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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Xi Jinping, o bem-amado

Novo artigo em Aventar


por Ana Moreno

Foto: Reuters/ Thomas Peter

O presidente da China veio visitar Portugal, a convite do presidente Marcelo Rebelo de Sousa. A ideia por trás – e mesmo pela frente - da prosa: promover deals. Colocar sectores estratégicos, como a energia, nas mãos do estado mais poderoso do mundo, de regime ditatorial, com um presidente que diligenciou, num pseudoparlamento, a emenda da constituição chinesa para se tornar presidente vitalício? No problem. Investimento é a palavra de ordem. Banca, seguros, saúde, aviação, transportes (olha a CP que tanto precisa, coitadinha)? Tudo à escolha em Portugal, baratinho, é aproveitar. Dependência? Qual o quê!

Questionado se a iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota” “podia atravessar Portugal” num dos seus “principais portos”, diz Marcelo: “É possível que durante a visita do Presidente Xi a Portugal se venha a assinar o memorando de entendimento sobre este assunto? É. „Estamos a negociar, estamos a trabalhar nisso. Portanto, é possível“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Fixe, até o Presidente da República se encarrega pessoalmente dos negócios, em Portugal.

Mas está tudo óptimo, desde que haja touradas para os portugueses.

O anjo da morte

  por estatuadesal

(Dieter Dellinger, 04/12/2018)

enfermeiro O enfermeiro assassino Niels Hoeger que até era tido como um excelente profissional durante os 10 anos que trabalhou em vários hospitais, deixando atrás de si um rasto de morte.

O enfermeiro alemão Niels Holger tinha as mesmas ideias dos grevistas de cá e andava chateado com excesso de trabalho. Pois resolveu o problema, matou 450 idosos.

Escolhia os turnos da noite e injetava um medicamento com ajmalina que é um alcalóide antiarrítmico que causava uma fibrilação ventricular e depois quando soavam as campainhas ele acudia com os desfibrilador, salvando a pessoa que acabava sempre por morrer passadas uma a três horas.

Todos os médicos sabiam que no turno dele morria muitos mais idosos que nos de outros enfermeiros/as. As colegas sabiam disso e brincavam com o assunto.

Agora foi condenado a prisão perpétua e os/as colegas, médicos e diretores de hospital estão a ser julgados por conivência negligente. Um dos médicos diretor de serviço já levou 10 anos e as famílias das vítimas acham pouco e a farmcêutica que lhe dispensava o medicamento já foi condenada a cinco anos de prisão por não se dar conta que para aquele enfermeiro iam 10 vezes mais embalagens que para outros.

Hoje, um enfermeiro disse na SIC que até ao fim do ano, as cirurgias anuladas deveriam ser mais de 5 mil. Isto faz de todos os grevistas aos blocos operatórios verdadeiros ASSASSINOS como o alemão Niels Holger. Pois devem morrer mais 10% das pessoas que não foram intervencionadas e que serão para cima de 500 doentes.

Eu já fui intervencionado para colocar uns stents nas coronárias e se tivesse havido greve não estava aqui a escrever.

Não concebo greves para matar pessoas que não têm culpa e já publiquei aqui a lista dos salários dos enfermeiros com desconto e adicional de refeição. São muitos escalões e o primeiro é de quase mil euros, subindo até chegar aos mais 3 mil.

Não é muito, mas não vejo razão alguma para ASSASSINAR, tanto mais que o trabalho mais "sujo" e cansativo é feito pelas auxiliares de enfermagem que andam com as arrastadeiras, dão a comida, lavam os paciente, mudam a roupa da cama, etc.

Quando estive nos cuidados intensivos, as enfermeiras vinham só ler os aparelhos e tomar nota nos papéis que estavam junto à cama. Quando da intervenção no bloco operatório só vi os médicos. Parece que estava uma enfermeira a ver e só para ajudar a qualquer coisa que não foi necessário. Claro, cada cirurgia é diferente.

