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terça-feira, 5 de março de 2019

Alessandra Strutzel, a merda que resulta do politicamente incorrecto

Novo artigo em Aventar


por João Mendes

Merda1

Este monstro cruel e hediondo, que dá pelo nome de Alessandra Strutzel, está longe de ser um caso isolado. A blogger brasileira é até bastante representativa daquilo que é parte muito significativa do eleitorado de Jair Bolsonaro, repleto de defensores da violência indiscriminada, que sonham com o regresso da tortura e com fuzilamentos à moda antiga, que querem ser livres para espancar homossexuais, e quem diz homossexuais diz a própria mulher, ou outra mulher qualquer, e que desejam armas, muitas armas na rua. Gente que celebra o torturador Ustra ou a morte de Marielle Franco. É deste tipo de "gente" que estamos a falar.

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O Grande Encobridor dos clérigos pedófilos – Para quando a descanonização de ‘S. João Paulo II’?

por estatuadesal

(Por Mário de Oliveira, in A Viagem dos Argonautas, 03/03/2019)

A Cimeira dos bispos presidentes das conferências episcopais com o papa sobre os crimes de pedofilia dos clérigos católicos não passou de mais uma viagem turística para os bispos, e de mais um dos muitos shows mediáticos em que o jesuíta Jorge Mário Bergóglio, ex-cardeal emérito de Buenos Aires e, desde há anos, bispo de Roma, é manifestamente perito.

Ou não seja ele o mais recente sucessor do imperador Constantino, o primeiro papa da igreja católica romana e o pai do Credo de Niceia-Constantinopla que ainda hoje continua a ser vergonhosamente recitado nas missas de domingo. Numa criminosa tentativa de apagar da memória dos povos Jesus histórico, o filho de Maria, que o mesmo império, ao tempo de Tibério, manda executar em Abril do ano 30, no pior dos seus instrumentos de tortura política, a cruz. Essa mesma que hoje é apresentada como o símbolo maior do cristianismo católico e protestante. O que, só por si, constitui o absurdo dos absurdos e o sadomasoquismo elevado à máxima potência.

Os crimes, consumados ou só platónicos, de pedofilia dos clérigos são tão antigos quanto os próprios clérigos. Decorrem da natureza do ser-clérigo. Existem, desde que eles existem. E só terminam, quando eles forem definitivamente extintos.

Mas como extingui-los, se a igreja católica de Roma, desde o papa, no topo da pirâmide, ao mais ignoto pároco de aldeia, na base da pirâmide. está fundada sobre eles, todos celibatários? Os chamados leigos, elas e eles, não são igreja. Só os clérigos o são. Os próprios povos das nações, porque não clérigos, vêem-se condenados a ter de carregar sobre os ombros o peso da pirâmide clerical e a ter de ouvir e calar o que suas excelências reverendíssimas, os bispos e os párocos, suas eminências, os cardeais, e sua santidade, o papa, têm para lhes dizer, do altar para baixo. Para isso foram escolhidos por ‘deus-pai todo poderoso’, o do Credo de Niceia-Constantinopla.

É hoje público e notório que o papa polaco João Paulo II, com tudo de anti-comunista e anti-ateista primário, como de anti-Concílio Vaticano II – é um dos poucos que, enquanto bispo conciliar, vota contra a Constituição Lumen Gentium sobre a igreja – é o Grande Encobridor dos crimes de pedofilia dos clérigos. Sob o pretexto de que ‘o bom nome da igreja’ está acima de tudo o mais. Por mais que nesse então gritem as vítimas dos clérigos, os seus gritos esbarram sempre na muralha de aço do silêncio papal. Mas é assim que o Grande Encobridor adquire aura de santo e vê entrar nos cofres do Vaticano rios de dinheiro, em troca do seu silêncio. O mais aberrante dos muitos casos que então chegam ao seu conhecimento é o do fundador dos ‘Legionários de Cristo’ – só o nome já nos faz mijar de medo! – um tal clérigo católico, Marcial Maciel. É dele a instituição que, nas suas muitas casas, acolhe crianças e jovens em situação de fragilidade. E sempre que Maciel passa por cada uma delas, só tem de escolher entre todos os menores os que sexualmente mais o excitem. Uma escolha que deve ser vista pelas vítimas, não como um crime, sim como uma ‘promoção’!!!

