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sexta-feira, 10 de julho de 2020

A TAP e o PIB da popularidade

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 10/07/2020)

Daniel Oliveira

Fui acompanhando o exercício de cinismo do comentário nacional das últimas duassemanas. Como explicou Ricardo Costa, a maioria dos portugueses não quer meter dinheiro na TAP. Com desemprego e em crise, é natural. E é por isso que muitos optaram por uma posição de compromisso: a falência é péssima e a nacionalização é um escândalo. Como não queriam que o Estado injetasse dinheiro sem o controlar, ficaram na confortável posição de não ter posição. Só não são capazes de dizer “deixa falir” porque sabem o que isso significaria. Soa bem falar da TAP como um anacrónico sorvedouro de dinheiro. Até olhar para o impacto que ela tem na economia.

Usemos sempre dados de 2019, compilados pelo Ministério das Infraestruturas, que tutela a TAP. Os números são públicos por via da TAP, ANAC, McKinsey, Banco de Portugal, INE, Ministério do Ambiente e Ministério das Finanças. E vale a pena olhar para eles.

A TAP transportou 17 milhões de passageiros, um terço dos que chegaram aos aeroportos nacionais, metade dos que chegaram a Lisboa. Pesa mais do que as três companhias seguintes juntas. O que quer dizer que dificilmente seria substituída por uma estrangeira, num momento de cortes no sector. Ou demoraria demasiado tempo. 80% dos turistas chegam a Portugal de avião. Os turistas estrangeiros transportados pela TAP gastam mais de 1,9 mil milhões de euros em Portugal.

A TAP faturou 3,3 mil milhões, 80% de clientes estrangeiros. O que quer dizer que exportou 2,6 mil milhões. Se a empresa fosse estrangeira, isto não entraria na balança comercial. Pelo contrário, a compra de bilhetes por nacionais passaria a importação.

O hub de Lisboa funciona como o centro de uma rede. Sem esse centro, muitas rotas, que não têm partida e chegada final em Portugal, deixariam de passar por cá. Provavelmente iriam por Madrid. A TAP tem uma quota de 48% de ligações continente-ilhas e de 60% dos voos intercontinentais a partir dos aeroportos portugueses (81% para a América do Sul). Um dado importante quando sabemos que um dos principais mercados de turismo que cresceu em Portugal foi o norte-americano e o brasileiro. No caso do primeiro, são turistas que gastam mais dinheiro, ficam mais tempo e usam hotéis de quatro e cinco estrelas. Quem acha que as low-cost resolvem tudo, prestou pouca atenção a este mercado em crescimento.

A TAP contribui, direta e indiretamente, para 1,7% do PIB nacional e para 7 mil milhões de euros em exportações. Faz compras de 1,3 mil milhões de euros a mais de mil empresas nacionais – mais do que vamos injetar agora. A manutenção e engenharia, em que a TAP é referência, fatura mais de 200 milhões por ano, sendo metade exportações.

A TAP é responsável, direta e indiretamente, pelo pagamento de mais de 1,8 mil milhões de euros em impostos e contribuições para a segurança social que em parte, com os desempregados, passariam a ser despesa. E com os despedimentos que se avizinham, uma parte será mesmo.

Esqueçam o papel que a TAP tem na ligação às regiões autónomas, na relação com parceiros económicos das nossas empresas e com os países de língua oficial portuguesa e a emigração. Fiquem-se pelo impacto económico devastador que a falência da TAP teria.

É claro que estes não serão os números dos próximos anos, com a crise do turismo e na aviação. Faz sentido deixar cair o instrumento que nos sobra, numa crise global, para a maior atividade exportadora do país? Há quem acredite que se nos livrarmos de toda a despesa estaremos livres para construir um futuro. A receita é absurda mas popular.

