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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Gostei de ver



por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 30/05/2018)

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Gostei de ver. Apesar de com a passagem do tempo já estarmos habituados a ver muitas coisas e de ainda não ter conseguido ver um porco a andar de bicicleta, ainda consigo ser surpreendido sem duvidar de que os olhos e os ouvidos me estão a proporcionar uma perceção da realidade.

Vi o homem dar os primeiros passos na Lua, vi o Álvaro Cunhal reformar-se, vi cair o Muro de Berlim, vi a Zita Seabra aderir ao PSD e o delfim de Cunhal, Vital Moreira, ir para o PS, vi a Ana Gomes ir ao congresso e não falar do Sócrates, vi o Negrão chegar a deputado e a líder parlamentar, vi o Passos ser primeiro-ministro, mas mesmo depois de tantas visões a realidade ainda me surpreende.

É verdade que não cheguei a ver o Jerónimo aplaudir a Cristas, esta a aplaudir o Jerónimo ou os dois a juntarem as suas palmas radiantes pelo estranho encontro entre o defensor dos taxistas e a esposa do gestor da Uber. Mas vi uma geringonça com três pares de pedais, a circular alegremente pelos Passos Perdidos graças à energia motora das pernas do Negrão, do Jerónimo e da Cristas.

Não vi o Bernardino Soares sugerir aos parlamentares que em vez da eutanásia o país usasse os métodos paliativos do seu amigo Kim da Coreia do Norte, com os velhos divertidos a levarem com tiraços de antiaéreas. Talvez um dia ainda veja, mas quando vi o António Filipe subir ao púlpito para fazer dele os argumentos da extrema direita, criticando os que querem ajudar a matar em vez de ajudar todos a morrer lenta e alegremente em cuidados paliativos, acabei por ter a esperança de um dia destes ir a Fátima mais o deputado Manuel Tiago para ver a próxima aparição da Nossa Senhora.

As promessas de cuidados paliativos tão bons que ninguém quer morrer dá-me esperança de um dia destes ver uma notícia dando conta do primeiro nascimento de uma criança filha de utentes dos cuidados paliativos do Hospital de Santa Maria. Agora acredito em tudo e percebo como o pensamento humano é volátil, como as ideologias já não são o que eram e como a direita portuguesa consegue entender-se tão bem com a esquerda mais conservadora, sem quaisquer negociações ou acordos.

Ontem vi um padre dizer na TVI24 que ainda não tinha perdido a esperança de conquistar a deputada Isabel Moreira. Começo a acreditar que o padre pode ter motivos de esperança, ainda que seja mais difícil ele conquistar a Isabel Moreira do que eu ver na próxima campanha legislativa a Cristas a visitar lares acompanhada pelo Jerónimo de Sousa.

Montenegro acusa Rio de ter pressionado deputados do PSD

O líder parlamentar considera que Rio "atentou" contra a história do PSD ao sugerir que estava a "fazer um enorme esforço para não impor a disciplina de voto" aos deputados do partido.

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"Ouvir Rui Rio dizer que estava a fazer um enorme esforço para não impor a disciplina de voto é para a nossa história um atentado"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD e assumido opositor de Rui Rio, acusou o presidente social-democrata de ter pressionado os deputados sociais-democratas a votarem favoravelmente a despenalização da morte assistida.

No espaço de debate que divide com Carlos César na TSF, o social-democrata criticou a gestão que Rio fez de todo o processo.

[O líder do PSD] acusou não sei exatamente quem de estar a pressionar os deputados do PSD, com isso estando ele próprio a fazer uma pressão direta sobre os seus deputados para seguirem a posição dele”, afirmou Montenegro.

O social-democrata chegou a mesmo a dizer-se “indignado” com “a forma desajeitada, desastrada, como o líder do PSD enfrentou o debate nos últimos dias”. “Ouvir Rui Rio dizer que estava a fazer um enorme esforço para não impor a disciplina de voto é para a nossa história um atentado”, condenou o ex-líder parlamentar do PSD.

