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sexta-feira, 16 de março de 2018

Ladrões de Bicicletas


Terror

Posted: 15 Mar 2018 08:32 AM PDT

«Ontem à noite, estava no twitter quando li a notícia da morte de Marielle Franco. Na conta dela, o último tuite tinha duas horas. Estava numa sessão com activistas negras. Foi morta quando saiu: 4 tiros na cabeça, disparados de um carro que se pôs ao lado do dela. O motorista também foi morto. Escapou a assessora, cujo estado desconheço. Terão sido disparados pelo menos 9 tiros.
Nunca ouvira falar de Marielle. Mas o simbolismo terrível da execução impôs-se imediatamente. Uma mulher negra e feminista, política de esquerda, vereadora do Rio nascida numa favela, lutando pelos direitos dos pobres e denunciando a violência de Estado e, soube hoje, gay. Um jackpot do ódio de direita. Nas respostas ao ultimo tuite dela, manifestações de dor, terror, mas também ódio e gozo. E uma pergunta pungente: por que dizem que você está morta?
Por que dizem que você está morta. A pergunta de alguém que não pode acreditar em algo tão terrível, que aquela mulher sorridente que momentos antes nos relatava, vibrante e combativa, uma sessão de resistência, tenha acabado, não seja mais. Noutra thread sobre a morte de Marielle, há mulheres a dizer que não conseguem mais ver "Handmaid’s Tale", porque sentem que é aquilo que vai acontecer no Brasil.
Sim, é terror o que esta execução declara. Foi isso mesmo que eu, que não sou brasileira nem grande conhecedora da realidade do Brasil, senti ontem: que se entrou numa outra dimensão. Um assassinato político como este é uma mensagem clara, sem hipótese de confusão. É um acto de terrorismo. E, no entanto, vejo as aberturas dos telejornais portugueses e nenhuma menção. Se tivesse sido um muçulmano a esfaquear ou atropelar alguém numa rua da Europa ou dos EUA era a primeira notícia; se fosse um político europeu ou americano assassinado desta forma, ou mais um tiroteio numa escola dos EUA, seria das primeiras. Mas uma política brasileira da oposição executada a tiro no tumulto que é o Brasil "nosso irmão" não merece menção. Não é nada de especial, pelos vistos.»
Fernanda Câncio (facebook)

Mudança de pele

Posted: 15 Mar 2018 04:15 AM PDT

Houve um momento de ruidoso riso no fim do último programa "O Outro lado", da RTP.
Foi quando vice-presidente do CDS Adolfo Mesquita Nunes escolheu um video. Veja-se ominuto 46'30' e depois o que aconteceu, com as explicações do dirigentes do CDS. E depois volte-se aqui.
Adolfo Mesquita Nunes é dado como a cara modernizadora do CDS. Se bem se percebe do debate público, porque enquanto secretário de Estado promoveu Portugal no estrangeiro (a explosão do turismo dever-se-ia a ele...) e porque assumiu a sua orientação homossexual. Adolfo dá mostras de ser um jovem à-vontade, com abertura de espírito e sincero. Mas no resto ele revela-se um típico militante do CDS: em momentos de aperto, envereda pela palavra fácil, inconsistente.
Veja-se os seus argumentos noutra parte do programa. A questão em debate era se Assunção Cristas não seria penalizada politicamente por ter sido ministra de um governo que cerceou a despesa pública, quando hoje critica o governo PS por não fazer investimento público.

"AMN: Se há partidos que têm problemas com ministros do governos anteriores é o Partido Socialista. Os ministros socratistas estão lá todos. Se há algum governo que deveria ter vergonha de se voltar a pôr a eleições era a maior parte dos ministros socialistas.

João Adelino Faria: Mas eu estou a falar da troica e da austeridade que foi impostas aos portugueses...

AMN: Pois, os portugueses sabem como é que a troica cá chegou. Precisamente na sequência dos ministros socialistas que estão todos lá..."


