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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Entre as brumas da memória


Tiananmen, com humor...

Posted: 04 Jun 2018 01:30 PM PDT


«Queria muito indignar-me com mais um aniversário do massacre de Tiananmen, mas tenho sempre medo de ficar sem luz em casa.»

Pedro Vieira no Facebook (Imagem e texto)

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Frank Carlucci

Posted: 04 Jun 2018 10:44 AM PDT

Fui buscar à estante e creio que é boa leitura para o dia de hoje.
(Marcelo: Cristalinamente viperino aqui.)
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4 de Junho rima com Tiananmen

Posted: 04 Jun 2018 08:19 AM PDT

4 de Junho de 1989 marcou o fim de quase dois meses de protestos na Praça da Paz Celestial, em Pequim, quando os tanques avançaram brutalmente sobre os manifestantes. Os factos são conhecidos, mas é sempre bom tê-los presentes – sobretudo em imagens, que falam por si e substituem, quase sempre com vantagem, muitas palavras.

Ao longo dos últimos anos, tudo tem sido recordado recordado, sobretudo por alguns protagonistas de 1989 ou pelas suas famílias.

Hoje mesmo, The Guardian publica um texto sobre o tema: #Tankman2018: hero of Tiananmen protest remembered across globe.

E não resisto a transcrever o que escrevi neste blogue, quando estive em Pequim há pouco mais de um mês: «Regressei, com prazer à Praça Tiananmen, o mausoléu de Mao, o Palácio dos Congressos e tudo o resto estão nos mesmos sítios, o que mudou foi que a vi praticamente vazia em 2004 e com magotes e mais magotes de gentes várias desta vez. E retive o silêncio da simpática guia que nos acompanhava com explicações em espanhol: várias vezes interrogada, foi dizendo que dos acontecimentos de 1989 "nada sabia", que nasceu e vivia então na Manchúria, que nada viu, que não se aprende na escola, que há muitos milhões de chineses que nunca ouviram falar desse não assunto. "Não sei nada, não posso saber, não insistam, por favor".» Comentários para quê...

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Racismo? Sim, até na Feira do Livro

Posted: 04 Jun 2018 05:56 AM PDT

Amplamente divulgada no Facebook, é bom que a notícia chegue também aos jornais. Com um comentário meu: quando, desde há alguns anos, a Feira do Livro passou a utilizar «voluntários», recrutados por anúncios divulgados publicamente e sem lhes pagar um cêntimo, está-se à espera de quê?

Debate contra racismo na Feira do Livro marcado por "performance racista"

Transcrevo, na íntegra, o que Bárbara Bulhosa publicou ontem no Facebook:

«Desde 2006 que a tinta-da-china participa na Feira do Livro de Lisboa. Todos os anos organizamos vários eventos, de lançamentos de livros, a debates e sessões de autógrafos. Sempre tivemos uma boa relação, de respeito mútuo, com a APEL, responsável pela organização desta festa da cidade.

Pois bem, ontem às 14h, fizemos um debate na Praça Laranja, a propósito do livro "Racismo no país do brancos costumes", de Joana Gorjão Henriques. O tema do debate era activismo, a que um dos capítulos do livro se dedica. Convidámos Beatriz Dias, Mamadou Ba, Ana Tica e Raquel Rodrigues. Sabíamos que tínhamos 50 mn. Que às 15h haveria outro evento na Praça.

A voluntária "contratada" pela APEL, passou o debate a gesticular e mandar bocas a dizer que não concordava nada com o que estava a ser dito, "esta gente", repetiu várias vezes. Eu, que estava na primeira fila, ignorei os seus comentários, que para além de serem de uma enorme indelicadeza (estava vestida com a camisola da APEL), revelavam de forma inequívoca o que pensa sobre o racismo e o que diz "esta gente".

O problema surgiu quando às 14h49, começou a mandar calar directamente os intervenientes. Aproximou-se do palco e disse ao Mamadou Ba, que estava a falar: "Vê lá se te despachas!" O Mamadou Ba, apanhado de surpresa, calou-se e a Joana Gorjão Henriques terminou a sessão imediatamente.

