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terça-feira, 20 de março de 2018

A UNIVERSIDADE DA ZONA J

por estatuadesal

(In Blog O Jumento, 20/03/2018)

burro medico

É incrível como nos últimos anos cairão mais políticos por questões ligadas ao currículo académico do que por qualquer outro motivo e todos eles vindos das escolas das J. Esta mania dos currículos nem é nova, nem nasceu na política, na Administração Pública há verdadeiros construtores de currículos.

Dantes a mania era a do sotor ou do sô engenheiro, para a história ficam as cadeiras tiradas ao abrigo da lei militar, o que permitiu a muito português concluir as licenciaturas em metade do tempo. Esta mania das licenciaturas levou à criação de muitas universidades da treta, que ajudaram muita gente a enriquecer. Não faltou quem se lembrasse de que tinha um curso de engenheiro técnico a meio e recorresse às privadas para o concluir à pressa.

Nas jotas admiram-se os grande currículos académicos, os títulos universitários e, em especial, tudo o que cheire a universidade americana. Como já não há cão nem gato que não seja licenciado e com Bolonha os mestrados já nem conta, agora os jotas querem mais, querem carreiras de investigadores e doutoramentos.

As universidades privadas aproveitam e modestos licenciados que demoraram mais de uma década a tirar uma licenciatura com média de 11, são promovidos a mestres com classificações de 18, com base em currículos onde se consideram partidos com o título “Viva Scolari”, publicados numa importante revista académica chamada “Ripa na Rapaqueca”.

Como tivemos um engenheiro famoso com média de 10 e um grande professor de paleontologia que se licenciou já na meia idade, temos agora um grande argumento para que surjam mestres e doutores sem terem lido um livro. O caso mais emblemático deste processo é o de Passos Coelho, de quem só se sabia que queria ter uma carreira de cantor e que aproveitava as viagens para ler sobre Salazar.

Os casos de Miguel relvas, de Passos Coelho e do Nanito Barreiras Duarte parecem saídos das Novas Oportunidades, aplicaram à carreira universitária os princípios do modelo de formação profissional que tanto gozaram e que eliminaram mal chegaram ao poder. Os que impediram um pedreiro de ter o nono ano de escolaridade com base nos conhecimentos adquiridos com experiência ou formação profissional, chegam agora a doutores e mestres usando o mesmo esquema.

Os mesmos que tanto falavam em meritocracia e que tanto admiram os currículos universitários, estão agora a destruir a credibilidade da universidade portuguesa, recorrendo às cunhas políticas e à mentira para serem promovidos a doutores e mesmo a catedráticos. É a Universidade da Zona J. Para terem currículos invejáveis não se importam de destruir a credibilidade das nossas universidades e dos diplomas do que lá estudam, bem como da classe política que deviam honrar.

A luta no PSD interessa ao país?

por estatuadesal

(Pedro Tadeu, in Diário de Notícias, 20/03/2018)tadeu1

A luta política dentro do PSD é pertinente? Do meu ponto de vista, seja qual for o líder, as diferenças para o país nunca são muitas. Qualquer governo com o PSD, sozinho, coligado com o PS ou com o CDS, resume-se à aplicação cega de uma política seguidista de tendências conjunturalmente dominantes, conforme os anos, na Comissão Europeia.

A política do PSD, no seu corpo central, resume-se a uma doutrina explicada em 1985, de forma simples, pelo então neófito primeiro-ministro, Cavaco Silva: Portugal tem de ser um "bom aluno" das lições dadas pelas instituições europeias. O resto são detalhes de execução desse projeto.

Foi assim com Cavaco Silva, foi assim com Durão Barroso: até lhe valeu a presidência da Comissão.

Não foi assim com Santana Lopes, por falta de tempo de permanência no poder, mas foi também assim com Passos Coelho, aderente fervoroso da teoria da austeridade virtuosa com que a Europa tentou, antes de desistir e meter o Banco Central Europeu a dar a volta ao texto, resolver a crise financeira e económica de 2008.

É verdade que os governos PS de António Guterres e de José Sócrates reproduziram, no essencial, exatamente o mesmo comportamento político esquematizado por Cavaco Silva. Mas isso não espanta, pois o percurso europeu fora anteriormente delineado por Mário Soares.

Aliás, a política despesista e de apoio a negócios improdutivos de dimensão incomensurável dos governos Sócrates, que levaram o Estado à beira da falência, foram, em boa parte, réplica de políticas semelhantes de muitos outros países da União Europeia.

O único projeto político que governou Portugal desde a década de 80 do século passado foi, portanto, este: aceitar ordens, seguir instruções, aplicar modelos, garantir benesses dos poderosos da Europa.

Foi este modelo político que sustentou, durante décadas, o chamado "bloco central dos interesses", onde também se colocou o CDS. Foi esse "bloco central dos interesses" que levou o país à falsa expansão dos anos 1990 e, depois, à terrível depressão deste século.

A única hipótese de introduzir alguma moderação nesse alinhamento surgiu com os resultados eleitorais que levaram o PCP e o Bloco de Esquerda a apoiar, em 2015, a subida do PS de António Costa ao poder. Mas este manteve-se sempre fiel à linha anterior, felizmente um pouco mais flexível no sufoco económico a Portugal.

