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sábado, 21 de julho de 2018

Museu Escolar Oliveira Lopes divulgado em manuais escolares da Porto Editora

Em virtude de uma parceria estabelecida entre a Direção da Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes/Museu Escolar Oliveira Lopes (MEOL) e a Porto Editora, já há espólio do MEOL que aparece referenciado nos manuais escolares de História e Geografia de Portugal do 6.º ano.

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O MEOL é ainda apresentado como proposta de visita de estudo a realizar pelos alunos no âmbito da disciplina acima referida, colocando-se, assim, Válega no mapa “educacional” do nosso país.
Por conseguinte, aguarda-se com expetativa a reabertura do MEOL, no edifício da agora renovada Escola Oliveira Lopes, dado que, no ano letivo 2017/18, foram inúmeras as solicitações remetidas à Direção para o visitar.

"Raízes e Rostos: Memórias de Escola"

A Direção da Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes (AAAEOL)/Museu Escolar Oliveira Lopes (MEOL) informa que entre os dias 11 e 16 de agosto de 2018,  no átrio do edifício da Junta de Freguesia de Válega, desenvolverá uma série de atividades ligadas ao projeto "Raízes e Rostos: Memórias de Escola" que se traduzirá, na prática, na exposição de  algumas fotografias,  carteiras e outras peças museológicas e ainda na  realização de um workshop de caligrafia, entre outros.

Aproveitar-se-á ainda a oportunidade para se recolher fotografias, vídeos, documentos escritos, manuais e materiais escolares antigos, e testemunhos orais junto dos valeguenses, ou seja, todo o tipo de documentação histórica relacionada  com as vivências e convivências dos mesmos com os espaços escolares da freguesia (antigos postos escolares do Estado Novo e escolas devolutas de tempos mais recentes), destacando-se, mormente, a  que diz respeito à  Escola Oliveira Lopes.  Este projeto vem no seguimento do apelo que a Associação dos Antigos Alunos da Escola Oliveira Lopes/Museu Escolar Oliveira Lopes  lançou à população  em 2009, aquando da preparação  da exposição   “De Escola Inovadora a Espaço de Memórias”.  Nessa altura, foi pedido a todos os ex-alunos que frequentaram  a Escola Oliveira Lopes que fizessem chegar  as suas fotografias.   Agora,  procura-se ir mais além...

Ao mesmo tempo, pretende-se divulgar a AAAEOL/MEOL junto da comunidade e continuar a angariar novos sócios.

A Direção da AAAEOL/MEOL agradece, antecipadamente, a colaboração de toda população.

Válega (Ovar), 21 de Julho de 2018

Augusto Pinho

(Presidente da AAAEOL/Diretor do MEOL)

Entre a desvalorização do clima e as «verdades» de senso comum

Ladrões de Bicicletas


Posted: 20 Jul 2018 05:05 PM PDT

Pelo menos duas questões continuam hoje a dificultar a compreensão do problema dos incêndios florestais no nosso país. A primeira não é de agora e prende-se com a ideia, que os dados há muito refutam, de que a maioria dos fogos tem origem em mão criminosa. A segunda, mais recente, prende-se com a desvalorização da importância crescente do clima e da meteorologia, apesar das evidências nesse sentido que os grandes incêndios do ano passado nos deixaram.
Vale por isso a pena reter um dado essencial, relativo aos grandes incêndios de 17 de junho e 15 de outubro, indissociáveis da ocorrência de fenómenos atmosféricos extremos e excecionais, na sua natureza e intensidade (como o downburst em junho ou as dinâmicas associadas à passagem do furacão Ofélia, em outubro): se descontarmos a área ardida nestas duas datas, 2017 pode ser considerado um ano «normal», face a anos anteriores. Isto é, em vez dos históricos 248 mil hectares de área ardida, sem os grandes incêndios destes dois dias passamos a falar em menos de metade desse valor: cerca de 170 mil hectares, em linha com os 160 mil de 2016 ou os 150 mil ardidos em 2013.

