Translate

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Ladrões de Bicicletas


Um cheque-saúde à paisana?

Posted: 26 Apr 2018 02:11 AM PDT

«A direcção de Rui Rio defende a necessidade de fazer alterações ao SNS de forma a ultrapassar "a erosão do sistema e o crónico subfinanciamento" de que o PSD "também partilha responsabilidades". Mas a solução que preconiza passa por "mais e melhor regulação do sector e mais e melhor fiscalização", para que sejam evitados abusos do sistema pelos prestadores privados de Saúde. "Há abusos de privados, é verdade que há, mas eles existem por causa das falhas do Estado". (...) Como exemplo do que poderá ser o modelo a propor pelo PSD, o responsável da direcção de Rio declarou ao Público: "O ideal é um sistema do tipo que hoje existe na ADSE, que serve os funcionários públicos e cuja filosofia é preciso alargar a todos os cidadãos que não trabalham para o Estado".» (Público, 21 de abril de 2018).
1. Sem condições políticas, apesar de tudo, para implementar o cheque-ensino, o anterior Governo de direita encontrou uma forma indireta de o fazer e que mantinha a filosofia e objetivos da medida, criando os «vales sociais de educação». Em vez de serem entregues pelo Estado às famílias, como pressupõe o cheque-ensino, estes vales eram atribuídos «pelas empresas a trabalhadores com filhos até aos 25 anos», para pagar «algumas despesas de educação» (como mensalidades ou manuais escolares). Os trabalhadores ficavam isentos do respetivo valor de IRS, saindo as empresas beneficiadas em sede de IRC e nos pagamentos à Segurança Social. Criada em 2015, a medida foi entretanto revogada pelo atual Governo, não se encontrando já em vigor.
2. Sendo a modalidade mais próxima do cheque-ensino, os «vales sociais de educação» não foram contudo o único expediente a que o anterior Governo deitou mão para financiar o ensino privado. Em 2013, o então ministro Nuno Crato decide entregar 12M€ adicionais aos colégios privados, que se somaram aos 253,7 milhões inscritos no OE, contrariando portanto o disposto no memorando de entendimento, que recomendava a «redução e racionalização das transferências para escolas particulares com acordos de associação». E isentando as escolas do setor, como viria mais tarde a assinalar o Tribunal de Contas, do devido escrutínio da aplicação das verbas, com os resultados escabrosos que hoje se conhecem (viagens, férias, jantares e carros de luxo pagos com o dinheiro dos contribuintes).
3. Será portanto o mesmo mecanismo indireto que está novamente em causa, mas agora na área da saúde, quando o PSD propõe o alargamento da filosofia da ADSE «a todos os cidadãos que não trabalham para o Estado». De facto, como não é plausível que as empresas aceitem pagar, sem contrapartidas, um adicional aos seus trabalhadores para financiar o equivalente à ADSE - que surge assim como uma espécie de cheque-saúde à paisana - os recursos terão que provir de benefícios concedidos pelo Estado para o efeito, à custa do financiamento das políticas sociais públicas. Ou seja, por mais que o PSD mude, o objetivo ideológico e programático parece manter-se: do que se trata é de canalizar recursos públicos para alimentar e expandir, ainda mais, o setor privado da saúde.

Dentro de ti, ó cidade

Posted: 25 Apr 2018 06:10 AM PDT

Jornalismo independente é crime

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

Imagem retirada do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2018

Ontem, um tribunal turco condenou a penas de prisão de dois anos e meio a oito anos vários colaboradores do jornal da oposição Cumhuriyet, num processo emblemático da erosão da liberdade de imprensa na Turquia.

Com mais de uma centena e meia de jornalistas encarcerados, a Turquia é, no ranking dos Repóteres sem Fronteiras, "a maior prisão do mundo para os profissionais dos meios de comunicação".

O sultão do Bósforo anunciou a semana passada a antecipação das eleições presidenciais e legislativas para 24 de Junho, um ano e meio antes da data prevista. Dá-lhe mais jeito.

