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quarta-feira, 6 de junho de 2018

O que é feito da Yupido?

por estatuadesal

(Marco Capitão Ferreira, in Expresso Diário, 06/06/2018)

capitaoferreira

(Agora, em Portugal, há uma comunicação social ejaculatória. Depois do repuxo, murcha logo e não se ouve falar mais no assunto. Tenho mais uns "cromos" para troca:

1) Qual o resultado da auditoria que Marcelo terá mandado fazer quando chegou à Presidência da República?

2) Qual o resultado da auditoria no Ministério das Finanças aos computadores que não tinham registado a fuga de 10000 milhões de euros para offshores?

3) Qual o resultado da Comissão Europeia ter exigido de volta os milhares de euros de financiamento que fez à Tecnoforma devido às irregulariddes detectadas na empresa de Passos Coelho e comandita? Já pagámos? Vamos pagar? Está contemplada a verba no orçamento de Estado?

Comentário da Estátua, 06/06/2018)


Em setembro do ano passado, e durante uns dois dias, o País descobriu, subitamente, que a empresa portuguesa com maior capital social em Portugal se chamava Yupido, S.A, com uns robustos 28.768.199.972 euros, ou mais de 15% do PIB.

A informação despontou no Twitter e os jornalistas mais atentos pegaram nela. Lá se descobriu qualquer coisa. Aquele valor decorria da valorização de dois ativos tecnológicos, devidamente validados por um ROC. Dessa validação resultava que estava em causa “uma plataforma “de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media” diferenciada “pelos algoritmos que a constituem”. Seja lá o que isso quer dizer.

A empresa tinha uma sede virtual, num escritório sem extensão telefónica. Não tinha clientes, não se lhe conheciam trabalhadores – embora tenha tido estagiários, que devem ter aprendido imenso - e nenhum parceiro comercial relevante. O montante de vendas era 0. Coisas assim. Tudo normal. Ou não.

Seguiu-se o habitual circo mediático, que como de costume foi muito intenso – não em profundidade, mas em número de notícias, isto porque a maioria dos órgãos de comunicação social se limitou a citarem outras noticias, numa cascata de inutilidade - e pouco durou. Incluiu, de forma algo deprimente, jornalistas a baterem a portas no pacato bairro de Telheiras.

De seguida, outro clássico, toda uma litania das entidades públicas a reboque de perguntas de jornalistas.

Segundo a imprensa da época, do Ministério Público à Polícia Judiciária, e da CMVM à Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, isto é, tudo quanto era entidade supostamente responsável tinha aberto um inquérito, averiguação ou coisa que o valha. Até a Autoridade Tributária veio dizer, com a habitual gravitas, que não comentava a situação de contribuintes em particular.

Com isto tudo, está visto que já sabemos, entretanto, tudo sobre o que se passou. Não. Sabemos o mesmo. Que é quase nada. Nenhum jornalista voltou ao assunto depois do entusiasmo inicial, nenhuma entidade pública deu conta das conclusões a que se chegou. Nada. Zero.

E a Yupido aqui é só um exemplo. Estamos consumidos por um ciclo de informação de baixo valor acrescentado, que aparece e desaparece ao sabor de um ciclo mediático cada vez mais curto. Uma Economia não funciona bem assim.

No meio disto tudo, passou o tempo de uma gestação, da Yupido nunca mais ninguém ouviu falar e mais uma vez ficamos sem informação detalhada. Nós e o pobre especulador que foi a correr registar o domínio yupido.pt, convencido que estava a fazer o negócio de uma vida, e que o tem para venda até hoje. Os meus sentimentos.

Será que tens mesmo os tomates no sítio, Argentina?

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

A selecção argentina cancelou o jogo amigável com a sua congénere israelita, devido a alegadas pressões da parte de movimentos organizados que contestam a ocupação violentada Palestina por forças israelitas. Parece-me uma excelente iniciativa, na medida em que sou da opinião que todos os regimes opressores deste planeta devem ser punidos, sancionados e isolados. Posto isto, aguarda-se, a qualquer momento, o anúncio oficial do boicote da selecção das Pampas ao Campeonato do Mundo, que este ano se realiza na Federação Russa. A ver vamos, de que material são feitos estes argentinos.

