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terça-feira, 17 de julho de 2018

“O poodle de Putin”. Jornais acusam Trump de traição

17/7/2018, 9:09

Os jornais desta terça-feira criticam duramente a postura do presidente norte-americano durante o encontro com Vladimir Putin. "Traidor" é a palavra que mais surge nas capas da imprensa internacional.

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A opinião parece ser unânime: Vladimir Putin saiu vencedor do encontro com Donald Trump. As capas dos jornais desta terça-feira, um dia depois da cimeira que juntou os dois líderes em Helsínquia, falam num triunfo da parte do presidente da Rússia e chamam a atenção para a postura subserviente do presidente norte-americano. O jornal britânico Daily Mail chama a Trump “o poodle de Putin”, enquanto norte-americano The New York Daily News acusa o presidente dos Estados Unidos da América de traição e de ter apoiado “o inimigo Putin”. Para o finlandês Kauppalehti, o resultado foi claro: “Trump 0 — Putin 1”.

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De um modo geral, os jornais fazem referência à tentativa de Trump de afastar as acusações de uma alegada interferência russa nas eleições norte-americanas de 2016, criticando duramente a postura do presidente. Durante a conferência de imprensa após a cimeira, Donald Trump atacou os democratas, Hillary Clinton, a investigação e a comunicação social, mas nunca a Rússia. O que levou o The Washington Post a acusar o líder norte-americano de apoiar a “poderosa mentira de Putin”.

O The Guardian descreve Trump como “nada menos do que traidor” e o também britânico Daily Express refere que “a Guerra Fria acabou, diz Putin ao seu novo melhor amigo”. O jornal gratuito Metro, que tem na capa uma fotografia de Trump a segurar uma bola de futebol, pergunta se o presidente “deixou cair bola”. Apenas o Rossiyskaya Gazeta, publicado pelo governo, foge à opinião geral. O diário russo garante que as relações entre os dois países melhoraram e que os amigos não devem lutar entre si.

[Veja na fotogaleria a capa de alguns jornais desta terça-feira sobre a cimeira:]

Primeiro-ministro espanhol garante para breve exumação do corpo do ditador Franco

HÁ 44 MINUTOS

Depois da sua chegada ao poder no início de junho, o primeiro-ministro espanhol já tinha revelado a sua determinação em transferir os restos mortais do ditador do seu mausoléu, perto de Madrid.

KIKO HUESCA/EPA

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  • Agência Lusa
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O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, assegurou esta terça-feira num debate no parlamento a sua “decisão firme” de transferir os restos mortais do ditador Francisco Franco do Vale dos Caídos num espaço de tempo “muito breve”.

Isso será feito “em breve, num muito breve espaço de tempo”, disse Pedro Sánchez num debate parlamentar feito a seu pedido para explicar o programa de Governo.

Depois da sua chegada ao poder no início de junho último, o primeiro-ministro espanhol já tinha revelado a sua determinação em transferir os restos mortais do ditador do seu mausoléu, perto de Madrid, que se transformaria num local de “reconciliação” nacional.

O Vale dos Caídos, a 40 quilómetros da capital, é um complexo de edifícios de grande dimensão idealizado e erigido por Francisco Franco para homenagear os mortos da Guerra Civil espanhola, estando o túmulo do ditador, sempre florido, ao lado do fundador do partido fascista Falange, José António Primo de Rivera.

Em nome de uma suposta “reconciliação” nacional, Franco transferiu os restos mortais de 37 mil vítimas – nacionalistas e republicanos – da guerra civil, para o local que foi inaugurado em 1959 e que é visto como exaltador da ditadura franquista.

O parlamento espanhol já tinha aprovado em maio de 2017 uma iniciativa parlamentar do PSOE (Partido Socialista espanhol), agora no poder, que “exigia” ao Governo (na altura) de direita de Mariano Rajoy que retirasse, com “urgência”, os restos mortais do antigo ditador do Vale dos Caídos.

A iniciativa, que não tinha força de lei nem era vinculativa, tinha como objetivo que o memorial ao regime franquista se transformasse num “espaço para a cultura da reconciliação, a memória coletiva democrática e a dignificação e reconhecimento das vítimas da guerra civil e da ditadura” espanhola.

Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que em 1936 marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado até ao seu falecimento em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.