De forma mais circunstancial, a relevância dos fatores climáticos fica aliás patente na diferença abissal entre o primeiro semestre deste ano e o primeiro semestre de 2017, em termos de temperatura, precipitação e humidade no solo, permitindo compreender por que razão, até agora, 2018 é um ano à partida muito menos propício à propagação rápida e desgovernada de focos de incêndio. De facto, ao contrário do que sucedeu em junho de 2017, quando a maior parte do território nacional se encontrava em seca severa e extrema, no mesmo mês de 2018 nenhuma parcela do continente está em situação de seca, graças a um inverno e primavera mais pluviosos que no ano anterior.

Uma melhor perceção, pela opinião pública, do peso relativo das diferentes causas dos fogos (em que se destacam os comportamentos negligentes, mais que a criminalidade deliberada) e da relevância crescente dos fatores climáticos (que colocam novos problemas e desafios muito mais complexos), é pois essencial tanto na perspetiva da prevenção como do combate. Mas, para isso, seria importante que o debate público não continuasse tão centrado na discussão das «falhas» e valorizasse também, para além do que é profundo e estrutural, as alterações climáticas e os fenómenos que se lhes associam (que os relatórios dos incêndios de 17 de junho e 15 de outubro analisam e documentam).
Bem sabemos que nem tudo interessa à vertigem sensacionalista da comunicação social. Mas se um dia se proceder a uma análise, objetiva e sistemática, da cobertura mediática dos grandes incêndios de 2017 (e, em especial, das notícias que se seguiram à divulgação dos relatórios técnicos então produzidos), talvez se perceba que a sobrevalorização das «falhas» - o tema primordial dos noticiários, diretos e programas de comentário e debate - não ajuda a uma compreensão mais ampla, e a um alcance mais pedagógico, do significado dos grandes incêndios do ano passado.

Entre as brumas da memória

Porque estamos em 2018

Posted: 20 Jul 2018 01:15 PM PDT

«O que eu gostava que algum primeiro-ministro, algum presidente deste país respondesse assim:

— Porque não um Museu das Descobertas/Descobrimentos?

— Porque estamos em 2018.

— Porquê encarar agora a escala de seis milhões de escravos que Portugal traficou no Atlântico?

— Porque estamos em 2018.

— Porquê estabelecer a relação entre o passado colonial português e o racismo contemporâneo?

— Porque estamos em 2018.

— Porque é que a recente estátua do Padre Vieira com indiozinhos é anacrónica, equívoca e ofensiva?

— Porque estamos em 2018.

— Porque é que quando falamos numa propensão dos portugueses para a mistura temos de falar na violação sistemática a que foram sujeitas as mulheres indígenas e negras?

— Porque estamos em 2018.

O que é que 2018 tem de especial? A confluência de muitíssimas coisas que há décadas não conhecíamos ou em que nunca tínhamos pensado, pontos de vista novos, antes sem espaço, sem voz, fontes que antes não tinham sido consultadas, um ror de coisas que muitíssima gente mais devia poder conhecer, se essas coisas, esses estudos, essas criações, essas correcções de fábulas perpetuadas ao longo de séculos, pudessem ser amplificadas.

Alexandra Lucas Coelho

Na íntegra AQUI.
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20.07.1944 – A Operação Valquíria

Posted: 20 Jul 2018 09:43 AM PDT

O atentado falhado contra Hitler.
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Jean-Louis Trintignant: quando o fim se aproxima

Posted: 20 Jul 2018 06:47 AM PDT

Jean-Louis Trintignant dice adiós al cine y empieza a despedirse de la vida.

“Hace un año que no salgo” de casa, cuenta. “No puedo leer, porque me estoy quedando ciego. Y los libros eran un gran placer. Veo la televisión, escucho música, duermo mucho. Me quedo en el sofá, reflexionando sobre las cosas buenas y malas. Sin hastío, por suerte”

E uma entrevista:
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Será a ciática europeia contagiosa?

