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sábado, 21 de abril de 2018

DBRS melhora “rating” de Portugal para segundo nível acima de “lixo”

20/4/2018, 21:23

Agência canadiana, que foi decisiva para Portugal quando as três principais agências ainda tinham a notação de risco em "lixo", decidiu melhorar o "rating" da dívida portuguesa.

FACUNDO ARRIZABALAGA/EPA

Autor

A agência canadiana DBRS, que foi decisiva para Portugal quando as três principais agências ainda tinham a notação de risco em “lixo”, decidiu melhorar o rating da dívida portuguesa para o segundo nível de “investimento de qualidade”: BBB. A perspetiva para este rating é “estável”, o que significa que não são prováveis alterações no curto prazo.

A passagem de BBB- para BBB “reflete a avaliação da DBRS de que a sustentabilidade da dívida portuguesa melhorou”, afirma a agência em comunicado divulgado esta sexta-feira. “A melhoria nas finanças públicas de Portugal tornou-se mais resistente, o que está a contribuir para a trajetória decrescente que está a surgir no rácio de dívida pública”, que desceu de 130% para 125,7% no final de 2017 “e deve continuar a baixar”.

A DBRS considera que “a disciplina orçamental manteve-se, ao passo que as taxas de juro continuaram a cair” — e, por outro lado, “a economia continua a crescer a um ritmo sólido”. Finalmente, também contribuiu para a decisão o facto de o crédito malparado nos bancos estar a cair, assinala a DBRS.

O rating da DBRS era decisivo porque dava acesso às linhas de liquidez do BCE (para a banca) e ao programa de compras de dívida lançado em 2015. Com os ratingsda S&P e da Fitch também já acima de “lixo”, a importância da DBRS reduz-se — até porque não há índices de obrigações relevantes que tenham em conta a notação desta agência.

Mas a DBRS volta, assim, a ser a agência (entre as quatro reconhecidas pelo BCE) com a classificação mais otimista para a dívida portuguesa, depois de nunca ter duvidado, mesmo no pico da crise, que o país iria fazer o suficiente para se manter enquadrado com as regras europeias e que, por isso, não seria muito provável que a dívida fosse reestruturada ao ponto de envolver perdas para os investidores privados.

Coreia do Norte suspende testes nucleares porque já não precisa

ATUALIZADO

O regime norte-coreano anunciou a suspensão dos testes nucleares a partir de sábado e o desmantelamento da base de Punggye-ri, porque a Coreia já tem capacidade para usar uma bomba nuclear.

KCNA/EPA

Autor

A Coreia do Norte vai suspender os testes nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais a partir deste sábado, e vai desmantelar as instalações usadas para os testes nucleares, em Punggye-ri, no norte do país, anunciou o regime através da agência de notícias oficial, a Korean Central News Agency (KCNA).

Depois de o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, ter dito que o regime norte-coreano estaria disposto a abdicar do seu programa nuclear, sem contrapartidas, ou seja, sem a exigência histórica do regime de que os Estados Unidos teriam de retirar as tropas da região – especialmente na Coreia do Sul e no Japão -, agora foi o próprio regime norte-coreano a dizer isso mesmo.

De acordo com a agência de notícias norte-coreana, o regime liderado por Kim Jong-un vai suspender a realização de testes nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais a partir deste sábado.

“A partir de 21 de abril, a Coreia do Norte vai suspender os testes nucleares e o lançamento de mísseis balísticos intercontinentais”, notícia a KCNA, de acordo com a agência de notícias sul-coreana. A decisão foi tomada depois de uma reunião do Partido dos Trabalhadores da Coreia.

Sob a liderança de Kim Jong-Un, a Coreia do Norte aumentou dramaticamente o número de testes nucleares e de mísseis balísticos. O país, que só tinha realizado dois testes nucleares na sua história, realizou quatro testes desde que Kim Jong-un assumiu os destinos do país, três deles nos últimos dois anos. Kim Jong-un, o terceiro líder da história da Coreia do Norte e neto do fundador e Presidente eterno Kim Il-sung, tem tido uma postura de confronto mais vincada do que o seu avô ou até que a do seu pai, Kim Jong-il.

De acordo com o regime, o objetivo do país, que era atingir o estatuto de potência nuclear, já foi alcançado, e por isso não é necessário proceder a novos testes. Kim Jong-un declarou perante o Partido que a Coreia do Norte já possui a capacidade de lançar uma bomba nuclear e que, por isso, não há necessidade de realizar novos testes e manter ativo o local onde estes são realizados.

“A nossa decisão de suspender os testes nucleares é parte dos passos importantes dados a nível mundial para o desarmamento nuclear e a nossa república vai juntar-se aos esforços globais para suspender completamente os testes nucleares”, terá dito o líder norte-coreano.

Donald Trump já reagiu, elogiando a decisão do líder norte-coreano, cerca de um mês antes da cimeira planeada entre os dois líderes.