Ex-diretores do BPN recebem mais do Estado do que o Presidente da República

HÁ 2 HORAS

Há dois antigos responsáveis do BPN que auferem um salário mensal superior ao do Presidente da Republica, revelou uma análise da Inspeção Geral das Finanças à Parvalorem.

Jos

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A Inspeção Geral das Finanças alertou para um padrão com várias falhas na Parvalorem, o veículo público que gere cerca de três mil milhões de euros de activos tóxicos do antigo Banco Português de Negócios (BPN), depois de ter sido partilhado o relatório final da auditoria realizada à empresa pública, entregue na semana passada à Assembleia da República.

Uma dessas falhas, avança o jornal Público, está relacionada com a tabela salarial que vigora na empresa, onde há duas pessoas com vencimentos que rondam os 12.600 euros, um salário superior aos 8.375 euros que ganha o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Os dois trabalhadores são Armando Pinto, diretor de assuntos jurídicos do BPN entre 1989 e 2002 e da equipa de gestão de Oliveira Costa entre 2003 e 2008, e Carlos Venda, também do grupo de Oliveira Costa.

Mas há mais: 13 quadros têm remunerações entre os cinco mil e os dez mil euros, acima do valor que o primeiro-ministro, António Costa, recebe (4.900 euros).

A investigação alerta também para falhas na “análise da carteira de crédito e dos perdões de dívida”, salientando o facto de a Parvalorem ter aceite receber de clientes imóveis para anular dívidas de montantes superiores, tendo libertado garantias de forma arbitrária. No sábado o Diário de Notícias tinha noticiado, através da mesma investigação, a anulação de dívidas a clientes, sem qualquer justificação ou documentação, no valor de 159 milhões de euros.

Em resposta ao Público, a Parvalorem disse que só teve conhecimento do conteúdo do relatório a 11 de julho e disse que “sempre prestou todas as informações e colaboração necessárias” e exerceu “o contraditório”, sustentando “a regularidade” do seu desempenho.

Ladrões de Bicicletas


Escrever na praia

Posted: 16 Jul 2018 07:27 AM PDT

À medida que a legislatura se aproxima do fim, começam a surgir textos de balanço sobre o que representou a experiência da actual maioria para o país e para a esquerda. Um desses balanços foi proposto pela Catarina Príncipe, num texto na Jacobin.
Porque este debate é importante e porque as questões levantadas são pertinentes, gostaria de participar nele. Usarei como referência o texto da Catarina, com tradução minha dos excertos citados.
Resumindo a minha leitura do texto, diria que o texto da Catarina avança com alguns diagnósticos correctos, outros forçados e outros ainda contraditórios para chegar a uma conclusão… a que depois não chega.

