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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Fronteira da vergonha*

Eduardo Louro

  • 22.12.17

Resultado de imagem para ricardo salgado no tribunal

No âmbito de um processo judicial de contestação a uma contra-ordenação do Banco de Portugal, no valor de 4 milhões de euros, ainda em resultado da sua actividade bancária, Ricardo Salgado alegou em Tribunal, quiçá como argumento central, não dispor de meios para o respectivo pagamento.

Argumentou não ter praticamente reforma, depois da sua pensão de 39 mil euros mensais ter sido, por penhora, reduzida a dois salários mínimos nacionais. E que as despesas da família, cujo montante desconhece, são pagas pela filha, que vive e trabalha na Suíça.

Do ponto de vista individual – que não numa perspectiva de relação com a comunidade - é legítimo que qualquer cidadão utilize todos os meios legais de defesa para minorar, ou mesmo evitar, o pagamento de impostos, multas, do que quer que seja… Ricardo Salgado tem o direito de se defender. Não terá é o direito de se defender dessa maneira!

Não tem o direito de se colocar no papel de vítima, quando vítimas, e vítimas dele próprio, são praticamente todos os seus concidadãos, os que enganou directamente e os que, não tendo sido enganados, não deixaram de ser chamados a contribuir para pagar os seus desmandos e abusos. Vitimizar-se não é direito, é falta de vergonha. E de dignidade!

Independentemente de vir ou não a ser condenado por tudo de que é acusado, o simples conhecimento público da gigantesca rede de off-shores de que dispõe, e do uso que delas fez, deveria servir para delimitar a fronteira de vergonha que Ricardo Salgado não devia transpor.

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

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