Novo artigo em BLASFÉMIAS
por vitorcunha
Eu sou daqueles que são a favor de subsídios para a cultura, mas, felizmente, não tenho que escolher quem subsidiar, uma tarefa impossível dado o panorama tão amplo de mediocridade. O problema não está no princípio do subsídio, que um contribuinte já subsidia tanta coisa que não será mais um filme - felizmente nunca terá que ver - que o incomodará. Incomoda-me mais subsidiar bancos dispostos a arruinar o país com TGVs da dupla megalómana Sócrates & Buraco de Compal do que a subsidiar um canastrão que não sabe ser mau noutro ofício. Em certos aspectos é uma benção subsidiar artistas: é uma forma de assegurar que a maioria volta ao silêncio da pacata existência diária que consiste na produção de peças de teatro representadas para moscas e espelhos.
Por outro lado, um povo é a sua cultura. A preservação desta é essencial à continuidade da identidade nacional, o que, como desgraça planetária, temos vindo a fazer bem há já muito tempo. Claro, têm havido excepções, meros frutos do acaso pela lei dos grandes números, excepções que acidentalmente acabam a confirmar a regra. Uma destas foi João César Monteiro que em tempos idos disse, em resposta a intrépida repórter do decoro do regime, que “eu quero que o público se foda”. Nunca antes alguém expressou tão bem à vontade de uma nação: não é mesmo o que queremos todos?
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