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segunda-feira, 21 de maio de 2018

António Arnaut

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

Ficou hoje mais próximo da luz um homem - António Arnaut - cujo exemplo inspirou muita gente. Além de inspirar, deu também alento aos que, poucos, continuam a acreditar que uma sociedade mais justa é possível. Infelizmente, não há como disfarçá-lo, esse propósito tão humanista da Justiça tem encontrado obstáculos que não parecem, pelo menos num futuro próximo, fáceis de ultrapassar.

António Arnaut teve, durante a sua vida, uma actividade muito variada, mas talvez tenha sido pela criação do Serviço Nacional de Saúde que mais ficou conhecido, mesmo - ou principalmente - entre aqueles a quem não cabe decisão ou palavra alguma nos destinos do país e campeiam anónimos pelos caminhos da pobreza e da sobrevivência.

Esse seu legado, o Serviço Nacional de Saúde, está também em vias de desaparecer. Um pouco de atenção ao discurso e às acções daqueles por cujas mãos desaparecerá, será o suficiente para verificar que a palavra Serviço (Nacional de Saúde), fundamental no conceito expresso pela Constituição da República Portuguesa e pelo espírito de António Arnaut, está a dar lugar à palavra Sistema (Nacional de Saúde), conceito totalmente antagónico ao da Lei Fundamental e ao valor intrínseco da ideia de progresso que moveu homens como este socialista antigo. A passagem do Serviço ao Sistema representa a mercantilização absoluta de um direito humano basilar e a transformação da Doença não apenas numa indústria poderosíssima, mas em mais um instrumento de design social e de opressão sobre os mais fracos que garantirá, aos mais fortes, a perenidade do seu domínio e a perpétua servidão.

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Não me venham com esses argumentos…

por estatuadesal

(Carlos Esperança, 21/05/2018)

sharia

Estou farto de que me rebatam com as agressões imperialistas a países islâmicos, com o saque de que são vítimas, as malfeitorias dos EUA e de Israel, a cumplicidade europeia e muito mais, para tolerar uma ideologia totalitária e criminosa – o Islão político.

Tenho denunciado esses crimes, mas não os aceito como argumentos para um cómodo silêncio sobre o mais implacável dos monoteísmos e a sua demencial fúria prosélita.

Aliás, gosto da Constituição dos EUA e em Israel aprecio a igualdade de género que não existe em nenhuma outra teocracia, seja o Vaticano, a teocracia monástica ortodoxa do Monte Athos e as islâmicas e não preciso de censurar tais países para denunciar o perigo muçulmano.

Exijo a todas os devotos o respeito pela laicidade. Sei da História o suficiente para ter o dever de combater a influência das religiões nos aparelhos de Estado, num regresso em que o oportunismo dos políticos europeus trai a laicidade e compromete a democracia.

Há um maniqueísmo intolerável que leva pessoas de esquerda a conformarem-se com a deriva totalitária do Islão, leviandade e masoquismo de quem vê amigos nos inimigos dos seus inimigos e cala atrocidades contra inocentes, os tiques patriarcais, a violência tribal e a eterna humilhação da mulher.

O dever que a Europa tem de receber refugiados é incompatível com a condescendência no desprezo pelo seu ethos civilizacional. Os direitos humanos, a igualdade de género e a liberdade de expressão não podem ficar à mercê de idiossincrasias religiosas.

A Europa, depois de derramado demasiado sangue, conquistou o direito às crenças, não-crenças e anti-crenças, através da repressão ao clero. Não pode agora consentir crimes, chantagem ou violência de qualquer religião, sob pena de permitir retaliações de outras, autóctones, numa espiral de violência que foi apanágio de épocas passadas.

Proteger os crentes não é aceitar as crenças. O Islão político e os dignitários devem estar sob vigilância, para não sermos imolados, e, em vez de combatermos as crenças, sermos obrigados a enfrentar os crentes.

O ressurgimento de um catolicismo agressivo, ligado a partidos fascizantes, já anda aí a governar na Europa, em vários países, talvez vingando a indiferença com que deixamos bramir ulemás, xeques, mulás e outros marginais, contra os infiéis, na conceção desses trogloditas, homens e mulheres cosmopolitas e livres-pensadores. Nós.

ESPETÁCULO DE HIPOCRISIA

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 21/05/2018)

bruno1

Quando Bruno de Carvalho tentou renovar o vínculo contratual com André Carrilo em condições parecidas às que conseguiu impor aos jogadores agora mais revoltados pelas dificuldades em sair para outros clubes, fez-se um silêncio. Ninguém reparou que Bruno de Carvalho usou os poderes da relação contratual com o jogador para o chantagear.