Recorde-se que Rui Rio defendeu abertamente a despenalização da eutanásia (contra a vontade maioritária da sua bancada parlamentar) e criticou publicamente as manifestações de várias figuras ligadas ao partido (Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes ou Paulo Rangel, por exemplo) contra os quatro projetos de lei que foram a discussão na terça-feira. O “chumbo” dos diplomas acabou por representar, por isso mesmo, uma derrota para Rui Rio.

Carlos César, esse, não deixou de aproveitar a falta de sintonia entre Rui Rio e a bancada social-democrata, classificando de “errática e pouco esclarecida” a liderança do ex-presidente da Câmara do Porto.

“Temos aqui uma nova fase que se inicia ao centésimo dia do calvário de Rui Rio. Um partido que não se entende é um partido que dificilmente se poderá entender para governar o país”, resumiu o socialista.

PS e CDS trocam piadas nas redes sociais. Cristas assume-se líder da oposição

PS e CDS trocam piadas nas redes sociais. Cristas assume-se líder da oposição

30/5/2018, 13:07

Rato Mickey, fantasia, publicações apagadas e vitórias morais. Melo comparou o Congresso do PS ao mundo da Disney, o PS reagiu e agora Cristas reclama o lugar de líder da oposição.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Mais uma sequela do filme de animação em que se transformou a relação entre democratas-cristãos e socialistas. Primeiro, foi Nuno Melo a sugerir que se sentia na Disneyland Paris em pleno Congresso do PS, tal o grau de “fantasia” que reinava por aquelas bandas. O PS não se ficou e respondeu na mesma moeda: se Melo se sentia na Disney, então umas virtuais orelhas de rato Mickey ficavam mesmo a matar. Esta quarta-feira, na resposta à resposta, Assunção Cristas decidiu reclamar a vitória moral e assumir-se como “líder da oposição”.

No Twitter, a líder do CDS partilhou a montagem feita pelos socialistas com a imagem de Nuno Melo e quis ver nessa reação o reconhecimento de que o PS a vê como principal challenger de António Costa. “Quando somos elevados ao humor pela mão dos nossos adversários consagramo-nos na liderança da oposição”, escreveu a democrata-cristã.

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Assunção Cristas@CristasAssuncao

Quando somos elevados ao humor pela mão dos nossos adversários consagramo-nos na liderança da oposição.

09:23 - 30 de mai de 2018

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Não fica claro se Cristas está mesmo convencida disso ou se está a dar continuidade a esta troca de piadas entre PS e CDS — os emojis que usa para complementar o tweet dão para tudo: um braço a simbolizar força, e uma cara a chorar a rir.

Na véspera, os socialistas tinham usado a conta oficial do partido no Twitter para reagir com humor à provocação de Nuno Melo. O PS publicou uma montagem em que enfeitava o vice-presidente do CDS com umas orelhas virtuais de rato Mickey, sem dispensar o chapéu de mágico e mais alguns elementos do filme de animação “Fantasia”, um dos mais emblemáticos da Disney.

A publicação seria depois apagada sem explicação formal. Ao Observador, João Galamba explicou que se “tratou de um erro” de alguém que queria partilhar aquele conteúdo na sua conta pessoal e confundiu as duas contas. “Quando me apercebi do erro, mandei apagar”, resume o deputado socialista. Mas o post já seguia imparável nos corredores virtuais. A troca de galhardetes começa no domingo, ainda em plena sessão de encerramento do 22º Congresso do PS. No domingo, o eurodeputado usou o Facebook para dizer que se sentia “no Congresso do PS, com a mesma sensação de quem visita o pavilhão da fantasia da Disney em Paris”.

