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domingo, 6 de maio de 2018

O ABSURDO

por estatuadesal

(Eldad Mário Neto, 05/05/2018)

soco

Como se sabe, a lealdade, dentro do ringue político, nunca foi regra de oiro; pelo contrário, são imensos e obscenos os casos de traição que chilreiam nas árvores dos poderes.
Infelizmente, a República tornou-se um pântano de promiscuidade entre o poder político e o poder económico.

Nada, pois, de especialmente novo que pudesse justificar, de alguma forma, esta recente inversão da narrativa do Partido Socialista relativamente ao caso Sócrates. Na verdade, a posição de não interferência directa no curso do processo, sob a égide dos princípios do direito à presunção de inocência e da separação de poderes, parecia recomendável, eticamente sustentada e, por que não dizê-lo, insusceptível de provocar danos eleitorais de monta, mesmo partindo do princípio que a direita tudo faria - como vem fazendo - para fazer coincidir o julgamento com as eleições legislativas. 

Assim sendo, o que terá levado o PS a abandonar a confortável e assertiva posição que vinha mantendo?
Terá sido o escândalo com o recente caso Manuel Pinho?
Não me parece; ministro de um governo Sócrates, não era, sequer, militante do partido socialista.
Outra hipótese, seria a da eventual divulgação da lista dos principais devedores da CGD e dos responsáveis pela concessão dos empréstimos sem garantias adequadas ( os chamados mal-parados ou, mais modernamente, de imparidades).
Também não vislumbro motivos para que o PS pudesse temer, mais do que o PSD e o CDS, o resultado de tal divulgação.
Qual, portanto, o motivo que terá levado A Costa e seus mais directos conselheiros, a "condenar" o já mais que condenado?

O PS nada ganha no eleitorado da direita, pelo menos tanto quanto perde no de esquerda; divide-se no seio das suas próprias hostes e não embaraça Rui Rio que jamais perderá a oportunidade de reclamar para si mesmo a limpeza ética que quer levar a cabo dentro do PSD.

Todavia, com um ganho de monta; não está no poder, corre por fora e sem "espantalho" político interno que possa sacrificar na fogueira eleitoral que se avizinha, pelo menos da importância que Sócrates indiscutivelmente conclama e a coberto da bruma que envolveu, há muito, os prosélitos do cavaquismo.
Existirá, já, acordo pré-eleitoral que venha a sustentar um futuro governo de bloco central? Não creio nessa hipótese. Seria de uma ingenuidade a toda a prova!
Residualmente, resta-nos o "absurdo"; sim, porque tudo isto me parece decorrer de um inenarrável absurdo, salvo qualquer facto que, ainda no segredo dos deuses, venha a revelar-se nos próximos tempos.
A não ser assim, esta posição do PS, constitui um harakiri político absolutamente incompreensível.

sábado, 5 de maio de 2018

Entre as brumas da memória


A Eurovisão e os seus preparativos

Posted: 05 May 2018 02:29 PM PDT

… dão nisto! Será assim que muitos milhares de pessoas verão o Pavilhão de Portugal na Expo. Inacreditável!

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Dica (755)

Posted: 05 May 2018 12:04 PM PDT

A New Marxian Century (John Bellamy Foster)

«It’s not just that Marx’s ideas remain relevant — we’re also in the midst of a great new age of Marxian thought.»

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Maio 68-Primavera 2018: o mesmo combate?

Posted: 05 May 2018 07:57 AM PDT

Os grandes «perdedores da globalização e do progresso tecnológico» são os europeus e os ocidentais de um modo geral. E os vencedores não estão a ser os Macron deste mundo. (Saudades tenho eu do «antigo» Jorge Almeida Fernandes…)

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ETA, o fim

Posted: 05 May 2018 03:06 AM PDT

«Sete anos depois da sua declaração unilateral de "fim definitivo da violência armada", a ETA dissolveu-se. Nascida em 1959 entre os filhos da Guerra Civil espanhola (1936-39), em meios católicos nacionalistas, os seus fundadores fizeram a trajetória comum a muitos católicos progressistas e a grande parte da esquerda de origem não marxista dos anos 60: entre o Vaticano II e o anticolonialismo triunfante, revoltaram-se contra a cumplicidade da hierarquia católica com o Franquismo e levantaram a bandeira do direito à autodeterminação; a repressão ajudou a que assumissem a opção armada, de inspiração guevarista e/ou maoísta, rompendo com o nacionalismo basco histórico e rejeitando juntar-se ao PCE e às Comisiones Obreras que então mobilizavam o pulmão industrial do País Basco. Quando a ETA mata, em 1968, o torturador Melitón Manzanas e, em 1973, o chefe do governo de Franco, Carrero Blanco, toda a oposição democrática espanhola se sentiu vingada. Mas quando a crise do regime franquista abriu portas à transição pós-autoritária, que restaurou a autonomia do País Basco espanhol e de Navarra, tudo mudou. Ou deveria ter mudado.