De tudo o papa João Paulo II é sabedor. Mas os rios de dinheiro que o clérigo Maciel faz entrar no Banco do Vaticano têm o poder de tornar ‘santos’ os seus horrendos crimes. E para que tais horrores silenciados não venham a impedir, mais tarde, a sua previsível canonização pós-morte, o mesmo papa decide acabar com a figura de ‘Advogado do Diabo’, nos respectivos processos. E assim a sua canonização aconteceu quase na hora. A partir de então, deixou de haver o papa João Paulo II histórico com todos os seus crimes e há apenas o mítico ‘S. João Paulo II’.

Uma realidade que a Cimeira dos bispos com o papa Francisco ignorou de todo. Daí a inevitável pergunta, Para quando a descanonização de ‘S. João Paulo II’ e a condenação pública do papa João Paulo II? Enquanto esta imperiosa operação se não concretizar, todas as Cimeiras de bispos que o papa promova não passam de refinado fariseísmo católico romano. E são de crocodilo todas as suas lágrimas.


P.S.

Interrompo por uma semana completa as minhas actividades, também jornalísticas. Pelo que conto estar de volta ao Vosso contacto no domingo 17 de Março 2019. Uma saudável diversão de Carnaval para quem ainda o não dispensa. Por mim, prefiro águas mais profundas onde se escutam os sons do Cosmos em expansão e a Festa tem o incomparável paladar da plenitude HUMANA. A todas, todos a minha Paz.

Neto de Moura: vantagens e desvantagens de perder a vergonha

por estatuadesal

(Francisco Louçã, in Expresso, 04/03/2019)

Ao desencadear uma tempestade quando se soube que ia processar algumas das pessoas que o criticaram (ou todas?), o juiz Neto de Moura pode ter agora compreendido que, numa sociedade de comunicação tão líquida, a pior das condenações é ser alvo de chacota.

Para ele, tudo é mau: mesmo enfraquecido pela censura dos seus pares, decidiu fazer-se notar pela perseguição a quem contraria as suas espantosas sentenças; convoca o tribunal, o lugar da exposição pública da sua doutrina, para uma evocação da lei que ele próprio amesquinhou por particularismos religiosos ou outros; escolhe como advogado alguém cuja exuberante vulnerabilidade no mesmo terreno do menosprezo pelos direitos das mulheres foi notada, abrindo a via para as teses de uma ação sistemática por uma causa; e, pior do que tudo, torna-se ridículo, o que não convém mesmo nada a quem veste uma toga. As consequências deste fim de semana alucinante de Neto de Moura vão no entanto muito para além destes tons inevitavelmente carnavalescos.

A primeira consequência é um efeito de aglomeração de todas as queixas. Com os seus acórdãos, Neto de Moura já tinha enfraquecido a credibilidade da Justiça. Mas nada disso deixava prever, até porque não seria o único, que, ao contrário de outros, viria ameaçar a liberdade de opinião e, por isso, colocar-se no centro de uma tormenta crescente. Ele escolheu portanto personalizar em si próprio todas as frustrações com a Justiça, todas as zangas das mulheres maltratadas, todos os temores de quem entra num tribunal. Até se dirá que há alguma injustiça nessa justiça poética e que foi traído pelo seu próprio conceito de um tribunal que fala de si próprio a partir do lugar da autoridade, ou até se pode notar que, por vezes, erros dos tribunais de primeira instância limitam o âmbito de deliberação da segunda instância.

