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sábado, 16 de dezembro de 2017

Entre as brumas da memória


O PSD no seu labirinto

Posted: 15 Dec 2017 12:21 PM PST

Público, 15.12.2017

Aprecie-se a transcendência das questões com que andam entretidos os candidatos a presidente do PSD.

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O padre Felicidade morreu há 19 anos

Posted: 15 Dec 2017 08:40 AM PST

Com um dia de atraso, faço questão de recordar que José da Felicidade Alves morreu em 14 de Dezembro de 1998, com 73 anos.

Com uma vida atribuladíssima, foi certamente uma das figuras centrais da oposição dos católicos à ditadura, sobretudo a partir de meados da década de 60. Não se estranhe que continue a chamar-lhe «padre Felicidade»: faço-o unicamente porque foi como ele sempre desejou ser tratado – até ao fim.

Prior da paróquia de Santa Maria de Belém, em Lisboa, desde 1956, foi sobretudo a partir de 1967 que as suas intervenções começaram a causar incómodo tanto ao poder político como ao eclesiástico (embora já em 1965 tivesse sido enviado por Cerejeira para Paris).

No início de 68, ausentou­‑se de novo para aquela cidade (continuando, no entanto, como prior titular de Belém) para prosseguir estudos de Teologia Ecuménica. De visita a Lisboa por ocasião da Páscoa, resolveu fazer uma comunicação ao Conselho Paroquial, na presença de oitenta pessoas, comunicação essa que desencadeou um longo e atribulado processo que iria culminar no seu afastamento da paróquia, na suspensão das funções sacerdotais e, já em 1970, na excomunhão (ou seja exclusão da própria comunidade eclesial). A comunicação de 19 de Abril tinha duas partes: Perspectivas de transformação nas estruturas da Igreja e Sentido da responsabilidade pessoal na vida pública do meu país, sendo abordados, nesta última, problemas que iam da necessidade da abolição da censura, ao direito à informação e à discussão da guerra colonial.

O cardeal Cerejeira avançou com uma tentativa de o retirar da paróquia logo em Maio, mas seguiu-se todo um processo, recheado de peripécias, que terminou com a referida suspensão das funções sacerdotais.

Houve então inúmeras reacções de paroquianos e de centenas de padres e de leigos. A páginas tantas, não me recordo exactamente quando, um grande grupo de pessoas, solidário com o padre Felicidade, dirigiu­‑se de Belém para o Patriarcado, onde se acantonou no átrio e numa pequena área do passeio, protegida por um gradeamento e por isso a salvo da intervenção policial. Foi pedida uma audiência a Cerejeira que não apareceu mas enviou um secretário para dispersar os presentes. Ficará na memória de todos «Esta casa é nossa!», um grito repetidamente lançado nessa tarde, no seu jeito bem peculiar, por Francisco de Sousa Tavares. O cardeal não nos recebeu, mas estava reunido, a essa mesma hora, com alguns paroquianos de Belém muito activos contra o padre Felicidade. Quando esta reunião terminou e os participantes desceram a escada do paço patriarcal, deu­­­‑se uma cena patética: uma dessas pessoas, salazarista ferrenho, viu no meio da multidão que se encontrava no átrio a mulher acompanhada pela filha. Ele gritou mandando­‑as para casa, elas choraram abraçadas, silenciosamente. Inesquecível.

Uma das principais iniciativas do padre Felicidade depois do afastamento da paróquia de Belém, em Novembro de 1968, foi a publicação de onze números dos Cadernos GEDOC, em 1969 e 1970, dos quais foi o grande impulsionador (juntamente com Nuno Teotónio Pereira e Abílio Tavares Cardoso). Publicação que começou por ser legal, embora à revelia e prontamente condenada pelo cardeal Cerejeira, passou à clandestinidade quando os seus principais responsáveis, incluindo o padre Felicidade, foram presos pela PIDE.

Depois do 25 de Abril, Felicidade Alves aderiu ao PCP, onde se manteve até morrer, embora sem actividade de militância nos últimos anos. Até neste aspecto a sua vida foi atípica, já que foram poucos os chamados «católicos progressistas» que escolheram tal percurso.

