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terça-feira, 17 de abril de 2018

Entre as brumas da memória


Quem fala assim não é gaga

Posted: 17 Apr 2018 01:23 PM PDT

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Marcelo: uma grandolada catalã

Posted: 17 Apr 2018 08:24 AM PDT

Hoje, em Madrid (minuto 47).
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Ninguém quer saber da Síria

Posted: 17 Apr 2018 05:46 AM PDT

«Repudiar este ataque não é em nada sinónimo de apoiar a política de Assad ou de não querer derrotar o terrorismo na região. Repudiar e condenar este ataque tem a mesma importância que repudiar e condenar o uso de armas químicas ou os sucessivos ataques contra o povo sírio. Nesta história, não há lideranças boas e más. São todas más. (…)

É preciso ter coragem e força de condenar este ataque, a mesma força e coragem que alguns têm tido para condenar a acção de Bashar Al Assad e da Rússia. O único lado que há para defender é mesmo o do povo sírio. O mundo está a ser comandado por loucos. Se aceitarmos fazer-lhes companhia, somos cúmplices.»


Marisa Matias
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Mais um passo no caminho de tornar “uniãoeuropês” um país soberano e democrático

Posted: 17 Apr 2018 02:34 AM PDT

«A proposta de Centeno, com argumentos tecnocráticos de uniformização e normalização – "alinhavam-se assim os ciclos políticos" –, de mudar a data das eleições legislativas para as realizar no mesmo dia das europeias, é inaceitável se os portugueses ainda quiserem ter um País independente e uma política democrática.

A proposta foi recebida com bastante indiferença e foi apenas discutida do ponto de vista instrumental da antecipação das legislativas e do seu efeito nos partidos políticos, mas a proposta é mais uma tentativa de tornar cada vez menos autónomo o processo democrático nacional a favor de calendários europeus supranacionais. Ela acabará por fazer subsumir a discussão europeia, já de si muito escassa, nos temas nacionais, apagando as fronteiras entre a política interna e um aspecto relevante, mas não único, da política externa. É aliás parte da tentativa de as tratar não como política externa, que são, mas como um qualquer prolongamento da política interna, com o mesmo estatuto de legitimidade.

Como se sabe, as eleições europeias caracterizam-se normalmente pela enorme abstenção, espelho da inutilidade que a maioria dos cidadãos lhes atribui, com a consequente diminuição do factor de legitimação que as eleições constituem. E, mesmo assim, quando participam, os eleitores fazem-no em função do seu papel de eleições de segunda ordem que permitem punir ou apoiar um governo em funções. Há quem argumente que um exemplo do passado, em que as eleições foram simultâneas, mostrou que o eleitorado as distinguia. Mas foi num passado em as questões europeias eram de natureza muito diferente da que hoje têm, e em que a distinção se fez pelos candidatos.

"Alinhar" a política portuguesa pelos ciclos europeus, ou seja pelas eleições noutros países, é uma pura abstracção, como muitas que disfarçam a realidade muito pouco democrática da União Europeia, mas tem o efeito perverso de dar aos partidos do "bloco central" europeu, o argumento de que as suas políticas europeias tem a mesma legitimação que as suas políticas nacionais, mesmo quando nunca foram discutidas. E na verdade não tem: existe um enorme défice democrático no processo europeu, com a assunção de que são "regras europeias" regras que não o são, com a submissão a uma instituição como o Eurogrupo que não é uma instituição da União e não tem funcionamento democrático, e por fim, pela continuada aceitação da perda de soberania parlamentar, que nunca nenhum português votou ou decidiu. Por tudo isto, a proposta de Centeno, que é hoje mais um burocrata europeu do que um ministro português, é inaceitável. »

José Pacheco Pereira

O Julgamento Televisivo de Sócrates

por estatuadesal

(Dieter Dillinger, 17/04/2018)

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(Este país está uma choldra. O Estado de Direito caiu na lama. Os juízes agora passaram a técnicos de marketing.  E ninguém se insurge? A procuradora está desaparecida. A Ministra da Justiça, em silêncio fúnebre. O Marcelo a beijar os pés ao rei de Espanha. O primeiro-ministro a assobiar para o ar. E o país, estarrecido, é convocado a julgar Sócrates, em directo, à espera das provas que - verdade seja dita -, ainda nenhuma foi mostrada. Uma vergonha. Eu julgava que isto só ocorria no Brasil. Mas não, já não há regras, nem limites para a infâmia.

