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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Under Pressure

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por Sérgio Barreto Costa

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O Parlamento vai debater a despenalização da eutanásia, e Rui Rio, um defensor dessa ideia, já veio lamentar a pressão que está a ser exercida sobre os deputados por parte de pessoas que a ela se opõem. O Presidente do PSD tem a razão do seu lado. O povo, como se sabe, nunca está satisfeito. Antigamente queixava-se por viver em ditadura; agora, que já tem a oportunidade de eleger e pagar o salário a deputados, acha-se com o direito de ser por eles representado. É gente muito chata e exigente, às tantas pensam que isto é alguma democracia representativa.

Esta atitude dos eleitores, profundamente desagradável, revela-se também nas críticas que fazem à ausência de debate sobre o assunto durante a campanha eleitoral e à omissão do tema nos respectivos programas. Como se fosse possível abordar tudo em textos que não ultrapassam as 92 páginas, no caso do PS, e as 148, no caso do PSD. Deixemos esse espaço nobre e reduzido para as questões verdadeiramente importantes. Ainda para mais, essa lacuna servirá para promover a igualdade na sociedade portuguesa: tínhamos os cidadãos que ignoram as propostas partidárias por não se darem ao trabalho de ler os programas eleitorais, e agora também temos os cidadãos que ignoram as propostas partidárias apesar de se darem ao trabalho de ler os programas eleitorais; e tínhamos os cidadãos que não liam os programas eleitorais por estarem divorciados da política, e agora também temos cidadãos que se vão divorciar da política por lerem os programas eleitorais. É um grande avanço para Portugal: antes uma ignorância informada do que uma simples ignorância.

Note-se que a posição de Rui Rio tem sido devidamente apreciada e elogiada por várias pessoas. Para grande azar são pessoas de esquerda, que nunca na vida nele irão votar. Mas é um bom começo. Um dia destes, quando tiver disponibilidade, talvez Rui Rio possa começar a agradar ao seu próprio eleitorado.

Em relação ao tema propriamente dito, só tenho um reparo a fazer. Aparentemente, as pessoas vão poder ser eutanasiadas nos hospitais públicos, mas apenas na modalidade a pronto. Quem se quiser eutanasiar a prestações, através, por exemplo, do consumo de croquetes, chamuças, croissants e refrigerantes, terá de continuar a recorrer a serviços de saúde privados. Penso que devemos rever este aspecto. A eutanásia a prestações, apesar de mais demorada, também acaba por ser eficaz. É o método que Rui Rio está a aplicar ao PSD e os resultados estão a ser bastante positivos.

Notas soltas sobre a eutanásia

Novo artigo em BLASFÉMIAS


por CGP

1. No Oregon, a eutanásia é legal há 20 anos. Há cerca de 40 casos por ano. Na Holanda, com uma população apenas 4 vezes maior, houve mais de 6 mil em 2017, incluindo crianças com menos de 16 anos. Eu não aprovaria nada sem perceber o que causou a slippery slope num caso e não noutro.

2. Ramon Sampedro ficou tetraplégico aos 25 anos. Se a eutanásia fosse legal, teria morrido aos 26. Nos 29 anos seguintes escreveu um livro, defendeu uma causa (por acaso, a eutanásia) e deu inúmeras entrevistas. Viveu.

3. Muitas pessoas compram sepulturas e deixam dinheiro alocado para o seu funeral muito antes de morrerem. Fazem partilhas em vida ou deixam testamentos para que a sua morte não cause desavenças familiares. Aquelas que sabem que vão morrer uns meses antes procuram fazer as pazes com amigos e familiares, resolver inimizades e deixar conselhos aos filhos. A maioria das pessoas gosta de morrer no conforto de saber que deixou tudo tratado. Ramon Sampedro morreu sem saber se os seus amigos mais próximos seriam presos depois da sua morte por o terem ajudado a suicidar-se.

4. Não foram.

5. Há uma tendência a “fazer equipas” cada vez que se fala em assuntos fracturantes, como se fossem todos iguais. Como se o direito a casar, a abortar, utilizar técnicas de PMA ou a ser eutanasiado fossem tudo uma e a mesma coisa, com o mesmo tipo de considerações. Quem assume por defeito a posição progressista ou conservadora qualquer que seja a questão merece zero credibilidade, por muito atractiva que seja a retórica de trincheira.

