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sexta-feira, 17 de julho de 2020

"A transição ecológica é uma resposta à crise económica"

De  Guillaume Petit  & Euronews  •  Últimas notícias: 17/07/2020 - 16:12

"A transição ecológica é uma resposta à crise económica"

Direitos de autor euronews

Estará a Revolução Verde em marcha na Europa? Em França, Grégory Doucet é o primeiro candidato do Partido "Os Verdes" a dirigir uma grande cidade, como Lyon, mas não foi o único. Bordéus, Estrasburgo, Poitiers, todas cidades francesas que caíram nas mãos dos ecologistas. Uma onda nacional histórica que acontece no meio de uma grave crise económica e quando o aquecimento global nunca foi tão visível. Os Verdes terão de provar que podem fazer mudanças, localmente, ou talvez à escala europeia. Grégory Doucet, o novo presidente da câmara de Lyon, é o convidado de Global Conversation.

Guillaume Petit, euronews:

O clima assumiu, nos últimos anos, uma importância mais ampla, no debate mundial. Foi assinado o acordo de Paris, d m2015, houve manifestações pelo clima nos quatro cantos do planeta, em 2019. A isso junta-se uma crise de Saúde mundial. Ouvimos muito falar de que é o momento de reorientar a economia para um modelo mais verde. Mas como é que se conciliam essas mudanças profundas, que levarão tempo, com a necessidade urgente de recuperação económica?

Grégory Doucet:

A transição ecológica é uma resposta à crise económica. Por exemplo, investir na renovação térmica dos edifícios gera emprego local, significa trabalho no setor da construção. Investir em transportes públicos significa trabalhar para as empresas públicas. É simplesmente uma questão de reorientação da economia. Muitos líderes empresariais, homens e mulheres, já estão a pensar na sua própria estratégia, já integraram a transição ecológica ou desejam envolver-se mais nela. Cabe-nos a nós, políticos, acompanhá-los, ouvir e entender os seus problemas.

Guillaume Petit:

Com a crise de Covid-19 Lyon, como muitas outras cidades europeias, viu-se a braços com uma crise no turismo. O senhor defende um relançamento ecológico, sugere a expansão dos comboios noturnos, como a Áustria fez. É necessário reduzir o tráfego aéreo?

Grégory Doucet:

Claro que sim. Em última análise, é isso que vai acontecer. Dentro de algumas décadas, voar será uma exceção. É para isso que devemos lutar. Mas o que é estamos a fazer, hoje, perante essa evidência? Esperamos 20, 30 anos até sermos forçados a fazê-lo, repentinamente, porque as temperaturas subiram tanto que não teremos outra escolha? Não, temos que começar a fazê-lo agora. Por isso, digo que a reorientação do setor do turismo, à escala nacional e europeia, é uma prioridade. O objetivo não é proibir voos para Lyon amanhã, é claro. O objetivo é reduzir, gradualmente, as quotas da aviação e ter uma oferta turística mais focada na Europa.

Guillaume Petit:

Um projeto em debate há anos, é a linha de alta velocidade Lyon-Turim. Este é um projeto de mais de oito mil milhões de euros. O senhor disse que ele é um erro, mas não seria mais caro pará-lo agora?

Grégory Doucet:

Trata-se de fazer grandes escolhas em infraestrutura. Foi uma boa ideia investir, como você disse, oito mil milhões de euros numa infraestrutura que é, de facto, a duplicação de uma já existente? Hoje pode ver que em Lyon, e à volta de Lyon e mais amplamente no país inteiro, não investimos o suficiente no setor da carga. Não investimos o suficiente nos comboios. O que quero dizer é que esse investimento impede-nos de investir onde há uma necessidade real, hoje. É isso que estou a dizer. É uma questão de prioridades.

Guillaume Petit:

A onda verde não é apenas um fenómeno local. Os Verdes tiveram um aumento de votos nas últimas eleições locais no Reino Unido, nas últimas Europeias na Finlândia, na Alemanha, em França. E na Áustria chegaram a participar no governo. Pensa que as grandes cidades podem dar um novo fôlego às políticas europeias, a longo prazo?

Grégory Doucet:

Espero que sim. Existem dois passos muito importantes para transformar as nossas sociedades, a nível local. Primeiro, as metrópoles, as cidades, devem atuar o mais próximo possível dos habitantes, transformando a sua vida quotidiana. E depois há o nível europeu. É aqui que são feitas muitas regulamentações pelo que é necessário ter uma presença forte ao nível do Parlamento Europeu. E isso já acontece. Os Verdes estão presentes com um número importante de eurodeputados. E precisamos de uma rede de cidades, esse é o meu desejo. Uma rede de cidades europeias que dão o exemplo, que têm peso nas políticas europeias e sobre quem toma as decisões nacionais, para liderar o caminho. E para discutir, convencer as instituições europeias de que é necessário dinheiro público europeu para investir numa rede ferroviária europeia de qualidade.

Guillaume Petit:

Porque não estão a fazer o suficiente?

Grégory Doucet:

Não, e é importante que façam. A questão dos comboios noturnos é defendida pelos Verdes mas não tem apoio suficiente das instituições europeias.