Diagnóstico 1: “O papel atribuído a Portugal era o de servir como exemplo para o resto da Europa. Servia para provar que austeridade funciona.”
A primeira ideia é a de que as instituições europeias teriam escolhido Portugal para ser o bom exemplo da austeridade e que teriam dedicado a Portugal um tratamento mais favorável do que o dado à Grécia. Claro que uma hipótese alternativa seria a de que as instituições europeias simplesmente apoiaram um governo como o de Passos Coelho que implementava fervorosamente as suas orientações e perseguiram um Governo como o grego que dava sinais de uma potencial insubordinação, sinais infelizmente nunca confirmados.
Na verdade, a actual maioria parlamentar foi recebida com inequívoca hostilidade. A Catarina conta muito mal a história quando diz:
“Mais tarde em 2016, embora o nível do défice estivesse acima do limite imposto pelo Tratado Orçamental, a Comissão Europeia decidiu não aplicar sanções a Portugal ou Espanha.”
Falta dizer que o défice de Portugal estava muito abaixo do de outros países como a França e incluía uma redução muito considerável no OE2016 para valores inferiores aos do PEC, ao contrário da França, mesmo antes de ser rejeitado pela Comissão, obrigando a uma revisão. É verdade que beneficiámos da companhia do governo de direita da Espanha, como refere a Catarina. Também beneficiámos da percepção de que as sanções penalizariam politicamente o governo anterior e não o actual. Mas não é menos verdade que o arrastamento da polémica durante meses foi mais uma punição política e financeira à nova maioria e a um governo acabado de empossar ou, no mínimo, um aviso à navegação. Ao longo da legislatura, a opção da Comissão foi a de tolerar a actual solução, escolha possível, claro está, porque o Governo sempre fez questão de afirmar que as regras do Euro seriam escrupulosamente respeitadas. E foram.
Diagnóstico 2: “Retrospectivasmente, esta foi uma boa opção tática: num clima de recuperação económica lenta, mas estável ao nível Europeu e nacional, permitia ao PS usar a margem de manobra a seu favor, com a introdução de políticas de austeridade-leve.”
O termo austeridade não é um termo técnico e, portanto, presta-se às mais variadas definições, incluindo as de geometria variável. Por isso, se quisermos definir a política actual com recurso a essa terminologia, temos primeiro de nos entender sobre o que queremos dizer quando falamos de austeridade. Para que a definição escolhida tenha alguma coisa a ver com a percepção pública que existe sobre o assunto, proponho definir como austeridade, a política defendida por Bruxelas de desvalorização real, ou seja, de compressão dos salários, incluindo naturalmente os serviços públicos.
“No entanto, longe de ser uma solução, a austeridade agrava o problema, criando um ciclo vicioso de redução salarial, redução do consumo, aumentos de impostos e aumento da dívida pública. Mas Portugal, de facto, ganhou alguma margem de manobra, libertando-se desse processo.”
Um bom resumo de ambos os processos. Mas o que a Catarina faz é descrever o processo que é desencadeado pela política de austeridade para depois dizer que Portugal se "libertou" desse processo e logo a seguir voltar a falar de austeridade:
“O facto de a austeridade já não ser tão dura permitiu uma pequena retoma do rendimento (essencialmente entre os funcionários públicos e pensionistas), que começou lentamente a reconstruir uma classe média desmantelada.”
Vale a pena referir que os pensionistas que beneficiaram de medidas de reposição de rendimento andarão perto dos 3 milhões. Mas a esses ainda convém somar dois universos com sobreposição, os 669 mil funcionários públicos e os 670 mil trabalhadores com salário mínimo, bem como os beneficiários de prestações sociais que viram repostos os cortes nessas prestações. Se somarmos a estes os contribuintes afectados pela reversão (muito) parcial da reforma do IRS executada por Vítor Gaspar, temos que uma enorme maioria da população beneficiou de medidas de reposição de rendimento, e certamente a parte mais desfavorecida.
É evidente que esta política está bem longe de repor sequer os níveis de rendimento pré-troika, quanto mais de traçar um futuro decente para a esmagadora maioria das pessoas. No entanto, chamar a isto austeridade-leve é promover um equívoco altamente prejudicial para a compreensão da situação política. Um equívoco que, aliás, a direita tem encorajado por duas razões: a) iliba o seu próprio governo através do discurso “eles estão a fazer o mesmo” e b) consolida a percepção de que as alternativas à austeridade são ilusórias. Mais rigoroso seria definir a actual política como anti-austeridade-lite.
Diagnóstico 3: “Uma retórica de limitação da pobreza veio a substituir qualquer apelo à resistência às políticas de austeridade impostos a nível Europeu.”
O diagnóstico mais grave do texto da Catarina é o que basicamente coloca os partidos à esquerda no bolso do PS. Retrospectivamente, a Catarina critica a estratégia negocial dos parceiros à esquerda do PS por não terem ido mais longe na negociação do acordo. Começando pelo desafio lançado por Catarina Martins a António Costa, que a Catarina descreve da seguinte forma:
“Esta foi uma táctica inteligente: forçou o PS a definer-se politicamente e a clarificar as suas lealdades. Mas baseava-se em 3 premissas que depois se revelaram incorrectas: 1) que o PS ganharia as eleições, 2) que o Bloco de Esquerda teria um resultado baixo e 3) que o PS se recusaria a negociar com a esquerda.”
As premissas são da Catarina (Príncipe) e não nos permitem perceber então porque é que o apelo foi reiterado na noite eleitoral, já depois de conhecidos os resultados eleitorais (ou seja, sem as premissas 1 e 2) e, já agora, porque é que o PCP manifestou, também na noite eleitoral, igual disponibilidade. Se era tudo um bluff, porque é que acabou por acontecer?