Mas o que nunca se pode aceitar é que a religião seja uma fonte de jurisprudência ou que os preconceitos de um juiz contra mulheres possam influenciar a decisão do tribunal. Assim, do primeiro ao último dia deste escândalo, porque se tornou um escândalo que vai marcar a história dos tribunais portugueses, Neto de Moura enterrou-se num percurso que envergonha a democracia e de que parece não querer nem redimir-se nem proteger-se.

A segunda consequência, e essa exige uma reflexão de fundo, é o custo imenso da inevitável mediatização da Justiça. É conveniente lembrar quem iniciou este processo, que em Portugal era até então muito contido, inaugurado por um juiz que convocou os jornalistas para se fazer filmar num elevador do Parlamento a ir pedir o levantamento de imunidade de um deputado que viria a ser acusado de pedofilia (e depois inocentado).

Depois vieram outras fontes de autoridades judiciárias, que criaram ligações privilegiadas com alguns jornais para a indústria de fugas ao segredo de justiça, com divulgação de transcrições de escutas ou vídeos de interrogatórios, sempre para ferozes sentenças preliminares executando os arguidos ou acusados. Houve mesmo uma assessora de imprensa de um Procurador-Geral da República que o apontou como a fonte principal de algumas das mentiras mais populares num jornal de escândalos. Foi uma saborosa forma de poder até ao dia tremendo em que a roda deste mecanismo atropelou o juiz Neto de Moura e passou a ser normal o que é normal, o escrutínio público das sentenças e do exercício da justiça. Distinguir agora entre um obscuro populismo mediático, a clareza da Justiça como parte da vida democrática e a fronteira da exposição dos próprios magistrados torna-se um problema que merece atenção.

Finalmente, a terceira consequência deste frenesim carnavalesco de Neto de Moura é que no imediato favoreceu quem queria prejudicar. Imagino que as manifestações e a greve deste 8 de março ganhem uma dimensão distinta por se tornarem a voz das vítimas e que registarão o impulso dado pelo juiz, que mostrou que havia razões profundíssimas para a sua indignação e até para a vontade de protegerem o direito de opinião. Também um dia saberemos se começa aqui uma carreira política: na Andaluzia, foi por ofensas menos graves que começou o percurso do chefe local do Voxx, um juiz que fora suspenso pelo seu preconceito contra os direitos maternais e depois se dedicou à extrema-direita. Haverá quem se lembre disso.

Finalmente, agora mesmo importa destacar a vítima que não tem tido defesa: essa é a Justiça, que deve ser salvaguardada destas vagas de confusão e degradação que foram desencadeadas por Neto de Moura, muito para além do imaginável. Salvemos os tribunais, onde as mulheres devem saber que passam a poder entrar para encontrar o mesmo respeito devido a qualquer pessoa e a aplicação da lei que as protege da violência doméstica e de género.

O Novo Banco e a pesada herança

por estatuadesal

(Por Carlos Esperança, 04/03/2019)

Chuta para cá mais mil milhões, diz o Ramalho, o CEO do Novo Banco...

Há quem recorde a ministra Maria Luís, uma promoção do aluno, ora catedrático, que exasperou Paulo Portas e o obrigou à provisória demissão irrevogável, a dizer que a resolução do BES não custaria um cêntimo aos contribuintes, o que a Dr.ª Cristas, de férias, logo apoiou, a partir da praia, pela confiança que lhe merecia a ansiosa amiga.

Claro que foi uma afirmação tão irresponsável com a do maior economista português, e um dos maiores de Boliqueime, a confirmar a solidez do banco de Ricardo Salgado, em cuja vivenda a sua primeira candidatura vitoriosa a PR foi gizada, durante um modesto jantar para quatro casais. Além do anfitrião e do protocandidato a PR, Marcelo e Durão Barroso eram as cabeças pensantes, também presentes, que urdiram a infeliz candidatura vencedora.

