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terça-feira, 5 de junho de 2018

Juros soberanos disparam com discurso do primeiro-ministro italiano a defender o “populismo”

Maria Teixeira Alves

15:46

Os juros da dívida soberana a 10 anos estão a disparar 18,7 pontos base para um juro de 2,725%. Por arrasto os juros da República portuguesa sobem 5,1 pontos base para 1,813% e os juros de Espanha a 10 anos estão também a agravar 5 pontos base para 1,38%.

“As forças políticas que formam este governo têm sido acusadas de ser ‘populistas’ e ‘antissistema’. Se ‘populismo’ significa que a classe governante ouve as necessidades das pessoas e se ‘antissistema’ significa querer introduzir um novo sistema, que remove velhos privilégios e poder incrustado, então estas forças políticas merecem ambos os epítetos”, disse o novo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, num discurso no Senado.

Foi esta passagem do seu discurso que alarmou os mercados de dívida.

Os juros da dívida soberana a 10 anos estão a disparar 18,7 pontos base para um juro de 2,725%. Por arrasto os juros da República portuguesa sobem 5,1 pontos base para 1,813% e os juros de Espanha a 10 anos estão também a agravar 5 pontos base para 1,38%.

O novo primeiro-ministro italiano, que não está ligado a nenhum partido, é um professor de Direito, discursou ao lado dos dois vice-presidentes: o líder do M5 Estrelas e ministro do Trabalho e Indústria, Luigi di Maio, e o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, que ficou também com a pasta do Interior.

A coligação de governo, formada pelo Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) e a Liga Norte (direita radical) conta com uma maioria de dez votos no Senado e ainda maior no Congresso dos Deputados, onde amanhã haverá um novo voto de confiança.

Giuseppe Conte, disse também no discurso no Senado que “criámos uma mudança radical e estamos orgulhosos disso”, e defendeu que Itália deve reduzir a sua enorme dívida pública, mas através do crescimento e não recorrendo a medidas de austeridade.

A dívida pública italiana “é hoje totalmente sustentável, mas deve ser reduzida, numa perspetiva de crescimento económico”, referiu o primeiro-ministro, alegando que é preciso reduzir a diferença de crescimento entre a Itália e a Europa. “É esse o nosso objetivo.”

Conte fez questão de se afirmar como defensor da Europa. “A Europa é a nossa casa”, disse. O primeiro-ministro quer “uma Europa mais forte, mas também mais justa” defendendo que as regras fiscais que gerem a zona euro devem ter como objetivo “ajudar os cidadãos”.

A  coligação que governa Itália promete também melhorar as relações com a Rússia.

Itália promete também acabar com a imigração ilegal: “O negócio da imigração, que cresceu fora de proporção, sob o mando da falsa solidariedade”.  A coligação diz que Itália vai deixar de ser “o campo de refugiados da Europa”.

Paralelamente defendem “um novo rendimento universal para os mais necessitados”.

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