Posted: 20 Jul 2018 03:39 AM PDT

«O homem cambaleante, mas bem-disposto, afinal, estava sofrendo de um súbito ataque de ciática. Assim foi diagnosticado por António Costa, pelo chefe de governo holandês e pelo próprio porta-voz da Comissão Europeia, este em jeito de boletim clínico, assim todos nos tratando como néscios europeus. Amparado pelos membros superiores de altos dignitários de Estados-membros mais superiores ou mais inferiores, Jean-Claude Juncker conseguiu descer do palanque e caminhar sem antes dar os seus etílicos beijos. Uma ciática de muitos graus!

Eis, diante de nós, um pormenor desta Europa política. Guiada não por estadistas, que esses já quase não existem, mas por políticos vulgares que não se dão ao respeito, nem servem de exemplo credível. Tudo boa rapaziada, numa qualquer função ou disfuncionalmente, entre beijos, abraços e cachecóis de futebol, cheios de “non-papers” e, não raro, vazios de ideias e estratégias. Nas cimeiras aparecem-nos sempre entre sorrisos tão falsos quanto enfastiados, tweetando das salas e corredores para o mundo, fotos de família aparentemente unida, decisões sem decisão. Aparentam andar felizes, entre bolinhos, croquetes, bebidas espirituosas e amendoins. A mediocridade tomou conta do directório europeu.

Esta é a Europa que nos querem prodigalizar. Esta é a Europa que dão a entender aos jovens de hoje como sendo o seu farol à distância de uns euros com que tudo julgam ou fingem comprar.

O poliedro europeu atingiu a sua plenitude de imperfeição. Países do Leste são sinceros: só lá estão pelo dinheiro e quanto ao resto estão-se borrifando para as regras básicas da democracia. Na Hungria, o músculo é que conta e ninguém cora pela criminalização da ajuda a desvalidos imigrantes. Na Polónia, essa coisa da separação de poderes foi ao ar, apesar da fingida ameaça de Bruxelas. Visegrado é o itinerário da nova peregrinação contra os que não são deles. A Alemanha já não é o que era e a chanceler – antes odiada como o diabo personificado, ora louvada como o exemplo do equilíbrio e sensatez – limita-se a mudar a cor da jaqueta em razão dos seus aliados e adversários internos ou externos. O Reino Unido procura, com um "Brexit" voluntarista e atamancado, ficar fora da União, mas com um pé dentro, para substituir o estar na União, mas com um pé fora. A primeira-ministra britânica anda aos papéis sem ninguém a avisar do papel que está a fazer! O Presidente francês, sem o ar soberbo e presunçoso dos que o precederam, lá vai tentando aparentar que a França ainda é importante. No Sul, a música é variada e para todos os gostos. Nós, sempre a fazer o papel do bom aluno, seja no ciclo austeritário, seja no ciclo reversitário, com os salamaleques do costume perante figurinhas de doutos comissários e outros altos funcionários de uma bem instalada Comissão. Em Espanha, depois do justo castigo de corruptos e corruptores, está agora uma "geringonça" de largo espectro, entre engasgadelas sobre as autonomias e independentismos e mais preocupada com magnos problemas para o bem-estar da população, como são a “estrutura” do Vale dos Caídos ou as inadiáveis reformas fracturantes. Na Itália, eis a total imprevisibilidade de um governo que olha para a Europa como a Antárctida olha para a Amazónia. Quanto à Grécia desgravatada, a Europa convenceu-a que tem futuro e lá anda a esquerda do poder a fingir que o é.

Encharcada em questões de minorias ruidosas e mediáticas, por mais respeitáveis que sejam, a Europa esquece os problemas das maiorias sem voz europeia. Possuída pelas políticas monetárias e subjugada ao magno poder banqueiro, é incapaz de ir além de meras declarações românticas sobre os paraísos e escapatórias fiscais. Nesta Europa decadente de valores, axiologicamente relativista, espiritualmente desertificada, só parecem contar os euros como forma de exercício de poder e permuta de influências. O financeiro domina o político e determina o económico. O social – apesar dos discursos – não é uma premissa, antes um resultado meramente adjectivo.