Os coletes amarelos na terra queimada de Macron

  por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 03/12/2018)

Daniel

Daniel Oliveira

O aumento dos impostos sobre combustíveis tem sido apresentado como inevitabilidade política perante os desafios ambientais que a França tem pela frente. Depois de sucessivos aumentos, os franceses terão, em 2021, a mais alta percentagem de imposto sobre o gasóleo da Europa, depois do Reino Unido e da Itália – 60% (Portugal estava, em fevereiro, em 11º, abaixo da média europeia, com 56%). Em França, o gasóleo corresponde, ao contrário do que acontece na maioria dos países europeus, a uma larguíssima maioria dos carros em circulação. E o seu preço aumentou 23% em apenas um ano. Não é difícil imaginar o efeito económico que este súbito aumento teve nas carteiras dos cidadãos. Todos os dias, 17 milhões de franceses deslocam-se para fora das suas localidades para trabalhar e, destes, 80% usam o seu veículo pessoal (VER AQUI). As principais vítimas deste aumento não são os mais privilegiados. A indignação popular não vem do nada. Nem o apoio popular aos “coletes amarelos” que era, a 17 de novembro, de 70%.

Não preciso de dizer que considero a transição energética a primeira de todas as prioridades. Nenhuma outra faz sentido sem garantirmos a sobrevivência do planeta. E temos de estar disponíveis para todos os sacrifícios em nome deste objetivo. O cerco ao gasóleo acontece em toda a Europa e é inevitável. Mas para mobilizar todos para este sacrifício exige-se, do poder político, coerência, equidade e rigor. É por ser fundamental que tem de ganhar as pessoas e não pode ser feita de forma desigual. Ou o resultado será a eleição daqueles para quem as alterações climáticas são um mito urbano.

A tentativa de circunscrever a contestação dos coletes amarelos a um movimento de extrema-direita não é inocente. Macron quer manter todos os democratas como reféns: ou ele ou Le Pen. Tudo o que este homem tem deixado, à esquerda, à direita, no campo democrático e até na agenda ambiental, são quilómetros de terra queimada

Aquilo a que se assiste em França é, como de costume em Emmanuel Macron, uma fraude política. O pouco empenho do Governo na agenda ambientalista levou, aliás, à demissão do ministro do Ambiente, o ecologista Nicolas Hulot, por um “acumular de desapontamentos” perante a evidência de que esta não era uma área prioritária. Na realidade, Macron nunca fez qualquer combate ao diesel, tem dado toda a proteção fiscal à petrolífera Total, não investiu no transporte coletivo, espera suprimir 11 mil quilómetros de linha férrea, não tem qualquer plano para travar a expulsão dos mais pobres para cada vez mais longe dos centros das cidades. A ideia de que a política ambiental se pode resumir à punição fiscal dos cidadãos, sem que seja acompanhada por qualquer outra política pública urbana ou de transportes, é a repetição da desigualdade de sempre: pôr os mais pobres a pagar, sozinhos, o esforço de salvar o planeta.

Macron acredita que as nações se mudam à paulada. O seu autoritarismo e a sua agenda neoliberal têm-lhe garantido uma impopularidade arrasadora, que conseguiu o feito de ultrapassar a de François Hollande. Uma impopularidade que se compreende quando comparamos um aumento de 23% para o gasóleo com o fim do imposto sobre as fortunas e a taxa fixa sobre os rendimentos do capital, que garantiram um aumento considerável do poder de compra dos 1% mais ricos no mesmíssimo momento em que os 20% mais pobres perdem poder de compra e veem serviços públicos e apoios sociais reduzirem-se. É neste cenário que as manifestações dos “coletes amarelos” devem ser observadas. Há uma forte convicção, baseada em factos sólidos, de que o aumento de impostos sobre os combustíveis tem razões estritamente fiscais. E que se enquadram numa aviltante desigualdade fiscal.

O movimento dos “coletes amarelos” (assim denominado por os manifestantes usarem os coletes de emergência dos carros) nasceu inorgânico, nas redes sociais. Apanhou os sindicatos e os partidos desprevenidos. A simpatia dos Republicanos (direita) e do PSF (centro-esquerda) foi discreta, a da França Insubmissa (esquerda) e de movimentos da esquerda radical mais clara. As centrais sindicais não apoiaram, mas alguns sindicatos do sector dos transportes furaram este bloqueio político. O Rassemblement National, de Marine Le Pen, deu apoio explícito.

Totalmente desenquadrado, o movimento tornou-se violento, coisa que impressiona mais no estrangeiro do que os franceses. Mas é um movimento que capitaliza um descontentamento mais geral com o aumento do custo de vida. E a ele juntam-se muitos descontentes que os sindicatos e os partidos não conseguem organizar. O movimento tem uma força especial nas pequenas cidades e vilas da província, onde se acumula o descontentamento pelo desinvestimento público e pela crise da desindustrialização. Quem se manifesta é a “France Péripherique” de que fala Christophe Guilluy.