Parece uma típica manobra de diversão. Mas não é séria.  É enganadora. E pressupõe um mau-viver não assumido com o que foi feito, até porque, na realidade, não se mudou de opinião.
1. A dívida pública nunca foi o problema da dívida bruta nacional. A dívida privada correspondeu ao dobro da pública e conviria explicar porquê;
2. Mesmo a dívida pública começou a crescer sobretudo a partir de 2000 e isso talvez diga muita coisa, mais do que o mandato de José Sócrates. Cresceu mesmo no mandato PSD/CDS de 2002/4. Mas mais que tudo subiu desde 2009 e isso coincide com o início da percepção em Portugal dos efeitos da crise internacional. O Governo Sócrates teve uma gestão orçamental eleitoralista, sim, mas poderia coincidir com uma política de ataque à crise, aliás incentivada por Bruxelas até Março de 2010;
3. A partir de Março de 2010, a orientação europeia foi de austeridade, o que aprofundou ainda mais a recessão e provocou a volatilidade dos mercados. Nessa altura, a direita - CDS inclusivé - defendia o fim dos sacrifícios sociais.
4. O CDS foi para o Governo em Maio de 2011 e aplicou a pior das austeridades que tanto criticara. Havia outras políticas, mas foram essas as opções. Essas políticas foram mais além da troica e explicam a profunda e histórica recessão em 2012 que fez o desemprego atingir níveis recordes de 1,5 milhões de pessoas. O ministro do CDS deu a cara pela política de aperto salarial e desprotecção dos desempregados num momento em que a política seguida mais os atingia, contribuindo para uma maior precariedade e maior pobreza entre trabalhadores e sem resultados orçamentais visíveis. O CDS poderia ter defendido outras políticas, mas não. Assumiu-as até 2013. Depois quis fugir irrevogavelmente, mas não pôde. E ficou amarrado. E agora quer escapar-se outra vez. Com novas caras e algumas lavadas.
Mesquina Nunes poderá ser uma boa alma. Mas nada lhe retira a sensação de ser aquilo que é necessário para o "velho CDS" mudar de pele.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Ladrões de Bicicletas


Jornalismo de «pé de microfone», que apenas faz eco?

Posted: 13 Mar 2018 07:48 PM PDT

Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia no anterior governo de direita e atual economista-chefe da OCDE, deu uma entrevista ao ECO. Relativamente a Portugal, sobressaem nessa entrevista duas ideias essenciais: por um lado, a ideia de que «reformas do mercado laboral, entre outras», explicam o crescimento da economia portuguesa nos últimos anos; e, por outro, a ideia de que é importante «continuar a fazer reformas», referindo como fundamentais «as reformas da Justiça e da Educação», que se juntam à «reforma da administração pública» e à necessidade de «manter a sustentabilidade da Segurança Social».
Que um ex-ministro como Álvaro Santos Pereira não queira ir além das parangonas é natural. Mas que os jornalistas insistam num registo de passividade, dispensando-se de fazer as perguntas óbvias, já começa a ser demasiado habitual. Seria assim tão despropositado solicitar ao economista-chefe da OCDE que explicitasse devidamente a relação causal entre as reformas laborais adotadas e o crescimento da economia? Custaria muito perguntar-lhe que medidas concretas tem em mente quando fala das reformas da administração pública, da justiça e da educação? Ou das medidas que permitem, em sua opinião, «manter a sustentabilidade da Segurança Social»? Será que nunca vamos conseguir sair deste registo, em que o jornalista se limita a ser «um estafeta reduzido a um papel de mero transporte [ou] um pé de microfone»? Será mesmo preciso levar à letra, no caso desta entrevista, o nome do jornal que a publica?

Do «TINA» ao «TIA»: o caso português

Posted: 13 Mar 2018 03:33 AM PDT

«O modelo económico português, que ultrapassa atualmente as taxas de crescimento alemão, é totalmente contrário ao modelo preconizado por Bruxelas. (...) Nenhuma reforma estrutural do mercado de trabalho para cortar direitos dos trabalhadores, nenhuma redução na proteção social, nenhum programa de austeridade como o do Governo anterior, de direita, que tinha congelado o salário mínimo e as pensões de reforma e aumentado os impostos, tudo isso sem qualquer impacto notório na economia. Pelo contrário, assistimos nesse período a um aumento da pobreza.
Desta vez, não foi igual: o salário mínimo foi aumentado em 2016 e em 2017, (...) houve uma redução das cotizações por parte das entidades empregadoras (...) [e] o Governo não hesitou no que toca ao relançamento do poder de compra: aumentou as pensões e os abonos de família, reforçou os direitos do trabalho, reduziu os impostos sobre os salários mais baixos, suspendeu as privatizações... (...) Portugal percebeu que não adiantaria tentar fazer concorrência aos países de Leste com custos baixos e, portanto, passou a investir em maior qualidade tanto na indústria como no turismo. Um ponto que deveria inspirar particularmente a França: o investimento na qualidade da produção e em políticas de estímulo da procura».
Pascal de Lima, O insolente crescimento de Portugal constitui uma afronta ao culto da austeridade (traduzido e publicado no Expresso do passado fim-de-semana, com ilustração de Rodrigo de Matos)

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