Mas verdadeiramente decisiva foi a sua grande influência nos meios católicos, a frontalidade das atitudes e do discurso. Como muito bem definiu Abílio Tavares Cardoso, um dos seus principais compagons de route, os textos do padre Felicidade «não traduzem só um novo paradigma de estar e de lutar na Igreja, mas vão ficar na história como páginas antológicas para uma literatura de indignação».

Tinha-se casado civilmente em 1970, mas só em 10 de Junho de 1998, seis meses antes de morrer, trinta anos após o início de um longo processo dramático com a Igreja e quando, finalmente, foram resolvidos os problemas a nível do Vaticano, é que o cardeal José Policarpo celebrou o seu casamento canónico – tal como o padre Felicidade sempre desejara.

P.S. – Este texto resulta, em parte, de transcrição e adaptação de algumas páginas de um livro que publiquei em 2007: Entre as brumas da memória. Os católicos portugueses contra a ditadura, Âmbar, 248 pág.

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Time after time

Posted: 15 Dec 2017 08:41 AM PST

«A personalidade do ano da Time em 2017 são as pessoas que denunciaram casos de assédio sexual. De uma forma ou de outra, Donald Trump tinha de ser capa. Segundo ouvi dizer, o Presidente dos Estados Unidos, assim que soube desta notícia, foi abrir a Time nas páginas centrais, na vertical, na esperança que uma delas aparecesse seminua. Se eu pudesse escolher a palavra do ano, escolhia "assédio", seguido de "alegado".

No último ano, "descobrimos" que Hollywood é um enorme metro cheio na estação do Chiado. Tudo a apalpar o que pode. É triste descobrir que a meca dos sonhos é povoada pela mesma malta que buzina em Lisboa quando passa por uma jeitosa. São pessoas com síndrome de Tourette nas mãos, que me desculpem os que o têm. Ser capa da Time não é para todos mas, infelizmente, neste caso, é para quase todas.

Se eu fosse o Trump, podia dizer - "eh, eh, o assédio é capa da Time, devem ter dormido com poucos para conseguir isto!" Ou melhor, "se não fosse eu, o assédio nunca tinha sido capa da Time. Ainda dizem que tenho mão pequeninas." Para nós, todas estas revelações são chocantes. Apesar de termos um Presidente dos afectos - e beijoqueiro, é verdade -, não temos um Presidente dos apalpões.

Todos tivemos desgostos quando soubemos que o nosso actor preferido, ou realizador favorito, era, na verdade, um tipo todo nu com uma gabardina. Não sou dos que acha que a obra seja apagada. Não podemos confundir o artista com a obra. O importante é que se um dia dermos de caras com esse artista que nos desiludiu, em vez de lhe pedirmos um autógrafo, é optar por um pontapé nos testículos. Seguido de um - "Gosto muito do seu trabalho".

A esta hora, a caixa de comentários está cheia de garbosos machos a dizer que o Quadros é feminista. Não sou, tenho defeito de fabrico. Dou por mim a olhar para as fotos das assediadas e a dizer - fazia, não fazia, fazia, fazia, arrrrrrrgggghhh! Quem é que pôs aqui uma fotografia da Teodora Cardoso?! Vocês têm cá uma piada!

O facto de o assédio ser capa da Time é um momento importante. Sinceramente, eu estava à espera que fosse o Centeno. É uma grande vitória e um tema intemporal, pode a revista ficar esquecida num consultório de dentista que continua a ser sempre actual, infelizmente. Relembro que, há vinte e tal anos, a capa da Time foi a fome em África.»

