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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Cristãos regressam a Nínive

Opinião

Fernando Calado Rodrigues

Hoje às 00:02

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A cidade bíblica de Nínive, mencionada no Livro de Jonas, deu o nome à província iraquiana de Ninawa, onde se situa a terceira maior cidade do país: Mossul. Esta foi ocupada pelo autoproclamado Estado Islâmico entre junho de 2014 e dezembro de 2017, tendo esse grupo terrorista promovido uma limpeza étnica e religiosa. Todos os que não professavam a fé em Alá, segundo a tradição sunita, ou se convertiam, ou tinham de abandonar a região para salvar vida. Mesmo os sunitas mais moderados ou os xiitas não escaparam à perseguição, mas a intolerância religiosa fustigou particularmente os islamitas curdos e os cristãos da região.

As casas dos cristãos foram assinaladas com a letra "n" do alfabeto árabe, a inicial da palavra "Nazareno", o nome depreciativo dado aos cristãos em ambientes islâmicos. Os seus habitantes foram despojados de todos os bens e tiveram de optar entre o exílio ou a morte.

Na noite de 6 para 7 de agosto de 2014, abandonaram a cidade de Mossul os últimos três mil cristãos. Acabava, assim, uma presença cristã de dois mil anos que sobrevivera às controvérsias teológicas e heréticas dos primeiros séculos do cristianismo, às perseguições turcas e mongóis - e que aprendera a conviver com a cultura árabe, arabizando-se nos seus costumes mas mantendo a sua fé cristã.

Com a derrota do Estado Islâmico, mais de 8800 famílias cristãs têm regressado à planície de Nínive durante este ano. Para que os cristãos pudessem voltar a este território, foi necessário reconstruir milhares de casas e de igrejas. Pela primeira vez na história, os líderes de diferentes igrejas cristãs - da Igreja Caldeia, da Sírio-Católica e da Sírio-Ortodoxa - reuniram-se e criaram, em 2017, a Comissão de Reconstrução de Nínive.

Entretanto, já regressaram quase metade dos cristãos expulsos pelo Estado Islâmico. Graças à reunião de esforços dos líderes religiosos, foi também possível restaurar cerca de cinco mil edifícios. Só a "Ajuda à Igreja que Sofre", uma Fundação Pontifícia da Igreja Católica, conseguiu reunir fundos em todo o Mundo para reconstruir 568 casas na região. Mas ainda muito há a fazer até se conseguirem restaurar os 13 555 edifícios danificados pelos terroristas, dos quais 1234 casas foram destruídas, 3155 queimados e 9166 foram parcialmente destruídos, segundo a Comissão de Reconstrução.

Paralelamente, desenvolve-se uma colaboração entre o Governo iraquiano e a Santa Sé para promover a fixação dos cristãos na região e evitar que eles emigrem. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque revelou esta coordenação de esforços numa notícia da "Agenzia Nova", sublinhando que "os cristãos são parte integrante do povo iraquiano: estamos felizes com a sua presença e pretendemos protegê-los".

Desta forma se vai restaurando aos poucos a presença cristã no Iraque. Em 2003, eram cerca de um milhão e meio, concentrando-se a maioria na província de Ninawa. Hoje, estão reduzidos a trezentos mil, dos quais dois terços continuam refugiados no Curdistão iraquiano.

PADRE

A direita e o poder

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 13/08/2018)

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(Eis, na imagem, Oliveira e Costa, banqueiro, chefe de quadrilha, acreditava em Portugal... Ele e o seu amigo Cavaco, grande obreiro da ruína a que ele e os seus amigos levaram o país, depois de o saquearem em proveito próprio, com uma impunidade que brada aos céus e ainda hoje se mantém.

É esta a direita que temos.

Estátua de Sal, 13/08/2018)


O poder é tão apetecido que dificilmente há quem lhe resista. A direita não sabe viver sem ele e na esquerda há quem vire à direita quando o comboio inverte a marcha.

Quando a direita está em crise, os seus amanuenses anunciam que é o regime; quando o poder se afasta, devora o líder, na ânsia de encontrar outro; o próprio PR, quando vê a família a desfazer-se, dá uma ajuda aos atiradores de serviço, a arremessar insinuações; o jornalismo reverente destaca os funcionários mais truculentos a atiçar fogueiras contra a esquerda; nas redes sociais, televisões, jornais, revistas e sarjetas surgem vuvuzelas a provocar ruído e a vociferar calúnias; os pusilânimes não se coíbem a descontextualizar e manipular declarações dos adversários para os debilitarem.