Nova direção do PSD retira setas do símbolo do partido

Revista de Imprensa JE

10:03

A alteração, que terá passado despercebida à maioria dos militantes do PSD, está a ser alvo de críticas da militante histórica Virgínia Estorninho, que afirma que estão a apagar a identidade do partido.

A nova direção do Partido Social Democrata (PSD) remodelou o logótipo do partido, retirando as três setas que acompanham as letras que o identificam. A alteração, que terá passado despercebida à maioria dos militantes do PSD, está a ser alvo de críticas da militante histórica Virgínia Estorninho, que afirma que estão a apagar a identidade do partido, noticia o jornal “Público”.

Virgínia Estorninho explica que as setas simbolizavam “os três fatores do movimento: o poder político e intelectual, a força económica e social, e a força física. O seu paralelismo exprimia o pensamento da frente unida: tudo devia ser mobilizado contra o inimigo comum – o nazismo”. Desenhadas em sobreposição, as setas foram usadas, no início, para “anularem a cruz suástica, símbolo do regime nazi”.

A militante histórica considera um absurdo a alteração do símbolo e garante que se as setas não forem repostas, organiza uma manifestação à porta da sede do PSD. “Tiraram-nos as setas e enfiaram-nos num quadrado laranja. Não admito isso”, afirma. Anteriormente, o voto de protesto da militante fez com que Durão Barroso também recuasse quando tentou fundir as três setas numa só.

Questionado pelo jornal “Público”, o secretário-geral do PSD, José Silvano, indica que a alteração foi feita antes de assumir o cargo, mas admite que o símbolo original do partido pode vir a ser colocado no site. “As setas estão em quase todos os documentos oficiais. O site foi criado com um novo desenho. Vamos ver se acrescentamos o símbolo”, garante José Silvano.

Cinquentenário - Robert Kennedy

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

  • Eduardo Louro
  • 06.06.18

Resultado de imagem para robert kennedy

Pouco mais de dois meses, exactamente dois meses e dois dias, depois de ter anunciado o assassínio de Martin Luther King, foi ele próprio assassinado. Como  o seu irmão, o Presidente John Kennedy, quatro anos e meio antes...

Fora Procurador Geral, onde enfentou a Mafia e o crime organizado em geral. Era senador por Nova Iorque e aprestava-se para garantir a nomeação do Partido Democrata para candiadato às presidenciais de Novembro de 1968. Comemorava a vitória nas decisivas primárias na Califórnia, no Hotel Ambassador, em Los Angeles quando, naquele dia 5 de Junho, não interessa quem - nunca os assassinos deveriam ficar na História -, o baleou na cabeça. Acabaria por morrer no dia seguinte, no Hospital Bom Samaritano, aos 42 anos. Há 50 anos!

A tragédia voltava a abater-se sobre a América. E sobre o mais mítico e poderoso clã americano. O crime voltava a ganhar, e os americanos acabariam  por, cinco meses depois, eleger finalmente Richard Nixon como 37º presidente americano, o primeiro obrigado a resignar, em 1974, na sequência do escândalo Watergate.

Prudência, dizia o ditador

Ladrões de Bicicletas


Posted: 05 Jun 2018 06:23 PM PDT

Imagem já não sei se do filme "No", se do documentário "Chicago Boys"