As duas fações em que se dividiu em 1974 (ETA Militar e ETA Político-Militar) rejeitaram a amnistia de 1977 e prosseguiram a luta armada: das 829 vítimas mortais da ETA, 37% correspondem aos anos da transição e apenas 9% ao período franquista. A ETA(pm) acabaria por abandonar as armas nos anos 80 e a maioria dos seus membros entrou no PSOE. Pelo seu lado, a ETA(m) continuou a matar enquanto a Espanha vivia sob a ameaça golpista de militares e polícias que não foram democratizadas e cujos crimes nunca foram julgados, e onde os governos (da UCD e do PSOE) não hesitaram em usar a guerra suja contra uma parte da esquerda basca através de organizações como o Batallón Vascoespañol ou os GAL, matando 67 pessoas.

Se alguém esperava que a chegada dos socialistas ao poder pudesse contribuir para a paz no País Basco – o PSOE havia chegado à transição com um projeto federal para a Espanha a que renunciaram –, a realidade foi a oposta. Os governos de Felipe González (1982-96) lançaram-se abertamente na guerra suja, recrutando, entre outros, mercenários em Portugal, com a evidente cumplicidade das nossas autoridades, para disparar contra exilados bascos em França (homenagem a Celestino Amaral e a Joaquim Vieira pela investigação que então levaram a cabo no Expresso). Pelo seu lado, a ETA(m) entrou na mais alucinada campanha de terror, matando civis no Hipercor de Barcelona (1987) ou reclamando aquilo a que chamou a "socialização do sofrimento": quanto mais difícil se lhe tornava atentar contra polícias e militares, mais passou a atacar dirigentes políticos e simples vereadores municipais. O terror da ETA foi, em todo o caso, o pretexto ideal para o terror do Estado: guerra suja, tortura nas prisões, criminalização/ilegalização de partidos políticos, associações, escolas, órgãos de imprensa...

O 11 de Setembro e os massacres salafistas de 11 de março de 2004 em Madrid (que Aznar, a três dias de eleições, procurou desesperadamente atribuir à ETA) vieram mudar de forma muito evidente a perceção social da (i)legitimidade da violência política e marcaram definitivamente a cisão entre o mundo social da esquerda abertzale onde a ETA tinha nascido e a opção desta pela violência. Em 2011, a ETA declara o fim da luta armada e inicia um estranho processo de paz (desarmamento unilateral em 2017, pedido de perdão no mês passado, e agora autodissolução), verificado por grupos internacionais (de que fazem parte, entre outros, Chris Maccabe, um dos negociadores britânicos do acordo de paz para a Irlanda do Norte); os governos espanhol e francês recusam-se, contudo, negociar termos semelhantes aos que aceitaram britânicos e colombianos, por exemplo.

Num contexto agudizado pelo movimento independentista catalão, poder político (governo do PP, Ciudadanos, PSOE), maioria dos media e organizações de representação das vítimas criadas à sombra do PP escolheram uma velha via que os espanhóis tragicamente conheceram sob os anos do Franquismo: vitória e vingança. Para Ramón Zallo (um académico que foi assessor do Governo basco), "os aparelhos do Estado espanhol", face à dissolução da ETA, têm assumido atitudes "provocadoras, indignas e estúpidas, [como se quisessem] o surgimento [de sequelas da ETA]". Para ele, "a pergunta a que cada um deverá responder sobre o passado é se esteve à altura das circunstâncias face ao franquismo e à Transição, face à ETA e aos seus desmandos, face ao terrorismo de Estado, e face a um Estado involucionista, centralista, antissocial e repressivo". (Deia, 3.5.2018)»

Manuel Loff

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GOSTAVA DE SER O RICARDO SALGADO POR ALGUMAS HORAS

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 05/05/2018)

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Eu não gostava de ser mosca, preferia ser Ricardo Salgado nem que fosse por algumas horas. Perguntar-me-ão porquê horas, se não bastaria uns minutos. Há quem diga que gostava de ser mosca para entrar nalguns lugares onde o comum dos mortais não entram, mas preferia ser o Ricardo Salgado, por umas horas, e partilhar das suas memórias; deverão ser tantas que uns minutos não bastariam para tirar as minhas notas.