João Quadros

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JEUNESSE | LIVE


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Aquela que pensavas ser tua filha é, na realidade, o teu bisavô

por vitorcunha

Quando ela deu à luz a filha que é filha da filha, não esperava que filha-mãe se pusesse com tretas de lhe vestir um vestido igualzinho ao do boneco opressor que recebera no McDonalds em vez do G.I. Joe com pénis de polistireno. Quem diria que numa família tão progressista, com a esposa da filha-mãe a jurar eterna identidade de género do tipo fufa-puro, acabaria tudo à molhada com o caso da mãe-pai com um canalizador de identidade de género do tipo bonzo? O que é certo é que a mãe-avó está a braços com o encargo da filha-neta enquanto a filha-filha vai espairecer do choque emocional de ver a esposa-pai a engravidar do bonzo.

Estas histórias, verdadeiros dramas de pungência hollywoodesca pré-violações são corriqueiras na assembleia da república.

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A provocação está-lhe nos ossos

Ipsilon

  Vasco Câmara 

15 de Dezembro de 2017

“Foi uma altura tão fértil para a rebelião, em todos os sentidos. Socialmente, politicamente, sexualmente, artisticamente… Foi muito formativo para mim. Os anos 60 estão-me nos ossos”, dizia ao Ípsilon Yvonne Rainer, 83 anos, dias antes de mostrar no Museu de Serralves, no Porto, parte daquilo em que se tornou: numa das mais influentes coreógrafas do século XX (o Judson Dance Theater, que também foi dela, foi responsável por uma revolução a que se chamou dança pós-moderna, abrindo os corpos ao quotidiano, aos gestos banais e imprevíveis), mas também escritora e activista política.

Sábado dá uma conferência, Revision: A Truncated History of the Universe for Dummies. A Rant Dance (Revisão: Uma História Truncada do Universo para Totós. Uma Dança Inflamada), com leitura do seu livro de poesia, Poems. No domingo apresenta The Concept of Dust: Continuous Project – Altered Annually. Confirmaremos o que Mariana Duarte escreve no tema de capa deste suplemento: Yvonne continua a ser a rebelde com causa que nas décadas de 60 e 70 saía para as ruas em protesto. Ei-la nesses anos:

Qual é a nossa história? Star Wars pode contá-la. Pode contar-nos. Na altura em que chega a Portugal Os Últimos Jedis, Joana Amaral Cardoso faz a intersecção dessas duas trilogias, de uma terceira em curso e de uma quarta a caminho com o que importa dentro de nós: A atracção do lado negro: crescer com Star Wars.

Mas é tudo isso, ou é apenas um filme como os outros? É sempre a mesma galáxia?

É de luz que continuamos a falar: esteve atrás da câmara em Apocalypse Now, O Último Tango em Paris ou O Último Imperador e explica ao Ípsilon como constrói a fotografia de um filme, no caso, Roda Gigante de Woody Allen. É Vittorio Storaro à conversa com Jorge Mourinha.

Gonçalo Frota conversa com Filipe Melo e Juan Cavia, os da saga Dog Mendonça e Pizzaboy, que, depois de Os Vampiros, se aventuram por uma BD em que o espectacular cede terreno para a ambiguidade: Comer/Beber.

Isabel Lucas leu o primeiro dos dois volume das cartas (mais de 1400) de Sylvia Plath, uma obra gigantesca que dificilmente será editada em Portugal. São quase 1400 cartas que a autora escreveu desde os oito anos até às vésperas da sua morte, a 11 de Fevereiro de 1963, quando aconchegou os dois filhos, fechou a porta da cozinha e pôs a cabeça no forno. Mas The Letters of Sylvia Plath desafia o mito: revela uma mulher ambiciosa, com sentido de humor, relação obsessiva com a comida, que gostava de moda e queria ser feliz.

E damo-vos música. Melhor: Neil Young disponibiliza-nos toda a sua música. Até 30 de Junho de 2018, através do  seu serviço de streaming de alta fidelidade, ela é toda nossa. Mário Lopes conta-nos essa vida.

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Nicolau Santos deixa o “Expresso”

por estatuadesal

(In Jornal Económico, 15/12/2017, 20h)

O jornalista manter-se-á como cronista do jornal, no seu espaço de opinião no caderno de Economia, no site e no "Expresso Diário", bem como na "SIC Notícias", como comentador e como moderador do "Expresso da Meia Noite".