O caldo entornou. Eu saltei da primeira fila e abordei a senhora voluntária dizendo-lhe peremptoriamente que não podia mandar calar um convidado que estava a falar para uma plateia cheia. Que não funcionava assim. Que não pode tratar por tu um desconhecido, que em 12 anos de Feira do Livro nunca tal me tinha acontecido. Já atrasámos várias vezes, é verdade, mas não era o caso e quando tal aconteceu nunca ninguém da APEL cortou a palavra ao orador.

Parecia encomendado. Uma performance racista, num debate contra o racismo. Estava boquiaberta. Mas a senhora, Beatriz Reis, a quem pedi identificação para apresentar queixa, foi mais longe. Desatou num chorrilho de insultos "com a tinta-da-china é sempre isto", "quem julgam que são?", etc.

De imediato, telefonei ao Carlos Beirão, responsável da APEL, encarregado da feira há anos, e contei-lhe o que se tinha passado, dizendo-lhe que não queria mais ali aquela senhora. Respondeu-me que iria substituir. Ainda lhe disse que iria tornar este acontecimento público, ao que me respondeu: "Não me ameaces". Sem mais. Não me veio pedir desculpas pelo sucedido, nem à autora e convidados. Aliás, ninguém me disse nada da APEL. Achei muito estranho. Pagamos para estar ali, a Feira sempre foi um espaço de liberdade e o que aconteceu ontem mostrou-me que nem sempre estamos à altura das nossas responsabilidades. Pela minha parte, pedi desculpas a todos os intervenientes no debate e farei queixa, desta vez por escrito, ao presidente da APEL.

Curiosamente, mais tarde, fiz o lançamento do livro do Gustavo Pacheco com o Ricardo Araújo Pereira, terminámos 10 mn depois da hora e para além de não estar presente nenhum elemento da APEL, ninguém nos mandou calar.»

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Crise política em Itália: o fim anunciado do euro?

Posted: 04 Jun 2018 03:21 AM PDT

«Nas últimas duas semanas quase pareceu um regresso ao passado – à crise do euro de 2010-2012 – com as taxas de juro da dívida pública de Itália a subir abruptamente na sequência do processo de nomeação do novo governo italiano. O BCE deve ter ’ajudado à missa’ ao não intervir nos mercados em defesa da Itália e também Vítor Constâncio deu o seu ’contributo’, numa boa entrevista à Spiegel (em que abordou também outros questões importantes), ao relembrar a Itália as regras do programa OMT (“Outright Monetary Transactions”, ou compras permanentes de dívida pública de países membros) que permite, em teoria, resgates do BCE a países em crise, desde que acompanhados por programas de ajustamento (i.e., austeridade), mensagem certamente muito bem recebida na Alemanha.

PUB Em Outubro de 2015, Cavaco Silva recusou-se inicialmente a aceitar a proposta de António Costa de constituição de um governo socialista com o apoio parlamentar do PCP-Verdes-BE e empossou o XX Governo Constitucional, liderado por Passos Coelho. Só após a proposta de governo minoritário PSD-CDS ter sido rejeitada por uma maioria de deputados da Assembleia da República, a 10 de Novembro de 2015, o então Presidente da República deu posse a 26 de Novembro de 2015 ao XXI Governo Constitucional e a António Costa como primeiro-ministro. O compasso de espera até à nomeação do governo socialista durou quase dois meses numa altura em que o acesso de Portugal ao financiamento do Eurosistema estava dependente da avaliação de apenas uma agência de rating. E o novo Governo foi imediatamente confrontado com decisões importantes em relação à banca. De facto, a corrida aos depósitos no Banif após notícia da TVI a 13 de Dezembro de 2015 da sua iminente resolução, a resolução deste banco e a passagem retroactiva de dívida sénior do Novo Banco para o BES ocorrem entre 14 e 29 de Dezembro de 2015, menos de um mês depois da tomada de posse do Governo. Tivemos sorte, mas é evidente que nessa altura um desfecho desfavorável não era desejado pelas autoridades europeias, nomeadamente pelo BCE. Também é claro que António Costa tinha assegurado aos parceiros europeus que o seu governo iria cumprir as regras europeias.

