por estatuadesal
(Por Júlio, in Blog Aspirina B, 28/03/2018)
Criei agora este neologismo para designar as aves da capoeira que desde ontem cacarejam freneticamente para que o governo português alinhe com os nossos aliados e expulse imediatamente diplomatas russos.
Paulo Rangel e Fernando Negrão são os primeiros a merecer o crisma de alinháceos. Para eles, alinhar com a histeria de Teresa May é um dever patriótico de todo o bom português. Pensar, reflectir, usar de prudência, ponderar os nossos interesses de país independente é antipatriótico e indigno. Alinhar é que é baril — nem que seja alinhar com o MI-6, o serviço de espionagem de sua majestade.
É caso para o PSD apresentar rapidamente uma proposta de lei para a alteração do hino nacional. Onde originalmente estava, pela pena de Henrique Lopes de Mendonça, contra os bretões, marchar, marchar, que depois a República oportunista amansou para contra os canhões, marchar, marchar, espera-se que o PSD de Rangel e Negrão proponha agora pelos bretões, alinhar, alinhar.
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P.S. 1: Não faço a mínima ideia se Putin mandou envenenar aquele agente duplo russo que foi parar ao hospital. Quanto ao governo de Teresa May, penso que das duas, uma: ou também não faz a mínima ideia quem foi, mas convém-lhe enormemente que tenha sido o Putin, ou sabe perfeitamente quem foi, mas nunca o confessará. Num caso como no outro, o lema de Rangel e Negrão de “alinhar com os nossos aliados” é imbecil. Que é que Portugal tem que ver com essas merdas de espiões ingleses e agentes duplos russos?
P.S. 2: Lembre-se que a mais recente invenção da direita inglesa contra o popular líder trabalhista Jeremy Corbyn foi acusá-lo de ter sido colaborador dos serviços secretos da Checoslováquia comunista. O jornal Independent publicou sobre isso há um mês uma reportagem hilariante, recordando a velha história de acusações falsas com que a imprensa de direita britânica (quase toda a imprensa britânica!) sempre tentou difamar os dirigentes trabalhistas insinuando a sua ligação ao Kremlin. Depois de Harold Wilson, também Michael Foot e Neil Kinnock foram alvo dessas acusações porcas, vindas de gente ligada aos serviços secretos britânicos e disseminadas pelos jornais do costume. Assim, não me custa nada imaginar que por detrás da actual histeria de Teresa May esteja simplesmente um plano cozinhado por ela e pelo MI-6 para atacar a popularidade de Corbyn. Desde as últimas eleições, os conservadores ingleses estão mesmo assustados com a perspectiva de uma próxima vitória trabalhista.
P.S. 3: E porque é que foram Rangel e Negrão a cacarejar pela cor laranja? Não há galo naquela capoeira?
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