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sábado, 18 de julho de 2020

Costa: "Não podemos perder mais tempo face à urgência"

De  Isabel Marques da Silva  •  Últimas notícias: 17/07/2020 - 18:48

Costa: "Não podemos perder mais tempo face à urgência"

Direitos de autor AP

Portugal poderá receber cerca de 48 mil milhões de euros em subvenções a fundo perdido até 2027, quase metade do valor que o país recebeu da União Europeia desde que se juntou ao bloco, em 1986.

A este montante proveniente do orçamento da União Europeia para os próximos sete anos e do novo fundo de recuperação, para três anos, poderá ainda ainda juntar-se dinheiro por via de empréstimos.

A chegada a Bruxelas, sexta-feira, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, disse que está satisfeito com o resultado das negociações bilaterais dos últimos dias, mas que, sobretudo, é preciso não perder tempo.

"Nós temos uma excelente proposta da Comissão. O presidente do Conselho fez um grande trabalho para acomodar as diferentes críticas dos diferentes Estados-membros. Agora, cabe ao Conselho não adiar, não perder tempo, e tomar as decisões que rapidamente são necessárias para responder àquilo que é a urgência para a economia, para o emprego, para a recuperação económica da Europa", disse Costa.

Mesmo que as verbas possam diminuir um pouco, o problema para Portugal poderá ser as condições de acesso ao dinheiro, mas António Costa espera que o sentido de urgência leve ao consenso.

Afinal, as estimativas para a recessão são dramáticas e no caso de Portugal estima-se que a queda do PIB, este ano, seja de 9,8%.

Cimeira da UE sobre orçamento é longa maratona negocial

De  Isabel Marques da Silva com Lusa  •  Últimas notícias: 17/07/2020 - 22:18

Bruxelas acolhe a primeira cimeira de chefes de Estado e de governo desde o confinamento

Bruxelas acolhe a primeira cimeira de chefes de Estado e de governo desde o confinamento   -   Direitos de autor Francois Lenoir/Associated Press

Todos com máscaras e alguns a cumprimentarem-se com cotovelos, mas os líderes da União Europeia reunidos em Bruxelas mantêm a tradição das maratonas de negociação, sobretudo quando a cimeira é para a aprovar o orçamento de longo prazo.

Ao fim da primeira fase de oito horasm, na sexta-feira, foi feita uma pausa antes do jantar para os lideres se reunirem em pequenos grupos consoantes as suas alianças de interesses.

O presidente do Conselho Europeu. Cahrles Michel, tenta obter um compromisso sobre um orçamento plurianual até 2027 de cerca de um bilião de euros, a que se junta um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros.

Mas o valor final, a forma de distribuir o dinheiro via empréstimos ou subvenções, e as reformas a fazer são um quebra-cabeças.

Um dos grupos mais poderosos é o denominado frugal, que reune Países Baixos, Dinamarca, Suécia e Áustria. Este grupo quer reduzir a verba total e exigem claras garantias sobre como o dinheiro será gasto.

A possibilidade de congelar fundos a quem desrespeite o Estado de Direito está a ser combatida por um grupo liderado pelo líder da Hungria. Mas o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, apela a uma postura mais solidária.

"O que está em jogo são os princípios da unidade e da solidariedade na União Europeia. Não devemos perder e vista o intersse geral. O interesse geral é enfrentar a maior recessão económica desde a Segunda Guerra Mundial. Talvez seja necessário fazer alguns compromissos, mas devemos assegurar-nos de que teremos uma solução ambiciosa, porque nossos cidadãos não esperam menos do que isso da nossa parte", disse Kyriakos Mitsotakis.

Coragem política

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu que a cimeira dedicada à resposta económica para os efeitos da pandemia de Covid-19 significará uma "negociação muito difícil", apelando à "coragem política" para chegar a acordo, em declarações prestadas na chegada ao Conselho Europeu extraordinário, o primeiro presencial em Bruxelas desde março.

"Não se trata apenas do dinheiro, trata-te também dos cidadãos, do futuro europeu e da nossa unidade e capacidade de resistir e, mesmo que seja difícil, estou convencido de que com coragem política será possível chegar a um acordo", apelou Michel.

Mas o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, considera que há condições de o fazer com base nas mais recentes propostas. "Nós temos uma excelente proposta da Comissão Europeia. O presidente do Conselho Europeu fez um grande trabalho para acomodar as diferentes críticas dos diferentes Estados-membros", declarou António Costa à chegada para a reunião.

Por seu lado, o presidente da França, Emmanuel Macron, sublinhou: "Chegou o momento de verdade em termos de ambição na Europa. Estamos a meio de uma crise sem precedentes, uma crise de saúde, mas também uma crise económica e social que exige muito mais solidariedade e ambição".