Guillaume Petit:

Não lhe parece que se deu um passo importante com o Acordo Verde da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen?

Grégory Doucet:

Para mim, ao nível das instituições europeias, ainda não há uma total tomada de consciência. Temos de continuar a trabalhar. Daí a importância do trabalho dos eurodeputados mas, acima de tudo, desta rede de cidades europeias, à qual aspiro, e que poderá influenciar as instituições europeias. Permitir-nos-ia abrir o caminho e dizer: "estamos prontos. Vejam o que fizemos nas nossas cidades. Ajudem-nos a ir mais além e a estar melhor preparados. Ajudem-nos a ser mais resilientes, mais fortes face às várias crises que possam surgir".

Guillaume Petit:

Com essa crise, apercebemos de como a nossa indústria depende de outros países. No seu programa mencionou uma "híper dependência de um sistema mundializado" que prejudica o meio ambiente. Isso significa que a Europa foi longe demais e que precisamos retroceder para garantir que o nível local prevalece?

Grégory Doucet:

A questão não é voltar atrás mas definir um novo rumo. O passado não foi uma era de ouro, um período em que tudo correu bem. Essa não é a questão. Hoje, as nossas economias precisam de estar mais ancoradas aos seus territórios, menos dependentes de agentes económicos do outro lado do planeta. Trazer os nossos produtos do outro lado do planeta envolve uma indústria de transporte maciça e poluente, que emite CO2. E sim, vimos com esta crise global, provocada pela Covid-19, que precisamos ser mais resistentes a choques para conseguir suportar diferentes surtos.

Guillaume Petit:

França tem um novo primeiro-ministro, um novo governo que se diz ser de direita. Estamos a dois anos da próxima eleição presidencial. Pensa que o clima é, realmente, uma prioridade para Emmanuel Macron?

Grégory Doucet:

Ouvimos o Presidente discursar sobre a matéria em várias ocasiões. Há alguns anos era: "Tornem o nosso planeta fantástico, novamente". Portanto, compromissos ou sinais a favor da ecologia, ele procurou mostrá-los, mas não é disso que precisamos hoje. Precisamos de ações concretas. Temos promessas e discursos desde 2002. Lembre-se do discurso do ex-presidente francês Jacques Chirac. Ele disse: "A casa está a arder e nós estamos a olhar para o outro lado". Foi em 2002. Estamos em 2020. Dezoito anos de discursos. Não é disso que precisamos. Precisamos de ações concretas. Precisamos de investir nas nossas cidades. Precisamos de investir em transportes públicos e transportes alternativos ecológicos. Precisamos de transformar as nossas cidades, mas também precisamos de transformar o nosso país, como um todo.

Ex-primeiro-ministro Zoran Zaev vence legislativas na Macedónia do Norte

De  Ricardo Borges de Carvalho  •  Últimas notícias: 16/07/2020 - 08:53

Ex-primeiro-ministro Zoran Zaev vence legislativas na Macedónia do Norte

Direitos de autor Boris Grdanoski/AP

O partido social-democrata do ex-primeiro-ministro, Zoran Zaev, ganhou as eleições legislativas da Macedónia do Norte com 36,1% dos votos.

Uma vitória de pouco mais de um por cento sobre o partido conservador que obteve 34,9%.

Zaev vai agora tentar formar uma coligação de maioria parlamentar, tarefa que se avizinha complicada, mas o líder dos sociais-democratas está confiante.

No discurso de vitória, Zoran Zaev considerou que "a vontade do povo foi confirmada" e que "os cidadãos votaram pela unidade e solidariedade, pelo patriotismo económico, pelo direito e pela justiça".

Apesar de ter sido segundo, o conservador Hristijan Mickoski, pode conseguir ganhar poder se obtiver o apoio de partidos mais pequenos que representam a minoria étnica albanesa do país.

Desde a demissão de Zoran Zaev, em janeiro, a Macedónia do Norte tem sido gerida por um gabinete de gestão.

O ex-primeiro-ministro demitiu-se após a recusa inicial da União Europeia de abrir negociações de adesão, mesmo depois da decisão arriscada de Zaev de acrescentar "do Norte" ao nome do país, para assim resolver o longo diferendo com a Grécia, que possui uma província fronteiriça com mesmo nome.

Em março, Bruxelas deu luz verde às discussões e o país entrou para a NATO.

Oposição apresenta moção de censura contra governo búlgaro

De  Ricardo Borges de Carvalho  •  Últimas notícias: 16/07/2020 - 10:16

Oposição apresenta moção de censura contra governo búlgaro

Aumenta a tensão política na Bulgária depois do Partido Socialista ter apresentado uma moção de censura ao governo na Assembleia Nacional.

É já a quinta moção ao executivo de Boyko Borissov desde 2017, a última das quais tinha sido em janeiro deste ano.

A líder do Partido Socialista Búlgaro (PSB), Kornelia Ninova, diz que o governo não está a conseguir combater a corrupção no país e que "A única saída para a atual situação, para que haja estabilidade, segurança e prosperidade, é o governo demitir-se para que pessoas inteligentes, competentes e honestas possam tomar conta do país." Ninova acrescenta ainda que o PSB não participará em "nenhum plano de acordo nacional".

