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domingo, 22 de julho de 2018

Sócrates defende Pinho e critica César, Rio, deputados, jornalistas e Ministério Público

Gustavo Sampaio

Ontem 16:06

O antigo primeiro-ministro volta a defender o seu ex-ministro da Economia, em artigo de opinião publicado hoje no jornal "Expresso", e critica Carlos César, Rui Rio, deputados, jornalistas e Ministério Público. "Há dias em que é realmente difícil olhar o teatro político sem esboçar um esgar de rejeição", conclui.

Quatro dias depois de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, ter sido inquirido na Assembleia da República, o antigo primeiro-ministro José Sócrates publica um artigo de opinião, na edição de hoje do jornal “Expresso”, em defesa do ex-ministro de um dos seus governos. No âmbito do qual tece duras críticas dirigidas a vários alvos: Carlos César (líder da bancada parlamentar do PS), Rui Rio (presidente do PSD), deputados, jornalistas e Ministério Público.

“Logo pela manhã, procuradores desrespeitam ostensivamente a decisão de um juiz de instrução que decidiu levar a sério a sua condição de juiz dos direitos e não parece disposto a obedecer ao Ministério Público. Depois, à tarde, vemos deputados atrair um cidadão para uma reunião, acordando com ele o tema a discutir e violando a palavra que lhe deram mal começa o debate”, escreve Sócrates.

Segue-se a crítica explícita a Rio. “À hora de jantar, um líder político resolve expor, resplandecente, a sua política de justiça: se um cidadão reclama o direito a defender-se apenas depois de conhecer a acusação, já nem precisamos de ouvir mais, escusa de cá vir outra vez, o silêncio condena-o imediatamente”, ironiza. E depois ataca César da seguinte forma: “À noite, ainda nesse dia, é possível ouvir um líder parlamentar dizer que o convidado, que se limitou a cumprir o que combinou e a aguentar a deslealdade parlamentar, não se sabe comportar com deputados – foi arrogante e incorreto”.

“No dia seguinte, eis o coro que só é possível ouvir quando políticos e jornalistas estão de acordo no alvo – eia, fogo nele. Bravo”, prossegue o antigo primeiro-ministro, acusado de 31 crimes (três de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada) no âmbito da “Operação Marquês”.

No mesmo artigo, Sócrates insurge-se contra deputados, jornalistas e Ministério Público. “O que vejo é um Ministério Público que dirige traiçoeiramente imputações contra cidadãos através dos jornais, sem ninguém lhes exigir que provem imediatamente o que afirmam. O que vejo é deputados tornarem-se porta-vozes, não do povo que representam, mas das autoridades judiciais que, através dos jornais, lhes sugerem as perguntas que elas próprias não puderam ou não quiseram fazer. O que vejo é a indecência parlamentar da armadilha política: não só não cumprimos o que combinámos, como te criticamos porque, afinal, sabias bem onde te estavas a meter”, acusa.

Não é a primeira vez que Sócrates sai em defesa de Pinho. No dia 4 de maio, quando surgiu a notícia de que Pinho terá recebido cerca de meio milhão de euros do Grupo Espírito Santo através de uma sociedade “offshore”, em 2005, quando exercia as funções de ministro da Economia (no primeiro Governo liderado por Sócrates), o antigo primeiro-ministro publicou um texto na rede social Facebook, no qual sublinhou: “Tenho Manuel Pinho por um homem honesto e incapaz de uma coisa dessas, tal como é descrita – receber um vencimento privado enquanto exercia funções públicas. Por essa razão recuso-me sequer a discutir hipóteses que para mim são inadmissíveis, sem que o Estado, que o afirma, prove o que está a dizer”.

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