Práticas, como retirar o jogador dos treinos, convocá-lo para uma reunião e mantê-lo numa sala durante uma tarde e outros tratamentos de que Carrillo foi alvo são crimes de assédio laboral em muitos países. Mas ninguém se levantou em defesa do trabalhador, e até vimos ilustres deputados virem elogiar Bruno, referindo-se à personagem como o “meu presidente”. Como ninguém se incomodou por um jogador como o Bryan Ruiz, com 33 anos, ter sido forçado a treinar com os juniores.

Até poderia fazer aqui uma lista de personalidades de esquerda que, na ocasião, se mantiveram em silêncio e que não hesitaram em apoiá-lo nas últimas eleições. O Bruno de Carvalho sem regras não é uma novidade, não resulta de um desvio que levou Daniel Sampaio a afastar-se da criação, nada mudou em Bruno de Carvalho.

Só que, desta vez, o comportamento de Bruno de Carvalho ocorreu num contexto em que as boas consciências já voltaram a ter bons valores e os mesmos comportamentos que no passado eram tolerados, ou mesmo elogiados, passaram a ser considerados condenáveis. Ainda por cima parece que a brilhante gestão de Bruno de Carvalho foi mais longe e envolveu o recurso a jagunços para meter os trabalhadores na ordem.

Onde estavam os deputados defensores dos direitos laborais quando André Carrrilho foi maltratado? Não deixa de ser curioso que aqueles que parece defenderem que o mundo do futebol é um mundo com leis à parte, elogiando os métodos de Bruno de Carvalho, tenham agora mudar de opinião e já defendem que um assalto com roubos de relógios e provocando três pontos numa testa já é terrorismo.

A verdade é que Bruno de Carvalho é a melhor das produções da hipocrisia nacional, da cobardia e da falta de valores. Da cobardia porque agora que o monstro perdeu o controlo ninguém quer assumir a paternidade.

Alguns mais espertalhões dizem que só agora Bruno resvalou para a asneira; estão esquecidos do que ele fez ao Carrillo. Vá lá, na ocasião os “adeptos” não bateram no jogador peruano, e se tal tivesse sucedido, talvez muitas dessas boas pessoas tivessem vindo em defesa dos jagunços, sugerindo que tinha sido um pequeno exagero e que tudo não tinha passado de uns tabefes.

Evocação

Novo artigo em Aventar


por Bruno Santos

António Arnaut (1936-2018).

O Feminismo faz tanta falta como o Machismo

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Cristina Miranda

Apesar do salto qualitativo do papel da mulher na sociedade ocidental onde hoje as barreiras que as separavam dos homens caíram, o histerismo feminista nunca foi tão estridente. Pior: a mulher que ouse discordar desta narrativa é  imediatamente trucidada com violência verbal à qual juntam uns quantos insultos para a diminuir intelectualmente acusando-a de não defender as mulheres. Porque há uma agenda para cumprir: convencer o Mundo que as mulheres ocidentais (sim porque as outras não lhes interessa para nada) não são livres e continuam a ser oprimidas e que elas,  as feministas,  fazem falta para as "salvar" desses abusos. Nada mais errado. O feminismo  faz tanta falta hoje na nossa sociedade ocidental como o machismo.

É verdade que durante séculos a ignorância dos homens em relação à anatomia e psicologia feminina era quase medieval. Assim como o era em ralação por exemplo à própria higiene (quem não sabe que nessa época eram proibidos os banhos por "fazerem mal à saúde"?) Era a ignorância, medo do desconhecido dos homens que impunha limitações às mulheres e que em 1878 fazia com que o British Medical Journal questionasse sobre a possibilidade de uma mulher estragar um presunto ao tocá-lo por estar menstruada ou ainda uma mulher que confessasse desejos sexuais ao seu médico era imediatamente receitado banhos frios, entre outras medidas do género e caso persistisse o problema, o internamento em asilo!!  Judith Flanders relatou em "Inside the Victorian Home: A Portrait of Domestic Life in Victorian England", que um inglês levou sua esposa de meia idade  a um oculista, por esta se ter tornado míope onde foi  informado  que o problema dela tinha origem em seus órgãos sexuais pois seus desejos libidinosos deterioraram os seus olhos e que a única cura possível era a  retirada de seu útero.