Em Itália, o Presidente da República, Sergio Mattarella, que não é eleito por sufrágio universal ao contrário do que ocorre em Portugal, parece ter feito pior ao recusar dar posse a um governo porque o ministro das finanças proposto, Paolo Savona, antigo ministro da “indústria, comércio e artesanato” de Itália em 1993-94 e figura do ‘establishment’ com inúmeras funções públicas e institucionais no seu curriculum, era manifestamente anti-euro, tendo sido, em 2015, co-autor de uma apresentação de 80 slides em que propunha um ‘plano B’ que implicaria a saída da Itália da zona euro.

Daniel Gros numa análise muito crítica dos pontos chave desse ‘plano B’ de Savona et al.argumenta que o objectivo do ‘plano B’ é servir como instrumento dissuasor para as negociações com os parceiros europeias. A dívida pública seria redenominada numa ‘nova lira’, que inicialmente teria paridade de 1-para-1 com o euro, mas que se depreciaria posteriormente entre 15% e 25%. A dívida pública seria reestruturada de forma a que o peso da dívida pública caísse dos actuais 132% do PIB para 60% a 80%, mas para Gros a proposta é omissa e inconsistente em vários detalhes importantes e não explicita como seria feita a reestruturação de dívida. Ainda segundo Gros, parece que se pretendia com o ‘plano B’ impor perdas a não residentes, preservando o património dos italianos mais ricos mas, por via de uma enorme desvalorização, prejudicando a classe trabalhadora. Contudo, é evidente que o plano teria também um impacto muito negativo no património dos italianos mais ricos por via do seu efeito tanto no valor dos depósitos bancários como no valor da dívida pública.

O novo governo italiano acabou de ser nomeado na última sexta-feira, sob a liderança do, até à data, desconhecido primeiro-ministro Giuseppe Conte. Os dois partidos cederam algo nomeando para ministro da economia (e finanças) outro professor universitário, Giovanni Tria que, embora seja crítico das regras orçamentais europeias, do actual funcionamento da UE e também dos excedentes externos de países como a Alemanha, não advoga a saída de Itália do euro. No entanto, Giovanni Tria terá considerado como uma análise económica séria com a qual “concorda plenamente”, uma posição passada de Paolo Savona de que os excessivos excedentes externos da Alemanha não são compatíveis com a União Económica e Monetária e que se não for possível corrigir essa situação, em alternativa, uma possibilidade seria a Alemanha sair do euro.

PUB A nomeação do novo governo italiano representa um significativo recuo do Presidente de Itália, que ’emenda a mão’ em questão de dias, perante as críticas generalizadas e risco de “impeachment”. Mas é evidente que qualquer governo que anuncie a possibilidade de saída do euro lançaria o caos, porque levaria famílias, empresas e especuladores a antecipar esse cenário provocando maciços movimentos de capital. Nomear para ministro da economia (e finanças) alguém que defenda a saída da Itália do euro, opção que, contudo, não constava do programa de governo, não deixaria de ser interpretado nesse sentido. O ‘veto’ do presidente de Itália a Paolo Savona sinalizou que o presidente não permitiria uma saída de Itália do euro.

Mas a nova equipa nas finanças, assuntos europeus e, em menor grau, negócios estrangeiros é a primeira, de entre os grandes países, a não ser marcadamente pró-europeia e a ser crítica do euro e das regras europeias. E Paolo Savona, o ministro vetado para a economia e finanças, foi nomeado ministro dos assuntos europeus. Por conseguinte, o veto inicial do presidente italiano foi simbólico e pouco relevante. E a situação económica de Itália é politicamente insustentável. O desemprego jovem tem vindo a diminuir, mas ainda afecta 31,7% desse segmento da população. A emigração de jovens qualificados atinge proporções enormes que comprometem o futuro de Itália. De acordo com as estatísticas oficiais, que se julga subestimam a realidade, 1,5 milhões de italianos, sobretudo jovens qualificados, emigraram do país desde 2008. Segundo Vladimiro Giacché a Itália atravessa a pior crise em tempos de paz desde 1861. Não é de surpreender, por conseguinte, que o Movimento 5 Estrelas tenha conseguido 32,2% e 32,7% dos votos dos eleitores italianos nas eleições de Março de 2018, com as suas propostas consideradas ‘radicais’.