Continuar a ler aqui: Media: Nicolau Santos deixa o “Expresso” – O Jornal Económico

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RARÍSSIMAS vezes…

por estatuadesal

(Por Carlos Esperança, in Facebook, 15/12/2017)

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Raríssimas vezes a mãe de uma criança disforme e deficiente encontra forças para lutar por ele e, com ele, por outros como ele.

Raríssimas vezes a mãe, que trouxe no ventre um feto teratogénico, tem a sabedoria e a arte de conseguir, para a criança, a solidariedade de tantos, a simpatia geral e o apoio da Segurança Social, para fundar uma obra de cuidados modelares para crianças diferentes.

Raríssimas vezes a mágoa e o desespero que marcaram a tragédia de uma mulher foram tão criativos, e tiveram um final tão feliz para as crianças que nasceram diferentes num país que é solidário e tem o SNS que nasceu dos votos do PS, PCP, UDP e do deputado independente Brás Pinto.

Raríssimas vezes uma obra nasce tão bem e passa pelo sobressalto de ter à sua frente a mãe que, perdido o filho, canibalizou a obra para proveito próprio e alegadamente a usa para comprar vestidos caros, viagens mundanas e promover relações que atraem as tias de Cascais e a D. Maria Cavaco (equiparada), a rainha de Espanha e o PR português, os ministros da Segurança Social e outras altas personalidades, de Eanes a Leonor Beleza, de Maria de Belém a Fernando Ulrich.

E eis como a ambição da mulher mundana e venal, que eventualmente desviou dinheiros e cometeu peculato, se transforma, de um caso de polícia, num caso político. Um jornal confundiu a verba legítima que o atual governo transferiu com as comparticipações previstas no anterior para vários anos e, para denegrir um ministro competente, atribuiu-lhe a quadruplicação das verbas, o que é mentira; a TVI referiu-se a vestidos caros como sintoma do Governo que temos, quando comprados na vigência do anterior e como se isso fosse uma legítima arma política e não um caso de abuso pessoal.

Face à conspiração de silêncio perante os desmandos da direita e à necessidade desviar atenções sobre o desnorte do PSD e do CDS, é preciso criar casos para lançar suspeitas sobre o governo que procura a saída do buraco em que Passos Coelho e Portas lançaram o País, com a cumplicidade de Cavaco.

Bastam meias-verdades e grosseiras mentiras para adicionar à monotonia nauseante dos noticiários sobre os incêndios e atacar o Governo, mas não destruam a RARÍSSIMAS de cujo conselho fiscal não se ouviu falar.

Apostila – Sexta-feira, 15 de dezembro de 2017 – Agência Europeia de Doenças Raras suspende Raríssimas.

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Time after time

por estatuadesal

(João Quadros, in Jornal de Negócios, 15/12/2017)

quadros

João Quadros

A personalidade do ano da Time em 2017 são as pessoas que denunciaram casos de assédio sexual. De uma forma ou de outra, Donald Trump tinha de ser capa. Segundo ouvi dizer, o Presidente dos Estados Unidos, assim que soube desta notícia, foi abrir a Time nas páginas centrais, na vertical, na esperança que uma delas aparecesse seminua. Se eu pudesse escolher a palavra do ano, escolhia "assédio", seguido de "alegado".

No último ano, "descobrimos" que Hollywood é um enorme metro cheio na estação do Chiado. Tudo a apalpar o que pode. É triste descobrir que a meca dos sonhos é povoada pela mesma malta que buzina em Lisboa quando passa por uma jeitosa.

São pessoas com síndrome de Tourette nas mãos, que me desculpem os que o têm. Ser capa da Time não é para todos mas, infelizmente, neste caso, é para quase todas.

Se eu fosse o Trump, podia dizer - "eh, eh, o assédio é capa da Time, devem ter dormido com poucos para conseguir isto!" Ou melhor, "se não fosse eu, o assédio nunca tinha sido capa da Time. Ainda dizem que tenho mão pequeninas." Para nós, todas estas revelações são chocantes. Apesar de termos um Presidente dos afectos - e beijoqueiro, é verdade -, não temos um Presidente dos apalpões.