Nem nos tempos do Salazar e dos Tribunais Plenários, a vergonha e a pulhice atingiu estes níveis.

Comentário da Estátua, 17/04/2018)


Várias televisões têm estado a fazer o julgamento público de Sócrates porque a chamada justiça nada tem de concreto.

Um canal porco mostrou um apartamento que nunca foi propriedade de Sócrates nem se sabe de quem é, já que a mesma televisão não mostrou sequer um documento da conservatória francesa com o nome de José Sócrates Pinto de Sousa nem de Carlos Silva e, menos ainda, o número da porta.

Mostraram todo o mobiliário e estante com livros e não se vislumbra um único objecto ou livro que possa ser considerado português. Se aquilo era de Sócrates porque razão não há lá um livro português?

Claro, querem-nos enfiar um barrete ao filmarem um apartamento de luxo que está para alugar sem nada dizerem sobre o atual proprietário.

É evidente quer perante a inoperância da chamada justiça, o Guerra do DCIAP mais o Alex, ambos com o rabo bem preso por causa dos INCENDIÁRIOS que não quiseram investigar nem prender, incitam as televisões a voltarem-se contra o ex-PM Eng. J. Sócrates.

Guerra, Rosário, Alex e Meias Brancas com outros podem ter reativado o cerco mafioso ao Ex-PM para desviar as atenções do CRIME de negligência jurídica cometido por falta de ação contra o TERRORISMO INCENDIÁRIO.

Inventaram que Sócrates recebeu 29 milhões de euros, tiraram um milhão à quantia paga em luvas pela Ferrostaal ao então ministro da Defesa Paulo Portas e, talvez, ao então PM Barroso e mais alguns almirantes e ao Salgado Espírito Santo e a membros do CA do BES por terem organizado um sistema de pagamento dos submarinos em leasing que não foi autorizado por Bruxelas.

Tudo bem explicado em tribunal alemão que condenou dois administradores da Ferrostaal a penas suspensas de dois anos. Suspensas por terem confessado e mostrado arrependimento e porque a lei que condena corruptores na Alemanha para exportação de armas é muito recente e foi imposta pelos EUA a todos os seus aliados sob pena de fecharem as suas fronteiras às importações vindas desses aliados. Antes de 2.000 não era crime pagar luvas para vender qualquer submarino, fragata ou G-3 alemã.

De qualquer modo, a negligência do Guerra e da Joana no que respeita aos INCENDIÁRIOS sobe para vários milhares de milhões que os contribuintes estão a pagar e vai custar mais ainda porque Rui Rio já ameaçou que o futuro do governo depende dos incêndios que os seus ou outros INCENDIÁRIOS vão atear no próximo verão.

Negligência é uma opinião política por nada se saber sobre quem ateou 16.450 fogos e incêndios no passado verão e que não resultaram de chamas caídas do céu.

Tal como o Guerra diz que Sócrates recebeu dinheiro corrupto através do amigo, nós podemos concluir o inverso que a CelTejo não foi condenada por poluir o Tejo nem as máfias INCENDIÁRIAS o foram por alguma razão específica que desconhecemos, mas que pode tratar-se de dinheiro pago aos magistrados de Castelo Branco ou seja lá o que for.

Há quem diga que o dono da COFINA (CM, Negócios, etc.) e CelTejo, Caima, etc. tem um ódio de morte a Sócrates por este não ter deixado plantar milhões de eucaliptos em determinadas zonas do País quando era ministro do Ambiente. Não sei se é verdade, mas se o for, o homem comprou alguém para dar origem ao processo.

Hoje sabemos que o Pinhal de Leiria foi destruído pela Máfia do Pinhal, mas muitos outros incêndios foram ateados pelas máfias da madeira e da política de direita. Nada aconteceu por acaso.

SIC e Expresso: a mesma falta de deontologia ao serviço de suspeita agenda ideológica

por estatuadesal

(Jorge Rocha, in Blog Ventos Semeados, 17/04/2018)

SIC_SOCRATES

A falta de ética do universo «informativo» de Francisco Balsemão tem conhecido uma demonstração quase quotidianamente comprovada no que dele advém como material noticioso. No sábado foi a manchete sobre as viagens dos deputados insulares, que abrangem os principais partidos, mas feita à medida para pôr em causa o presidente do Partido Socialista, Carlos César.

