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terça-feira, 3 de julho de 2018

Verbas para a NATO. Portugal entre países criticados por Trump

Cristina Sambado - RTP03 Jul, 2018, 08:51 / atualizado em 03 Jul, 2018, 11:28 | Mundo

Verbas para a NATO. Portugal entre países criticados por Trump

Donald Trump recebeu Marcelo Rebelo de Sousa na Casa Branca a 27 de junho | Jonathan Ernst - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos escreveu cartas a líderes de países-membros da NATO, incluindo Portugal, a queixar-se, uma vez mais, de contribuições insuficientes para a Aliança Atlântica. Donald Trump avisa ainda que Washington está a perder a paciência com o que considera ser o fracasso em cumprir obrigações partilhadas de segurança.

Segundo o jornal The New York Times, os destinatários da missiva foram, entre outros, o Governo português, a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o novo chefe do Executivo espanhol, Pedro Sánchez.
Nas missivas, enviadas em junho, Donald Trump questiona repetidamente a contribuição dos países da Aliança Atlântica e afirma que os restantes membro da NATO se estão a aproveitar financeiramente dos Estados Unidos.
O Presidente norte-americano refere ainda que em 2017 expressou queixas em privado e em público para pressionar os países da NATO a contribuírem com dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para a defesa comum. As cartas foram conhecidas uma semana antes da cimeira da NATO, que vai decorrer entre os dias 11 e 12 de julho, em Bruxelas.
Há muito que os presidentes norte-americanos se queixam da falta de partilha dos encargos por parte dos países-membros da NATO. No entanto, Trump leva as críticas mais longe e alega que alguns dos aliados são essencialmente “mortos” que não conseguem pagar as dívidas à Aliança Atlântica.
Segundo o New York Times,Trump frisa também que os pagamentos não foram “suficientes”, acrescentando que, na sequência deste quadro, os Estados Unidos podem vir a reconsiderar a “presença militar” a nível mundial.
“Como discutimos durante a sua visita em abril, verifica-se uma frustração que é crescente nos Estados Unidos em relação a alguns aliados que não deram o passo seguinte, tal como o prometido”, afirma o Presidente norte-americano na carta enviada à chanceler alemã, Angela Merkel, citada pelo mesmo jornal.
“Os Estados Unidos continuam a contribuir com mais recursos para a defesa da Europa numa altura em que a economia europeia se encontra bem. Isto não é sustentável para nós”, sublinha Trump.
“A crescente frustração não se limita ao nosso Governo. O Congresso dos Estados Unidos também está preocupado”, acrescenta.
Após a cimeira da NATO, Trump vai encontrar-se com o homólogo russo, Vladimir Putin, em Helsínquia, na Finlândia.
Além dos governos de Portugal, Espanha, Alemanha e Canadá, a carta foi também enviada aos executivos da Noruega, Bélgica, Itália, Holanda, Itália e Luxemburgo.
A Administração Trump já tinha analisado a retirada, em larga escala, das forças norte-americanas da Alemanha, depois de o Presidente norte-americano ter expressado surpresa pelo facto de 35 mil soldados norte-americanos reclamarem que os países da NATO não estavam a contribuir com o suficiente.
Na missiva enviada a Merkel, o Presidente norte-americano afirma que “a continuação das despesas alemãs com a defesa mina a segurança da Aliança Atlântica e fornece, aos outros aliados, a possibilidade de também não cumprirem os seus compromissos de despesas militares, porque veem a Alemanha como um modelo”.
“No entanto, será cada vez mais difícil justificar perante os cidadãos norte-americanos o motivo pelo qual alguns países não partilham a obrigação de segurança coletiva da NATO, enquanto os soldados norte-americanos continuam a sacrificar as suas vidas ou voltam gravemente feridos”, acrescenta Trump na carta enviada a Merkel. Desde que foi eleito, o sucessor de Barack Obama tem-se queixado de que Washington gasta demasiados recursos com a NATO e tem reportado esta situação, de forma reiterada, aos aliados.
Durante a campanha eleitoral, Trump chegou mesmo a considerar a NATO como uma “organização obsoleta”.
Durante uma recente visita de Angela Merkel a Washington, o Presidente afirmou que “a NATO é maravilhosa, mas ajuda mais a Europa que os Estados Unidos”.
“Por que motivo somos nós a pagar a maior parte dos custos?”, questionou.
O New York Times, recorda que Trump reclama há muito tempo que os Estados Unidos são tratados com desleixo por organizações multilaterais das quais são membros, como por exemplo a Organização Mundial do Comércio.
Na Europa, as cartas de Donald Trump foram recebidas com um certo grau de preocupação devido à possibilidade do Presidente norte-americano estar preparado para impor consequências aos aliados - como fez com a imposição de tarifas alfandegárias - no caso de não preencherem o pedido.
Não se sabe ao certo quantas cartas foram enviadas por Trump, mas fonte diplomática revelou ao New York Times que terá sido pelo menos uma dúzia.
A Casa Branca não quis comentar a correspondência presidencial, mas um funcionário que falou sob condição de anonimato afirmou que Trump está comprometido com a NATO e agora espera que os aliados “assumam a sua parte nas obrigações comuns com a defesa”.

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