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sexta-feira, 2 de março de 2018

A Nova Reforma Agrária Está em Marcha

por Cristina Miranda

Quando um Governo, seja ele qual for, depois de anos consecutivos a fechar os olhos a uma legislação que é de 2006, dá um ultimato às populações para no espaço de um mês, cumprir com a limpeza dos terrenos ou ter avultadas multas para pagar, não está a zelar pela prevenção aos incêndios, está a pôr em marcha uma reforma agrária ao estilo do PREC.

Porque sabemos todos que a maioria dos privados com terras são gente idosa que vive sozinha, com parcos recursos que foram herdando e investindo em terras para dali criar seu próprio sustento. Que por outro lado, metade do país ardeu tendo deixado proprietários sem nada da noite para o dia e como se já não bastasse, ainda nem sequer foram indemnizados pelo Estado que faliu negligentemente no seu dever de protecção. São gente sem meios imediatos que se não forem ajudados, serão obrigados a abandonar suas terras. Tal e qual como no Verão Quente mas desta vez, sem violência.

Se assim não fosse, ao invés dum ultimato, fariam antes um pedido às Juntas Freguesia para fazer um levantamento das intervenções a fazer. Incumbiriam essas mesmas autoridades locais a proceder às limpezas para cumprir o prazo e depois, com mais tempo, identificar os proprietários  em dificuldades, apoiá-los financeiramente e aos restantes, apresentar a conta dos serviços à cobrança. Assim, o Estado que se diz social, estaria a fazer prevenção séria e não saque oportunista  às terras alheias. Um Estado que apoia gente que não trabalha, porque não pode apoiar quem detém floresta e paga IMI?

Já se previa que isto ia acontecer quando os partidos que compõem este Governo se juntaram para discutir a posse compulsiva dos terrenos "abandonados" após os incêndios de Junho 2017 justificando com a necessidade de avançar com a reforma florestal. Ironia das ironias, mal sabiam que meses mais tarde seria o próprio Estado a estar na berlinda ao deixar arder o Pinhal de Leiria, provando ele próprio ser irresponsável e incumpridor da lei. Em que ficamos? Podemos nós privados à luz do que pretendem aplicar ao povo, apropriar  os terrenos do Estado que são a maioria no país e todos eles ao abandono? Claro que não! Aqui em "Portugalzuela" a lei quando é feita não se aplica ao Estado que nunca a cumpre e muito menos é responsabilizado por isso. Somos uma "Venezuela da Europa" governada por comunistas, estão a ver? Eles podem tudo, nós nada.

E claro, como não podia deixar de ser, a medida já começou a ter os efeitos pretendidos: muitos proprietários estão a oferecer as terras às Juntas de Freguesia. Querem melhor PREC que este, sem armas e sem sangue? É ou não é este Costa marxista melhor do que a encomenda?

O plano que se iniciou com a mudança de todas as chefias da ANPC para boys incompetentes, depois se prolongou com a falta de socorro  comprovada do Estado em Pedrógão Grande no  Relatório do Professor Universitário,  Xavier Viegas e se repetiu em Outubro para consumir no total cerca de metade do país,  juntou-se agora o ultimato das limpezas. Enfim, o plano perfeito para o Estado tomar conta da floresta e oferecê-la aos lobbys do costume, aos amigalhaços de sempre. O tempo dirá brevemente o que esconde estas políticas.

Sem surpresa num país que está no TOP do mais corrupto da UE e único a ser governado com comunistas.

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