Claro que a falta de experiência, o radicalismo e o programa pouco ortodoxo e dispendioso do novo governo italiano não auguram grandes hipóteses de sucesso. Contudo, afigura-se que é a primeira vez que, nas negociações no seio das instituições europeias, as posições dos principais países sobre temas centrais ao funcionamento da zona euro passam a ser substantivamente divergentes. E em que existe um plano “B” com maior substância que reforça a posição negocial do novo governo italiano.

Mas não se tenha ilusões, o mais provável é que “tudo mude para que tudo fique como está”.

Na próxima semana procurar-se-á analisar as razões porque a desintegração do euro, com a saída de vários países do euro, não é tão provável como muitos, incluindo o autor, anteciparam no passado. O euro é muito resiliente. Os interesses de segmentos importantes da população de todos os países membros constituem uma importante força centrípeta.»

Ricardo Cabral

A greve dos ferroviários

Novo artigo em Aventar


por Autor Convidado

greve_ferroviarios[Miguel Teixeira]

A minha solidariedade com as razões da greve dos ferroviários. Impor que um Comboio carregado com centenas de pessoas passe a circular só com o maquinista (por razões meramente economicistas, - o dinheiro, sempre o dinheiro a condicionar a vida das pessoas), - não me parece minimamente aceitável, colocando em causa a segurança dos utentes deste meio de transporte. No mundo, porque isto não sucede só em Portugal, andamos a brincar com coisas demasiado sérias, com a cumplicidade dos governos. A vontade de "comedoria" dos administradores de empresas de transportes, concessionárias de serviço público não tem limites.

A Pide e o ridículo

por estatuadesal

(Carlos Esperança, 04/06/2018)

Há ainda muito por saber sobre a sinistra polícia salazarista. As vítimas foram morrendo e escasseiam testemunhos; documentos sobre os seus crimes acabaram incinerados no tempo que ainda tiveram os esbirros da Rua António Maria Cardoso, e foram desviados outros, que o MFA não pôde preservar; a história do fascismo, apesar da exumação feita por excelentes historiadores, tem ainda pontos obscuros e o futuro muito para revelar. E o julgamento da PIDE, dos pides, dos bufos e rebufos, nunca foi feito.

Há, no entanto, uma faceta que, correndo o risco de menosprezar a violência da ditadura e a crueldade da sua polícia política, não deve deixar de ser divulgada – o ridículo.

A apreensão das obras de Racine que um emigrante suspeito trazia de França, deixando-lhe as de Corneille e Molière, porque Racine… Racine, Lenine, Estaline…, era dos três dramaturgos o de apelido mais comprometedor, revela bem o critério a que a intuição e a cultura dos esbirros podia chegar.

A alegada apreensão de um livro de engenharia «O Betão Armado», por suspeita de que se destinasse ao ensino do fabrico de engenhos explosivos, só tem rival na apreensão do livro que um fascista da Legião escreveu sob o título «Subversão sim, evangelho não». Era um vómito impresso de contestação ao livro «Subversão ou evangelho?», do padre Mário de Oliveira, pároco da Lixa, perseguido pela Pide. No quiosque do Café Nova York, em Lisboa, local que frequentei no início da década de 70 do século passado, foi-me exibido com imenso gozo o auto de apreensão de três exemplares do referido vómito em forma de livro, escrito por um fascista, Amadeu C. de Vasconcelos.