O que fizeram à frase de António Costa nas declarações sobre o fogo de Monchique “… a exceção que confirmou a regra do sucesso da operação, ao longo destes dias”, é digna de figurar num compêndio da aleivosia. Parecia um concurso, a rivalizar em idiotia com a malvadez da desinformação.

No domínio da imbecilidade, houve quem referisse a "desmesurada preocupação com as vidas humanas", para acabar no mestre da intriga, José Gomes Ferreira que, no conforto do estúdio da SIC, se referiu a “o critério político no combate técnico ao fogo”, e, numa manifestação de indigência ética, aparentemente desolado com a ausência de mortes, perguntava: “Porque estão a tirar as pessoas de casa, mesmo contra a sua vontade?”. Ignora-se se este sólido talento do jornalismo de intriga teve a noção do despautério.

Perante o esforço desta direita, que se desfaz, sem rumo, sem programa e sem liderança, é um dever não deixar que passem incólumes os avençados da manjedoura reacionária e ultraliberal a quem está confiado o assassínio de caráter dos adversários.

A esquerda, no seu conjunto, incluindo a direção do PS, que deixou imolar o seu partido sem explicar a crise cíclica do capitalismo, que originou a falência do Lehman Brothers e abalou o sistema financeiro internacional, com repercussão nas dívidas soberanas dos países mais vulneráveis, ajudou a consolidar a narrativa da direita, que demonizou o PS, que era o governo de turno durante o furacão.

Cabe à esquerda fazer a pedagogia que deve, sem deixar à solta esta direita que Cavaco patrocinou e desesperadamente quis prolongar com Passos Coelho, Maria Luís e Portas, com o último já substituído pela inefável Dr.ª Cristas e o primeiro, ora catedrático, ainda sem substituto ungido pela direita mais à direita, de que António Costa e os partidos à esquerda do PS nos libertaram.

Catrapum, Bayer!

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

Werner Baumann, presidente do conselho de administração da Bayer AG e Hugh Grant, presidente e director executivo da Monsanto. | Fonte: picture alliance / dpa

“E desejar que esta decisão se faça sentir e denotar na queda das acções desse violento portento agro-químico que, a nível mundial, atenta contra a Sustentabilidade, a Biodiversidade, a Saúde e a Democracia.”

E hoje elas caíram de facto e aparatosamente na Bolsa de Frankfurt: mais de 12%, para cerca de 82 euros - o nível mais baixo desde o outono de 2013. E os 5.000 processos semelhantes contra a Monsanto em fila de espera nos EUA podem abrir mais buracos milionários. Claro que a Bayer tem, bem oleada e em alta rotação, a sua maquinaria de Lobby e o desfecho do recurso é imprevisível. Mas hoje, o sorriso cínico de Werner Baumann, presidente do conselho de administração da Bayer AG, deverá estar bem amarelecido. Para nós, cidadãos, razão para basto regojizo!

Esses “malandros” dos bairros sociais

André Julião, Jornalista

00:06

Imagine que tem de optar entre as refeições dos filhos, o bilhete de autocarro e a conta da luz. Ou entre um par de sapatos em segunda mão, um medicamento urgente e a renda da casa...

Não fosse a silly season e a “notícia” teria feito as delícias de muitos comentaristas fortuitos e opinadores da moda. E, em seguida, desaguado com estrondo na destilaria de ódio que são hoje as redes sociais. Segundo o Jornal de Notícias (JN), as dívidas das rendas em bairros sociais ascendem a 48 milhões de euros. As parangonas não escondem o objetivo da manchete: polémica a rodos, cliques, partilhas e muitas discussões. O rastilho estava aceso, era só deixar arder.

Alguns dos habituais aproveitadores políticos ainda terão afiado as facas, mas a conselho dos assessores terão guardado a iguaria para mais tarde, talvez logo para a rentrée. Fica, portanto, a marinar. Conta o JN que a Área Metropolitana de Lisboa é a que mais deve. Talvez por ser a maior e a mais populosa, arrisco. Os concelhos de Loures, Oeiras e Lisboa serão, por esta ordem, onde grassa a maior taxa de incumprimento.

Pau que nasce torto…

Cingir-me-ei ao primeiro, o que melhor conheço. Com uma taxa de incumprimento perto dos 40%, Loures acumulará cerca de dez milhões em rendas devidas ao município. Apesar da tentativa clara por trás da peça, os números, ainda assim, não assustam.