O sentido de humor (ou a falta dele, dependendo das diferentes sensibilidades) não foi compreendido por todos. Tiago Barbosa Ribeiro, deputado do PS, reagiu de imediato à provocação de Nuno Melo: “É com dirigentes deste partido, convidados para nossa casa por respeito institucional e democrático, que alguns camaradas meus acham exequível fazer entendimentos para ‘reformas estruturais’. Boa sorte…”, escreveu o socialista.

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Tiago Barbosa Ribeiro

@tbribeiro

É com dirigentes deste partido, convidados para nossa casa por respeito institucional e democrático, que alguns camaradas meus acham exequível fazer entendimentos para “reformas estruturais”. Boa sorte...

15:25 - 27 de mai de 2018

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Nuno Melo acabaria por tentar acalmar os ânimos. Ao Observador, o eurodeputado explicou que a legenda por ele escrita correspondia a um comentário meramente metafórico. “Pobre de quem está em política e não consegue interpretar o que é óbvio”, sugeriu Melo. Resta saber se haverá um quarto filme.

Língua Portuguesa: a curiosa origem dos palavrões e das asneiras

Novo artigo em VortexMag


por VxMag

Apesar de muitas vezes serem considerados ofensivos, os palavrões fazem parte da linguagem do dia-a-dia da grande maioria das pessoas. São um “hábito”, uma “convenção que se aprende”, que dificilmente se consegue largar, como defende o psicólogo norte-americano Timothy Jay. Estão por todo o lado, e não há como lhes escapar. E a Língua Portuguesa não é excepção. Muitos são os palavrões e as asneiras no nosso vocabulário e é interessante perceber quando, como e porque razão é que estas palavras começaram a ser consideradas como impróprias, ou seja, como insultos, palavrões ou asneiras. A maioria dos palavrões existe há várias centenas de anos e está longe de ser uma invenção dos tempos modernos.

Melissa Mohr, especialista em literatura medieval e autora de Holy Sh*t: A Brief History of Swearing, defende que o hábito de dizer asneiras vem desde o tempo dos romanos. “Os romanos são importantes na história dos palavrões porque as asneiras que usavam eram baseadas nos tabus sexuais e de excreção, como acontece na maioria das línguas modernas”, explicou a autora. “Eram baseados no corpo humano e em acções. Mas, como tinham um esquema sexual muito diferente, alguns dos seus palavrões eram usados de maneiras diferentes.”

PutaPuta

Rafael Bluteau, no dicionário Vocabulario Portugues e Latino, editado em 1712, explica que puta chegou a ser “um vocábulo honestíssimo”, sinónimo de “moça puríssima e limpa”. Por corrupção, a palavra terá passado a significar prostituta, de modo a “encobrir a fealdade do vocábulo meretriz ou de outro igualmente feio”.

De acordo com o autor, a definição moderna de puta terá surgido através de uma corrupção da língua, um processo linguístico que consiste na mudança de significado de uma palavra. Originalmente, na base de puta, estaria a palavra putos, um adjectivo latino para puro ou brilhante. Uma outra hipótese, referida por outros autores, é a de que o palavrão se trata de uma derivação do verbo putere que, em latim, significa estar deteriorado ou cheirar mal.

Os antigos romanos tinham também por hábito chamar lobas às prostitutas. O termo terá dado origem à palavra lupanar, usada ainda hoje para descrever um bordel ou uma casa de prostituição. É por esta razão que, segundo Bluteau, alguns estudiosos defendiam que os gémeos Rómulo e Remo, personagens da mitologia romana, não foram criados por uma loba, mas sim por uma prostituta.

PorraPorra

Não se sabe ao certo de onde terá vindo a palavra porra. Na Origem da Lingua Portugueza, obra publicada no século XVII, o historiador Duarre Nunes de Leão refere que o termo é de origem árabe. Porém, a teoria mais consensual é a de que a palavra terá surgido em Espanha.

Segundo Rafael Bluteau, durante o reinado de D. Afonso V (1432-1418), terá chegado a Portugal uma família de nobres castelhanos de apelido Porra, cujo brasão apresentava cinco maças (armas) com cabos verdes sobre um campo dourado.