Daqui a Catarina parte para a crítica do acordo obtido, por considerar, aparentemente, que teria sido possível obter condições mais favoráveis da parte do Partido Socialista. É um posição optimista sobre um debate especulativo, mas muito interessante: teria sido possível introduzir elementos mais precisos no que diz respeito a matérias como legislação laboral, serviços públicos ou investimento? Teria o PS assinado um acordo com essas características? Podia a esquerda não assinar o acordo a que efectivamente se chegou? A Catarina parece achar que sim, mas não se pode dizer que se perca em detalhes sobre o assunto:
“Esta estratégia deveria ter acentuado as contradições do governo do Partido Socialista, através de uma estratégia dentro-fora virada para exigências conducentes a uma verdadeira superação da austeridade e aproveitando a acumulação de descontentamento. Neste quadro, era necessário deixar em aberto a possibilidade de, no limite, quebrar o acordo, mesmo que com o custo de derrotas eleitorais temporários.”
Na realidade, é difícil perceber em que é que a primeira parte desta recomendação é diferente do que foi feito, seja no plano institucional seja no plano dos movimentos, quer pelo Bloco, quer pelo PCP, salvaguardando diferenças de estratégia e cultura política. No plano institucional, a esquerda manteve uma linha de proposta autónoma, combinada ou não com negociações com PS e governo. Esse facto, de resto, foi frequentemente comprovado pelos diversos momentos de tensão ou divergência aberta que marcaram e continuam a marcar a vigência do acordo.
No plano dos movimentos, aos quais a Catarina dedica uma boa parte do final do texto, a realidade é bem mais eloquente. Quando o acordo foi assinado, o movimento social vivia numa letargia absoluta que data da crise política que ocorreu a meio do mandato do governo das direitas. Essa crise decorreu das enormes mobilizações dos primeiros anos da troika e a sua resolução foi um golpe profundamente desmoralizador para os vários movimentos. Até ao final do mandato das direitas, esse foi o estado do movimento social em Portugal.
O acordo mudou isso? Nos primeiros anos com a nova maioria, a resposta parecia ser claramente que não. A contestação parecia ter passado para as mesas de negociação e o atentismo era a postura dominante na maior parte dos movimentos.
Hoje, no entanto, isso não é, pura e simplesmente, verdade. Há, nomeadamente na frente dos serviços públicos e em lutas laborais concretas, um cenário bem mais animador. E indiscutivelmente melhor do que aquele que existia quando o acordo foi assinado. E a explicação é, na realidade, bem simples: os movimentos não se movem apenas por indignação ou injustiça. Também precisam de ter gente que acredita que pode ganhar. E nos últimos 3 anos, houve vitórias. Por mais modestas, por mais parcelares, por mais invisíveis para a Catarina que sejam, essas vitórias constroem mais mobilização do que todos os “apelos à resistência” que, de resto, nunca deixaram de ser feitos.
Conclusões: “Se o Partido Socialista propuser um novo acordo de governo, com que base política pode a esquerda não aceitar? Se em 2015, o “medo da direita” serviu para justificar toda a espécie de acordos, o que poderá fornecer um pretexto similar em 2019?”
Para ser franco, esperava que um texto tão demolidor no plano do diagnóstico tivesse dado origem a uma proposta estratégica clara, por mais polémica ou ousada que fosse. É de certa forma um “anti-climax” que um texto que propõe um diagnóstico tão sombrio sobre uma esquerda radical refém da social-democracia acabe com referências consensuais à importância da luta não-institucional e interrogações quanto ao resto.
Se o acordo está a sufocar a resistência, deve esse acordo ser repudiado? Deve um novo acordo ser rejeitado à partida? Se a resposta da Catarina for, como a minha, não a ambas, é justo dizer que essa posição se deve ao tal “medo de derrotas eleitorais”? E nesse cenário, quais seriam as condições concretas da Catarina? Tudo isto fica por responder e é uma pena. Pela minha parte, respondo:
1. Fizemos bem em assinar o acordo, mesmo que não tenhamos feito tudo bem nas negociações e depois delas, e apesar da lamentável falta de diálogo entre as forças à esquerda do PS. Se a esquerda radical tratar a vida das pessoas como um detalhe nos seus debates estratégicos, bem pode preparar-se para o justo desprezo a que foi votada em muitas paragens dessa Europa pelo povo que diz defender. Se a esquerda rompesse o acordo por outra razão que não fosse uma flagrante violação do acordo por parte do PS, seria simultaneamente responsável e vítima, não de uma derrota eleitoral, mas sim de uma profunda derrota política e social. Não é por acaso que a Catarina fala dessa hipótese a título meramente teórico, com o extremo cuidado de não se comprometer;
2. É, para mim, impensável que a esquerda não formule uma proposta concreta de convergência para o próximo ciclo político, que avance com propostas nas principais áreas em que este governo falhou: saúde, educação, ciência, cultura, investimento público, legislação laboral e dívida. Uma proposta certamente mais exigente porque as pessoas o exigem, mas uma proposta séria porque as pessoas também o exigem;
3. Continuo a não vislumbrar qualquer contradição (muito pelo contrário) entre um programa abertamente eurocéptico e anticapitalista como são os do PCP e BE e uma acção concreta quotidiana, dentro e fora das instituições nacionais e europeias, na procura de todas as vitórias possíveis para a vida das pessoas hoje. A alternativa é uma esquerda tão inofensiva quanto os seus apelos, refugiada na sua inutilidade. Felizmente, Bloco e PCP, fizeram a única escolha radical: fazer o combate do seu tempo em vez de se meterem no cantinho da razão.