Esta Europa, sem verdadeira liderança, é lenta e preguiçosa nos actos, atrasada nas decisões, prolixa no palavreado. Na União (!), todos se demarcam de todos! Todos iguais, todos diferentes. Todos solidários, todos egoístas. Todos unidos, todos de costas voltadas. Todos em cadeia, todos encadeados.

Sem visão e sem liderança, a União caminha aos solavancos, não em geometria variável, mas em cacofonia assimétrica. Incapaz de responder, em tempo certo, aos desafios da globalização, a Europa deste alucinante inverno demográfico menospreza a ideia de família e passa de Velho Continente a Continente velho, no nevoeiro de crescente irrelevância. Entre um Trump errático e disruptivo, um Putin ardiloso e jogador de xadrez e um dragão chinês paciente, estratégico e insensível aos direitos humanos, Juncker definiu, ainda que burlescamente, o estado da “Nação Europeia”: sem rumo, trôpega, embriagada com tanta ciática institucional. Será contagiosa?»

António Bagão Félix

A ‘geringonça’ entre Hegel e Coltrane

  por estatuadesal

(Pedro Adão e Silva, in Expresso, 21/07/2018)

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Nas últimas semanas enraizou-se a ideia de que António Costa estava a iniciar um movimento tático em direção ao centro, aumentando a tensão política com os seus parceiros. O acordo na concertação social em torno do Código do Trabalho, viabilizado entretanto no parlamento pelo PSD, e a entrevista do número dois do Governo, Augusto Santos Silva, sugerindo que uma nova ‘geringonça’ dependeria de posições conjuntas na política externa, dariam conta disso.

E se, além da aproximação de um período de tensão pré-eleitoral e pré-orçamental, não existir, ao contrário do sugerido, nenhum elemento de novidade?

Talvez valha a pena regressar à natureza dos compromissos conjuntos: essencialmente circunscritos a matéria orçamental, a ‘geringonça’ optou por deixar de fora muitas áreas. Contudo, a ausência de muitos temas nos acordos não os retirou do programa de Governo. Precisamente por o entendimento em matérias laborais entre PS, PCP e BE ser escasso, os compromissos são praticamente omissos nesta matéria — não tendo ficado, naturalmente, o executivo inibido de legislar ou de promover a concertação social. Bem pelo contrário, as matérias constam do programa de governo.

Há, é verdade, um elemento de importante novidade dos últimos meses. Um congresso do PS que se anunciava anódino acabou por ter uma consequência. Com sagacidade, Pedro Nuno Santos aproveitou o vazio para se afirmar como incontornável num novo ciclo, enfatizando a opção preferencial pela esquerda. Esta tese desencadeou um movimento dialético, com Augusto Santos Silva a apresentar a antítese, sinalizando com “maldade analítica” (para recuperar a certeira expressão de Pacheco Pereira) as dificuldades dessa opção. Esta tensão, enquanto ofereceu a António Costa mais uma oportunidade de promover uma síntese — que na verdade é a que tem vigorado nos últimos dois anos —, criou uma nova grelha de leitura para a tensão política quotidiana.

E é este movimento de matriz hegeliana que me leva a John Coltrane. No que é, provavelmente, o acontecimento musical mais relevante de 2018, foi lançado um álbum perdido do saxofonista, resultante de uma sessão de 1963 com o quarteto clássico. Enfatizo a sugestão e aproveito para recuperar o singular título: “Both Directions at Once”. Num episódio, aliás relatado pelo João Santos revista E da semana passada, em conversa com Wayne Shorter, Coltrane terá apontado à síntese definitiva: um fraseado que começando pelo meio seguisse em duas direções ao mesmo tempo.

É também esta a virtude da síntese de António Costa: manter o vínculo europeu e sustentar um compromisso heterodoxo no parlamento. Uma síntese que tem como principal virtude ir em duas direções ao mesmo tempo, mas que encerra em si a sua principal fragilidade. Como sempre, chegará o momento em que o equilíbrio deixará de ser sustentável, mas é prematuro dar esse momento como próximo.