O chefe de governo italiano, Giuseppe Conte, teve um discurso semelhante: "Gostaria de esclarecer que não se trata apenas de escalões e objetivos financeiros. Estamos a elaborar uma resposta económica e social no interesse de todos os cidadãos europeus, no interesse dos valores que partilhamos e para tornar a Europa mais resiliente na cena global ".

Volume da verba e como distribuí-la

Parece haver acordo entre todos os 27 países quanto à necessidade de uma resposta urgente à crise, mas as posições quanto às modalidades dessa resposta estão afastadas e, admitem vários dirigentes europeus, o consenso exigido está longe de adquirido e esta pode não ser a cimeira que aprova o orçamento.

O primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, que lidera o grupo que quer cortes, exige reformas: "Se os países do sul estão a precisar de ajuda de outros países para lidar com a crise, o que comprendo porque têm pequena margem orçamental para lidar com a situação, penso que é razoável pedirmos um compromisso claro de reformas".

No exterior do edificio Europa, algunas organizações não-governamentais protagonizaram um miniprotesto, para defender a utilização dinheiro num modelo económico mais sustentável a nível ecológico, cortando subsídios às indústrias poluentes.

O holandês da discórdia

Posted: 17 Jul 2020 03:22 AM PDT

«A Europa que hoje e amanhã vai tentar decidir como e em que condições se entreajuda financeiramente é a mesma que não conseguiu estabelecer uma política comum para a reabertura das fronteiras, onde cada país fez o que lhe apeteceu, causando a confusão e o caos entre os viajantes.

E a mesma que respondeu em silêncio ao pedido de socorro italiano quando o número de infetados pelo coronavírus triplicava a cada 48 horas.

No final da cimeira de Bruxelas, ficaremos a saber se os líderes políticos estão à altura dos desafios que enfrentam e se ainda podemos falar do tal projeto europeu. Sendo certo que, se nem os próprios estados-membros conseguem amparar-se nas alturas mais difíceis, não se vislumbram tempos fáceis para uma Europa que anda há demasiado tempo em velocidades diferentes, disfarçando a desunião e o egoísmo que as crises internas de cada país ditaram.

Importa recordar que o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, não é só o principal rosto da oposição à proposta do plano de recuperação, que prevê 250 mil milhões de euros de empréstimos e 500 mil milhões em ajudas diretas. É também o líder de um paraíso fiscal dentro da UE que fica com milhões de euros por ano em impostos que deveriam ser pagos noutros países, incluindo Portugal. Que já nos habituou às suas declarações polémicas sobre os países do Sul da Europa e cujo Governo sugeriu uma investigação a Espanha por não ter margem orçamental para enfrentar a pandemia. E que depois de ter reunido com o presidente francês, a chanceler alemã e os primeiros-ministros italiano, espanhol e português, disse que, se não houver acordo, não será o fim do Mundo. Todos nos lembramos do argumento do então presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês de que os europeus do Sul gastam todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedem ajuda. Jeroen Dijsselbloem não se vai sentar no Conselho Europeu. E isso é bom. Mas não está mal representado. E isso é mau.»

Manuel Molinos

Tudo bons rapazes

por estatuadesal

(Pedro Filipe Soares, in Público, 17/07/2020)

Há pessoas com azar. É essa a única conclusão, segundo Rui Rio. Depois do Ministério Público considerar que a campanha presidencial de Cavaco Silva foi financiada pelo tal “saco azul” do Grupo Espírito Santo (GES), o atual líder do PSD diz que não acredita em tal coisa. Pouca sorte, deve ter sido.

As provas estão aí para uma análise imparcial. Um total de 253.360€ foram entregues por administradores do BES e do GES à campanha presidencial de Cavaco Silva. Cada donativo individual não ultrapassou o máximo permitido por lei e o valor total representou metade do que tinha sido orçamentado para a campanha. Os beneméritos receberam depois o dinheiro de volta através da ES Enterprises, uma entidade controlada pelo GES e que é considerado o tal “saco azul” do grupo. É este o esquema para contornar a lei e colocar uma empresa (o GES) a financiar uma campanha eleitoral.

Rui Rio acha impensável que Cavaco Silva tenha sido ilegalmente financiado. Já Cavaco Silva diz que estava acima dessas coisas. Explicou no seu livro Quinta-feira e outros dias que foram Eduardo Catroga e Ricardo Baião Horta quem se encarregou do financiamento da sua campanha. “Foi um apoio que muito valorizei, porque, pessoalmente, sempre tive uma forte aversão a pedir dinheiro para campanhas eleitorais. Nunca o fiz ao longo da minha vida política”, afirma. Que chatice ser conspurcado agora com estas coisas.