Quantos políticos, quantos governantes, quantos presidentes, quantos políticos promissores, quantos dirigentes do Estado não se terão curvado perante Ricardo Salgado? Quantos não deram o rabinho e cinco tostões para partilharem uma almoçarada com o Ricardo, quantos não terão sonhado serem convidados para uma tarde na praia do Carvalhal, quantos não terão pedido a próximos de Ricardo Salgado uma oportunidade, mesmo que fortuita, para estarem perto dele?

Durante anos Ricardo Salgado foi adorado, invejado, desejado, idolatrado, premiado, respeitado, elogiado e bajulado por muita gente; hoje seguem a lógica muito portuguesa e em vez de se manterem em silêncio espantam os fantasmas cuspindo no prato onde comeram, onde tentaram comer ou onde sonharam comer. Os políticos disputavam a sua simpatia, os jovens promissores tinham os seus estudos nos EUA financiados pelo padrinho, os filhos dos dirigentes do estado eram empregados.

O que sentirá Ricardo Salgado quando agora todos imitam Pedro e nesta imensa ceia de orgia de esquecimento asseguram que nunca o conheceram? O que sentirá Salgado ao ver tanta gente, que se dispôs a servi-lo, a exorcizar agora a sua corrupção moral, atacando-o e desprezando-o? Ricardo Salgado conhece agora a outra face de uma moralidade corrupta: a traição e a cobardia.

Como se sentirá Salgado a ver aqueles, a quem ofereceu aposentos em hotel de cinco estrelas, perseguirem ministros achando que a oferta de um café é motivo de corrupção? Ironicamente, Ricardo Salgado conhece bem melhor a forma de ser português, e muitas das personagens dos diversos poderes, do que os cientistas políticos formados na escola de Adriano Moreira, do que os mais distintos ideólogos, ou que os melhores alunos do catedrático Coelho.

Ricardo Salgado é, muito provavelmente, quem melhor conhece a forma de estar dos agentes do poder: foi ele que formou, alimentou e promoveu muitos deles.

ALIVIADOS DO EMPECILHO…finalmente!

por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 05/05/2018)

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A verborreia de alguns dirigentes do PS levou um já politicamente cansado JOSÉ SÓCRATES a bater com a porta da militância de um Partido do qual foi durante anos seu Secretário Geral. Cansado de tanta falta de solidariedade dos seus pares que o viam como um empecilho e um tipo carregado de sarna que convinha esquecer e abandonar à sua sorte.

Mas esta direcção do PS equivocou-se e enganou-se rotundamente quanto ao triste sarnento. E esqueceu-se igualmente de um pequeno mas muito importante pormenor: é que um Partido é composto pelos seus militantes, pelos seus apoiantes e simpatizantes e, almejando o poder, os seus votantes.

Esqueceu-se e esse esquecimento, ou muito me engano ou ser-lhe à fatal.

Tenho acompanhado nas redes sociais as reacções de imensos militantes e simpatizantes e, chegando à imediata conclusão de que o PS se transformou num Partido sem memória, menorizou, apoucou e nunca se deu ao trabalho de ouvir o bater do coração dos seus militantes que, ao contrário dela, manteve sempre o seu apreço por JOSÉ SÓCRATES e também, ao contrário dela, nunca se esqueceu do que foi talvez o melhor Primeiro Ministro da nossa democracia.

E vejo Amigos meus, de sempre militantes fervorosos do PS, pessoas de inequívoco sentimento de Esquerda, desgostosos, desanimados e dispostos a não mais militar nem votar no seu Partido de sempre. Eu não sei se a dita direcção tem noção disto, nem se tem noção de que eu, por exemplo, que não sou do PS mas fui às Directas e votei em António Costa, nele não voltarei a votar.

Digamos então que a direcção do PS não tem memória, mas os seus militantes e simpatizantes têm e não gostam, mas não gostam mesmo nada, de serem tratados por néscios.