Todos tivemos desgostos quando soubemos que o nosso actor preferido, ou realizador favorito, era, na verdade, um tipo todo nu com uma gabardina. Não sou dos que acha que a obra seja apagada. Não podemos confundir o artista com a obra. O importante é que se um dia dermos de caras com esse artista que nos desiludiu, em vez de lhe pedirmos um autógrafo, é optar por um pontapé nos testículos. Seguido de um - "Gosto muito do seu trabalho".

A esta hora, a caixa de comentários está cheia de garbosos machos a dizer que o Quadros é feminista. Não sou, tenho defeito de fabrico. Dou por mim a olhar para as fotos das assediadas e a dizer - fazia, não fazia, fazia, fazia, arrrrrrrgggghhh! Quem é que pôs aqui uma fotografia da Teodora Cardoso?! Vocês têm cá uma piada!

O facto de o assédio ser capa da Time é um momento importante. Sinceramente, eu estava à espera que fosse o Centeno. É uma grande vitória e um tema intemporal, pode a revista ficar esquecida num consultório de dentista que continua a ser sempre actual, infelizmente. Relembro que, há vinte e tal anos, a capa da Time foi a fome em África.


TOP-5

Time

1. Raríssimas: Vieira da Silva está "de consciência tranquila" - Sou só eu que acho que o ministro fica com gaguez quando fala da Raríssimas? Se calhar, aquela senhora que estava com ele na conferência de imprensa era a terapeuta da fala.

2. Assédio. Empresas norte-americanas estão a optar por jantares de Natal sem álcool - É tornar a coisa ainda mais insuportável.

3. Parlamento Europeu atribui nome de Mário Soares a sala de reuniões em Bruxelas - Onde os deputados costumam ir fazer a sesta.

4. Isabel dos Santos transferiu 238 milhões poucas horas antes do congelamento de bens - É como aquelas senhoras de idade que sabem que amanhã vai estar de chuva porque lhes dói o sítio onde fracturaram o braço.

5. "Ninguém deve ser membro do Governo contrariado", diz Santos Silva sobre a demissão de Manuel Delgado - Resumindo, "duck face", sim, beicinho, não.

Centeno, o homem do ano 2017

Centeno, o homem do ano 2017

por estatuadesal

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 15/12/2017)

nicolau

Hoje ao cair da noite a agência de notação financeira Fitch vai subir em dois níveis a classificação da dívida portuguesa, retirando-a da categoria de “lixo”, onde se encontrava há seis anos. É a segunda das três maiores agências internacionais a fazê-lo. E em Janeiro será a vez da Moody’s seguir o mesmo caminho, iniciado pela Standard & Poor’s em Setembro quando sem ninguém o prever retirou a dívida portuguesa de “lixo”.

Trata-se de uma extraordinária vitória para Portugal, para o atual Governo e para o ministro das Finanças, Mário Centeno, o último responsável pela estratégia económica que Portugal tem vindo a seguir desde o final de 2015. E é uma extraordinária vitória porque as políticas económicas defendidas por Centeno foram recebidas com enorme cepticismo pela Comissão Europeia, pelo FMI, pelo Eurogrupo e pelos investidores e os mercados. Com efeito, defender que era possível cumprir os compromissos europeus, cortando radicalmente com a estratégia seguida de forma fundamentalista pelo Governo PSD/CDS e defendida pela troika exigiu grande coragem e uma forte convicção de que as coisas podiam ter os mesmos resultados por outras vias, com muito menos dor social.

2016 foi um ano difícil, em que a economia cresceu menos que em 2015. Mas em 2017 sucederam-se os êxitos. Portugal vai registar o défice mais baixo de sempre em democracia e o maior crescimento deste século. As exportações tem mantido um forte aumento, o investimento está de regresso e há crescimento do emprego e redução para lá do previsto no desemprego. O saldo da balança corrente e de capital mantém-se positivo. A recuperação tem-se caracterizado por uma reafectação crescente de recursos para o setor dos bens e serviços transacionáveis – ou seja, estamos perante um crescimento que assenta em bases saudáveis. E está a verificar-se a redução do endividamento público e privado.

