecipação das legislativas e do seu efeito nos partidos políticos, mas a proposta é mais uma tentativa de tornar cada vez menos autónomo o processo democrático nacional a favor de calendários europeus supranacionais. Ela acabará por fazer subsumir a discussão europeia, já de si muito escassa, nos temas nacionais, apagando as fronteiras entre a política interna e um aspecto relevante, mas não único, da política externa. É aliás parte da tentativa de as tratar não como política externa, que são, mas como um qualquer prolongamento da política interna, com o mesmo estatuto de legitimidade.

Como se sabe, as eleições europeias caracterizam-se normalmente pela enorme abstenção, espelho da inutilidade que a maioria dos cidadãos lhes atribui, com a consequente diminuição do factor de legitimação que as eleições constituem. E, mesmo assim, quando participam, os eleitores fazem-no em função do seu papel de eleições de segunda ordem que permitem punir ou apoiar um governo em funções. Há quem argumente que um exemplo do passado, em que as eleições foram simultâneas, mostrou que o eleitorado as distinguia. Mas foi num passado em as questões europeias eram de natureza muito diferente da que hoje têm, e em que a distinção se fez pelos candidatos.

"Alinhar" a política portuguesa pelos ciclos europeus, ou seja pelas eleições noutros países, é uma pura abstracção, como muitas que disfarçam a realidade muito pouco democrática da União Europeia, mas tem o efeito perverso de dar aos partidos do "bloco central" europeu, o argumento de que as suas políticas europeias tem a mesma legitimação que as suas políticas nacionais, mesmo quando nunca foram discutidas. E na verdade não tem: existe um enorme défice democrático no processo europeu, com a assunção de que são "regras europeias" regras que não o são, com a submissão a uma instituição como o Eurogrupo que não é uma instituição da União e não tem funcionamento democrático, e por fim, pela continuada aceitação da perda de soberania parlamentar, que nunca nenhum português votou ou decidiu. Por tudo isto, a proposta de Centeno, que é hoje mais um burocrata europeu do que um ministro português, é inaceitável. »

José Pacheco Pereira

O Julgamento Televisivo de Sócrates

por estatuadesal

(Dieter Dillinger, 17/04/2018)

sócrates5

(Este país está uma choldra. O Estado de Direito caiu na lama. Os juízes agora passaram a técnicos de marketing.  E ninguém se insurge? A procuradora está desaparecida. A Ministra da Justiça, em silêncio fúnebre. O Marcelo a beijar os pés ao rei de Espanha. O primeiro-ministro a assobiar para o ar. E o país, estarrecido, é convocado a julgar Sócrates, em directo, à espera das provas que - verdade seja dita -, ainda nenhuma foi mostrada. Uma vergonha. Eu julgava que isto só ocorria no Brasil. Mas não, já não há regras, nem limites para a infâmia.

Nem nos tempos do Salazar e dos Tribunais Plenários, a vergonha e a pulhice atingiu estes níveis.

Comentário da Estátua, 17/04/2018)


Várias televisões têm estado a fazer o julgamento público de Sócrates porque a chamada justiça nada tem de concreto.

Um canal porco mostrou um apartamento que nunca foi propriedade de Sócrates nem se sabe de quem é, já que a mesma televisão não mostrou sequer um documento da conservatória francesa com o nome de José Sócrates Pinto de Sousa nem de Carlos Silva e, menos ainda, o número da porta.

Mostraram todo o mobiliário e estante com livros e não se vislumbra um único objecto ou livro que possa ser considerado português. Se aquilo era de Sócrates porque razão não há lá um livro português?

Claro, querem-nos enfiar um barrete ao filmarem um apartamento de luxo que está para alugar sem nada dizerem sobre o atual proprietário.

É evidente quer perante a inoperância da chamada justiça, o Guerra do DCIAP mais o Alex, ambos com o rabo bem preso por causa dos INCENDIÁRIOS que não quiseram investigar nem prender, incitam as televisões a voltarem-se contra o ex-PM Eng. J. Sócrates.

Guerra, Rosário, Alex e Meias Brancas com outros podem ter reativado o cerco mafioso ao Ex-PM para desviar as atenções do CRIME de negligência jurídica cometido por falta de ação contra o TERRORISMO INCENDIÁRIO.

Inventaram que Sócrates recebeu 29 milhões de euros, tiraram um milhão à quantia paga em luvas pela Ferrostaal ao então ministro da Defesa Paulo Portas e, talvez, ao então PM Barroso e mais alguns almirantes e ao Salgado Espírito Santo e a membros do CA do BES por terem organizado um sistema de pagamento dos submarinos em leasing que não foi autorizado por Bruxelas.

Tudo bem explicado em tribunal alemão que condenou dois administradores da Ferrostaal a penas suspensas de dois anos. Suspensas por terem confessado e mostrado arrependimento e porque a lei que condena corruptores na Alemanha para exportação de armas é muito recente e foi imposta pelos EUA a todos os seus aliados sob pena de fecharem as suas fronteiras às importações vindas desses aliados. Antes de 2.000 não era crime pagar luvas para vender qualquer submarino, fragata ou G-3 alemã.