Ouvimos recorrentemente os políticos usarem a gasta frase “À Justiça o que é da Justiça e à Politica o que é da Politica”quando, não querendo tomar qualquer comprometedor partido, a utilizam como subterfúgio. O politicamente correcto!

Mas vamos então à dita frase, e se ela tem algum sentido prático, pois tem que ter, façamos um pequeno exercício : vamos abstrair-nos do “À Justiça o que é da Justiça” pois, por muito que actualmente tal não pareça, ela tem timings e desideratos diferentes dos da Politica, e vamo-nos ater apenas ao “ à Politica o que é da Politica”.

Pois é este exercício, suas cabecinhas pensadoras e elucubradoras de infalíveis tacticismos, tacticismos esses que, para além da sua perfeita geometria, vêm carregados de doses maciças de vergonha e ética, que os militantes, e eu também, dão à dita frase: é não misturarem alhos com bugalhos! E, assim sendo, levarem a frase à letra, como deve ser!

E, assim sendo e continuando o raciocínio, concluo que a direcção do PS se sente envergonhada pelos Governos dirigidos por JOSÉ SÓCRATES, em que muitos deles até colaboraram. Mas os militantes e os simpatizantes não e, não disponíveis para este novel “tratado sobre o esquecimento” que a sua direcção decidiu adoptar, não se esquecem, por exemplo, ter sido o 1º Governo de JOSÉ SÓCRATES o mais revolucionário e reformador Governo da nossa democracia.

Dado que já muita gente escreveu sobre os outros aspectos da questão, eu limito-me a este adjacente “pormaior” e mando daqui um abraço a todos esses meus Amigos desiludidos, que se sentem ultrajados no seu fervor e militância. E perdoem-me todos os restantes, dedico este texto ao meu bom Amigo Joaquim Seixas, velho e activo militante de Caminha.

Pergunta final: será que vão apear a fotografia de JOSÉ SÓCRATES na sede do Rato? Não será uma “vergonha” mantê-la lá?

Tudo isso a Direita agradece!

Milhares de manifestantes desfilam em Paris para “festejar Macron” em ironia

5/5/2018, 17:25

Milhares de pessoas desfilaram hoje debaixo do sol para, de uma forma irónica, "festejar Macron", criticando as diferentes reformas conduzidas pelo Presidente francês.

YOAN VALAT/EPA

Autor
  • Agência Lusa
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Milhares de pessoas desfilaram hoje debaixo do sol em Paris para, de uma forma irónica, “festejar Macron”, criticando as diferentes reformas conduzidas pelo Presidente francês.

Um ano depois de ter chegado à presidência de França, Emmanuel Macron divide os franceses, entre os que aprovam o seu dinamismo e vontade reformista e os que o acusam de ser o “Presidente dos ricos”.

O movimento político liderado pelo deputado François Ruffin, da França Insubmissa (esquerda), convidou os manifestantes a participar com as suas “reivindicações, indignações e esperanças” para “fazer uma festa a Macron e ao mundo”.

Segundo a organização do protesto, participam na manifestação cerca de 160 mil pessoas que querem dizer “stop” a Macron.

Quase seis em cada dez franceses (57%) dizem-se insatisfeitos com a política de Macron, segundo uma sondagem BVA para a rádio RTL divulgada na sexta-feira.

O resultado é melhor que os dos antecessores François Hollande e Nicolas Sarkozy, mas pior que os de Jacques Chirac e François Miterrand, e representa uma perda de 20 pontos percentuais num ano.

Entre as qualidades reconhecidas a Macron, os inquiridos citam especialmente as “convicções profundas”, a “autoridade” e “estatura presidencial”. Entre os defeitos, apontam que é “pouco unificador” e pouco “próximo das pessoas”.

“Se há um ponto que une os franceses, é que o presidente age. O que os divide é a sua ação”, resumiu o especialista em sondagens Jean-Daniel Lévy, da empresa de pesquisa de mercado Harris Interactive, à agência France-Presse.

Emmanuel Macron, 40 anos, venceu as eleições de 07 de maio de 2017 com 64%, no contexto particular de uma segunda volta disputada com a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.

O programa político, que definiu como “nem de esquerda nem de direita”, assenta na liberalização do modelo económico francês, na refundação da unidade europeia e na reedificação da posição de França no mundo.

Quando perfaz um ano no poder, Macron tem perante si um país agitado pela contestação social e numerosas greves nos transportes.