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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Brincadeiras*

Brincadeiras*

  • Eduardo Louro
  • 17.11.17

Resultado de imagem para marcelo a correr com antónio costa

A indignação voltou a tomar conta do país, seguindo aquilo a que já poderíamos chamar os trâmites do costume. Tudo começou nas redes sociais, afinal o local onde hoje tudo começa, para depois passar para os mais altos representantes do poder: o Presidente da República e o primeiro-ministro.

Nestes trâmites costuma ser mesmo essa a ordem: primeiro chega sempre o presidente, e depois lá vem o primeiro-ministro.

Desta vez – e estou a referir-me, como não podia deixar de ser, ao celebérrimo repasto no Panteão Nacional de Santa Engrácia – António Costa, farto de ser segundo, de chegar sempre atrás de Marcelo, deu à perna e chegou primeiro. Desconfio que o presidente estaria ainda entretido a arranjar madrinha para os portugueses. Não fosse isso, e teria conseguido, também desta vez, chegar à frente.

Marcelo consegue ler 40 livros ao mesmo tempo, ver 10 filmes e ler 10 livros numa noite e ainda dormir três horas, mas não consegue – ainda, talvez lá chegue dentro de pouco tempo – arranjar madrinha e indignar-se ao mesmo tempo.

Pode parecer uma brincadeira, mas é um retrato do país. E um país que é uma brincadeira, só pode ter um retrato destes.

A indignação foi tal que ninguém se indignou com a brincadeira. Nem com a madrinha com que Marcelo quis brincar com a malta!

Sim. Só pode ter sido por brincadeira, pelo tal lado traquina do irrequieto Marcelo, já cansado de se portar bem.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Das madrinhas

por José Gabriel

Houve tempos em que um comércio - e mesmo indústria - de proximidade nos permitia o acesso a bens através de um consumo personalizado, uma escolha pessoal. Podíamos apalpar - honi soit...-, cheirar - idem...-, provar - então?...- tudo. Roupa, fruta, livros, discos, alimentos vários, tudo nos passava pelos sentidos e pelo sentido. E não era preciso ir muito longe. Era logo ali na loja. Cada um adquiria o que queria e podia. E o que comprava era seu e pago ao vivo por cada um - ou fiado, que também era coisa personalizada. O mesmo se passava com as madrinhas: cada um tinha a sua. Claro que, como todos sabemos, as madrinhas podem ser de baptismo, de casamento - religioso ou civil, tendo neste caso o nome menos poético de testemunhas - de crisma, de guerra e tudo o mais. Há, até, para cada um de nós, uma fada madrinha.
Mas agora estamos no tempo das grandes superfícies, do granel, das compras à distância. Das marcas brancas, do streaming. Da partilha digital, da rede, da nuvem.
Ora, é neste contexto que o presidente Marcelo resolveu proporcionar a todos os portugueses uma madrinha partilhada. Com a qual tenhamos uma relação ainda mais distante do que a que temos com a Amazon. E em regime de monopólio, diriam maldosamente os comunistas. Portanto, afilhados de Maria (Cavaco), rejubilai! Ler mais deste artigo