A desonestidade argumentativa das autoras da peça não chegava ao ponto de considerarem ilegais as práticas em causa, mas lá arranjaram uns causídicos - há sempre quem arranje fundamento para defender o indefensável, tão só corresponda à sua agenda ideológica! - para justificarem a criação do pretendido clima de suspeição.

O interesse editorial do «Expresso» parece já não se contentar com a defesa dos partidos de direita, já que vai abrindo caminho para a tese fascista de todos os partidos albergarem corruptos, mesmo que eles ganhem maior relevância se forem socialistas.

Sendo a corrupção aqui inexistente, porque cumpridora das regras definidas legalmente para salvaguardar os custos das viagens dos deputados, quando devem regressar a casa ao fim-de-semana ou tenham compromissos com os seus eleitores para cujo contacto se desloquem, tudo vale para enlamear a reputação de quem tomem como alvos preferenciais do permanente esforço de abrirem espaço a «puritanos» do tipo dos que em Itália ou no Brasil vão mostrando na prática para onde conduz esta forma de «jornalismo».

Em vez de relevarem os aspetos positivos, que a governação está a conseguir e o quanto o clima social mudou de há dois anos e meio para cá, os escribas do «Expresso» acentuam o que de negativo possa subsistir ou possa ser falsamente insinuado para dar a ideia de um país deprimido, muito diferente daquele que fazem por omitir.

Mas a cereja em cima do bolo aconteceu ontem à noite, quando fiz zapping na SIC Notícias e dei com a inacreditável exibição dos interrogatórios a José Sócrates por parte dos procuradores, que o procuram culpabilizar num processo kafkiano de contornos inequivocamente duvidosos.

Se pretendiam dar força aos seus argumentos, pecos em verosimilhança relativamente ao que pretendem provar, o pouco que suportei deu a ideia contrária: o «animal feroz» confrontava-os com galhardia perante as irrisórias elucubrações, que as doentias mentes haviam conjeturado. Mas esse é o aspeto que menos importa na exibição pornográfica de documentos, que nunca deveriam sair da proteção devida ao segredo da Justiça e aos direitos do acusado quanto à presunção da sua inocência. Importa, sobretudo, pensar o que Ricardo Costa poderá evocar para considerar, que ainda tem algum respeito pela deontologia, que, como jornalista, deveria praticar? Ou o que poderá ainda evocar Joana Marques Vidal para alhear-se da clara demonstração dos métodos obscenos da equipa comandada por Amadeu Guerra e Rosário Teixeira, donde só poderiam ter provido tais imagens? Sobretudo, quando mostra tão pouca proatividade para atuar sobre quem a TVI acaba de denunciar como causadores dos homicídios de outubro passado com o incêndio criminoso do Pinhal de Leiria.

E Marcelo poderá continuar silencioso com tudo quanto de irregular tem ocorrido na Operação Marquês e a que, como máximo magistrado da nação, deveria preocupar?


Fonte aqui

FMI revê em alta crescimento em Portugal para 2018

FMI revê em alta crescimento em Portugal para 2018

17/4/2018, 14:08

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rever em alta a previsão de crescimento económico em Portugal para este ano: 2,4%, mais do que prevê o Governo.

YOAN VALAT/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu hoje em alta a estimativa de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,4%, mas continua a estimar que o PIB avance 1,8% em 2019, abaixo do previsto pelo Governo.

De acordo com o ‘World Economic Outlook’ (WEO), relatório com previsões económicas mundiais divulgado hoje, o FMI melhorou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português, de 2,2% para 2,4%.

Esta nova previsão fica ligeiramente acima do estimado pelo Governo, que prevê que a economia portuguesa cresça 2,3% no conjunto deste ano, segundo o Programa de Estabilidade 2018-2022 entregue na sexta-feira à Assembleia da República.

No entanto, para o próximo ano, o FMI mostra-se menos otimista do que o executivo liderado por António Costa, mantendo a estimativa de crescimento do PIB em 1,8%.

No Programa de Estabilidade, o Governo estima que a economia cresça acima de 2% até 2022, avançando 2,3% em cada um dos anos até 2020, e abrandando em 2021 e novamente em 2022, ao crescer 2,2% e 2,1%, respetivamente. O FMI contraria estas previsões e diz que é já em 2019 que a economia abranda.