Mas quando estivermos realmente leves, sem qualquer grande empresa nacional exportadora, olharemos para a nossa balança comercial e perguntaremos o que raio nos aconteceu. Os mesmos comentadores aparecerão a culpar um governante à escolha e a coisa fica feita. Não sei quanto contribui para o PIB, mas a popularidade é das atividades que mais emprega em Portugal.

O voo cego do Brasil

Sexta-feira, 10 de julho de 2020

Olá,

O Brasil de 2020 faz lembrar um avião voando às cegas com um piloto sem qualquer controle sobre a aeronave, e sem parte essencial da tripulação: o ministro da Saúde e o da Educação.
Hoje, em meio à maior crise sanitária do século, a pasta da Saúde completou 57 dias desnorteada, ocupada por um ministro interino militar sem qualquer formação ou experiência na área. O presidente não parece ter pressa de indicar um quarto nome para o cargo e os laboratórios do Exército acumulam quase 2 milhões de comprimidos de cloroquina — um remédio rejeitado por médicos ao redor do mundo devido aos riscos colaterais à saúde do paciente.
Com o mesmo número de titulares escalados e riscados (quem se lembra do Vélez Rodríguez?) , a Educação, historicamente sucateada no Brasil, parece ter encontrado no governo atual seu pior momento. Como João Filho lembrou em sua coluna desta semana no Intercept, o último nome cotado para assumir o ministério, o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, é um neoliberal ferrenho que vê no privatismo o futuro para o ensino no Brasil. Em uma reportagem de Hyury Potter, revelamos que seu grande feito foi deixar alunos de 165 cidades paranaenses sem aulas nesta pandemia.
Se o Brasil, há pouco tempo, era uma aeronave ganhando altitude, neste momento ficou claro para todos que as turbinas travaram sob o peso das milhares de vidas perdidas por conta da covid-19 (316 Boeings 737 cheios) e como disse, o piloto já não tinha nada sob controle . Eu ainda acredito que o país tem salvação, embora cada pronunciamento do ex-capitão Bolsonaro seja uma esperança a menos. Mesmo assim, a imprensa e milhões de brasileiros dos serviços essenciais, como médicos e enfermeiros, entregadores, educadores, sepultadores e tantos outros guerreiros anônimos seguem lutando para manter a gente no ar.
Mesmo sem anunciantes ou patrocinadores, estamos trabalhando diariamente para que as instituições entrem na rota certa, e você pode nos ajudar nessa missão. Apoie o jornalismo que não tem medo de abrir as caixas pretas do poder. O TIB não vai parar de trabalhar pela mudança.

Ora agora fechas tu, ora agora fecho eu… ora agora fechas tu, fechas tu mais eu

Curto

Cristina Peres

Cristina Peres

Jornalista de Internacional

10 JULHO 2020

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“Um pau de dois bicos” e “uma faca de dois gumes” são expressões que se ouvem repetidas a toda a hora nesta fase crítica que atravessamos. A Conceição Antunes não lhes escapou no 2:59 , a peça de jornalismo de dados desta semana, na qual explica os dilemas do setor do turismo perante a oportunidade que parece fugir das mãos: queremos turistas, mas temos medo deles e eles têm medo de nós. O podcast da Economia, Money, Money chegou ao #40 com uma pergunta temível: será que a economia sobrevive a um verão sem turistas? Dados apurados pelo Instituto Nacional de Estatística em abril dizem que o turismo cedeu 97% face ao ano anterior.
Depois de achatadas as curvas, houve quem não conseguisse evitar que os planaltos não viessem a resultar em subidas pronunciadas e indesejáveis. Esta conversa parecida com corridas refere-se aos novos números de novos contaminados pelo coronavírus e a duplicidade das expressões a referirem a angústia de quem deseja ver o turismo a salvar, senão as economias, pelo menos o pequeno negócio do qual tanta gente depende. A realidade tem-se interposto, como é seu apanágio, neste caso com numerosas zonas, distritos, cidades e regiões a não saber o que fazer com a angústia que provoca voltar ao lockdown. É imperioso conter o contágio. Tanto quanto tentar repor as coisas em marcha.
A Grécia escapou na primavera aos piores cenários que a covid-19 impôs a alguns países europeus, como Itália e Espanha, porém o verão, a chegada de turistas às suas costas, está a obrigar Atenas a fazer marcha atrás. As autoridades gregas estão prontas a reestabelecer restrições públicas e relativas a viagens já a partir da semana que vem, avisando que as diretivas de segurança para evitar a contaminação estão a ser frequentemente ignoradas. É um sinal que se traduz numa cifra: mais de 3.600 casos de coronavírus.
Infelizmente não é só a Grécia. Na quarta-feira, a decisão de voltar a restringir as pessoas para evitar a contaminação afetava 9,2 milhões de pessoas em todo o mundo (incluindo Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido na Europa). E já há quem sancione o seu governo pela confusão trazida pelas medidas contraditórias, em Belgrado, Sérvia, a revolta popular que exige responsabilidades aos ziguezagues do Governo, já provocou numerosos feridos.
Por cá, não passou despercebido o mal-estar por Portugal ter sido excluído do corredor turístico do Reino Unido, e a Bélgica colocou Lisboa na “zona vermelha”, obrigando a teste e quarentena no regresso a casa. Não será fácil tomar decisões sobre férias. Veja aqui onde pode ir sem e com condições.