6. Quantas pessoas foram condenadas por praticar a eutanásia em Portugal? Zero? Será que nunca houve eutanásia em Portugal ou vamos despenalizar algo que nunca foi penalizado? Será a hipocrisia marcelista do "É ilegal, mas pode-se fazer" um mal menor em relação ao risco de dar ao estado o poder de matar?

13 explicações sobre a eutanásia: os conceitos, os projetos de lei, a legislação lá fora e os casos mais conhecidos

27 Maio 2018

Rita Porto
Qual a diferença entre eutanásia e suicídio assistido? O que dizem os 4 projetos de lei? Como será a votação? Como é a legislação noutros países? E os casos mais conhecidos.
Eutanásia, suicídio assistido e morte assistida: o que querem dizer estes três conceitos? O que propõem os projetos para a alteração da lei do PS, Bloco de Esquerda, PAN e Partido Ecologista Os Verdes que esta terça-feira vão a votos no Parlamento? Como é a legislação noutros países onde a morte assistida é permitida?
Com o debate a marcar (e a dividir) a sociedade (e a política) portuguesa, fazendo até regressar às notícias Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho, mas também dominando parte do Congresso socialista e as declarações de António Costa, eis 13 respostas para compreender o que implica a despenalização da morte assistida.

Qual a diferença entre eutanásia e suicídio assistido? E morte assistida?

“A eutanásia é a morte a pedido. Uma pessoa que pede a alguém que a ajude a morrer, na prática pede a alguém que mate”, explica Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, ao Observador. “O suicídio assistido é quando, um profissional de saúde ou não, ajuda outra pessoa a cometer suicídio, seja através da disponibilização ou da prescrição de um produto ou medicação.”
Já a morte assistida “abarca os conceitos de eutanásia e suicídio assistido”, acrescenta o bastonário.
E como chegámos aqui?

Quem se lixa é o mexilhão

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

Um dos temas da agenda do Conselho da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) que se realiza hoje em Bruxelas é o Irão e as consequências do abandono do acordo nuclear iraniano pelos Estados Unidos.

A Europa quer, obviamente bem, demarcar-se de mais um desvario incendiário e manter o acordo. Agora, é bom sabermos o que está em jogo:

“O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, divulgou uma lista de exigências aos países europeus para que o acordo nuclear assinado em 2015 entre Teerã e seis potências mundiais permaneça em vigor.”

Segundo Khamenei, "a Europa tem que garantir plenamente as exportações de petróleo ao Irão". (...) "Significa isto que, se os EUA impõem o seu embargo às nossas exportações de petróleo, os europeus têm de garantir o volume de exportações desejado pela República do Irão".

Além disso, os bancos europeus terão de garantir as transacções comerciais com o Irão - transacções monetárias privadas e das empresas estatais.

Khamenei: “Se os europeus hesitarem em responder a nossas exigências, o Irã tem o direito de retomar suas actividades nucleares”.

Já se fala também em compensações para empresas europeias que investiram no Irão após a assinatura do acordo e de apoio às empresas contra as retaliações dos EUA.

É que não há volta a dar, quem se lixa é o mexilhão.

Monárquicos que alucinam

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Sinceramente, não sei o que se passa na cabeça desta gente. Não tenho nada contra aqueles que acreditam e defendem uma causa que é legítima, nem tenho dúvidas que o filho varão de Duarte Pio de Bragança tenha recebido uma "educação esmerada", ainda que tenha as minhas reservas sobre "o brilho de uma inteligência superior e uma vontade de saber e qualidades notáveis de um Estadista", que para além de ser uma afirmação com um certo odor fascista, levanta inúmeras dúvidas.

Porém, o resto desta publicação facebookiana, escrita por um conhecido militante monárquico, que optei por não identificar, é um chorrilho de absurdos, dignos de um fanático religioso. Vejam bem: o pseudo-príncipe é ruivo, tem barba e um semblante formoso, algo nunca antes visto neste país de hereges! Que país estúpido é este que não se apressa a abolir imediatamente a República quando tem um descendente real destes, ruivo e formoso, que ainda por cima está pronto para ser rei? Estaremos loucos?

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