O Dr. Carlos Costa, do Banco de Portugal, responsável pela venda, incumbiu, por cerca de 30 mil euros mensais, o Dr. Sérgio Monteiro, conhecido por secretário de Estado das Privatizações, com cadastro na matéria (ANA, CTT, TAP e CP Carga), para proceder à venda. O resultado foi a escolha do fundo Lone Star para tomar 75% do Novo Banco, a custo zero, com o Fundo de Resolução a assumir um “mecanismo contingente” que cobre até 3,9 mil milhões de euros em potenciais perdas com determinados ativos do ex-BES.
Parece que o fundo abutre comprador, se agarra ao “mecanismo contingente” como as carraças aos cães.

Compreende-se que o PSD faça questão de chamar o ministro das Finanças à AR e diga que Mário Centeno tem que se "responsabilizar pela situação".

Na impossibilidade de punir os carrascos, pagam as vítimas. E vítimas somos todos nós.

Lamber ou não lamber… eis a questão!

por estatuadesal

(Por Abílio Hernandez, 04/03/2019)

Lamber ou não lamber...

De uma coisa não pode ser acusado o juiz Neto de Moura: de falta de coerência. Os dois já populares acórdãos sobre violência doméstica, inspirados no Código do Levítico, estão aí para o comprovar. Mas não é apenas em matéria de acórdãos e de sabedoria bíblica (reduzida, é certo, a um único livro do Velho Testamento) que o meritíssimo juiz é firme e hirto na sua coerência.

Em resultado dos ataques que tem sofrido da parte de políticos e humoristas – ataques violentíssimos, como é notório, comparados com os casos de amorosos rebentamentos de tímpanos e singelas ameaças de morte apreciados por ele – Neto de Moura decidiu interpor ação contra os seus (na sua ótica) caluniadores e constituiu Ricardo Serrano Vieira seu advogado.

Mais uma vez, o juiz não podia ter sido mais coerente, pois parece ter escolhido uma alma gémea para a tarefa de lhe defender a honra. E porquê? Porque o distinto causídico já (alegadamente, claro) demonstrou o seu desconforto, quiçá (belo vocábulo), náusea ou mesmo repugnância por atitudes de mulheres conhecidas pelas suas ideias feministas, neste caso pertencentes ao grupo Capazes. E, num comentário colocado na página da sua esposa (calculo que ele se lhe refira por esposa e não mulher, mas não posso confirmá-lo), definiu as referidas feministas como “lambedoras de c…”.Ou seja, o grande dilema hamletiano “to be or not to be, that is the question” ganhou uma nova e inovadora versão jurídica sob a pena digital do Dr. Vieira: lamber ou não lamber c…, eis a questão.

Os tempos mudam e ainda bem que, como se vê, até mudam para melhor, porque se o dilema é este talvez muitos dos mais graves do planeta possam resolver-se tranquilamente, em privado, e não sob incómodos holofotes públicos.

Só não consigo perceber o comentário da esposa ao comentário do marido jurista. Foi um ----------------------------------------------------------------->>

Habituado a interpretar textos, cogitei, cogitei e não consegui libertar-me de dúvidas. Na linguagem dos emojis, este significa riso, alegria, boa disposição. O que quereria então a esposa, de apelido Pissarra (curioso vocábulo, diria o ex-Presidente da Assembleia da República, João Bosco Mota Amaral), dizer com este sorriso rasgado ao marido desdenhoso das “lambedoras de c…”? A reação benigna de quem pensa “és mesmo parvo”? Um carinhoso incitamento, a chamá-lo à razão? Uma maneira gentil de dizer-lhe “nem sabes o que perdes”?

Os tempos estão mesmo a mudar, como canta o Bob Dylan. Mas ao meritíssimo juiz e ao seu distinto advogado, não aconselho nem o verso de Shakespeare, nem a harmónica do Prémio Nobel. Aconselho a ambos, vivamente, o divino Marquês de Sade e a sua “Philosophie dans le Boudoir”, traduzido em Português por “Filosofia na Alcova”.

Podeis crer, digníssimos senhores, que se aprende muito!