A geringonça não destruiu o "bloco central dos interesses" alinhado com Bruxelas. Ele esteve recolhido para lamber as feridas, recompôs-se e agora prepara-se para voltar à liderança de Portugal.

Acontece, porém, que a União Europeia de hoje já não é a mesma da era anterior a Passos Coelho. Há o brexit. Há cada vez mais governos e grandes partidos nacionalistas, racistas, xenófobos e protecionistas a dominar o discurso político em cada vez mais países europeus. Há independentistas na Catalunha. Há um euro aflito com as contas da gigante Itália e a esconder os problemas económicos da França. Há uma Alemanha com nazis no Parlamento e uma senhora Merkel desorientada...

O "bloco central dos interesses" pode voltar a dominar Portugal, mas será que sabe no que se vai meter com a sua velha doutrina do "bom aluno" na Europa?... Isto sim, isto é um problema político real. Quero lá saber do canudo do Feliciano Barreiras Duarte!


Nota: O Paulo Baldaia sai hoje da direção do Diário de Notícias. Quero agradecer-lhe publicamente por ter permitido que eu aqui escrevesse livremente, sem expressar uma queixa, até quando critiquei algumas das suas opções editoriais. Foi democraticamente exemplar e nunca me vou esquecer disso.

Não é Ódio a Passos Coelho e Nádia Piazza. É Medo.

por Cristina Miranda

Todos aqueles que vomitaram um aparente ódio visceral a Passos Coelho, desde a esquerda radical à moderada, passando pelo próprio PSD e seus militantes mumificados de estimação, todos sem excepção estiveram na verdade estes anos todos em luta contra si mesmos. O "puto que vinha das jotas" chegava a líder e ainda por cima estava a ser bem sucedido na megalómana tarefa de retirar o país do pântano socialista (outra vez) em que o magnífico e agora "académico" Sócrates nos tinha mergulhado. País esse que - vou lembrar de novo - não tinha dinheiro senão para mais um mês de pagamentos de salários e pensões. O desejo de falhanço era o sonho das suas vidas mas, azar do caneco, o "puto jotinha", em 4 anos, não só nos tirou da bancarrota como pôs o país a crescer com a recuperação da confiança internacional. E ainda venceu com maioria quase absoluta as eleições de 2015! O ódio emanado não passava assim de admiração secreta por uma conquista que gostavam que fosse deles. Mas não foi.

Para cegar aqueles que viam esse sucesso e confundir aqueles que sozinhos nunca conseguem ver nada, atiraram toneladas de areia aos olhos criticando e distorcendo coisas tão óbvias como uma redução da dívida, do défice, do desemprego, aumento de exportações, aumento de investimento, crescimento económico, sem ser à boleia doutros mas sim, por coragem de aplicar medidas (pecou por serem insuficientes) que deram o impulso necessário para fazer emergir o país.

Ora, como é sabido, esse sucesso personalizado e eternizado em Passos Coelho - que foi enaltecido por Tsipras - não pode de forma alguma ser ensinado nas Universidades onde vegetam os "intelectuioides" parasitários defensores de regimes igualmente parasitários que vivem da exploração e escravidão dos seus povos. Ensinar os jovens a serem bem sucedidos e evitar bancarrotas nas suas vidas pessoais e profissionais é torná-los a si e seus países, independentes. E isso é o que menos interessa aos marxistas.

Daí o tsunami à volta da contratação de Passos na Universidade. Não é ódio, é medo. Medo de perderem o controlo sobre as ideologias que professam. Medo de ver os jovens  a serem autónomos e dispensarem o Estado para serem bem sucedidos. O medo de perderem o poder que lhes foi dado pelas universidades de lavarem cerebralmente os indefesos garotos que serão o futuro de amanhã.

No entanto, já não é celeuma nenhum ter o brilhante Sócrates da bancarrota - que nos hipotecou a todos até 2035 com dívidas colossais por desvios de dinheiro e  contratos ruinosos - a mandar umas baboseiras dia 21 de Março na FEVC sobre"O Projecto Europeu depois da Crise Económica" (Ah! Ah! Ah! Só pode ser piada). Mas recuemos. Mário Soares foi professor catedrático convidado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (1996-1998) e da Universidade Lusófona (2001-2002) com a particularidade de ter sido o pai de duas bancarrotas. Será que é esse o requisito para poder ser professor catedrático neste país ou fazer uma conferência? Parece que sim.

Por outro lado temos a Nádia Piazza, a quem os cães de fila rosnaram assim que souberam que ela não iria ficar num canto da casa a chorar as perdas irreparáveis dos fogos criminosos do verão passado mas sim, arregaçar as mangas para mudar o que efectivamente não funciona neste país,  participando de um projecto político. Ódio a esta senhora? Não. Medo. Muito medo. Porque tal como Passos Coelho, ela personifica também o crasso falhanço dos governantes socialistas mas desta vez não na economia mas sim na protecção e segurança. Trata por "tu" a maldita inércia que lhe ceifou entes queridos. Perigosíssima, assim, aos olhos daqueles que nos querem vender um país maravilhoso ao som de uma ideologia  que nos empobrece e  mata. Literalmente.

O Medo, porque é disso que se trata realmente entendo-o perfeitamente e no lugar deles, até as pernas me iriam tremer porque na verdade o Mundo está em viragem e só um cego não vê que caminha lentamente para o fim do socialismo que vence cada vez menos eleições.