Os trabalhadores essenciais

Posted: 09 Jul 2020 03:57 AM PDT

«Já sabemos que a pandemia da covid-19 agrava as desigualdades, porque quem tem menos rendimentos tem de se sujeitar a piores condições laborais, de mobilidade e de habitação. Mas é ilegítimo atirar a “culpa” dos surtos que temos conhecido para cima dos pobres, dos idosos, dos imigrantes, dos bairros carenciados. O que estamos a viver é uma realidade nova e complexa que veio trazer à luz do dia desigualdades estruturais que já existiam antes da pandemia.

Muito se tem falado, e bem, do mérito dos profissionais de saúde a quem tem cabido a linha da frente. Se não houvesse SNS, estaríamos hoje bem pior. E sem a generosidade incrível destes profissionais, o SNS não teria aguentado o embate, que continuará a fazer-se sentir. Ninguém duvida hoje que os profissionais de saúde são trabalhadores essenciais para o nosso bem-estar colectivo. Assim como os bombeiros, a protecção civil, as forças de segurança e as forças armadas, mobilizados para tarefas críticas ao longo dos últimos meses.

Mas não são apenas eles. Houve muitos trabalhadores que não pararam durante e após o estado de emergência, mas de quem pouco se fala – da produção à distribuição de bens essenciais e à prestação de serviços públicos e privados. Falo dos que continuaram a produzir os nossos alimentos, incluindo os imigrantes precários em certas zonas do nosso país, que na época das colheitas se deslocam de região em região. Ou dos que asseguraram a distribuição, como os camionistas, os trabalhadores da marinha mercante, os portuários, o pessoal dos correios. Ou dos empregados dos supermercados e dos transportes públicos. Ou das chamadas “mulheres-a-dias”, um nome que diz tudo sobre a sua precariedade. Ou do pessoal da construção civil, mais solicitado no Verão para obras de toda a espécie. Sem esquecer os trabalhadores dos lares e demais equipamentos sociais, ou os professores e auxiliares de educação, a trabalhar em condições inéditas e desafiantes. Ou ainda, e para não me alongar mais, o pessoal da higiene e limpeza urbana, um trabalho que paradoxalmente só se torna visível quando não é feito.

Estes trabalhadores são trabalhadores essenciais, que não costumamos valorizar mas que suportam o nosso dia-a-dia. Têm em comum salários baixos e, muitas vezes, vínculos laborais precários. Algo está profundamente errado.