Que culpa teve Cavaco Silva de Ricardo Salgado o financiar? Logo a ele que não queria saber dessas coisas mundanas. Imagino como deve invejar os outros candidatos que não tiveram dinheiros ilícitos. A triste reputação que vai agora perseguir Cavaco Silva até traz lágrimas aos olhos.

Se Cavaco Silva soubesse nunca teria aceite aquele jantar em casa de Ricardo Salgado, em 2004. Esse jantar ao qual foi com a sua mulher, onde partilhou o momento com Marcelo Rebelo de Sousa e o então primeiro-ministro Durão Barroso, em que foi pressionado por Ricardo Salgado a candidatar-se às eleições presidenciais, foi o momento. Deve ter sido mesmo o tal momento do qual se diz que não há refeições grátis. Como deve ser infeliz ter-se a retidão de Cavaco Silva e uma vida tão madrasta que lhe prega estas partidas.

Sim, porque antigamente é que era bom. Antes da lei proibir que empresas financiassem partidos nada isto era incorreto, quanto mais ilegal. Ah, os bons velhos tempos em que o BES e o GES podiam financiar os partidos do regime sem esta publicidade negativa, sem este mal estar. Depois disso, tiveram de surgir os esquemas, porque os financiamentos eram mais difíceis de desaparecer. Mas, Cavaco Silva não sabia de nada. Rui Rio, que anda nisto há tantos anos, acredita nisso, piamente. Aliás, se ainda houvesse BES nada disto era um problema, a Terra giraria à volta do Sol normalmente.

Nem tudo era fácil antes da queda do BES, percebe-se. Como foi difícil ao CDS escapar do financiamento ilegal do caso Portucale, nem queiram saber. Ter um milhão de euros a entrar pelas contas de um partido adentro não é coisa fácil. Gerir tamanha generosidade tira anos de vida, de certeza.

Mesmo os esquemas fiscais criados para legalizar rendimentos não deixaram as coisas resolvidas. As amnistias fiscais (os Regime Especial de Regularização Tributária - RERT) foram boas para muito do dinheiro que estava escondido em offshore ou para normalizar fraudes fiscais, iremos ter a confirmação disso quando for provado que muitos dos pagamentos do “saco azul” do GES passaram por esta lavagem. Mas, nem tudo ficou resolvido. Veja-se agora a cruz que carrega Miguel Frasquilho, que tem uma declaração das finanças a dizer que está tudo em ordem, mas o nome nos escaparates com as provas de ter recebido do tal “saco azul”. Que vidas tão difíceis agora que estão manchadas pela sombra de Ricardo Salgado.

Sabe-se que Ricardo Salgado era o Dono Disto Tudo. Até parece que há provas de ele ter uma espécie de rede mafiosa, com contabilidades paralelas. Mas, a nossa elite é impoluta, limpa como água acabadinha de sair da nascente. Que chatice ter caído lá esta gota de óleo, conspurcou aquilo tudo.

Salve-nos a ironia, que quanto ao resto já fomos condenados e cumprimos pena. Só os culpados é que ainda andam à solta.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Twitter investiga ataque de piratas informáticos

De  Euronews  •  Últimas notícias: 16/07/2020 - 15:15

Twitter investiga ataque de piratas informáticos

Direitos de autor Rick Bowmer/Copyright 2018 The Associated Press. All rights reserved.

A conta no Twitter de Joe Biden foi um dos inúmeros alvos de um ataque coordenado de piratas informáticos à rede social. O caso, que deixou, várias personalidades do mundo político, empresarial e até celebridades em sobressalto começou a ser investigado. De acordo com o website Vice, os hackers terão convencido um funcionário do Twitter a apoiá-los no ataque.

Na noite desta quarta-feira, os hackers serviram-se da conta do candidato democrata às presidenciais americanas para publicar uma mensagem de imensa generosidade.

Prometia o "retorno em dobro" a quem enviasse dinheiro a um endereço de bitcoin indicado na referida mensagem. Mas a bonificação só estaria disponível durante 30 minutos.

Como Joe Biden, também Barack Obama ou Elon Musk, CEO da Tesla, foram vítimas do ciberataque e apesar de o Twitter tentar apagar as mensagens, os piratas conseguiram emiti-las várias vezes das mesmas contas. Foi o que aconteceu também com a conta de Bill Gates, cofundador da Microsoft e um dos homens mais ricos do mundo, que aparentemente fazia uma proposta tentadora.

A mesma mensagem passou pelo perfil do fundador da Amazon, Jeff Bezos, do rapper Kanye West e de Kim Kardashian, bem como pelas contas de gigantes como a Apple ou a Uber.