Para tentar acalmar a contestação, Boyko Borisov demitiu os ministros do Interior, Economia e Finanças, e apelou à unidade de todos para enfrentar os tempos difíceis que se avizinham.

O chefe do governo lembra que na "situação atual tem de haver uma grande consolidação. Tenho algumas ideias a esse respeito. O que me impede de implementá-las é que há uma reunião do Conselho Europeu esta sexta-feira e sábado. Até agora, negociámos mais dinheiro para a Bulgária e temos de o defender".

Apesar das demissões e da vontade do primeiro-ministro de chegar a um entendimento com a oposição, a contestação ao governo não dá sinais de abrandar. Pelo sétimo dia consecutivo, milhares de pessoas saíram às ruas de Sófia para exigir a demissão do executivo.

Recorde de novas infeções por Covid-19 nos EUA

De  Ricardo Borges de Carvalho  •  Últimas notícias: 16/07/2020 - 12:19

Recorde de novas infeções por Covid-19 nos EUA

Direitos de autor Eraldo Peres/Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved

O número de novos casos de Covid-19 nos Estados Unidos não pára de aumentar.

De acordo com a universidade Johns Hopkins, no espaço de 24 horas, foram registadas mais de 67 mil novas infeções, um novo recorde.

A Florida ultrapassou a barreira dos 300 mil casos confirmados e o número diário de mortes por coronavírus foi, nos últimos dois dias, superior a cem.

A rápida propagação do vírus está a fazer aumentar o escrutínio sobre as decisões dos governadores.

O governador republicano do Oklahoma, Kevin Stitt, que apoiou um dos planos de reabertura mais agressivos do país e raramente usa máscara, tornou-se no primeiro governador dos Estados Unidos a testar positivo à Covid-19.

Stitt diz que sente "um pouco como uma simples constipação. Mas basicamente estou assintomático e, obviamente, batendo na madeira, está tudo bem aqui".

O Irão revelou que 140 dos seus trabalhadores da saúde morreram com Covid-19 desde o início da pandemia.

O país tem assistido a um rápido aumento do número de novos casos, depois de ter flexibilizado as restrições de confinamento em meados de abril.

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, pede às pessoas que respeitem as diretrizes da saúde, incluindo o uso de máscaras e o distanciamento social.

No continente africano, a situação na África do Sul é a mais mais preocupante. O país já registou mais de 310 mil infeções por Covid-19 e integra a lista dos 10 países com mais casos no mundo.

Cerca de 4 mil e 500 pessoas morreram devido à doença, ou seja 1,5% do total de infetados, um número relativamente baixo que os especialistas acreditam dever-se ao facto de o país ter uma elevada percentagem de população jovem. Os especialistas alertam no entanto que a crescente falta de oxigénio e camas hospitalares pode fazer disparar a taxa de mortalidade por Covid-19.

A mensagem que você quer ler hoje

Sexta-feira, 17 de julho de 2020

Em alguns momentos, apesar de todos os problemas, percalços e riscos que a profissão envolve, fazer jornalismo dá muita alegria. Para nós do Intercept, este mês é um deles: nos últimos dias, assistimos ao nosso trabalho render uma sequência de impactos de tirar o fôlego.
Na semana passada, a Nayara Felizardo contou em reportagem como a “rainha da quentinhas” Idalina Mattos, cuja empresa fornece refeições para 14 prisões do Ceará, lucra milhões com superfaturamento e fraudes (ela atenderia a unidades que nem foram construídas e a outras que já fecharam). Dois dias depois, no dia 8, o Ministério Público do Ceará instaurou um inquérito para apuração do caso, citando a matéria do Intercept.
No dia seguinte, o Conselho Federal da OAB aprovou o pedido para investigar a atuação da força-tarefa da Lava Jato no Paraná. A ação é resultado direto de denúncia da Agência Pública e do Intercept, baseada nos documentos do acervo da #VazaJato que recebemos de uma fonte anônima, que revelou o envolvimento e a forte influência de quadros do FBI na força-tarefa paranaense da operação. O líder da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, recebeu pouco depois, dia 9, o prazo de 15 dias para explicar ao Conselho Nacional do Ministério Público as relações com o departamento americano de investigação.
E esta semana soubemos do impacto na vida de centenas de professores: a startup de reforço educacional “Alicerce”, que tem Luciano Huck como sócio e garoto-propaganda, anunciou que irá manter toda a equipe de educadores trabalhando — com carga horária mínima — pelo menos até janeiro. Em abril, matéria nossa assinada por Hyury Potter revelou que dezenas de profissionais da Alicerce foram dispensados, via Whatsapp (!), após o fechamento das escolas, devido à pandemia. A matéria gerou um bafafá imediato e forçou a Alicerce e Huck a se posicionarem. A startup também anunciou um auxílio financeiro para os professores produzirem material pedagógico. Será que tudo isso teria acontecido sem a reportagem?