Por outro lado, o Fundo está mais otimista do que o Governo no que diz respeito à redução do desemprego, estimando que fique abaixo dos 7% já em 2019, um ano mais cedo. No WEO, o FMI prevê que a taxa de desemprego desça para 7,3% este ano e para 6,7% no próximo.

O Governo, por sua vez, antecipa que a taxa de desemprego se reduza para 7,6% este ano e para 7,2% no próximo, descendo para 6,8% em 2020, para 6,5% em 2021 e para 6,3% em 2022. Ao contrário do executivo, o FMI estima que saldo da balança corrente se deteriore, representando um excedente de 0,2% do PIB este ano e um défice de 0,1% do PIB em 2019.

No Programa de Estabilidade, prevê-se que o excedente da balança corrente cresça para 0,7% do PIB este ano, mantendo-se nesse valor até 2020 e reduzindo-se até 0,4% do PIB em 2022.

Economia mundial deve crescer 3,9% este ano, a maior expansão desde 2011

O FMI estimou, também hoje, que a economia mundial cresça 3,9% este ano, melhorando uma décima face aos 3,8% de crescimento de 2017, ano que registou o maior crescimento desde 2011.

“O crescimento mundial fortaleceu-se em 2017 para 3,8%, com uma recuperação notável do comércio mundial, e foi liderado pela recuperação do investimento nas economias avançadas, pela manutenção do crescimento forte na Ásia, uma notável aceleração na Europa emergente, e sinais de recuperação em vários exportadores de matérias-primas”, lê-se nas Previsões Económicas Mundiais (World Economic Outlook, no original em inglês).

No documento, que é hoje divulgado em Washington, no arranque dos Encontros da Primavera, organizados anualmente em conjunto com o Banco Mundial, lê-se que “o crescimento mundial deve aumentar 3,9% este ano e no próximo, apoiado por um fôlego forte, pelo sentimento favorável nos mercados, pelas condições financeiras acomodatícias e pelas repercussões internas e externas da política orçamental expansionista dos Estados Unidos”.

A “recuperação parcial” dos preços das matérias-primas, acrescenta o FMI, deve permitir aos países exportadores melhorarem a sua economia gradualmente, apesar de o FMI prever que, a médio prazo, o crescimento mundial decline para 3,7%. Ainda que o crescimento para 2018 e 2019 esteja ao nível mais alto desta década, os técnicos do FMI alertam para a falta de garantias de que a aceleração se mantenha.

“Os riscos ascendentes e descendentes [que podem influenciar as previsões para cima ou para baixo] são equilibrados nos próximos trimestres, mas mais à frente tendem para a parte descendente”, lê-se no documento.

“Com as condições financeiras ainda facilitadas e a inflação persistentemente baixa, o que obrigou uma acomodação de política monetária mais prolongada, a acumulação de vulnerabilidades financeiras pode originar um rápido aperto nas condições financeiras, com impacto na confiança e no crescimento”, acrescentam os peritos do FMI.

Por isso, “o panorama atualmente favorável oferece uma janela de oportunidade para as políticas e as reformas que protejam o sentimento positivo e aumentem o crescimento a médio prazo para benefício de todos”. Assim, defendem a criação de “folgas orçamentais que ajudem a lidar mais eficazmente com o próximo ciclo negativo, melhorando a resiliência financeira para conter os riscos dos mercados financeiros e fomentar a cooperação internacional”.

Crescimento de Angola revisto em alta para 2,2% este ano e 2,4% em 2019

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em alta a perspetiva de crescimento de Angola, prevendo que a economia cresça 2,2% este ano e 2,4% no próximo ano, segundo as Previsões Económicas Mundiais.

“O crescimento em Angola deverá subir de 0,7%, em 2017, para 2,2% em 2018 e 2,4% em 2019, o que mostra uma melhoria de 0,6 pontos percentuais e de 1 ponto percentual, respetivamente, face às Previsões Económicas Mundiais de outubro do ano passado”.

Segundo o FMI, que esta semana realiza os Encontros da Primavera, a recuperação económica em Angola baseia-se essencialmente na subida dos preços do petróleo face aos baixos valores dos últimos anos, que “aumentam o rendimento disponível e melhoram o sentimento económico”.

De acordo com o relatório Previsões Económicas Mundiais (World Economic Outlook, no original em inglês), hoje divulgado na sede da instituição, em Washington, Angola deverá acelerar o crescimento, mas continua a ver a economia a expandir-se abaixo da média da África subsaariana.