A estratégia de Emmanuel Macron é a de entregar toda a contestação ao seu governo à extrema-direita. O trabalho não é difícil. Sendo a extrema-direita a força de oposição com maior implantação popular – Mélenchon está fragilizado depois de alguns escândalos –, terá sempre grande presença em movimentos inorgânicos de massas. Mas o forte apoio popular, da esquerda à direita, deixa claro que a tentativa de circunscrever a contestação a um movimento de extrema-direita – narrativa apoiada por alguns sindicatos irritados com a perda de protagonismo – não é inocente. Nem serve apenas para tentar circunscrever o impacto da contestação. Macron quer queimar todo o espaço democrático fora do seu próprio espaço de influência, entregando a oposição a Marine Le Pen. Tê-la como única adversária publicamente reconhecida é a forma de, apesar da impopularidade, manter todos os democratas como reféns. Sem ter de lhes fazer qualquer cedência. Ou ele ou Le Pen. É a única estratégia que tem.

Esta estratégia pode servir Macron, a curto-prazo, mas é um suicídio para a democracia francesa. Depois de esvaziar os socialistas, o presidente do centro autoritário quer esvaziar todo o campo democrático como alternativa a Le Pen. Se o conseguir fazer não demorará muito para que, cansada do seu governo, a maioria dos franceses acabe mesmo por escolher o que sobra: Marine Le Pen. Faz por isso muito bem Jean-Luc Mélenchon e entrar no terreiro onde Macron queria Le Pen sozinha.

Cada dia em que Macron consegue dar todo o povo a Le Pen é um dia mais próximo do colapso da democracia francesa. Porque este homem é um falsário perigoso. Tudo o que tem deixado, à esquerda, à direita, no campo democrático e até na agenda ambiental, são quilómetros de terra queimada.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

ENXURRADAS DE ÉTICA…

  por estatuadesal

(Joaquim Vassalo Abreu, 03/12/2018)

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Rui Rio afirmou em tempo algures, do alto da sua auto-afirmada integridade, que o seu peso sendo medido não em quilos mas em sólida Ética, se equipararia em densidade ao mais valioso elemento químico da Tabela Periódica…Nada nem ninguém poderia ousar a ele se equiparar, nem mesmo aquele que disse que para se ser como ele seria necessário nascer duas vezes…

E assim, do mais elevado expoente da sua superioridade Ética, alvitrou que seria necessário dar aos políticos Portugueses um “banho de Ética” ou então que deveriam “tomar um banho de Ética”, mas este bem gelado, assim como fazem aqueles malucos dos russos depois da sauna, para assim enrijecerem os seus músculos de “Moral”…

De modo que, em jeito de ensinar a esses políticos que por aí pululam como se faz, todos eles mais que carenciados de Ética, resolveu com a inestimável, prestimosa, aduladora, pronta e obediente colaboração da sua companheira e súbdita de Partido Ana Rita Cavaco, presidente da Ordem dos Enfermeiros, lançar uma enxurrada de Ética sobre a luta dos Enfermeiros….

E os seus múltiplos Sindicatos, já mais que valorizados em Moral e com Ética já a extravasar, resolveram bombear ou bombar todo o seu conteúdo sobre os Blocos Operatórios dos Hospitais, de tal modo que, para fugirem àquela enxurrada de Ética, as Enfermeiras(os) resolveram fugir das operações já programadas…E mais disseram que estas jamais seriam recuperadas e porquê? Porque as enxurradas tudo levaram…

Poderão os meus queridos Amigos pensar: este “gajo” deve estar é a gozar connosco e a brincar com coisas sérias! Mas eu juro que não e juro mais ainda: eu não absorvo nada das “Fake News” e não peroro sobre o que li ou não li: apenas falo e extrapolo sobre o que (dos próprios) ouvi!