Historicamente, Loures é um concelho com problemas sociais significativos, nomeadamente no que toca à habitação. A década de 70 do século passado acentuou a disseminação de bairros de habitação precária por várias freguesias. Em 1993, o PER – Programa Especial de Realojamento – criado pelo decreto-lei 163/93, promoveu o início do fim destes bairros. O programa conheceria adiamentos sucessivos no concelho de Loures, tendo sido formalmente concluído em 2009. Mas o fim do PER não foi o fim dos bairros de habitações precárias no concelho. Basta ver o caso do Bairro da Torre, onde, ainda há poucas semanas, 13 famílias ficaram desalojadas depois de um intenso incêndio que deflagrou no local.

A Expo’98 fez apressar os realojamentos, muitas vezes sem critérios, sem planos nem estratégia. O objetivo era eliminar as incómodas barracas a tempo da chegada dos primeiros turistas e libertar as áreas necessárias para a construção de estradas, autoestradas, pontes e viadutos. Fosse como fosse, desse por onde desse. Sem olhar a condicionantes de ordem social, étnica ou cultural. Foi neste cenário caótico que nasceram alguns dos bairros sociais mais problemáticos de Loures, casos da Quinta da Fonte, na Apelação, e da Quinta do Mocho, em Sacavém.

Não bastam os grafítis nas paredes

Feita a breve resenha histórica para enquadrar o leitor, debrucemo-nos sobre a “notícia” do JN. Imagine que tem de optar entre as refeições dos filhos, o bilhete de autocarro e a conta da luz. Ou entre um par de sapatos em segunda mão, um medicamento urgente e a renda da casa. Estes breves exercícios imaginários são uma realidade diária para a grande maioria dos moradores destes bairros.

Acresce a estas – para muitos inimagináveis – contingências económicas e sociais, um sentimento de abandono geral e uma desesperante falta de perspetivas de futuro. Criar bairros sociais sem estratégias de inclusão, programas de desenvolvimento, criação de emprego ou iniciativas comunitárias que promovam o sentimento de pertença é como plantar um jardim sem regar as flores. Passado algum tempo, só sobram ervas secas.

E é isso que tem sucedido nos bairros sociais de Loures, onde iniciativas de sucesso, como o Teatro Ibisco, são abandonadas à sua sorte, onde o Contrato Local de Segurança com a PSP já conheceu melhores dias e onde se prefere ilustrar os prédios com grafítis do que reparar os telhados ou limpar as caleiras.

É justo dizer que faz falta ao concelho de Loures uma verdadeira estratégia para os bairros sociais: que inclua os moradores, que aposte em mediadores de bairro, que ouça os problemas das pessoas, que mantenha as habitações em bom estado, que crie equipamentos sociais, desportivos e de lazer e que promova o emprego, os negócios locais e a diversidade cultural.

Porque a maioria dos moradores destes bairros são pessoas honestas, extremamente trabalhadoras e que, como eu e o leitor, sonham com um futuro melhor para os seus filhos. Só que, quando olham para o fundo do túnel, tudo o que veem é um enorme vazio.

Entre as brumas da memória


Argentina, aborto e apostasia

Posted: 12 Aug 2018 01:00 PM PDT

Miles de argentinos hacen largas filas para renunciar a la Iglesia católica.

«La Coalición Argentina por un Estado Laico (CAEL) convocó esta apostasía colectiva mientras el Senado de ese país votaba la legalización del aborto.

Hombres y mujeres que se manifestaban a favor de esa iniciativa hicieron una larga fila y llenaron formularios para renunciar a la Iglesia católica.

La Coalición Argentina por un Estado Laico (CAEL) convocó esa apostasía colectiva para quienes fueron bautizados y ya no se sienten representados por esa institución.»

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Dia Mundial do Elefante

Posted: 12 Aug 2018 09:00 AM PDT

Aqui ficam estes do Pinnawela Elephant Orphanage (Sri Lanka), fundado em 1975 com sete elefantes órfãos. São agora muitos, de todas as idades e tamanhos, e os primeiros já são avós.

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Grupos fascistas em Portugal? Obviamente

Posted: 12 Aug 2018 06:27 AM PDT

"Fascistas do terceiro milénio" estão em Portugal. Russos e italianos apoiam.

