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sábado, 30 de setembro de 2017

Viva a Catalunha!

Estátua de Sal





por estatuadesal

(Joseph Praetorius, in Facebook, 30/09/2017)

catalunha1

Nunca os estados pluri-nacionais foram "nações de nações". São meras circunstâncias políticas da existência nacional.

Quando se tornam inconvenientes, a unidade quebra-se. Sem dificuldades de maior.

Tem havido nações pluri-estatais, sem inconveniência visível. E estados cuja independência é mera formalidade (Ucrânia e Bielorrússia mantinham legações formalmente independentes na ONU, no tempo da URSS).

A França olha-se como Nação, apesar dos retalhos da Bretanha e Normandia, da (esmagada) Occitânia e aquele eterno remendo, sempre em crise mais visível, que é a Córsega.

Os franceses - como os italianos - trabalharam com sábios toques de buril as gravuras dos conceitos de Nação que deixaram nos livros. Coisas de olhar sagaz e mão delicadíssima.

A Nação ama-se, não tanto como uma mãe, mas como uma filha. Porque se constrói a si própria e é construída pelos que a amam. A Nação tem que ser bela, então. Prendada, também. É a Pátria que se ama como se ama uma mãe. A Pátria não se constrói e não se escolhe. Às vezes é detestável. Mas é assim.

Os alemães reagiram. A Nação é a objectividade da cultura, com Fichte. A Língua faz a Nação. Os românticos (alemães) apertam mais a malha. O sangue faz a Nação.

Os castelhanos são uns broncos.Fugindo como diabos dos desertos de Castela para as férteis regiões onde os outros vivem, querem colónias peninsulares, a que chamam "Nação Espanhola". Querem uma Nação de nações. Mas dispensam-se de a construir. Esqueceram-se de a amar. Parecia-lhes que lhes bastava querer.

E a Nação de nações torna-se então numa questão de polícia, de exército, de repressão. (A besta volta sempre a atacar, enquanto viver). A Nação de nações seria pois uma questão de "autoridade do Estado".

E a Catalunha responde a palavrão. Agora em uníssono.

Muitíssimo bem.

As questões da "legalidade" podem por-se? Todas as questões podem por-se. Como toda a gente sabe, a inquisição era legal. A escravatura era legal. A solução final era legal. Até o nacional-coelhismo foi legal, com um demente nos negócios estrangeiros, um bandido (presunto inocente, embora) na administração interna, um assassino da opus na saúde, uma doente mal controlada na Justiça, um pedoclasta na educação.

A divisa heráldica era "ai aguenta, aguenta", que até o cardeal de Lisboa recitava. E os jovens foram mandados para a emigração. Que um país entregue a tais mãos dispensa população, já se vê. Tudo legal.

Mas Nuremberga deixou escritas umas coisas quanto à legalidade, em consonância com o que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em Declaração Universal.

Há normas a que nenhuma lei pode opor-se. São reveladas pela sensibilidade comum dos povos e expressas no consenso da mais vasta assembleia dos povos da terra.

Rajoy e o seu Bourbon podem preparar-e para engolirem o papel das suas leis e já agora os das sentenças correspondentes dos seus juízes, como os dos mandados respectivos.

Lá mais para o fim, virão falar-nos de amor. Os proxenetas fazem sempre o mesmo. Amor a Espanha, dirão.

Mas o amor é a resposta à beleza, segundo o ensinamento do Banquete. O horrível repele-se.

Viva a Catalunha.

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