Precisamos de reformas profundas na estrutura salarial do nosso país. As funções sociais têm de ser altamente valorizadas e são uma aposta estratégica para o futuro. Não haverá robots ou plataformas digitais que substituam tarefas que exigem proximidade e, quantas vezes, afecto e carinho. As funções de suporte da vida quotidiana também não podem continuar a ser esquecidas, nas margens da precariedade e da rotina.

Há uma reforma estrutural a fazer que implica o reconhecimento dos trabalhadores essenciais e a definição de caminhos para a sua valorização pessoal, profissional e salarial. Não tenho visto muita gente preocupada com isto, porque é mais fácil, quando se vive uma crise com tantas incertezas, procurar culpados. Não, a “culpa” não é dos pobres, dos idosos, dos imigrantes, dos bairros vulneráveis. E não basta criar regimes legais extraordinários, imprescindíveis na emergência, mas que não podem ser prorrogados indefinidamente. Nem acreditar que o “novo normal” trará de volta um turismo de que ficámos tão dependentes. Temos de ir à raiz das questões. Temos de enfrentar com coragem o retrato do país desigual que somos – e dar passos firmes para fundar uma verdadeira “economia do cuidar” que abarque o planeta, os modos de produção, transformação e consumo, os territórios e as pessoas. Sem isso não haverá plano de recuperação económica e social que nos valha.»

Helena Roseta

quinta-feira, 9 de julho de 2020

O fim do dinheiro físico?

O fim do dinheiro físico?

por estatuadesal

(Alexandre Abreu, in Expresso Diário, 09/07/2020)

Não é uma perspetiva tão presente como a generalização do teletrabalho, mas tal como esta última é mais uma mudança social relevante que poderá vir a ser acelerada pela atual pandemia e pela mudança de hábitos que tem vindo a provocar. Refiro-me ao eventual desaparecimento do dinheiro em espécie, ou seja, das notas em papel e das moedas metálicas. Até que ponto é uma verdadeira tendência e até que ponto é que a pandemia está a acentuá-la? E devemos alegrar-nos ou preocupar-nos com isso?

Naturalmente, o eventual fim do dinheiro físico é algo completamente distinto do fim do dinheiro em geral, se entendermos este último, da forma habitual, como meios líquidos de pagamento. Nas sociedades industrializadas contemporâneas, a maior parte do dinheiro não existe sob a forma de notas e moedas físicas mas sob a forma de depósitos bancários, mobilizáveis para a realização de pagamentos através de cartões de débito, cheques ou transferências. Na zona euro, por exemplo, existiam em maio de 2020 cerca de 1,3 biliões de euros em circulação sob a forma de notas e moedas (quase 4000 euros por habitante), mas o agregado monetário M1, que além das notas e moedas em espécie considera os depósitos à ordem, era várias vezes maior: qualquer coisa como 9,6 biliões de euros.

O que estamos aqui a falar é por isso da possível tendência para o desaparecimento dos pagamentos em espécie e da sua substituição por pagamentos em cheque ou, mais provavelmente, integralmente digitais. É fácil de perceber a relação com a atual pandemia: apesar de, pelo menos para já, não existir evidência de que o vírus se transmita através do dinheiro, foram muitas as pessoas que nos últimos meses preferiram evitar o mais possível o contacto com as notas e moedas, esses objetos físicos que mais trocam de mãos entre anónimos. A realização de pagamentos em cartão tem sido obrigatória nalguns locais específicos e ativamente recomendada e facilitada por muitos governos: por exemplo, eliminando as comissões sobre os pagamentos em terminais de pagamento automático ou aumentando os limites máximos para pagamentos contactless, como sucedeu em Portugal.

Em boa verdade, pelo menos para já não há sinais de que o dinheiro físico esteja em vias de desaparecimento. No primeiro trimestre de 2020 (até março, portanto), o volume de levantamentos em terminais Multibanco em Portugal reduziu-se face ao trimestre homólogo de 2019, de 6877 milhões para 6586 milhões de euros (-4%). Mas ao nível da zona euro como um todo e considerando os valores até maio de 2020, a quantidade de notas e moedas em circulação registou até uma aceleração face à tendência de longo prazo (que é já de si crescente), não uma diminuição.

