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quinta-feira, 16 de julho de 2020

A guerra das aparências pelas migalhas da economia

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 15/07//2020)

Daniel Oliveira

Acho que não digo nada de muito chocante se escrever que duvido dos números da pandemia na Grécia. Não apenas por conhecer Atenas e as suas periferias e me custar a acreditar em milagres – como nunca acreditei que eles existissem por cá, quando o confinamento acabasse. Mas porque me parece improvável que um país com campos de refugiados a abarrotar de gente em condições sub-humanas consiga, pelo menos nesses espaços, manter números improváveis para as mais ordenadas e ricas cidades do mundo. Provavelmente não testa ali. Duvido dos números de Espanha. Porque tiveram súbitas e misteriosas quedas e subidas. Porque contrastam com situações complicadas na Catalunha e na Galiza.

E duvido, obviamente, dos números britânicos. Deixem-me ser um pouco aborrecido e falar de números (uso os que estavam disponíveis esta terça-feira). Portugal tem 46.818 e já somou 1.662 óbitos. São 4.592 casos e 163 mortos por milhão de habitantes. O Reino Unido tem 290.133 casos e 44.830 óbitos. São 4.273 casos e 660 mortos por milhão de habitantes. O Reino Unido tem um óbito por cada 6,5 infetados, nós temos um óbito por cada 28 infetados. Em número de casos por milhão de habitantes, estamos praticamente empatados, sendo eles os 15º pior da Europa e nós o 14º. Quando chegamos ao número de óbitos por milhão de habitantes, eles são o 4º e nós o 16º.

A disparidade entre os dois indicadores, que é confirmada em novos casos e não se explica por pouca testagem inglesa, só pode ter duas conclusões: ou o vírus tem, no Reino Unido, uma taxa de letalidade assombrosa, ou eles estão a "martelar" os números de alguma forma. Pode até ser na forma como testam. E é provável que sejam eles e não nós, porque a nossa posição relativa nos dois indicadores (14º e 16º) é próxima, a deles é que é muito diferente (15º e 4º).

O cuidado que os ingleses quiseram impor aos seus compatriotas que regressassem de Quarteira contrasta com a balda que se instalou na reabertura dos pubs. E essas imagens parecem ter tido menos impacto nos portugueses que desejavam os ingleses do que as imagens de Lagos tiveram nos ingleses que temiam os portugueses. Por isso, os algarvios ficaram furiosos com os infetados lisboetas, por os impedirem de receber infetados ingleses. O vírus, quando vem com gorjeta em libras, é sempre mais suportável.

A guerra das estatísticas da covid passou a ter uma função comercial na concorrência pelas migalhas de uma economia em ruínas. Começam a ficar parecidos com os valores do défice orçamental de cada país: já não é suposto dizerem nada sobre a realidade, mas apenas trabalhar na “credibilidade”. O que conta é a aparência. E isso é um convite à mentira, que é perigosa para a saúde pública.

Pelo menos no espaço da União Europeia poderíamos ter encontrado uma forma de impor critérios claros, para que todos soubessem como lidar com isto. Isto porque é suposto termos uma política comum de fronteiras. Mas, já se sabe que a União Europeia pode servir para saber que empresas se pode apoiar – tendo como bitola as necessidades da economia alemã –, não serve para lidar com crises. Não serviu para lidar com a crise financeira, não serviu para lidar com a crise dos refugiados, não serve para lidar com a crise pandémica. Restaria a diplomacia portuguesa ter evitado o pior. Infelizmente, o brilhante Augusto Santos Silva não tem mostrado, neste departamento, o seu brilhantismo.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Búlgaros exigem demissão do primeiro-ministro Borissov

De  Ricardo Borges de Carvalho  & Damian Vodenitcharov com EFE  •  Últimas notícias: 15/07/2020 - 10:15

Búlgaros exigem demissão do primeiro-ministro Borissov

Direitos de autor NIKOLAY DOYCHINOV/AFP or licensors

Pelo sexto dia consecutivo, milhares de pessoas saíram às ruas de Sófia, em protesto contra o governo e o principal procurador da Bulgária.

Os manifestantes pediram-lhes que se demitissem e acusaram-nos de corrupção e de ligações criminosas, caso contrário, ameaçam fazer uma greve nacional.

O Presidente da Bulgária, Rumen Radev, apoia os manifestantes e também considerou que o primeiro-ministro Boyko Borissov, e o procurador-geral, Ivan Geshev, deveriam demitir-se.

Os protestos começaram quando o chefe do governo de centro-direita ordenou à polícia que fizesse uma rusga ao gabinete do Presidente e prendesse dois dos seus assistentes, alegadamente por suspeita de divulgação de documentos classificados e tráfico de influências.

O Presidente búlgaro já acusou, entretanto, o gabinete do primeiro-ministro de ter "ligações com os oligarcas".

A Bulgária é o país mais pobre da União Europeia e um dos que tem maior índice de corrupção dos estados-membros.

Surto de Covid-19 na Florida

De  Ricardo Borges de Carvalho com AP  •  Últimas notícias: 15/07/2020 - 11:15

Surto de Covid-19 na Florida

Direitos de autor David J. Phillip/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved.

Surto de Covid-19 na Flórida Apesar do aumento de infeções, Governador não quer novo confinamento

O número global de casos de Covid-19 já passou os 13 milhões e não pára de aumentar.

A América é o continente onde se situa agora o epicentro da pandemia.

Os Estados Unidos já registaram mais de 3 milhões e 300 mil casos e a Florida continua a ser um dos estados com a situação mais preocupante.