E quando ouvi da dita “Cavaco”, membro do Conselho Nacional do PSD, que esta Greve e este modo de luta tinham sido decididos por ela e aprovados em sede do seu Partido pelo seu Presidente Rui Rio eu pasmei e até fui ao dicionário relembrar o significado de Ética! E facilmente concluí serem esta Greve e esta forma de luta não Laborais mas sim Politicas! Para além de imorais…

E assim sendo, tratando-se de uma Greve eminentemente política e estando em causa vidas humanas, fico confuso e mesmo com emaranhados de perplexidade na minha tola, quando constato que do Senhor Presidente da Republica, agora transformado em homem dos “recados”, nem uma palavra tenha ainda saído acerca do que se passa nos Hospitais. E que nem um simples apelo ao bom senso lhe surja…Tal como na questão dos Estivadores!

Mas que, ao mesmo tempo, tão preocupado esteja com a situação a que chegou a nossa Imprensa, uma Imprensa transformada num vazadouro de lavadura e numa imensa pocilga…E esteja preocupadíssimo com o futuro de quem, desta forma, não tem futuro! Mas não o preocupa o conteúdo do que publica, preocupa-o sim a sua situação financeira…E sugere nos preocupemos e ponderemos a nossa, de todos, ajuda…assim como se fosse como ir a um supermercado e deixar lá um kilito de feijão…

E nessa amálgama de neurónios em que se transformou o meu cérebro, totalmente desconjuntado de tudo o que seja ordem e prioridade, dou por mim a pensar em coisas que só podem ser anacrónicas, como: E se tudo isto for uma questão de táctica politica?

E surge-me a pergunta: Estaremos nós perante uma encapotada solidariedade politica em tratando-se do seu Partido? Até me dão tremores pensando nisso. Estará ele em concordância com tal estratégia? Sim, com esta estratégia de aproveitamento de lutas que eram tradicionalmente lideradas pela CGTP, mas sempre com o reconhecido bom senso e responsabilidade para, utilizando a normal sede dos trabalhadores por mais justiça remuneratória e melhores condições gerais, levarem os Sindicatos a uma espiral grevista e reivindicativa ( se bem reparam não há quase classe nenhuma que à boleia não se plante em frente ao respectivo ministério e ameace fazer greve…) que dê a ideia que este País está sem rei nem roque e numa profunda crise…

É o que propaga a nossa Direita e mesmo não apresentando nenhuma politica alternativa, tudo o dito pela minha mente vai perpassando e isso preocupa-me!

Mas o que mais me dói é ver as nossas Esquerdas à esquerda do PS, o PC e o BE, em nome de putativos futuros ganhos eleitorais (quanto valerá o voto de um Professor ou de um Enfermeiro?…), aliar-se, mesmo que com pressupostos diferentes até concedo, a toda essa Direita, representada por um menino da Foz esculpido em Ética mas de pensamento retrógrado e por uma populista “brega” de crista levantada mas sem pudor…

E a Andaluzia aqui tão perto…

  por estatuadesal

(Carlos Esperança, 03/12/2018)

andaluzia

A Andaluzia, por razões idênticas ao Alentejo, em Portugal, votou sempre à esquerda. Até ontem. A população tinha memória da repressão da ditadura e da exploração dos latifundiários, e a consciência política parecia inabalável.

A usura do poder e casos de corrupção foram debilitando o PSOE, e quando se esperava que o Podemos pudesse disputar o segundo lugar nas eleições de ontem, também perdeu mandatos, remetido para 4.º lugar, com o VOX a ocupar o 5.º com 12 mandatos, quando as sondagens previam 0 a 4. Pela primeira vez, na democracia, a esquerda é minoritária.

Pablo Casado, líder nacional do PP, não considera ditadura o franquismo e reconduziu o partido ao Aznarismo e ao criador Fraga Iribarne, ministro da Propaganda de Franco. O VOX tem no PP, um dos perdedores, o aliado. Cabe agora ao Ciudadanos (CS) mostrar se enjeita formar governo com fascistas ou se é um duplo do PP.

A alternativa a um governo da Andaluzia em que o VOX – prolapso da democracia –, seja excluído é a aliança entre o PSOE e o Ciudadanos.

Marine Le Pen foi a primeira política europeia a felicitar o VOX e a afirmar que “Esta formação é capaz de fazer o que os outros não fizeram em 40 anos”, isto é, reconduzir a Espanha ao fascismo.

A internacional fascista está em marcha. A Europa está a viver de novo os anos 30 do século passado e o fascismo já não precisa de golpes militares. Vem mais lentamente, e com menos ruído.