No Vocabulario Portuguez e Latino, Bluteau explica que a palavra porra é, nada mais nada menos, do que o diminutivo da palavra cachaporra, uma espécie de pão que é mais grosso numa ponta do que na outra. De acordo com a definição de Eduardo Nobre, no Dicionário de Calão, na gíria popular porra serve para descrever o órgão sexual masculino, podendo também significar pau ou bastão.

CaralhoCaralho

“A frequência de uso dos termos que designam os órgãos sexuais, tanto femininos como masculinos, é relativamente baixa. Palavras que designam o sexo são normalmente banidas da conversação entre gente educada”, escreveu Heinz Kröll em O Eufemismo e o Disfemismo no Português Moderno. Apesar disso, em português, parecem não faltar palavras para as descrever. Uma delas é caralho.

Apesar de não se saber ao certo de onde terá vindo a palavra caralho, pensa-se que terá tido origem no espanhol carajo, uma expressão que pode designar um pau ou uma parte específica de um navio — a vigia, o lugar mais elevado de uma embarcação. A palavra, “muitíssimo frequente na Península Ibérica”, pode ter “uma origem ainda anterior à romanização”, defende João Paulo Silvestre.

MerdaMerda

Apesar de ser muitas vezes associada ao francês merde, a palavra merda é muito mais antiga. No latim clássico, merda era sinónimo de esterco ou de excremento. De acordo com alguns autores, o palavrão será uma derivação da palavra Erda, uma localidade romana conhecida por ser muito suja.

Em português, a palavra é geralmente substituída por outras que rimam com ela, como nas expressões vá a Palmela! ou vá pr’á marela, salientou Heinz Kröll. Mais comum, porém, é a expressão vá pentear macacos!.

Foda-seFoda-se

A expressão foda-se não é recente. O Novo Dicionário de Calão de Afonso Praça, editado em 2001, cita a forma fosga-se, uma interjeição alternativa e menos grosseira para foda-se. Para Clotilde Almeida, isto significa que a palavra já existe há bastante tempo, pois até “já foram cunhadas formas alternativas da mesma que se encontram dicionarizadas”.

José Pedro Machado, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, uma das poucas obras dedicadas à etimologia portuguesa, refere que o verbo foder — do qual provém a palavra foda-se — vem do latim futere, que significa ter relações sexuais com uma mulher. Ainda de acordo com José Pedro Machado, o termo aparece em textos desde o século XII, não se sabendo ao certo quando terá sido cunhado.

“Trata-se de uma expressão de desagrado que é bem portuguesa”, explicou Clotilde Almeida. Através de um processo de redução e de supressão, a palavra foda-se passou a (fo)dasse, mantendo o sentido original. Foi também a partir de foda-se que surgiram as formas fosga-se, fosca-se ou fónix, que querem dizer exactamente a mesma coisa. Estas foram criadas para suavizar (e ocultar) o sentido original do palavrão.

Fonte: observador.pt

A eutanásia é uma escolha individual

Novo artigo em Aventar


 

por Autor Convidado

folha
[Helena Ferro de Gouveia]

A eutanásia não é um programa de eugenia social, não é a eliminação dos mais velhos, dos mais fracos, dos deficientes. A eutanásia é uma escolha individual, não da família ou dos médicos, é o direito a uma morte sem sofrimento.
Chama-se compaixão e está acima de todas as ideologias ou crenças religiosas.

A dignidade da pessoa humana passa por respeitar o sofrimento do Outro e por aceitar que este lhe queira por um ponto final, se não o consegue fazer sozinho pela sua condição clínica, que um acto de piedade ( não um acto médico ) não seja criminalizado. Pela vida sempre, pelo sofrimento que nenhum cuidado paliativo atenua nunca.
O meu pai morreu numa cama de hospital e nem a morfina nos dias finais lhe aliviava a dor. Nenhum ser humano merece morrer assim, sem paz.