Até esta terça-feira, mais de 4 mil e 400 residentes naquele estado morreram devido ao coronavírus.

Os novos casos de infeção passaram de cerca de 2.000 por dia, no mês passado, para uma média diária de 11.000.

How innovation in Angola is helping its economy thrive despite Covid-19

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How innovation in Angola is helping its economy thrive despite Covid-19

O governador da Florida, Ron DeSantis, resiste a voltar a impor medidas de confinamento e justifica este pico no número de novos casos com o alargamento dos testes às pessoas.

A capital venezuelana, Caracas, entrou esta quarta-feira em confinamento.

Grande parte do país fechou desde que foi conhecido o primeiro caso de Covid-19, no início de março. As viagens aéreas, por exemplo, foram suspensas até 12 de agosto.

Até ao momento, as autoridades venezuelanas confirmaram 9.707 casos de infeção e 93 mortes. No entanto, os observadores internacionais temem que o governo de Nicolás Maduro esteja a subnotificar os números.

Entretanto, a Índia está também a registar surtos de novos casos de Covid-19. No estado norte de Bihar, com 125 milhões de habitantes, junto à fronteira com o Nepal, foi ordenado um novo confinamento de duas semanas para combater a propagação do coronavírus.

A sul, a cidade de Bangalore, centro tecnológico da Índia, deverá continuar fechada até 22 de julho. O Estado de Karnataka já registou mais de 41.000 casos de coronavírus e cerca de 760 mortes.

Trump põe fim a regime preferencial de Hong Kong

De  Rodrigo Barbosa com AFP  •  Últimas notícias: 15/07/2020 - 10:57

Trump põe fim a regime preferencial de Hong Kong

Direitos de autor Evan Vucci/Copyright 2020 The Associated Press. All rights reserved

Donald Trump volta a acentuar a pressão sobre Pequim, anunciando o fim do regime económico preferencial entre os Estados Unidos e Hong Kong e assinando uma lei que prevê sanções contra a "repressão" em território chinês.

Assinei uma ordem executiva que põe fim ao tratamento preferencial dos Estados Unidos face a Hong Kong. O território passará a ser tratado como o resto da China, sem privilégios especiais, sem tratamento económico especial e sem exportação de tecnologias sensíveis.E também aplicamos tarifas maciças sobre a China. É a primeira vez que isso acontece à China.

Donald Trump

presidente dos Estados Unidos

Os Estados Unidos respondem assim à imposição por parte da China, no fim de Junho, de uma lei draconiana sobre a segurança nacional em Hong Kong, classificada pelos opositores e movimentos pró-democracia como opressiva e restritiva para os direitos especiais que gozava o território, como a liberdade de expressão.

A posição norte-americana prejudica também o estatuto de Hong Kong como centro financeiro global.

O secretário de Estado dos Louvores

Posted: 14 Jul 2020 03:28 AM PDT

«Segundo a Anacom (entidade reguladora das telecomunicações), entre o final de 2009 e abril de 2020, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 7,7%, enquanto na Europa diminuíram 10,4%. Estes aumentos colocam as telecomunicações no nosso país entre as mais caras da UE.

Mas não são apenas os preços que dão má fama ao setor. Como tantas pessoas já tiveram oportunidade de experienciar, nomeadamente quando se viram enredadas em contratos de fidelização muito caros, pouco claros e impossíveis de cancelar, a qualidade dos serviços destas empresas é lamentável. Só numa semana, entre 25 de abril e 1 de maio, foram apresentadas 1825 reclamações sobre serviços de comunicações. Dessas, 64% dizem respeito a comunicações eletrónicas e, em particular, à gestão dos contratos e cancelamento de serviços a clientes. Entre janeiro e abril, a Anacom apresentou coimas no valor 1,3 milhões de euros associadas a 57 processos de contraordenação, que se juntam a várias condenações passadas, muitas delas contestadas pelas maiores operadoras do mercado.

Foi já em plena pandemia que o presidente de uma destas operadoras respondeu ao plano do Governo de criar uma tarifa social da internet (semelhante à tarifa social da energia suportada pela EDP) destinada a pessoas com menores rendimentos: "Se concordamos que seja imposto algo sobre os nossos ativos, construídos com o nosso investimento? Claro que não". Trata-se do presidente da Altice, que ficou com os ativos da Portugal Telecom: uma empresa que já foi pública e se tornou dona de rentáveis concessões do Estado, antes de ter sido destruída nas jogadas dos seus acionistas privados. Já depois da operação de compra da Portugal Telecom, a Altice foi acusada pela Anacom de se aproveitar, através da sua subsidiária Fibroglobal, da exploração das redes de fibra construídas nas zonas rurais... pagas com fundos públicos.

Haveria mais a dizer sobre estas empresas de telecomunicações que insistem em provar, uma e outra vez, que a privatização de setores estratégicos e infraestruturas monopolistas foi prejudicial aos interesses dos consumidores. Outras, como a Amazon, a Google ou o Facebook já encheram páginas e páginas de notícias sobre abusos laborais, fuga ao Fisco e venda de dados pessoais.

O que junta todas estas empresas neste artigo? O facto de todas terem sido objeto de um louvor formal, publicado em "Diário da República", por parte do Secretário de Estado para a Transição Digital, André de Azevedo, em reconhecimento pelo seu enorme contributo no combate à pandemia, pelo seu "excecional sentido do dever e permanente disponibilidade para o serviço público".»

Mariana Mortágua