Apesar disto, os entusiastas de uma futura sociedade cash-less antevêem nas mudanças de práticas dos últimos meses, pelo menos por parte de alguns, o anúncio de um futuro relativamente próximo em que as moedas e notas farão parte do passado e todos os pagamentos serão feitos simplesmente através de um cartão, um telemóvel ou uma pulseira, ativando a transferência eletrónica de fundos de forma puramente escritural e digital. Sem necessidade de deter papéis ou metais que passam de mão em mão, são pouco higiénicos, pesam no bolso e na carteira e são mais facilmente perdidos e roubados.

Porém, as eventuais consequências sociais a que devemos estar atentos vão para além desta mera conveniência imediata e quotidiana para a maioria. Os críticos do fim do dinheiro físico assinalam para começar, que o eventual fim da sua aceitação generalizada tenderá a prejudicar alguns grupos já de si mais vulneráveis, como as pessoas mais idosas, com menos desenvoltura tecnológica ou que não estão integradas no sistema financeiro. É verdade que poucas serão as pessoas na nossa sociedade que não têm algum tipo de conta bancária, mas num mundo sem dinheiro em espécie essa possibilidade torna-se verdadeiramente impossível.

Em 2016, os 1300 milhões de habitantes da India passaram por uma experiência social com semelhanças a este tipo de cenário, quando o governo de Narendra Modi decidiu retirar de circulação as notas de 1000 e 2000 rupias (cerca de 12 e 24 euros) com o objetivo anunciado de combater a economia informal, a evasão fiscal e o financiamento de grupos insurgentes considerados terroristas. Com escassas horas de antecedência, o governo anunciou que mais de quatro quintos do dinheiro em espécie em circulação deixaria de ter curso legal e poderia apenas ser depositado nos bancos ou convertido em novas notas. A operação foi gigantesca e extremamente controversa. Segundo os mais críticos, o impacto sobre a evasão fiscal terá sido limitado, mas o impacto económico e social, especialmente entre as populações rurais e mais pobres, foi substancial. Pelo menos da forma como foi implementada, a medida gerou grande perturbação social, provocando corridas caóticas aos bancos que resultaram em dezenas de mortes, para além de ter provocado uma escassez de meios de pagamento, especialmente nas zonas rurais, que afetou de forma adversa o emprego e os rendimentos dos mais pobres.

Regressando à discussão geral, o eventual fim do dinheiro em espécie representa sobretudo o fim da possibilidade de realização de pagamentos anónimos, e isto pode ter consequências tanto positivas como negativas. A possibilidade, pelo menos teórica, de escrutínio fiscal e judicial de todos os pagamentos e transferências de fundos significa, em princípio, a possibilidade de eliminar, ou pelo menos reprimir substancialmente, a economia informal e grande parte da atividade criminosa. Mas significa também dotar o Estado de uma capacidade de vigilância muito reforçada, com tudo o que isso implica: numa sociedade autoritária, por exemplo, a capacidade de repressão de minorias ou grupos dissidentes, como quer que estes sejam definidos, ver-se-á substancialmente reforçada.

A sociedade cash-less tem por isso algumas semelhanças com a sociedade de vigilância total, da qual constitui uma das componentes: tal como uma câmara de vigilância em cada esquina permitiria evitar muitos crimes e resolver muitos outros mas constrange significativamente a liberdade de todos e potencia o risco de autoritarismo distópico, também o fim do dinheiro em espécie e dos pagamentos anónimos introduz tantos ou mais problemas quanto aqueles que resolve.

É por isso que esta possibilidade é receada e criticada por muitos tanto à esquerda como à direita, principalmente entre quem perfilha posições políticas mais libertárias. É um alerta importante e plenamente válido, que justifica que esta possibilidade, por mais que não esteja imediatamente em questão, deva ser encarada com mais cautela do que entusiasmo.