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terça-feira, 5 de junho de 2018

Hidrogénio: E se o ‘parente pobre’ das renováveis for o combustível do futuro?

António Freitas de Sousa

15:04

O Fórum Económico Mundial chama a atenção para o potencial daquele material como fonte de energia limpa, numa altura em que também já há forte pressão sobre as renováveis.

A pressão global sobre a produção de energia continua em alta, apesar dos avisos vindos das mais diversas proveniências, e não para de crescer: os analistas preveem que em 2050 será 30% a 40% maior que atualmente, depois de nos últimos 30 anos, a procura ter aumentado em mais de 100%.

As energias renováveis ​​estão cada vez mais baratas e receberam massivas quantidades de investimento (mais de 1.500 mil milhões na última década, mas a parcela de energia obtida a partir de combustíveis fósseis praticamente não se alterou: desde 1980, as energias renováveis ​​aumentaram de menos de 1% no mix de energia primária para pouco mais de 1% hoje, contra os 81% de combustíveis fósseis.

A Agência Internacional de Energia (AIE) destaca que apenas três das vinte e seis áreas de inovação de baixo carbono – solar fotovoltaica e eólicas onshore, armazenamento de energia e veículos elétricos (EV) – estão maduras, comercialmente competitivas e a caminho de atingir os objetivos definidos na Conferência Sobre Alterações Climatéricas de Paris em 2015.

“É improvável que possamos extrair mais dessas três áreas tecnológicas do que as projetadas atualmente”, refere um artigo da responsabilidade do Fórum Económico Mundial. “A energia solar fotovoltaica e a energia eólica onshore são intermitentes, portanto precisam ser usadas em conjunto com armazenamento ou outras formas de geração de energia”.

As baterias de alta densidade de energia que são usadas para armazenamento e para os VE estão a começar “a causar preocupação: prevê-se que a procura de grafite suba rapidamente das 13 mil toneladas por ano em 2015 para 852 mil toneladas em 2030, e que a produção de lítio, cobalto e manganês aumente mais de 100 vezes”, o que já está a criar pressão sobre as cadeias de suprimento e os preços.

É neste quadro que o Fórum Económico Mundial propõe algumas ideias para acelerar a inovação em energia sustentável e apoiar a adoção de outras fontes de energia no futuro. O frequentemente esquecido hidrogénio é uma delas.

“O hidrogênio tem o potencial de descarbonizar a geração de eletricidade, porque, quando produzido por eletrólise – usando eletricidade para dividir a água (H2O) em hidrogénio e oxigénio – o hidrogênio não produz nenhum poluente”.

Talvez o uso mais conhecido de hidrogénio seja, atualmente, o transporte: os veículos elétricos movidos a hidrogénio, evitam preocupações de carregamento, pois têm um alcance maior, um tempo de reabastecimento muito mais rápido e exigem poucas mudanças comportamentais.

O hidrogénio também pode ser usado para aquecimento. Pode ser misturado com gás natural ou queimado sozinho. A infraestrutura de gás existente pode ser usada para transportá-lo, o que evitaria os custos de rede associados à maior eletrificação do calor.

Uma vez produzido, o hidrogénio também pode atuar como um acumulador de energia a curto e longo prazo. O texto sugere que o excedente de energia renovável – produzido, por exemplo, quando o vento sopra à noite – pode ser aproveitado: o hidrogénio produzido pode ser armazenado em cavernas de sal ou tanques de alta pressão.

“O hidrogénio poderia revolucionar a maneira como produzimos, armazenamos e usamos energia. O desafio do hidrogénio tem claramente vários usos potenciais, mas mais investigação, particularmente em produção e segurança, são necessárias antes que possamos usá-lo em escala”, concluiu o Fórum Económico Mundial.

Respostas Rápidas: porque ‘caiu’ o chefe do Governo espanhol?

António Freitas de Sousa

15:30

Mariano Rajoy não conseguiu chegar ao fim do mandato, abrindo mais um capítulo da crise política que verdadeiramente teve início nas eleições de dezembro de 2015, quando o Partido Popular não conseguiu uma maioria confortável para governar nem um acordo parlamentar eficaz, que sustentasse o seu governo.

Quais foram as causas da moção de censura apresentada pelo PSOE?

A causa imediata foi o caso de corrupção – que tinha a ver com o financiamento do partido ainda o tempo da liderança de José Maria Aznar, anterior líder do PP – cujo julgamento foi finalmente alvo de uma decisão.

Quem foi condenado?