Quotas para burras

Novo artigo em BLASFÉMIAS


Quotas para burras

por vitorcunha

Na mesma semana em que se aprova quotas para obrigar mulheres a entrarem à força para listas partidárias — à força porque voluntariamente nunca arranjaram desequilibradas do sexo feminino em número suficiente —, aparece a proposta Roseta que permite que o monstro roube a propriedade das pessoas porque sim. Excelente publicidade para mulheres na política: és invejosa, queres o que é dos outros, tens a tara de tirar ao Pedro para dar ao Paulo, que é teu irmão? Anda para as nossas listas.

Tem havido um certo reboliço em torno de feministas nos meios liberais, uma coisa de que nenhum dos leitores ouvirá falar por ter relevância cultural entre a de um clube de bridge e a de um rancho folclórico. Todavia, o feminismo isabelmoreirista/câncioburaquista, infelizmente transversal quer a socialistas quer a socialistas que julgam ser outra coisa, é a encarnação mais recente do racismo (e que neologistas poderiam chamar de generofobia) e está aí para ficar, elegendo o sexo masculino como inimigo de ninguém sabe bem o quê. Podiam ser “os ciganos”, “os judeus”, “os pretos”, mas, para quê limitar o inimigo a franjas da população se se pode encontrar o inimigo em metade da população incluindo todas as etnias e as religiões?

Lêem-se frases incluindo “os homens decentes” ou “os homens inteligentes”, como em tempos se leram frases contendo “os pretos decentes” ou “os pretos inteligentes” sem que ninguém ligue o alarme. É o que é. Às vezes fico na dúvida sobre se nasci no tempo errado ou se é o resto do mundo que se esqueceu de nascer entre uma paragem e outra.

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Eleições de 2019 com plano europeu para tentar travar perturbações nas redes sociais

Trump não é um menino de coro

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Expresso, 21/04/2018)

louça1

Por mais que seja tentador, tratar Donald Trump como uma caricatura de si mesmo é imprudente. Bem sei que apetece: a melena à rockabilly, o queixo levantado à Mussolini, a agressividade em todos os azimutes a empalidecer um presidente de clube de futebol, “moralmente incapaz”, diz o ex-chefe do FBI, Trump é mesmo uma caricatura. Mas é muito mais do que isso, é o chefe ocasional que tem nas mãos o poder do arbítrio e, sobretudo, é um precursor do que a direita vai passar a ser. Ele próprio usa a ‘estratégia do madman’, como Nixon em relação ao Vietname: sou louco e posso fazer tudo, tenham medo de mim. Em todo o caso, mais vale tomá-lo a sério e o sábado de bombardeamento da Síria demonstra porquê.

A farsa como guerra do Solnado

Há aforismos que têm a maldição de estar sempre certos: cada episódio destes dias, como o ataque à Síria, confirma que a tragédia se repete como farsa (a encenação sobre o êxito da coligação bombista), mesmo que a farsa também se repita como tragédia (os tweets de Trump dão lugar às bombas). Mas, além da repetição, há algumas particularidades desta deriva belicista que merecem atenção.

A primeira é a aparência, a enfatuação. Os mísseis certeiros, letais, formidáveis, caíram como o fogo divino sobre instalações previamente evacuadas porque os bombistas avisaram os bombardeados, parece a guerra do Solnado. Aniquilaram a capacidade de produção de armas químicas, dizem os bombistas; os bombardeados argumentam que não detinham tal capacidade (e, se a tivessem, houve tempo de pôr as reservas químicas a recato); portanto, ficam todos satisfeitos. Tudo um pouco ridículo, não é? Esta pantomina é ilustrada pelas declarações solenes de Trump, Macron e May, triste encenação.

O facto, em todo o caso, é que as bombas foram inúteis, mas o bombardeamento não. A ameaça é real; mostra que várias potências estão dispostas a bombardear a Síria para gerirem as suas crises internas, o que sugere que o possam fazer mais vezes; comprova que as Nações Unidas são desprezadas por Trump, como já se sabia, e que nisso May e Macron se alinharam com ele, o que era menos evidente; demonstra que, para as potências, a Síria é meramente uma fronteira da segunda Guerra Fria.

Curvemo-nos perante o grande líder

A segunda nota é uma constatação. Virou uma página para Trump, até ontem tão ridicularizado nas chancelarias europeias e de repente empossado como respeitado grande líder do mundo ocidental. Os dirigentes europeus correm a servir Trump, mesmo que por vezes com alguma infelicidade: a prosápia de Macron, que se gabou de ter convencido Trump a ficar na Síria, para logo ser desmentido pelo seu aliado, fica nos anais da aselhice diplomática. Mas o que o caso sublinha é que Macron só se vê como braço de Trump na Europa. Isso é novidade e é espantosa, redefine-se o alinhamento da política europeia.

Se nos lembrarmos da guerra do Iraque, em que nos foi servido abundantemente um menu de evidências forjadas de armas de destruição maciça, há uma diferença, é que a França se opôs no tempo de Chirac (e tinha razão). Mas quem quer saber de provas ou de factos, ou da população ameaçada, quando há bombas a lançar? O Ministério dos Negócios Estrangeiros português, que tem por lema escolher bem as palavras, sabia bem o que queria com o elogio da “oportunidade” do ataque: tinha que ser depressa. Santos Silva achou razões para virar as costas a António Guterres e o Governo foi atrás.

