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terça-feira, 18 de setembro de 2018

Felizmente, ainda há João Araújo e o Marinho

  por estatuadesal

(Por Valupi, in Aspirina B, 18/09/2019)

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A direita decadente não tem ideias nem talento mas tem Sócrates. Preferem afundar-se em mais uma legislatura na oposição a largarem esse troféu de caça. São como macaquinhos apanhados na armadilha do amendoim (ou da banana, há para todos os gostos), onde a pulsão para conservar o alimento impede que a mão fechada saia do receptáculo por onde entrou aberta.

Ao mesmo tempo, a frustração por estarem na bancada a ver passar a procissão do poder governativo, juntamente com a consciência silenciada de serem canalhas por vocação e vício, leva-os a esticar a corda da violência política até ao máximo que for possível sem ter de usar armas. Eis porque nada mais conseguem fazer do que passar os dias a berrar e patear, emporcalhando o regime sem qualquer pudor nem limite imaginável.

A tese de que Joana Marques Vidal “acabou com a impunidade” no Ministério Público é extraordinária de estupidez, mas ainda mais extraordinário é ver a complacência, nalguns casos aberta cumplicidade, com que as autoridades institucionais lidam com essa calúnia. Tiremos o corolário para uma experiência mental. Em que consistiu a impunidade anterior a JMV? Foi só obra de Pinto Monteiro ou de outros PGR? Aceitemos Pinto Monteiro como o único bandido. Que é que ele fez de ilegal? Não há ninguém, sequer no esgoto a céu aberto, que consiga nomear a metade da metade de um acto do anterior PGR que possa ser considerado ilegal. Passemos para o último recurso: que é que Pinto Monteiro não fez que devia ter feito para acabar com a impunidade? A única resposta que os decadentes dão é esta: “Devia ter prendido Sócrates, como a Joana conseguiu fazer.” Ora, seria possível que Pinto Monteiro conseguisse tal façanha de proteger socialistas corruptos apanhados com provas válidas tendo contra si os procuradores valentes que capturaram a presa e a corporação dos magistrados do Ministério Público na figura do seu sindicato, a que ainda se junta a autoridade do Conselho Superior do Ministério Público e toda a direita partidária, mediática e presidencial? Se sim, por que razão não temos agora acesso a essa demonstração? Por que razão Cavaco Silva, Passos Coelho e Joana Marques Vidal, logo a partir de 2012, não expuseram à Nação as ignóbeis e históricas violações da Lei, da Constituição e/ou da moral que Pinto Monteiro protagonizou na era da impunidade?

Esta direita cuja decência é medida pela forma e conteúdo do Correio da Manhã, e cuja defesa do Estado de direito e da liberdade é medida pelo fanatismo e rancor do Observador, trata as suas audiências como broncos a quem basta atirar um osso para os ver com os dentes de fora a ladrar e a babarem-se furiosos. Razões de sobra para ver o último Expresso da Meia Noite – o qual ainda oferece o supino prazer de ouvir o João Araújo (mesmo que pareça um pouco fragilizado por questões de saúde).

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