Nota: No âmbito das ajudas de pré-adesão à UE está previsto para a Turquia um montante total de 11,69 mil milhões de euros (valor indicativo), do qual, para o período actual (2014 a 2020) está prevista a atribuição de 4,45 mil milhões de euros (valor indicativo).

Para a promoção do sector „Democracia e Estado de Direito” foram alocados 780,5 milhões de euros, tendo já sido desembolsados 193,6 milhões de euros.(Informação prestada pelo Bundestag, a 15 de Junho de 2017)

Negociata de “gestão” de refugiados inteiramente à parte.

Entre as brumas da memória


Vi, sim

Posted: 25 Apr 2018 10:00 AM PDT

.

Primeiros jornais em liberdade

Posted: 25 Apr 2018 06:03 AM PDT




.

Ainda não eram 7 da manhã

Posted: 25 Apr 2018 02:20 AM PDT

.

Já é 25

Posted: 24 Apr 2018 04:02 PM PDT

quarta-feira, 25 de abril de 2018

“Há patifes por todo o lado. A situação é desesperante”

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

No dia em que se celebra a conquista da Liberdade e Democracia em Portugal, a organização não governamental Repórteres sem Fronteiras publica o seu relatório de “Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2018", denunciando um sério agravamento da hostilidade contra os mídia/jornalistas no continente europeu.

Entre os países europeus em que a liberdade de expressão e de informação está mais fortemente refém dos interesses de regimes autoritários, figuram a Hungria, Polónia, Tchetchénia, Eslováquia e, claro, Malta - o paraíso fiscal onde em Outubro do ano passado foi assassinada a corajosa jornalista Daphne Caruana Galizia, por explosão de uma bomba colocada no seu automóvel. Sabia demais sobre corrupção nos mais altos círculos governamentais. "Há patifes por todo o lado. A situação é desesperante" - foram as últimas palavras que Daphne escreveu no seu blog.

Tal como demais sabia o jornalista eslovaco Jan Kuciak, assassinado a tiro juntamente com a sua companheira em Fevereiro passado, enquanto investigava fraude fiscal e corrupção de alto nível envolvendo a máfia italiana e políticos do seu país.

O tecido de que são feitos os tão aclamados princípios europeus está a esgaçar-se por todo o lado, sob a tensão do primado do lucro e o ataque das traças neoliberais, acarinhadas por governos eleitos por povos supostamente sem alternativa, mantidos cansados e espremidos - para produzirem baratinho - e alienados por via do consumo, futebóis ou redes sociais.

Há, sim, saquinhos de cânfora ou lavanda, como o “Projecto Daphne”, e valha-nos isso.

Mas os insectos são cada vez mais vorazes e, enquanto acenam com a profusão de pechinchas que podemos comprar à custa de condições de produção e transporte degradantes e nocivas que não interessam a ninguém, transformam em farrapos as conquistas das gerações que lutaram pelos Direitos, pela Democracia.

Nota: Surpreendentemente, Portugal subiu quatro lugares na classificação e ocupa agora o 14.º lugar.
Contudo, de acordo com o relatório, divulgado desde 2002, a "atitude grosseira", por parte dos agentes do futebol, representa um dos principais problemas para os meios de comunicação.

A reciclagem do fascista

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Certo dia tive uma acesa discussão com um presidente de Câmara, à porta do seu gabinete, sobre os mistérios do 25 de Abril, da Liberdade, da Esquerda e da Direita. Vangloriava-se, o triste autarca, cheio de orgulho boçal, de o senhor seu pai ter “corrido comunistas à paulada” da porta da fábrica onde era capataz, naqueles tempos quentes próximos da Revolução. Hoje era vê-lo, ao autarca, a discursar de um púlpito coberto de falsos cravos, com a Democracia e a Liberdade na boca, a Grândola ecoando, em surdina, pelo salão nobre, reciclando fascistas.