Tudo isto originou que o país saísse do Procedimento por Défice Excessivo, onde se encontrava desde 2011 e que em Novembro conseguisse pela primeira vez na sua história emitir dívida a dez anos com uma taxa inferior a 2%. E Mário Centeno vê coroada a sua convicção e os êxitos que tem para apresentar com a eleição em Dezembro para presidente do Eurogrupo, onde os seus pares o receberam na primeira reunião em que participou ainda em Dezembro de 2015 de forma gelada, olhando para o lado e evitando cumprimentá-lo.

Ora por mais voltas que se dê e por mais que se tente denegrir estes resultados eles foram obtidos por um governo socialista, liderado pró António Costa e tendo Mário Centeno como ministro das Finanças. Mesmo que contra vontade, a Comissão, o FMI, o Eurogrupo e o Banco de Portugal tiveram de render-se às evidências. Era possível seguir outra via para reduzir a dívida e o défice sem ser através de brutais aumentos de impostos diretos e cortes draconianos nos salários, pensões e nos apoios sociais do Estado. Ou seja, Centeno ganhou. É claramente, na área económica, o homem do ano de 2017.

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Associação de Vítimas de Pedrógão critica ausência de proatividade do Governo

Para Nádia Piazza, a falta de proatividade também se deve ao facto de o desastre ter acontecido no interior do país.

Por Lusa

Nádia Piazza

Nádia Piazza, presidente da Associação de Apoio às Vítimas de Pedrógão Grande Lusa 42 0 A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) considera que não houve proatividade do Governo na prevenção e no combate, assim como no pós-incêndio. Em entrevista à agência Lusa, Nádia Piazza sublinhou que foi "sobretudo por falta de proatividade das entidades públicas" que a associação das vítimas nasceu naquele território afetado pelo grande incêndio de 17 de junho, que causou 66 mortos e mais de 250 feridos. "Mas o que seria de esperar? Se não houve proatividade na prevenção, se não houve proatividade no combate, se não houve proatividade no socorro, porque haveria proatividade quando estaríamos a enterrar os nossos familiares? Não houve", afirmou a presidente da AVIPG. Para Nádia Piazza, a falta de proatividade também se deve ao facto de o desastre ter acontecido no interior do país. "Somos meia dúzia de votos. Meia dúzia de votos não gere grande proatividade. Porque é que depois as coisas se alteraram? Foi porque o resto do país se condoeu. O resto do país também chamou a atenção para isso. Até aqui, éramos terra de esquecidos e ostracizados. Ninguém queria saber de nós -- nós, território", sublinhou. De acordo com Nádia Piazza, as entidades públicas deveriam ter retirado "imediatamente" lições do desastre de Pedrógão Grande, já que "as lições começaram a surgir muito rapidamente". "Só que ficámos à espera. Não houve sensibilização, não houve alterações no terreno e em outubro volta a acontecer tudo de novo", frisou, criticando o facto de se terem ficado os primeiros quatro meses "à espera de relatórios - uma coisa muito típica em Portugal". Com o incêndio de Pedrógão Grande ficou também claro que o país "não está preparado para catástrofes, como se elas não pudessem acontecer, como se em Portugal não houvesse incêndios todos os anos". Nesse sentido, também aí o Governo "foi pouco proativo", disse. Nádia Piazza considerou também que o risco tem de ser avaliado e que as pessoas têm de estar preparadas para este tipo de situações. "É para isso que existem as figuras de emergência, as figuras do desastre e da catástrofe. É para isso que a gente elege as pessoas e essas pessoas nomeiam e elegem e abrem concurso para outros cargos de dirigentes", defendeu. Segundo Nádia Piazza, os planos não são "para ficar na gaveta". Nesse sentido, espera que os dois grandes relatórios produzidos no contexto do incêndio permitam uma mudança "daqui para a frente", para que haja uma aposta de futuro "mais de prevenção do que de combate".

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