Foi graças às reformas LIBERAIS que  a ignorância foi combatida com a circulação de jornais na Europa que aumentou oito vezes entre 1712 e 1757. Esta "revolução silenciosa" permitiu que em 1771 as publicações britânicas pudessem relatar de forma pública os debates no Parlamento popularizando assim a instrução. Em consequência no norte da França entre 1786 e 1790, 44% das mulheres já sabiam escrever o nome o que indicava um salto na alfabetização nunca antes registado. A Revolução Industrial que se seguiu foi o resultado desta "revolução silenciosa" que criou instrução que se espalhou por todo o velho continente numa sinergia entre produção e educação. Sem as máquinas que popularizaram os  manuais de alfabetização e o comércio livre dos livros, jamais esta barreira da ignorância seria derrubada e aberto o caminho para a libertação da mulher como o descreve Stevn Roger Fisher no seu livro "História da Leitura".

Com a Revolução Industrial, as mulheres tornaram-se a principal força de trabalho nos EUA representando 88% dos operários em 1818. Os homens iam para a agricultura onde se exigia maior força física. Nas fábricas as mulheres ganhavam  um pagamento semanal com base numa escala "hora à hora" algo inédito naquele tempo que permitia ganhar o DOBRO do trabalho agrícola. Fala-se dos abusos às mulheres e crianças (trabalho infantil) durante a Revolução Industrial mas branqueando o facto de antes, suas vidas terem sido miseráveis onde as  únicas opções para sobreviver à fome, era a  prostituição, mendicidade ou serem criadas de servir (algo desprezível na sociedade que as tratava como animais).

A Revolução Industrial trouxe ascensão social e económica sem precedentes para as mulheres. Devido às mudanças sociais ocorridas depois com a chegada de imigrantes aos EUA,  as mulheres foram levadas para cargos mais bem pagos e para novos campos de trabalho em ebulição. As oportunidades fora das fábricas aumentou e em 1850 o número de professoras em Massachusetts foi o dobro dos homens! Em 1900  as mulheres estavam presentes em 195 das 300 classificações de emprego enumeradas pelo Censo. Algo absolutamente inédito na época. Nem aqui fez falta quotas.

Foram as medidas liberais da "revolução silenciosa" e a Revolução Industrial que se lhe seguiu que deram LIBERDADE DE ESCOLHA às mulheres que passaram a ter seu próprio sustento sem depender dos homens. Não foi o feminismo que as libertou. Foi o capitalismo.  O feminismo da época apenas melhorou suas condições.

Hoje, esta onde feminista de 3ª geração, por tudo e por nada alega discriminação. Não interessa saber que uma mulher naturalmente escolhe áreas profissionais diferentes dos homens. Que naturalmente optam por serem elas a cuidar da família. Que naturalmente têm um conceito de felicidade diferente do homem. Que possuem cérebros diferentes, logo pensam e agem diferente. Não. Interessa convencê-las que são vítimas. Que são coitadinhas que "precisam ser libertadas da opressão masculina" quando os homens de hoje são em tudo diferentes do passado. Apoiam-se nos estudos subjectivos de quem os faz. Pouco se importando com o factor óbvio da natureza humana. E por falar em estudos, já está na hora de trazer alguma seriedade sobre as estatísticas enganadores das diferenças salariais quando as categorias profissionais estão todas tabeladas sem diferenciação de sexos! Se há diferenças é porque teimosamente nesses estudos não se tem em conta factores primordiais nessa avaliação como por exemplo a escolha natural de especialidades menos bem remuneradas ou menos horas trabalhadas para assistência voluntária à família. Nas empresas que geri era impossível fazer diferenciação no salário base devidamente tabelado. Se isso acontecesse, a Inspecção do Trabalho entrava imediatamente em campo com multas pesadas.

No fundo o feminismo de hoje consiste em substituir o machismo dos homens doutros tempos pelo feminismo actual segregador das mulheres com vista ao domínio destas. Não buscam o equilíbrio e igualdade entre as partes. Buscam a primazia.

A verdadeira defesa pelos direitos das mulheres faz-se pela defesa de todas as pessoas pela igualdade de direitos sem discriminação  pelo sexo, idade, cor, etnia, raça , sensibilizando e envolvendo toda a comunidade nesta luta. Defender as pessoas é defender todos por igual criando sinergias em vez de fissuras entre grupos. E esta é a verdadeira defesa por direitos iguais.