Esta região, segundo as previsões do FMI, deverá registar um crescimento de 3,4%, este ano, e acelerar para 3,7% no próximo ano, o que revela uma melhoria sustentada desde 2017, ano em que estes países cresceram, em média, 2,8%.

Síria: limpeza étnica com armas químicas

É essencial entender que a guerra contra o jihadismo e outros totalitarismos como o de Putin se joga essencialmente no tabuleiro da informação e desinformação. É tempo de deixar de alimentar visões ingénuas do que se passa nesse domínio e entrar no combate de forma séria e decidida.

  • 17 Abril, 2018
  • Paulo Casaca, em Bruxelas

    Memórias do Iraque

    Estamos no princípio de Abril de 2004 quando finalmente chego à antiga base transformada em campo de refugiados iranianos no Iraque, situada perto da estrada Bagdade-Kirkuk, na margem esquerda do Tigre.

Na invasão de Março de 2003, apesar das inúmeras mensagens directas e indirectas de não-beligerância, apesar de não terem disparado um tiro, o campo controlado pelo “Conselho Nacional da Resistência Iraniana”, Ashraf, tinha sido duramente atingido pelo bombardeamento aéreo e os sinais de destruição – mau grado o intenso trabalho de reconstrução – continuavam a ser evidentes. No cemitério local, visitei a campa de dezenas de vítimas do bombardeamento.

Campo de Ashraf

As decisões de bombardeamento do campo de Ashraf resultaram de pedidos expressos do Reino Unido, concretamente do seu responsável diplomático, Jack Straw, e da intensa campanha feita entre outros pela baronesa Emma Nicholson.

Graças ao inquérito nacional britânico sobre o Iraque, confirma-se hoje o papel crucial de Jack Straw na invenção das armas de destruição maciça no Iraque, e quem tiver tempo e paciência poderá ver que, publicamente, no Parlamento Europeu, na Câmara dos Lordes ou nas Nações Unidas, a baronesa Nicholson é a personalidade política que mais se distingue na denúncia das armas de destruição maciça de Saddam Hussein que seriam escondidas no Iraque, exactamente em Ashraf, pelos membros do “Conselho Nacional da Resistência Iraniana”.

Na verdade, se lida com mais atenção, constata-se que a baronesa se limita a repetir a extensa propaganda feita publicamente pelos responsáveis iranianos ou pelos seus canais de desinformação.

No meu livro publicado em 2008 “A Outra Invasão do Iraque”’ identifico o percurso da maior parte das efabulações sobre armas de destruição maciça no Iraque e mostro as suas ligações ao aparelho de desinformação iraniano, nomeadamente a mais importante de todas elas, a que passou pelos serviços secretos italianos e foi cozinhada pelo agente duplo iraniano, Manucher Ghorbanifar, que em Portugal usava no passaporte o nome de “Manuel Pereira”.

É um trabalho que infelizmente nunca foi feito nos EUA, provavelmente para não expor as razões pouco edificantes ou a simples falta de discernimento e inteligência de um conjunto de responsáveis políticos sem os quais nunca teria sido possível montar o desastre da efabulação das armas de destruição maciça no Iraque.

  1. A máquina de desinformação em marcha

Como é típico do aparelho de desinformação iraniano, assim que consumado o objectivo da invasão do Iraque, foram eles os primeiros a culpar o Ocidente em geral, ou os líderes americanos em particular, pela efabulação que eles mesmo criaram.

E foram eles também que perante a multiplicação dos ataques químicos do regime fantoche de Assad contra a sua população puseram em marcha o argumento de que se tratava de novo de uma invenção ocidental para justificar a “agressão” ao regime sírio.

Sete anos depois do início da guerra da Síria, depois de milhares de ataques químicos, de vários relatórios concludentes das Nações Unidas e de milhares de testemunhos impossíveis de manipular de forma tão precisa, os patrões da entretanto formada aliança russo-iraniana continuam a repetir que é preciso ‘provas’ e que é tudo uma conspiração ocidental e que são as vitimas que se suicidam com armas químicas.

A forma como, especialmente em Portugal, a imprensa e as redes sociais continuam a ser inundadas por uma campanha feita de teorias da conspiração, ignorância e de uma inesgotável capacidade para mentir sem olhar a meios, é impressionante.

