António Freitas de Sousa
O Fórum Económico Mundial chama a atenção para o potencial daquele material como fonte de energia limpa, numa altura em que também já há forte pressão sobre as renováveis.
A pressão global sobre a produção de energia continua em alta, apesar dos avisos vindos das mais diversas proveniências, e não para de crescer: os analistas preveem que em 2050 será 30% a 40% maior que atualmente, depois de nos últimos 30 anos, a procura ter aumentado em mais de 100%.
As energias renováveis estão cada vez mais baratas e receberam massivas quantidades de investimento (mais de 1.500 mil milhões na última década, mas a parcela de energia obtida a partir de combustíveis fósseis praticamente não se alterou: desde 1980, as energias renováveis aumentaram de menos de 1% no mix de energia primária para pouco mais de 1% hoje, contra os 81% de combustíveis fósseis.
A Agência Internacional de Energia (AIE) destaca que apenas três das vinte e seis áreas de inovação de baixo carbono – solar fotovoltaica e eólicas onshore, armazenamento de energia e veículos elétricos (EV) – estão maduras, comercialmente competitivas e a caminho de atingir os objetivos definidos na Conferência Sobre Alterações Climatéricas de Paris em 2015.
“É improvável que possamos extrair mais dessas três áreas tecnológicas do que as projetadas atualmente”, refere um artigo da responsabilidade do Fórum Económico Mundial. “A energia solar fotovoltaica e a energia eólica onshore são intermitentes, portanto precisam ser usadas em conjunto com armazenamento ou outras formas de geração de energia”.
As baterias de alta densidade de energia que são usadas para armazenamento e para os VE estão a começar “a causar preocupação: prevê-se que a procura de grafite suba rapidamente das 13 mil toneladas por ano em 2015 para 852 mil toneladas em 2030, e que a produção de lítio, cobalto e manganês aumente mais de 100 vezes”, o que já está a criar pressão sobre as cadeias de suprimento e os preços.
É neste quadro que o Fórum Económico Mundial propõe algumas ideias para acelerar a inovação em energia sustentável e apoiar a adoção de outras fontes de energia no futuro. O frequentemente esquecido hidrogénio é uma delas.
“O hidrogênio tem o potencial de descarbonizar a geração de eletricidade, porque, quando produzido por eletrólise – usando eletricidade para dividir a água (H2O) em hidrogénio e oxigénio – o hidrogênio não produz nenhum poluente”.
Talvez o uso mais conhecido de hidrogénio seja, atualmente, o transporte: os veículos elétricos movidos a hidrogénio, evitam preocupações de carregamento, pois têm um alcance maior, um tempo de reabastecimento muito mais rápido e exigem poucas mudanças comportamentais.
O hidrogénio também pode ser usado para aquecimento. Pode ser misturado com gás natural ou queimado sozinho. A infraestrutura de gás existente pode ser usada para transportá-lo, o que evitaria os custos de rede associados à maior eletrificação do calor.
Uma vez produzido, o hidrogénio também pode atuar como um acumulador de energia a curto e longo prazo. O texto sugere que o excedente de energia renovável – produzido, por exemplo, quando o vento sopra à noite – pode ser aproveitado: o hidrogénio produzido pode ser armazenado em cavernas de sal ou tanques de alta pressão.
“O hidrogénio poderia revolucionar a maneira como produzimos, armazenamos e usamos energia. O desafio do hidrogénio tem claramente vários usos potenciais, mas mais investigação, particularmente em produção e segurança, são necessárias antes que possamos usá-lo em escala”, concluiu o Fórum Económico Mundial.