Este processo configura por isso a maior transformação que a União Europeia vive na última década. Em vez de alternativa a Trump, os chefes europeus preferem ser Trump, seguindo aquele velho ditado dos gangsters de Chicago, se não o podes vencer, junta-te a ele.

A segunda Guerra Fria

A terceira nota é sobre a consequência. E ela é maior do que as bombas combinadas do sábado passado. Os Estados Unidos desistiram da Síria, mas não de Israel; e Israel não desistiu do seu principal objetivo militar, o Irão. Portanto, há mesmo uma escalada em curso. Só que as opiniões públicas, nos Estados Unidos ou na Europa, não aceitam invasões para paradas militares em Damasco ou Teerão. Portanto, bombas.

Pior ainda, os governos que conduzem esta escalada são mais frágeis do que os de Bush e Blair no seu tempo; esgota-se mais depressa o efeito anestesiante de um bom telejornal com mísseis pelos céus; e as pessoas tendem a lembrar-se das suas vidas e até a votar a sua desconfiança. Resta então o que sobra sempre: o discurso do ódio. E é aí que entra a guerra que verdadeiramente interessa, a que criará as justificações para as etapas seguintes, a segunda Guerra Fria.


A campanha eleitoral de Centeno

Diz o ministro das finanças: “Há uma alternativa, mas ela corresponde a escolhas de regresso ao passado em que o país enfrentou o risco de sanções, em que os investidores nos rotulavam de lixo, em que bancos ruíam e com eles a confiança no sistema financeiro. Não temos memória curta. Eu não seguirei esse caminho”. Parece tirado a papel químico dos editoriais que o incentivavam a arrepender-se de desvarios passados, confirmando assim que abriu a era d.C., desde Centeno. Em d.C. a memória é viva e a contenção orçamental é imperiosa. Cigarra e formiga, não há ministro das finanças que não adore um conto infantil que termine bem.

Alguns, decerto mal intencionados, terão notado que o ministro fala como se fosse o chefe do Governo, “eu não seguirei esse caminho”, que se pronuncia sobre o calendário eleitoral, obrigando António Costa a retificá-lo, e até que vai ao Parlamento explicar a política de outros ministérios, decerto intimado pelo PSD, mas com algum gosto que confirma aquele retumbante “somos todos Centeno”.

Ora, esta política tem uma única justificação: a candidatura de Centeno a vice-presidente da Comissão Europeia após as eleições de 2019. Para tanto, com a atual trajetória orçamental, o ministro anunciará o êxito com 0% de défice em 2018 e prometerá superavit para o exercício de 2019, esse vai ser o seu cartão de visita para a candidatura. Será impressionante, mesmo que uma parte, a de 2019, fique por confirmar quando entregar a pasta, e será convincente sobretudo porque satisfaz o critério pelo qual tudo se mede, o do défice. Só que este critério é errado e nem tudo o que reluz em d.C. é ouro.

O critério é errado pelo método. O Ministério das Finanças tem como objetivo o défice 0% em 2018 e superavit em 2019 unicamente por gestão das aparências. Estes objetivos nem são ocultados: as contas para os 0,7% agora anunciados incluem o gasto de 791,7 milhões de euros com o Novo Banco, dado que foi ativada a sua garantia contingente. Portanto, notando este despesismo bancário sempre justificado pelos contratos de conforto ao Lone Star, que comprou sem pagar o Novo Banco, o défice real das contas públicas seria de 0,3%. Mas as receitas estão subavaliadas e, como as finanças mandam em todos os ministérios, podem também controlar a despesa até ao final do ano para termos o número mágico. O verdadeiro objetivo é zero e a conta será zero.

Ora, essa forma de gestão é errada porque entrega às finanças a decisão sobre dossiês que só podem ser geridos com eficiência pelos outros ministérios. Foi por esse disparate que tivemos o concurso das médicas especialistas retido durante um ano por veto de gaveta das finanças, que olham para as contas, mas não para as necessidades, e que, por isso, ignoram a racionalidade das escolhas.

Mas o critério é ainda mais errado porque desperdiça a oportunidade de corrigir as contas públicas portuguesas. Pela minha parte, eu compreenderia uma obsessão contra o défice se a dívida portuguesa estivesse a ser emitida a 7% de juro, como aconteceu no passado. Mas se o défice é pago com dívida de curto prazo a juros negativos ou de médio prazo abaixo do crescimento nominal do PIB, mais vale gastar já o investimento que seja urgente, é mais racional do ponto de vista orçamental.

Veja o seguinte exemplo: um hospital precisa de um novo TAC, o atual está estragado. Se o comprar, é despesa, conta para o défice. Se não o comprar, as contas públicas parecem melhor, mas o serviço do hospital parou — é portanto défice escondido, porque algum dia vai mesmo ser preciso comprar a máquina. Se alguém nos diz que a melhor gestão é evitar o investimento, não se ofenda se ouvir que o fingimento é o pai da incompetência. Nenhuma candidatura a um lugar europeu vale a gestão deficiente do orçamento.