De qualquer modo, a negligência do Guerra e da Joana no que respeita aos INCENDIÁRIOS sobe para vários milhares de milhões que os contribuintes estão a pagar e vai custar mais ainda porque Rui Rio já ameaçou que o futuro do governo depende dos incêndios que os seus ou outros INCENDIÁRIOS vão atear no próximo verão.

Negligência é uma opinião política por nada se saber sobre quem ateou 16.450 fogos e incêndios no passado verão e que não resultaram de chamas caídas do céu.

Tal como o Guerra diz que Sócrates recebeu dinheiro corrupto através do amigo, nós podemos concluir o inverso que a CelTejo não foi condenada por poluir o Tejo nem as máfias INCENDIÁRIAS o foram por alguma razão específica que desconhecemos, mas que pode tratar-se de dinheiro pago aos magistrados de Castelo Branco ou seja lá o que for.

Há quem diga que o dono da COFINA (CM, Negócios, etc.) e CelTejo, Caima, etc. tem um ódio de morte a Sócrates por este não ter deixado plantar milhões de eucaliptos em determinadas zonas do País quando era ministro do Ambiente. Não sei se é verdade, mas se o for, o homem comprou alguém para dar origem ao processo.

Hoje sabemos que o Pinhal de Leiria foi destruído pela Máfia do Pinhal, mas muitos outros incêndios foram ateados pelas máfias da madeira e da política de direita. Nada aconteceu por acaso.

SIC e Expresso: a mesma falta de deontologia ao serviço de suspeita agenda ideológica

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 17/04/2018)

SIC_SOCRATES

A falta de ética do universo «informativo» de Francisco Balsemão tem conhecido uma demonstração quase quotidianamente comprovada no que dele advém como material noticioso. No sábado foi a manchete sobre as viagens dos deputados insulares, que abrangem os principais partidos, mas feita à medida para pôr em causa o presidente do Partido Socialista, Carlos César.

A desonestidade argumentativa das autoras da peça não chegava ao ponto de considerarem ilegais as práticas em causa, mas lá arranjaram uns causídicos - há sempre quem arranje fundamento para defender o indefensável, tão só corresponda à sua agenda ideológica! - para justificarem a criação do pretendido clima de suspeição.

O interesse editorial do «Expresso» parece já não se contentar com a defesa dos partidos de direita, já que vai abrindo caminho para a tese fascista de todos os partidos albergarem corruptos, mesmo que eles ganhem maior relevância se forem socialistas.

Sendo a corrupção aqui inexistente, porque cumpridora das regras definidas legalmente para salvaguardar os custos das viagens dos deputados, quando devem regressar a casa ao fim-de-semana ou tenham compromissos com os seus eleitores para cujo contacto se desloquem, tudo vale para enlamear a reputação de quem tomem como alvos preferenciais do permanente esforço de abrirem espaço a «puritanos» do tipo dos que em Itália ou no Brasil vão mostrando na prática para onde conduz esta forma de «jornalismo».

Em vez de relevarem os aspetos positivos, que a governação está a conseguir e o quanto o clima social mudou de há dois anos e meio para cá, os escribas do «Expresso» acentuam o que de negativo possa subsistir ou possa ser falsamente insinuado para dar a ideia de um país deprimido, muito diferente daquele que fazem por omitir.

Mas a cereja em cima do bolo aconteceu ontem à noite, quando fiz zapping na SIC Notícias e dei com a inacreditável exibição dos interrogatórios a José Sócrates por parte dos procuradores, que o procuram culpabilizar num processo kafkiano de contornos inequivocamente duvidosos.

Se pretendiam dar força aos seus argumentos, pecos em verosimilhança relativamente ao que pretendem provar, o pouco que suportei deu a ideia contrária: o «animal feroz» confrontava-os com galhardia perante as irrisórias elucubrações, que as doentias mentes haviam conjeturado. Mas esse é o aspeto que menos importa na exibição pornográfica de documentos, que nunca deveriam sair da proteção devida ao segredo da Justiça e aos direitos do acusado quanto à presunção da sua inocência. Importa, sobretudo, pensar o que Ricardo Costa poderá evocar para considerar, que ainda tem algum respeito pela deontologia, que, como jornalista, deveria praticar? Ou o que poderá ainda evocar Joana Marques Vidal para alhear-se da clara demonstração dos métodos obscenos da equipa comandada por Amadeu Guerra e Rosário Teixeira, donde só poderiam ter provido tais imagens? Sobretudo, quando mostra tão pouca proatividade para atuar sobre quem a TVI acaba de denunciar como causadores dos homicídios de outubro passado com o incêndio criminoso do Pinhal de Leiria.

E Marcelo poderá continuar silencioso com tudo quanto de irregular tem ocorrido na Operação Marquês e a que, como máximo magistrado da nação, deveria preocupar?


Fonte aqui