Em 1988, a perder a campanha de um referendo que se pretendia ser plebiscitário, o general Augusto Pinochet apelou à prudência dos chilenos. Não votem "No". Não queiram deitar a perder todo o sacrifício feito.
O que é que os chilenos poderiam perder?
A economia crescia, mas esses ganhos eram desigualmente repartidos. O milagreapenas fora conseguido pelos economistas conhecidos por Chicagos Boys com a quebra de liberdades fundamentais, com as tropas no governo e as polícias na rua. De 1980 a 1989, os gastos públicos com a saúde caíram 42%, os da educação 23%, os salários reais subiram 3% em dez anos mas ficando 10% abaixo do valor de 1970, o rendimento mínimo desceu 34%.
Só a ideia de prudência tem pressuposto todo um diagnóstico das causas das crises verificadas: a crise das dívidas públicas, motivadas por défices orçamentais elevados, em que no centro está o Estado. Esse diagnóstico está errado. E como tal, a terapia conexa - a austeridade, a contenção, a prudência - não resolve nenhum problema. Pior: evita que se olhe o problema de frente. Mas não se quer olhar o problema de frente porque isso seria olhar de frente o centro do poder e, como tal, pôr em causa a actual estrutura do poder.
A aplicação da prudência era, no Chile, a forma de manter essa realidade, essa distribuição de poder. Ao mesmo tempo, aproveitava-se para culpabilizar as políticas redistributivas da esquerda.
O mesmo apelo à prudência foi feito na Grécia em 2015, com o Syriza estava no poder. Para mostrar quão prudente poderia ser um governo de radicais, a equipa de Tsipras foi além das metas. Em vez do plano de Varoufakis, que previa um saldo orçamental primário de 1,5% do PIB complementado com uma reestruturação da dívida pública (única forma de solver o problema de base, criado pelo sistema financeiro corruptamente mantido pelo BCE, apoiado numa comunicação social falida e obediente), aumentou a meta para 3,5% do PIB, durante anos e anos, com uma vaga promessa de reestruturação no futuro.
Dois pontos percentuais a mais era o mesmo que esfolar vivo um povo já em plena crise social aguda.
E tudo por receio que o BCE fechasse a torneira de financiamento aos bancos e colocasse os gregos em bichas para retirar dinheiro das caixas multibanco. Havia alternativa?

Segundo Yanis Varoufakis, sim.
Primeiro, a alternativa seria realizar uma reestruturação da dívida como foi feito com a Alemanha no pós-guerra. Essa solução - apesar da História - nunca teve o aval de quem manda na Alemanha, porque prejudicaria a Alemanha e beneficiaria quem actualmente beneficia a Alemanha, através de uma moeda europeia desequilibrada que acentua esse desequilíbrio.
A outra alternativa era enfrentar esta realidade desigual: ganhar poder de fogo, sem falsos bluffs. Isso far-se-ia preparando soluções técnicas para poder virar a mesa do jogo. Preparar-se para a criação de uma moeda paralela que circulasse electronicamente, deixar falir o banco central (sucursal do BCE) e criar um novo banco central, revelar a insustentabilidade da dívida e fazer os credores pagar o que tinham feito na Grécia, não aceitar um resgate para pagar aos credores os seus desmandos que poria o povo a pagá-los, com a austeridade.
Ia ser difícil? Dificílimo. Mas era uma questão de respeito próprio nacional.
Ou seja, foram os apelos à prudência que mantiveram o mesmo tipo de poder, de rédea curta (apesar de um referendo contra o regime europeu), subjugando um país ao poder em Frankfurt - em que já não se sabe se o BCE é a ponta de lança do sistema financeiro europeu, ou se é a sua verdadeira cabeça - nunca resolvendo nenhum dos problemas de fundo, porque a dívida é a fonte do poder. Mas cá os nossos comentadores achavam tudo muito bem. Os mercados até tinham reagido bem...
Recordam-se agora de todos os apelos à prudência para que o Governo de Portugal em 2015, apoiado à esquerda, não desfizesse o que fora feito pela direita, não "deitasse fora" todo o sacrifício feito por todos? Recordam-se de todas as críticas ao OE de 2017 por ser contraccionista e esconder a austeridade? Era a forma de o governo ser prudente, sem que se perceba por que razão foi criticado à direita por o ser.
E relembram-se agora de todos os recentes apelos à prudência quando de todos os lados se critica os défices além do previsto e se coloca em causa a forma de gestão orçamental do recém-nomeado presidente do Eurogrupo? "Esperemos agora que a sorte continue a proteger António Costa para não pagarmos um preço elevado por essa falta de prudência." Ou ainda de outro: "A prudência não está na moda".
Para perceber ao que conduz tanta prudência - que no fundo não resolve nenhum dos problemas reais e apenas mantém uma forma de poder -, para perceber que poder está instalado na Europa e que poder necessariamente Centeno vai servir, aconselha-se vivamente a leitura do livro de Yanis Varoufakis, Comportem-se como adultos - A minha luta contra o establishment na Europa. Sente-se muito o ego do ex-ministro, mas eu acredito que o que ele conta é inteiramente verdade.
E de cada vez que ouvirem António Costa usar o argumento do sacrifício feito por todos, pensem que essa é a forma prudente do primeiro-ministro já estar a ceder e a defender a prudência que mantém no poder um certo tipo de poder.
Esse é um problema que o PS terá de resolver por si. Para onde quer levar os portugueses?