Grande parte dos que participam nestas campanhas de desinformação fazem-no por fé e dogmatismo e são por isso imunes a factos e argumentos, enquanto uma outra parte o faz por interesse, mas a maioria fá-lo por desinformação e pela síndroma do apaziguamento.

Na lógica do apaziguamento, é necessário fechar os olhos aos milhões de vítimas sírias, é necessário fazer de conta que não se sabe que se usam maciçamente armas químicas para matar civis, na esperança de que os fautores dos crimes se saciem com a carnificina que por lá fazem e não venham a fazer o mesmo entre nós.

A psicose do apaziguamento é tão ou mais letal que a psicopatia da conspiração que vê inimigos onde estes não existem. O sucesso de qualquer estratégia de defesa passa por ser capaz de resistir a ambas as psicopatias e nunca perder o sentido do equilíbrio simultaneamente racional e emocional.

  1. A frente ocidental unida no ataque às bases químicas sírias

Em política externa, o traço mais marcante da candidatura de Donald Trump foi a denúncia da invasão do Iraque como o maior desastre da política externa americana, denúncia que lhe valeu o ódio dos clãs Bush e Clinton e de toda a intelligentzia americana, particularmente dos membros do velho clube do “neo-conservadorismo”, hoje inexistente.

Como é tradicional no populismo, Donald Trump acertou mais por instinto que por compreensão, (como foi aliás também o caso da ameaça nuclear) e desdobra-se em iniciativas que fazem sentido táctico mas que falham a visão estratégica.

A verdade é que a total falta de vontade da oposição democrática americana de enveredar por um caminho de reforma, a sua tentação de se esconder atrás de processos judiciais e a sua ausência de perspectivas fazem como os cenários mais prováveis sejam a ascensão de um populismo democrata e o renovar da vitória do actual presidente americano.

O facto de Donald Trump – com a sua notória total ausência de diplomacia – ter conseguido unir todo o Ocidente atrás de si, apesar do intenso bombardeamento da desinformação irano-russa, e do profundo dinamitar das elites ocidentais pelo populismo, é um feito notável.

Posto isto, nesta operação de neutralização do aparelho químico sírio, tudo parece semelhante ao bombardeamentos das bases afegãs da Al-Qaeda por Bill Clinton, saudados pela generalidade do mundo ocidental, como se fosse um fim e não o princípio de uma guerra, e por isso, tudo faz temer a repetição dos mesmos erros.

O primeiro facto a ter em conta é o de o jihadismo ser a ideologia dominante do que resta da chamada oposição síria, que está hoje sob o controlo da Irmandade Muçulmana da Turquia de Erdogan e do Qatar. A Turquia não faz segredo de que prefere fazer um acordo com a aliança russo-síria para esmagar a população curda e bater o Ocidente, abandonando a população árabe sunita ao massacre.

Muitas das minorias – a começar pelas cristãs – foram assim obrigadas a preferir a pata irano-russa às limpezas étnicas dos jihadistas sunistas.

Repare-se que enquanto as forças curdas preferiram render a cidade de Afrin, as organizações jihadistas do Ghouta Oriental preferiram deixar a população ser gaseada pelas forças de Assad a deixar o terreno. É a mesmíssima ideologia do Hamas e de todas as outras organizações jihadistas para quem os civis – e em particular as mulheres e crianças – são carne para canhão se possível a ser utilizados pela propaganda. É absolutamente claro que o Ocidente tem de considerar a Irmandade Muçulmana como sua inimiga estratégica.

Depois, a ideia simplista de que tudo se resolve destruindo meia dúzia de fábricas de armamento químico não é séria e não nos leva a lado nenhum. Se o Presidente Donald Trump reiterar a sua opção de total retirada da região; se o Ocidente não fizer estratégias de longo prazo de colaboração com os países e com os actores que na região ainda não estão submetidos a nenhuma das alianças jihadistas, não há solução possível, e veremos a barbárie implantar-se na região e, obviamente, saltar para a Europa. Desse ponto de vista, a União Europeia tem que aprender com Putin, para quem os tabuleiros do Mar Negro, Báltico ou Mediterrâneo são naturalmente teatros diferentes do mesmo confronto.

Acima de tudo, é essencial entender que a guerra contra o jihadismo e outros totalitarismos como o de Putin se joga essencialmente no tabuleiro da informação e desinformação. É tempo de deixar de alimentar visões ingénuas do que se passa nesse domínio e entrar no combate de forma séria e decidida.