Bifurcação

Posted: 16 Jul 2018 05:04 AM PDT

Fonte: Marktest

Olhando para este gráfico, o PS sentir-se-á muito confortável. Mas pode ser enganador.
A diferença para o PSD é enorme, mas já foi maior. Em Julho/Agosto de 2017, essa diferença atingiu o ponto máximo: 16,8 pontos percentuais. A política à esquerda vingava. Mas desde aí, tem vindo a decair: em Junho passado já era de apenas 9,5 pontos percentuais. E isto a um ano das eleições legislativas. Ou seja, caiu 7,3 pontos percentuais num ano.
Este desgaste foi fruto de duas frentes.
À direita,  primeiro, os fogos e o assalto a Tancos foram os temas que martelaram o Governo. Só depois, é que cavalgaram as queixas nos serviços públicos de Saúde e Educação, quando foram os seus principais responsáveis desde 2011/2015. Para isso, contribuiu - e de que maneira! - a intervenção por vagas do presidente da República, arrastando a comunicação social a retomar o tema em cada aniversário mensal. Para exemplificar este caso, tente responder à questão onde é que Marcelo Rebelo de Sousa vai passar férias? Segundo o jornal Expresso, vai para Oliveira de Hospital e Pedrógão. Porquê? Porque "o Presidente quer chamar a atenção dos portugueses a fazerem férias nos locais afectados pelos fogos de 2017"... O próprio jornal Expresso voltou a retomar o tema de Tancos em manchete. Marcelo exigiu esclarecimentos, (claro!), a tal ponto que o Governo se colou à reivindicação de esclarecimentos pelo Ministério Público, "concordando com o presidente da República". Não é óbvio?

Expresso, 14/7/2018

Tão descarado é o papel de Marcelo que até - segundo o mesmo jornal (pag.2 e 3) - interveio junto de Pedro Santana Lopes para que não avance com o seu novo partido, o qual virá sapar o eleitorado de direita. Até para o jornal e seus jornalistas tudo isto é natural, a ponto de abordar o tema abertamente, sem qualquer menção de enviesamento do PR. António Costa fez o mais que pôde para parecer que se dava bem com Marcelo, que estavam sintonizados, mas Marcelo tudo faz para o minar.
À esquerda, os partidos apoiantes do Governo PS, sublinharam-se os efeitos da aplicação de uma política de prudência orçamental, mais papista do que o Papa, que - apesar das melhorias feitas na política de rendimentos - pouco atenuou as machadadas feitas pelo Governo PSD/CDS nos serviços públicos - Saúde, Educação, investimento público. E mantém uma política estranha de sedução à direita, por exemplo, na Saúde - ao nomear para o grupo de trabalho sobre a Lei de Bases quem está intrínsecamente ligada ao sector privado - e no mundo do Trabalho, ao assinar um acordo de concertação social que adere às teses patronais, nomeadamente na contratação colectiva.
A crítica de esquerda e da direita ao Governo beneficia - como se vê no mapa - sobretudo a subida da direita. Desde o ponto mais alto em Julho de 2017, o PS perdeu 4,7 pontos percentuais, o PSD ganhou 2,6 pontos, o BE 1,2 pontos, o CDS 0,7 pontos e a CDU perdeu 0,5 pontos. Em conjunto, os partidos à esquerda (BE e CDU) registaram uma subida de 17,3% para 18% em Junho de 2018.
Mas essas duas subidas - à esquerda e à direita - revelam o quanto o PS - se quer manter uma política de esquerda - precisa dos partidos à esquerda (cada vez mais) e quanto uma política à esquerda, sem tergiversações à direita, pode continuar a ter - como teve nos anos de 2016 e 2017 - um apoio maioritário.

