Brincadeiras*
- Eduardo Louro
- 17.11.17
A indignação voltou a tomar conta do país, seguindo aquilo a que já poderíamos chamar os trâmites do costume. Tudo começou nas redes sociais, afinal o local onde hoje tudo começa, para depois passar para os mais altos representantes do poder: o Presidente da República e o primeiro-ministro.
Nestes trâmites costuma ser mesmo essa a ordem: primeiro chega sempre o presidente, e depois lá vem o primeiro-ministro.
Desta vez – e estou a referir-me, como não podia deixar de ser, ao celebérrimo repasto no Panteão Nacional de Santa Engrácia – António Costa, farto de ser segundo, de chegar sempre atrás de Marcelo, deu à perna e chegou primeiro. Desconfio que o presidente estaria ainda entretido a arranjar madrinha para os portugueses. Não fosse isso, e teria conseguido, também desta vez, chegar à frente.
Marcelo consegue ler 40 livros ao mesmo tempo, ver 10 filmes e ler 10 livros numa noite e ainda dormir três horas, mas não consegue – ainda, talvez lá chegue dentro de pouco tempo – arranjar madrinha e indignar-se ao mesmo tempo.
Pode parecer uma brincadeira, mas é um retrato do país. E um país que é uma brincadeira, só pode ter um retrato destes.
A indignação foi tal que ninguém se indignou com a brincadeira. Nem com a madrinha com que Marcelo quis brincar com a malta!
Sim. Só pode ter sido por brincadeira, pelo tal lado traquina do irrequieto Marcelo, já cansado de se portar bem.
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