Posted: 09 Sep 2017 09:50 AM PDT
Um país que baseia a sua economia nos serviços pessoais, em vez da indústria, está condenado a não se desenvolver. Isso os economistas sabem. É na indústria que a inovação gera aumentos de produtividade significativos e, se o sindicalismo não for tolhido por legislação neoliberal, uma parte desses aumentos traduz-se em subida dos salários reais. Estes aumentam a procura interna que, por seu turno, viabiliza novos investimentos. Gera-se um círculo virtuoso na economia que também acaba por beneficiar os salários dos serviços. Era assim nos primeiros trinta anos do pós-Guerra.
Os processos de inovação, e consequentes ganhos de produtividade, são muito limitados nos serviços de hotelaria, restauração, cabeleireiros, supermercados, comércio a retalho, etc. Nestes, quando a empresa é gerida apenas com a finalidade do rápido enriquecimento dos patrões, um lucro elevado exige o esmagamento dos salários e dos restantes custos associados à mão-de-obra. Para aliciar quem já anda desesperado por não encontrar emprego, estas empresas adoptam uma retórica que facilmente engana os candidatos e redigem contratos que depois não cumprem (ver aqui). As autoridades que têm por missão fiscalizar as condições de trabalho fecham os olhos porque as chefias têm cumplicidades político-económicas e, afinal, "é preciso apoiar quem investe e cria empregos". Este é o funcionamento do capitalismo neoliberal, hoje também na indústria, desde que o capital corrompeu ideologicamente (e muitas vezes também com cargos muito bem pagos) as elites políticas do centrão. E desde que a ameaça do comunismo desapareceu tudo ficou pior. Quem desculpa isto, com o argumento de que sempre é melhor que o desemprego, está ao nível do pensamento da burguesia industrial do século XIX, ou dos senhores da economia de escravatura. Afinal os escravos até tinham casa e comida garantidos. Se o actual governo não mudar rapidamente a legislação do trabalho, no sentido de dar mais força aos trabalhadores, e não mudar a orientação das entidades que fiscalizam as condições de trabalho, então a apreciada "paz social" vai desaparecer. O Governo que pense bem porque, como a sabedoria milenar nos lembra, não se pode servir a dois senhores. Ou este governo defende o trabalho, ou é cúmplice do capital e do que Bruxelas ordenar. Que pense bem.
Fonte: Ladrões de Bicicletas
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