Veja-se este mapa. Caso se compare os "votos" nas sondagens no PS com os dos partidos de direita, o PS está quase a ser submerso. Está a uns míseros 3 pontos percentuais a um ano das eleições. Claro que se pode dizer que o PSD nunca se coligará com o CDS, porque a crítica ao Governo - venha de onde vier - beneficia o PSD. Mas essa diferença é reveladora da correlação de forças que o PS poderá encontrar no próximo Parlamento. Costa arrisca-se a ser novamente humilhado nas eleições. E no PS.
Já uma aliança à esquerda pode revelar que essa força está a uma distância de 21 pontos percentuais dos partidos da direita coligados e de 27,5 pontos percentuais do PSD. Algo que se tornaria humilhante, sim, mas para Rio e Cristas.
António Costa tem, pois, de fazer opções claras. A sua política de navegar ora à esquerda ora à direita não está - nem mesmo eleitoralmente - a ser eficaz. Pelo menos em Portugal.

Marcelo defende que Guterres e Vitorino são exemplo da afirmação da CPLP

Marcelo defende que Guterres e Vitorino são exemplo da afirmação da CPLP

17/7/2018, 7:07

"Há uma situação internacional favorável ao papel da comunidade", disse Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando a importância dos temas da cimeira da CPLP e da presidência da organização, que Cabo Verde.


Inácio Rosa/LUSA

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  • Agência Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostrou-se esta terça-feira, à chegada a Santa Maria, em Cabo Verde, convicto de que o “espírito Sal” vai ser “inspirador” para a comunidade lusófona e disse esperar avanços em matéria de mobilidade.

Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou ao hotel onde se realiza a cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP cerca das 20h40 horas locais (mais duas horas em Lisboa), sublinhou a contínua afirmação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) nos últimos anos. Como exemplos, apontou a eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas e de António Vitorino para diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM).

“Há uma situação internacional favorável ao papel da comunidade”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando a importância dos temas da cimeira da CPLP, que começa na terça-feira, e da presidência da organização, que Cabo Verde assume na ilha do Sal: Cultura, Pessoas e Oceanos.

“São temas tão importantes e, presente como está em todos os continentes, a comunidade tem um espaço de manobra único nos próximos anos. O espírito Sal vai ser muito inspirador para a CPLP”, disse. Assinalou ainda que a ideia de mobilidade e livre circulação, de que Portugal e Cabo Verde foram pioneiros, tem registado uma “adesão progressiva”. “Espero que se deem mais passos em termos de mobilidade na CPLP”, sustentou.

Questionado sobre a avaliação que faz do nível de implementação do roteiro de adesão à comunidade da Guiné Equatorial, o chefe de Estado português escusou-se a comentar por uma questão de “elegância” e “boa educação”.

“Poderá vir a ser ou não tratado nas várias reuniões e aí cada um fará a sua avaliação, que é conjunta e que não respeita apenas a um estado. Todos os estados da CPLP tiveram processos importantes nos últimos dois anos e a consideração em clima de família e a ponderação desses processos é meio caminho andado para o reforço dos laços familiares”, disse.

Depois das declarações à imprensa, Marcelo Rebelo de Sousa, que disse não visitar a ilha do Sal há 15 anos, foi solicitado para as tradicionais “Marselfies” com turistas – incluindo uma família portuguesa de férias -, funcionários do hotel e alguns membros da organização da cimeira.

O Presidente português, que à noite participa num concerto com vários artistas cabo-verdianos, quis ainda saber se o estado do tempo na ilha lhe permitiria o habitual mergulho matinal no mar.