Audiência Nacional espanhola condenou 29 dos 37 acusados a penas que totalizam 351 anos de prisão. Da lista de condenados constam alguns membros destacados do PP. Entre eles, o ex-tesoureiro Luís Bárcenas, condenado a uma pena de 33 anos de prisão e 44 milhões de euros de multa; o empresário (considerado o corruptor) Francisco Correa, com uma pena de 51 anos de prisão; o ex-secretário de Organização do PP galego, Pablo Crespo, condenado a 27 anos e meio de prisão; os ex-autarcas de Majadahonda, Guilermo Ortega, condenados a 31 anos de prisão, e de Pozuelo, Jesús Sepúlveda, condenado a 14 anos de prisão; a mulher de Sepúlveda, a ex-ministra da Saúde Ana Mato, condenada a uma multa de 28 mil euros por ter recebido avultadas predas da parte de Francisco Correa; e o ex-membro do governo regional de Madrid, Alberto López Viejo, condenado a uma pena de 31 anos.

O caso está encerrado?

Não. A investigação do chamado ‘caso Gürtel’ revelou outros casos de corrupção no PP, que deram origem a investigações autónomas. O caso da ‘Caixa B’ parece ser um dos que mais preocupa as autoridades, assim como o ‘caso Imelsa’, que envolve Rita Barberá, autarca de Valência durante mais de duas décadas, personagem central numa alegada rede de corrupção em contratos públicos que envolve comissões ilegais. O ex-ministro e ex-presidente da Generalitat Valenciana Eduardo Zaplana, foi também detido em Valência, numa operação contra o branqueamento de capitais e apropriação indevida de dinheiros públicos. Em todos os processos em curso, há mais de 200 nomes de pessoas ligadas ao PP em investigação.

Quem é o ‘popular’ mais destacado implicado nos casos que envolvem o PP?

Rodrigo Rato, ex ministro da Economia de Aznar, e posteriormente diretor-geral do FMI, condenado em fevereiro de 2017 a quatro anos e meio de prisão por se apropriar de património da Caja Madrid e do Bankia quando era presidente das instituições bancárias.

O partido ficou também em causa?

Sim. O PP foi condenado por lucrar com o esquema, sendo obrigado a pagar 245 mil euros de multas.

Mariano Rajoy está envolvido?

Não.

Então porque se demitiu?

Não se demitiu – alegando que tudo não passa de casos esporádicos. Foi destituído pela moção de censura.

Como é que o Miguel Sousa Tavares tem autoridade?

Novo artigo em Aventar


por Noémia Pinto

Depois de ouvir isto vindo da boca de MST, só me apetece vomitar. Não é a primeira vez que esta alma (será que a tem?) penada ataca os professores com leviandades e verdades criadas por ele lá no alto da sua cátedra.

Não vou questionar a legitimidade desse senhor para dar a sua opinião nas televisões. Muito menos divagarei sobre os motivos pelos quais ele é considerado uma figura importante - e com algo de valor a dizer - na nossa pequena sociedade.

Questiono apenas as suas afirmações. Ele sabe o que é ser professor e dar aulas há décadas sem qualquer promoção? Ele sabe o que é ter um trabalho que ano após ano nos manda para o desemprego sem nunca termos a certeza de que teremos trabalho no ano seguinte?

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A homeostase do Capitalismo

Novo artigo em Aventar

por Bruno Santos

Ancião. Fotografia: Bruno Santos | 2018

O sistema mecânico do Capitalismo tem uma dinâmica perpétua. A razão de a ter não está no Sistema em si, mas na sua religiosidade, melhor dizendo, na sua escatologia.

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Tinha de ser inventada

Ladrões de Bicicletas


Posted: 04 Jun 2018 01:24 PM PDT

Se a UGT não existisse tinha mesmo de ser inventada para assinar acordos, todos os acordos, de concertação social, incluindo o mais regressivo do tempo da troika, lembrem-se. A concertação tem sido de resto um dos instrumentos para fazer passar por nacionais as instruções implícitas ou explícitas vindas da UE.
Perante a barragem mediática, é preciso então dar a palavra à CGTP, que assinala criticamente algumas dos recuos planeados, num quadro onde os avanços são marginais, confirmando-se que a herança regressiva da troika e toda as malvadezas ainda antes desta estão a ser no essencial mantidas.
Cá por baixo, os representantes dos patrões subscrevem e a direita aprovará na AR, naturalmente. Já as esquerdas comunista e bloquista são claras nas suas posições críticas. Na melhor das hipóteses, esta solução governativa não passará, por responsabilidades do PS, de um compasso de espera na área laboral, uma das mais decisivas. Por sua vez, lá por cima, os guardiães desta ordem, na Comissão Europeia e no BCE, não têm ainda razões para preocupação, obviamente.
A notícia da viragem à esquerda do PS foi manifestamente exagerada. E exagerada talvez se venha a revelar a força do PS, tendo também em conta os ventos europeus. Já quem fala de viragem à esquerda do PS e não é de direita está a ser vítima de um fenómeno conhecido da economia política: preferências adaptativas.