«Nos últimos três anos, cinco novas organizações surgiram ou ressurgiram nos radares das autoridades: Misanthropic Division - Portugal; Portugueses Primeiro; Trebaruna (esta replicada noutra, a Lisboa Nossa); Escudo Identitário e o Movimento Social Nacionalista. O "que mais preocupa é que existe um novo perfil nos seus militantes, com potencial para atrair mais gente, principalmente jovens nas escolas secundárias e universidades, através das redes sociais. Já não são os boneheads (cabeças-ocas) dos skinheads, estamos perante jovens universitários, licenciados com capacidade de retórica capaz de grande influência em determinados contextos socioeconómicos", explica uma outra fonte policial. (…) .

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Ponto em comum entre as três formas de afirmação: "são alimentados pela mesma raiva anti-establishment que está a beneficiar os partidos populistas em toda a Europa. Também se aproveitam da preocupação pública da ameaça jihadista, da crise migratória e do aparente falhanço das políticas multiculturais. Estão envolvidos num hiperconservadorismo social e num etnonacionalismo identitário/supremacia branca. Têm em comum ideias e símbolos fascistas, nazis e antissemitas, assim como o desdém pela democracia". Em Portugal, confirma, "há vontade de expansão".»

Matam crianças para impedir homens iemenitas?

Posted: 12 Aug 2018 03:16 AM PDT

«O nosso mundo perdeu a vergonha, se é que alguma vez a teve. Só o preocupa o que o pode sossegar. E só o desassossega as grandes notícias que absorve.

Na verdade, deixar que nos digam o que está certo ou errado é desde logo um modo de nos formatar no que se refere aos grandes acontecimentos que marcam a vida das pessoas e das comunidades. Seguindo o trilho, evita que tenhamos de pensar. Pensar é trabalhoso. Olhar é mais fácil.

É a essa luz que de vez em quando somos abanados por notícias que vão directamente para as paredes mais sensíveis das nossas almas.

As notícias frenéticas e brutais do envenenamento de um espião russo que passou a trabalhar para o Reino Unido, trocando de patrão, colocaram o mundo ocidental a expulsar, em catadupa, diplomatas russos, não sendo ainda hoje claro quem foi o autor do envenenamento. Em represália, Putin procedeu do mesmo modo.

Esta semana, um autocarro cheio de crianças iemenitas foi atacado no Norte do Iémen por aviões sauditas causando a morte e ferimentos a mais de 70. Tais mortes não mereceram sequer reparos por parte dos governantes que expulsaram os diplomatas russos. Até os media, em geral, se mantiveram indiferentes.

Os assassinos das crianças justificaram o ataque para prevenir que elas pudessem vir a ser usadas como escudos... Isto é, os sauditas invadem o Iémen para matar crianças porque temem o futuro e sabem que ocupam terra que não é sua.

Trump, desmiolado, preocupado em mandar no mundo a partir de um exército espacial, como nos filmes, apoia fervorosamente a Arábia Saudita. Tem uma paixão desmedida pelo príncipe herdeiro saudita e por Netanyahu; une-os o seu ódio aos palestinianos e iranianos. São homens que prezam armas e a morte.

Choca que os mortos que lutam pelos seus direitos nacionais sejam danos colaterais acidentais dos amigos ocidentais. Por quanto tempo os mais poderosos vão poder continuar a fazer deste mundo arenas de horror?

As crianças mortas pelos mísseis sauditas vendidos pelos EUA constituem uma marca indelével da ferocidade do regime absolutista de Salman. Estas mortes são crimes contra todos os seres humanos justos e passiveis de humanismo. Violam o direito internacional de modo grosseiro e violento.

Bem andou António Guterres em ordenar na ONU um inquérito, embora se saiba que quando chegarem as conclusões as emoções andem por outras bandas.

Por cá, como não houve mortes no incêndio de Monchique, andam a descobrir as falhas do Governo, servindo em doses cavalares reportagens pornográficas das desgraças dos desgraçados.

De tantos mundos é feito o mundo em que vivemos. Se as crianças iemenitas assassinadas a sangue frio por mísseis sauditas fossem ocidentais, já aviões destes países estavam a disparar mísseis para vingar as criancinhas, como gosta de alegar Trump para justificar os bombardeamentos da Síria. As da Síria alegadamente vítimas de bombardeamentos sírios fazem o mundo chorar; as do Iémen não devem ser humanas. Os mortos humanos não são iguais. Há os que não contam; eram empecilhos, podiam vir a ser terroristas.»

Domingos Lopes