Fazendo um desenho para explicar
01/08/2017 por j. manuel cordeiro
A Sr.ª Cristina Miranda resolveu tecer umas quantas considerações tituladas “Porque Arde Tanto Portugal?“. Não sendo pessoa de deixar o assunto pela rama, assim me parece, encontrou um conjunto de explicações para este nacional desígnio dantesco.
Tal como acontece nos testes de escolha múltipla respondidos aleatoriamente, algumas opções estarão certas, outras estarão erradas. Entre as respostas, parece-me ler um dedo acusador ao Estado, negligente, se bem que esta tese não explique como é que as matas nacionais da orla costeira têm ardido menos, comparando com cenário nacional. Nem explica, também, como é que Mação voltou a arder, mesmo quando o Estado fez tudo bem, segundo dizem.
Querem ver que o clima influencia os incêndios?! O que nos leva ao caso do Canadá, evocado pela autora. “No Canadá, um país com grande mancha florestal densa, não arde como nós. Como é possível?”, escreve a Sr.ª Miranda, afirmando logo de seguida que “a resposta é simples”, sem que, no entanto, se evoque um conceito chamado “latitude” e o respectivo efeito, a par de outros factores, no clima e, em particular, na humidade e nas temperaturas de uma região. Como estamos cá para ajudar, deixamos aquele desenho ali acima e mais umas infografias.
Temperatura no Canadá a 31/07/2017. De registar as regiões escaldantes com uns amenos 25ºC a 30ºC.
Humidade no Canadá a 31/07/2017. Um claro panorama de seca húmida.
Perigo de incêndio no Canadá a 31/07/2017. Falta ali na escala o Portugal Dantesco, para as temperaturas superiores a 35ºC e as baixas humidades relativas.
E, já agora, onde ardeu Portugal em 2015 e em outras datas.
Área ardida em Portugal em 2015. Fonte: PORDATA
Talvez valesse a pena ler o que escreveu Jorge Paiva, agora e há dez anos. Ou então, podemos sempre ficar pelas trivialidades. No fundo, já sabermos que o Estado é a causa dos problemas e que nada arderia se tudo fosse privado. Ah!, esperem, Portugal “regista a maior percentagem, a nível mundial, de área florestal no regime de propriedade privada”, onde “cerca de 97% da área florestal nacional é pertença de centenas de milhares de famílias, de comunidades rural e também de empresas, com destaque para o sector da pasta e do papel”.
Posse das áreas florestais (fonte: FAO), via “Acréscimo“
Para terminar, talvez não fosse má ideia verificar a eventual existência de uma correlação entre a distribuição das espécies de monocultura, eucalipto incluído, as áreas ardidas, o tamanho das propriedades e a densidade populacional. Aproveitamos para adiantar trabalho, aqui deixando duas fontes.
Distribuição do género Eucalyptos em Portugal Continental, via Minho Digital
Distribuição de espécies florestais (Portugal continental) via Museu do Papel
Aqui fica a sugestão para as estudiosas e estudiosos do assunto. Ou então, faz-se uma lei e está o problema resolvido.
Fonte: Aventar
Fonte: Aventar
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