A recordar desvarios broncos fui ao meu processo da Pide, ao que dele existe na Torre do Tombo, e fui encontrar, entre outros, um documento que, por vergonha, nunca publiquei. Torna-me suspeito pelos elogios de um esbirro. Aqui fica, para gáudio dos leitores.

PIDE

MENOS LIKES E MAIS ESTABILIDADE

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 04/06/2018)

marcelo_livros

Na próxima vez que os monárquicos enumerarem as vantagens da monarquia terão mais dois argumentos a favor deste regime de poder; como se viu a semana passada em Espanha os reis não trabalham para likes e asseguram maior estabilidade à democracia. Poderão até sugerir que se compare a atuação de Filipe VI durante a semana passada e a mesma semana de Marcelo Rebelo de Sousa.

Durante a semana Marcelo foi várias vezes à Feira do Livro, começou logo por dizer que iria três vezes, só faltou dar beijinhos e tirar selfies com as estátuas que estão à entrada do Pavilhão Carlos Lopes e pelo meio ainda se pronunciou sobre a crise espanhola. Filipe VI não apareceu em público, não fez comentários sobre tudo e mais alguma coisa e, no dia seguinte à aprovação da moção de censura que derrubou Rajoy, deu posse a Pedro Sánchez num ambiente de tranquilidade.

Por cá, Marcelo tinha-se recusado a comentar a ”crise política” no país vizinho e amigo, mas pelo caminho lá disse as suas patacoadas, com o melhor estilo de comentador televisivo, e avançou que a instabilidade política era má por causa das negociações dos fundos europeus e das taxas de juro. Afinal, quase não se deu pela crise política espanhola.

Compare-se a instabilidade política em Espanha onde um governo caiu e um novo primeiro-ministro tomou posse com o que sucedeu há pouco tempo quando o mesmo Marcelo achou que devia avisar os partidos de que haveria eleições se o OE não fosse aprovado.

Na sequência destas declarações o país andou duas semanas a discutir as ameaças do presidente. Aliás, os momentos de crise política durante esta legislatura vieram sempre dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa.

Esperemos que o Presidente da República tenha aprendido alguma coisa com a postura do jovem Filipe VI e passe a ser um fator de estabilidade, em vez de andar por aí com ameaças de crise política, a definir novas prioridades nacionais a um ritmo semanal ou a tirar partido em termos de imagem de tudo quanto é funeral e missa do sétimo dia que se realiza no país.

Eles estão, nós estamos, mesmo por todo o lado

Ladrões de Bicicletas


Posted: 03 Jun 2018 07:43 AM PDT

Thomas Frank recenseia criticamente mais dois livros da indústria editorial anti-populista. Mesmo que se esteja cada vez mais interessado no tema, é impossível ler tudo. Com base no seu conhecimento histórico das tradições populistas norte-americanas, Frank chega a três conclusões importantes: o populismo é no essencial “a forma americana de expressão dos antagonismos de classe”; a elite dominante no partido democrata tem simpatizado pouco com os padecimentos das classes trabalhadoras, abrindo espaço aos populismos das direitas; Bernie Sanders, que é hoje o melhor exemplo da melhor tradição populista nos EUA, corrobora a hipótese de que  uma certa forma de populismo “é a cura e não a doença”.
Indo para lá dos EUA, a importância dos populismos pode ser atestada pela preocupação do economista-chefe de uma multinacional alemã do sector financeiro – Allianz Global Investors. Numa análise ao fenómeno, Stefan Hofrichter afirma que “com a desigualdade em níveis historicamente elevados, é de esperar que o populismo não seja uma tendência passageira, mas uma força política relevante durante um tempo considerável”. Um dos riscos para esta gente é o de as eventuais tendências desglobalizadoras e, já agora desfinanceirizadoras, vejam lá, poderem melhorar a sorte das classes trabalhadoras, alterando a correlação de forças. O que é um risco para uns, é uma esperança para outros.
Realmente, é claro que um certo tipo de populismo é mesmo a cura democrática de que precisamos dos dois lados do Atlântico. Afinal de contas, que mais lhes mete hoje medo?